“Los Cronocrímenes”. “Triângulo do Medo”. “A Morte Te Dá Parabéns” Partes 1 e 2. “No Limite do Amanhã”. “Palm Springs”. Os seriados “Dark” e “Boneca Russa”. Parece que os roteiristas deste começo de século 21 realmente se apaixonaram por histórias sobre viagens no tempo e/ou loops temporais. E isso que só mencionei os títulos mais conhecidos; se tiver que incluir também filmes independentes, a lista já somaria umas cinco dezenas de produções!
Em suma, o tema anda tão repetitivo que parece até que nós mesmos, os espectadores, é que estamos presos num loop temporal, vendo o mesmo tipo de história over and over again. Claro, volta-e-meia saem uns filmes bem divertidos, que usam o conceito com bastante criatividade – às vezes para dar um nó na cabeça de quem assiste, às vezes apenas para divertir mesmo.
Já quem programar sua máquina do tempo para o passado, mais especificamente para antes de o assunto virar febre no cinema e na TV, vai dar uma de Marty McFly e encontrar os pais e mães dessas histórias todas. Um deles é este belo thriller de ficção científica que o Filmes para Doidos resgata do esquecimento: RETROACTIVE, uma produção classe B dos anos 1990 que chegou a ser lançada no Brasil em VHS como INFERNO NA ESTRADA.
O roteiro, creditado a Phillip Badger, Michael Hamilton-Wright e Robert Strauss, pode ser definido como um eficiente cruzamento entre dois grandes filmes que vieram antes: o thriller “A Morte Pede Carona” (1986) e a comédia “O Feitiço do Tempo” (1993).
Estamos no Texas (nah, o filme na verdade foi filmado na Califórnia, mas não contem pra ninguém!). Ali, em pleno deserto, o Governo Norte-Americano construiu um laboratório secreto que trabalha com um gigantesco acelerador de partículas. O objetivo: aperfeiçoar a viagem temporal. Infelizmente, após 11 tentativas fracassadas usando ratos como cobaias, o Pentágono resolveu cortar o financiamento e desativar a estrutura, acreditando que, com o perdão do trocadilho, o projeto só lhes fez perder tempo.
Mas Brian, o jovem cientista responsável pela pesquisa (interpretado por Frank Whaley, de “Pulp Fiction”), não pretende desistir até o último minuto. Como o laboratório será oficialmente fechado apenas na segunda-feira, e ele tem um fim de semana inteiro à disposição, resolve tentar um último experimento com o 12º ratinho.
Filmando tudo, Brian coloca a pobre cobaia num labirinto, onde ela encontra a morte instantânea ao cair numa ratoeira. Ainda filmando, o cientista explica a teoria de que qualquer ser vivo ou objeto que voltar ao passado em sua máquina manterá a sua memória “do futuro”, enquanto ele, no passado, não terá qualquer memória do que possa ter acontecido (pois uma nova linha temporal se iniciaria). Esta explicação só faz sentido para o espectador, já que Brian deve saber isso desde sempre e não faria o menor sentido gravar para si mesmo, mas enfim...
Após colocar o cadáver do pobre rato e a fita de vídeo que acabou de gravar sobre a plataforma da máquina, o cientista programa uma viagem no tempo para 10 minutos no passado. Um clarão de luz, raios azuis de filmes B e... Zip-zap, o relógio volta 10 minutos no tempo.
Reencontramos o Brian de 10 minutos atrás mas, conforme explicado, ele já não tem mais a memória do que acabou de acontecer 10 minutos “no futuro”, e se prepara para repetir o teste com o 12º ratinho. Já a cobaia, cuja consciência voltou no tempo para o momento antes da sua morte, agora tem memória da localização da ratoeira e não cai mais na armadilha! E a fita de vídeo na câmera, antes virgem, agora tem documentada a experiência bem-sucedida feita pelo outro Brian, o “do futuro”. Funciona!
Antes que o cientista possa avisar seus superiores de que finalmente teve sucesso e que o projeto poderá ter continuidade, RETROACTIVE corta para uma estrada bem no meio do nada, mas ali perto. Num conversível cruzando a desolada paisagem encontramos Karen Warren (interpretada por Kylie Travis), uma psicoterapeuta que trabalhava para a polícia de Chicago como negociadora de reféns.
Conforme atesta uma manchete de jornal no banco do passageiro, seus serviços foram dispensados após uma ação fracassada que resultou na morte de seis reféns. Enquanto dirige, a moçoila tem um flashback da operação (quando vemos cenas em preto-e-branco de tiros e explosões tiradas de “Robocop” e “Robocop 2” para economizar dinheiro!). E por muito pouco não bate de frente com um caminhão, ao invadir a pista contrária durante seu devaneio.
Karen perde o controle do seu conversível, sai da estrada e arrebenta uma daquelas placas “Don’t mess with Texas”, destruindo a frente do seu carro. Presa naquele cu-de-mundo, à beira de uma estrada deserta sob um sol de rachar e sem telefone celular, ela acaba aceitando a carona oferecida por um bizarro casal num Cadillac. Ele é Frank, um grosseiro falastrão; ela é Rayanne, sua esposa submissa, e que visivelmente sofre com um relacionamento abusivo.
Num dos castings mais bizarros da história, Frank, que é apresentado como um homem violento e ameaçador, é interpretado por James Belushi, irmão do mitológico John Belushi, que naquela altura da década de 1990 tentava se livrar dos papéis simpáticos e engraçados que o deixaram popular – em filmes como “K-9 – Um Policial Bom pra Cachorro” e “A Malandrinha”.
Já Rayanne, a mulher silenciosa e submissa, é encarnada por uma propositalmente enfeiada Shannon Whirry, ela que ironicamente vivia aparecendo como mulher sedutora na Sexta Sexy/Cine Privê, estrelando erotic thrilles como “Instinto Animal” e “Espelho da Sedução 2”. Ou o diretor de casting de RETROACTIVE era muito ousado, ao escalar atores para fazer personagens totalmente diferentes do que estavam acostumados, ou então o sujeito era completamente louco!
Já sabemos por uma cena anterior que Frank é um marginal de segunda linha (está envolvido no tráfico de uns chips de computador, algo que fará sentido mais tarde). Mas ainda estamos para descobrir que Rayanne, a mulher calada e assustada no banco do passageiro, anda tendo um caso extraconjugal com um imigrante mexicano, e planejando deixar o marido e seus abusos.
Rola uma série de acontecimentos aparentemente prosaicos que também farão sentido mais tarde: Frank é parado por um policial por excesso de velocidade e recebe uma multa, uma família em férias passa pelo carro do trio e pede informações, e finalmente Frank decide parar no velho posto de gasolina de Sam (o veteraníssimo M. Emmet Walsh) para tomar umas geladas. Ali, o velho Sam entrega a Frank fotos feitas por um detetive que comprovam a traição da sua esposa – no que parece ser uma piscadela para “Gosto de Sangue”, a obra-prima dos Irmãos Coen, onde Walsh era o detetive que flagrava a traição da esposa de um dos personagens principais.
Transtornado, Frank volta para o carro e, ainda levando Karen na carona, entra por uma estrada secundária deserto adentro. Ali começa a ameaçar Rayanne apontando uma pistola para a sua cabeça. No banco de trás, Karen tenta usar sua experiência como negociadora de reféns para resolver a situação, mas Frank é um psicopata fora de controle e logo os miolos da esposa infiel voam explodidos pelo vidro do carro. Sabendo que será a próxima, Karen luta com o assassino e consegue fugir, mas é perseguida pelo deserto. Até que termina num certo laboratório secreto que vimos no começo do filme...
Antes que o cientista possa avisar seus superiores de que finalmente teve sucesso e que o projeto poderá ter continuidade, RETROACTIVE corta para uma estrada bem no meio do nada, mas ali perto. Num conversível cruzando a desolada paisagem encontramos Karen Warren (interpretada por Kylie Travis), uma psicoterapeuta que trabalhava para a polícia de Chicago como negociadora de reféns.
Conforme atesta uma manchete de jornal no banco do passageiro, seus serviços foram dispensados após uma ação fracassada que resultou na morte de seis reféns. Enquanto dirige, a moçoila tem um flashback da operação (quando vemos cenas em preto-e-branco de tiros e explosões tiradas de “Robocop” e “Robocop 2” para economizar dinheiro!). E por muito pouco não bate de frente com um caminhão, ao invadir a pista contrária durante seu devaneio.
Karen perde o controle do seu conversível, sai da estrada e arrebenta uma daquelas placas “Don’t mess with Texas”, destruindo a frente do seu carro. Presa naquele cu-de-mundo, à beira de uma estrada deserta sob um sol de rachar e sem telefone celular, ela acaba aceitando a carona oferecida por um bizarro casal num Cadillac. Ele é Frank, um grosseiro falastrão; ela é Rayanne, sua esposa submissa, e que visivelmente sofre com um relacionamento abusivo.
Num dos castings mais bizarros da história, Frank, que é apresentado como um homem violento e ameaçador, é interpretado por James Belushi, irmão do mitológico John Belushi, que naquela altura da década de 1990 tentava se livrar dos papéis simpáticos e engraçados que o deixaram popular – em filmes como “K-9 – Um Policial Bom pra Cachorro” e “A Malandrinha”.
Já Rayanne, a mulher silenciosa e submissa, é encarnada por uma propositalmente enfeiada Shannon Whirry, ela que ironicamente vivia aparecendo como mulher sedutora na Sexta Sexy/Cine Privê, estrelando erotic thrilles como “Instinto Animal” e “Espelho da Sedução 2”. Ou o diretor de casting de RETROACTIVE era muito ousado, ao escalar atores para fazer personagens totalmente diferentes do que estavam acostumados, ou então o sujeito era completamente louco!
Já sabemos por uma cena anterior que Frank é um marginal de segunda linha (está envolvido no tráfico de uns chips de computador, algo que fará sentido mais tarde). Mas ainda estamos para descobrir que Rayanne, a mulher calada e assustada no banco do passageiro, anda tendo um caso extraconjugal com um imigrante mexicano, e planejando deixar o marido e seus abusos.
Rola uma série de acontecimentos aparentemente prosaicos que também farão sentido mais tarde: Frank é parado por um policial por excesso de velocidade e recebe uma multa, uma família em férias passa pelo carro do trio e pede informações, e finalmente Frank decide parar no velho posto de gasolina de Sam (o veteraníssimo M. Emmet Walsh) para tomar umas geladas. Ali, o velho Sam entrega a Frank fotos feitas por um detetive que comprovam a traição da sua esposa – no que parece ser uma piscadela para “Gosto de Sangue”, a obra-prima dos Irmãos Coen, onde Walsh era o detetive que flagrava a traição da esposa de um dos personagens principais.
Transtornado, Frank volta para o carro e, ainda levando Karen na carona, entra por uma estrada secundária deserto adentro. Ali começa a ameaçar Rayanne apontando uma pistola para a sua cabeça. No banco de trás, Karen tenta usar sua experiência como negociadora de reféns para resolver a situação, mas Frank é um psicopata fora de controle e logo os miolos da esposa infiel voam explodidos pelo vidro do carro. Sabendo que será a próxima, Karen luta com o assassino e consegue fugir, mas é perseguida pelo deserto. Até que termina num certo laboratório secreto que vimos no começo do filme...
E é aqui, após meia hora de tempo corrido, que RETROACTIVE começa a usar o gimmick da viagem no tempo e também um semi-loop temporal: por puro acidente, já que invade um dos experimentos do cientista, Karen é enviada 20 minutos de volta no tempo, quando já está no banco traseiro do carro de Frank e Rayanne e não pode fugir do que virá.
Primeiro ela se surpreende ao encontrar a garota viva e o vilão repetindo piadas e comentários que já fez, mas logo entende o que aconteceu (perceba que os personagens aqui são mais inteligentes do que a média) e resolve usar o conhecimento que tem do “futuro” para tentar impedir a morte da mulher.
A partir de então, RETROACTIVE vira uma eterna repetição dos mesmos eventos acontecidos na meia hora inicial. O irônico da situação toda é que a mocinha ganha uma segunda chance (e depois uma terceira, e depois uma quarta...) para impedir o assassinato de Rayanne; porém, ao tentar fazê-lo, acaba provocando uma carnificina ainda maior – como se esse fosse o preço que você paga ao tentar foder com a linha temporal e evitar a morte de alguém.
Por exemplo: sabendo de antemão que logo o policial irá pará-los por excesso de velocidade, Karen faz o óbvio que qualquer pessoa nesta situação faria e tenta avisar o homem da lei de que Frank está armado e perigoso. Só que o pobre policial texano (Sherman Howard) é um dos mais burros e lerdos no gatilho da história do cinema, e acaba crivado de balas pelo vilão. Nesta nova linha do tempo que se cria com a intervenção da mocinha, o vilão ainda mata Rayanne, o amante mexicano desta, e quem mais cruzar pela sua frente. Com cada retorno no tempo tornando a situação pior, Karen é obrigada a ficar voltando ao laboratório para novas tentativas de “consertar as coisas”.
A partir de então, RETROACTIVE vira uma eterna repetição dos mesmos eventos acontecidos na meia hora inicial. O irônico da situação toda é que a mocinha ganha uma segunda chance (e depois uma terceira, e depois uma quarta...) para impedir o assassinato de Rayanne; porém, ao tentar fazê-lo, acaba provocando uma carnificina ainda maior – como se esse fosse o preço que você paga ao tentar foder com a linha temporal e evitar a morte de alguém.
Por exemplo: sabendo de antemão que logo o policial irá pará-los por excesso de velocidade, Karen faz o óbvio que qualquer pessoa nesta situação faria e tenta avisar o homem da lei de que Frank está armado e perigoso. Só que o pobre policial texano (Sherman Howard) é um dos mais burros e lerdos no gatilho da história do cinema, e acaba crivado de balas pelo vilão. Nesta nova linha do tempo que se cria com a intervenção da mocinha, o vilão ainda mata Rayanne, o amante mexicano desta, e quem mais cruzar pela sua frente. Com cada retorno no tempo tornando a situação pior, Karen é obrigada a ficar voltando ao laboratório para novas tentativas de “consertar as coisas”.
Ao contrário de filmes como “O Feitiço do Tempo” e os recentes “A Morte Te Dá Parabéns” e “Palm Springs”, o loop temporal aqui não garante à protagonista um “reset”, ou uma nova chance, caso ela morra em algum momento do confronto com Frank. Se não conseguir chegar até a máquina do tempo para retornar sempre 20 minutos antes de o caos começar, Karen jamais poderá reverter a situação.
RETROACTIVE tem uma lógica de viagem temporal mais semelhante à de “Trancers” do que a de filmes como “De Volta para o Futuro” ou “Los Cronocrímenes”: ao invés de voltar FISICAMENTE no tempo, e correr o risco de encontrar sua versão repetida do passado, aqui os personagens viajam apenas EM CONSCIÊNCIA, de volta para seus próprios corpos no passado, mas mantendo as memórias de tudo que lhes aconteceu no futuro. Conforme vimos no experimento com o rato morto na cena inicial, isso significa que se alguém todo fodido e crivado de tiros conseguir chegar até a máquina do tempo, voltará ao passado, quando seu corpo ainda estava em perfeitas condições, apenas com a memória das experiências vividas para saber como evitá-las.
Como sempre faço ao escrever sobre produções mais obscuras ou pouco documentadas, tentei entrevistar alguém relacionado à produção para saber mais sobre o que aconteceu nos bastidores.
E quem me guiou pelo tortuoso processo de realização de RETROACTIVE foi um dos três roteiristas creditados, Phillip Badger, que infelizmente me contou uma história bem triste (e inédita, esta você só lê aqui!) sobre disputas de autoria pela história.
Em 1989, Badger tinha escrito e dirigido ele mesmo (foi o único filme que dirigiu até o presente momento) um filme de horror chamado “The Forgotten One” (no Brasil, “À Procura de Alguém”). Ele estava em busca de um novo projeto para dirigir quanto conheceu Michael Hamilton-Wright, “um escritor com alguns roteiros que eu pensava ter algum potencial”, explicou Phillip. “Ele me contou que conheceu um cara chamado Robert Strauss numa festa e discutiram algumas ideias. Uma dessas ideias era um primeiro tratamento do que viria a ser RETROACTIVE”.
Badger gostou da ideia da dupla, mas considerou que ainda precisava mudar muita coisa nela para tornar-se algo “produzível”. E assim se transformou no terceiro roteirista creditado no filme, juntamente com Hamilton-Wright e Strauss, embora acredite que o roteiro final é mais dele do que dos outro dois: “Comecei a reescrever aquele primeiro tratamento e o transformei em algo muito mais próximo do que você vê na tela”, garantiu.
O roteirista também tinha um amigo produtor, Michael Nadeau, com uma carreira bem-sucedida no ramo de videoclipes. O sujeito queria começar a investir em cinema, e, procurando por roteiros com potencial, ficou bastante interessado em produzir RETROACTIVE.
Foi quando a relação entre os roteiristas começou a se complicar. Conforme relata Badger: “Hamilton-Wright e Strauss tiveram algum tipo de desacordo, e o primeiro nos convenceu de que Strauss estava tentando algo pelas nossas costas. Hoje conheço Hamilton-Wright muito melhor e duvido dessa história, percebi que ele não era honesto. A história é longa e não quero lavar roupa suja, mas mais tarde eu descobri que [Hamilton-Wright] estava usando o meu roteiro de RETROACTIVE como se fosse dele”.
Como se percebe, a real paternidade de RETROACTIVE, em sua origem, é um mistério. Segundo Phillip Badger, “eu realmente não sei quem concebeu a história em primeiro lugar. E realmente duvido que Hamilton-Wright o tenha feito. Ele pode ter contribuído verbalmente para a história enquanto conversava com Robert Strauss, ou pode não ter. Ninguém sabe ao certo, exceto os dois”.
Mas o roteiro final, o que foi filmado, Badger alega ser obra dele: “[O produtor] Michael Nadeau me incentivou a trabalhar mais no roteiro, o que eu fiz. Se os créditos do filme estivessem corretos, deveria dizer ‘História de Robert Strauss e Michael Hamilton-Wright’ e roteiro de minha autoria. Ao invés disso, todos recebemos o mesmo crédito como roteiristas”.
(Registre-se que, segundo o IMDB, Robert Strauss nunca escreveu ou participou de qualquer maneira de nenhum outro filme desde 1997, enquanto Michael Hamilton-Wright segue trabalhando como roteirista e produtor – ele inclusive dirigiu o trashíssimo “Mangler 2.0/Pânico Virtual” em 2002!)
Para resumir uma longa história, o roteiro que Badger alega ter reescrito quase por completo começou a atrair interesse de investidores em potencial. E sua narrativa complexa, com idas e vindas no tempo, garantiu que pouco fosse mudado na fase de pré-produção. “Isso é raro em Hollywood”, destacou o roteirista. “Quando chegamos perto de produzi-lo, num momento em que geralmente todo mundo começa a pedir mudanças completamente desnecessárias, muito pouco foi reescrito. Afinal, se você alterava uma coisa no roteiro, isso poderia afetar a narrativa em vários outros pontos. A namorada do diretor mudou algumas coisas e diálogos, mas, comparado a outros filmes que escrevi, as mudanças foram relativamente pequenas”.
O roteirista alega ter ficado bem satisfeito com o resultado final do filme e com a maneira como suas ideias foram transferidas do papel para a tela. “Fiquei realmente impressionado com os valores de produção, considerando o orçamento que havia – ou pelo menos o que eles disseram que havia”, destacou Badger. “Desde então eu tive outros roteiros produzidos, e aquele lamento-clichê dos roteiristas certamente é verdadeiro: todos eles acabaram seriamente ferrados. ‘Dangerous Attraction’ [outro roteiro dele filmado em 2000 por Penelope Buitenhuis] foi arruinado pela diretora. Mas RETROACTIVE ficou bem próximo do filme que eu visualizei enquanto escrevia”.
RETROACTIVE aparenta ter custado pouquíssimo, ainda mais para contar uma história tão ambiciosa. Por isso, a parte “ficção científica” da trama é bem low-profile. O destaque é dado às cenas de ação: embora seja um filme com cenas e situações que se repetem propositalmente, cada retorno da protagonista ao passado vai tornando o ritmo da narrativa mais acelerado, com as perseguições, tiroteios, explosões e a própria contagem de cadáveres ficando cada vez maiores!
Por conta disso, o espectador não tem tempo de questionar algumas bobagens da trama. Tipo a insistência de Karen em não matar Frank logo no início de seus retornos no tempo, muitas vezes permitindo que ele saia loucão e eliminando todo mundo que lhe cruza o caminho. Mais de uma vez a mocinha tem o vilão rendido na mira de sua pistola, mas, ao não atirar primeiro mesmo sabendo que o homem é um louco furioso, permite que ele reaja ou fuja, e assim comece a matar inocentes.
(É possível que a protagonista seja assombrada por um questionamento moral estilo “Minority Report”: será justo eliminar alguém ANTES que a pessoa efetivamente cometa o crime que cometerá no futuro?)
O diretor Morneau vem da Escola Roger Corman de Cinema: começou sua carreira editando trailers para o lendário produtor-diretor, e logo estava dirigindo produções baratas para a sua produtora de então, a Concorde. Um de seus primeiros trabalhos para Corman foi “Quake” (1992), um thriller que se passa após um terremoto e para o qual foram utilizadas cenas reais filmadas durante um devastador terremoto que atingiu a Califórnia em 1989!
O diretor Morneau vem da Escola Roger Corman de Cinema: começou sua carreira editando trailers para o lendário produtor-diretor, e logo estava dirigindo produções baratas para a sua produtora de então, a Concorde. Um de seus primeiros trabalhos para Corman foi “Quake” (1992), um thriller que se passa após um terremoto e para o qual foram utilizadas cenas reais filmadas durante um devastador terremoto que atingiu a Califórnia em 1989!
Morneau também dirigiu “Carnossauro 2” (1995), reaproveitando os bonequinhos de dinossauro construídos para o original, e foi aprendendo formas criativas e baratas de valorizar seus próprios filmes a partir da reciclagem de elementos.
Neste sentido, RETROACTIVE é um filme muito inteligente porque a trama permite a repetição de cenas e takes inteiros, às vezes apenas com pequenas mudanças no ângulo da câmera, algo que deve ter sido relativamente fácil, rápido e barato de filmar.
Se vemos um posto de gasolina explodindo duas ou três vezes ao longo da história, na montagem foram usados planos diferentes da MESMA explosão, ao invés de construir e explodir cenários diferentes, como uma grande produção de Hollywood faria.
O artifício de só permitir que a protagonista volte 20 minutos por vez no tempo – justificado pelo fato de a máquina operada por Brian ainda estar em fase de testes, e sofrer perigosos desgastes a cada “retorno” – também é uma boa sacada, porque já coloca a pobre Karen automaticamente dentro do carro com Frank, desarmada e na companhia de um psicopata furioso, dando-lhe pouquíssimo tempo hábil para tentar reverter a situação ao seu favor.
E há, claro, todas aquelas brincadeirinhas divertidas com o formato de viagem temporal, que são usadas até hoje nesse tipo de história: quando, lá pelas tantas, é o próprio Frank quem consegue voltar no tempo, ele adquire algumas informações bastante úteis (tipo como passar pelo sistema de segurança do laboratório), sem que o cientista ou a mocinha saibam que ele sabe (porque eles não viajaram no tempo e não mantiveram o conhecimento do fato).
Ainda em nossa troca de e-mails, o roteirista Phillip Badger falou um pouco sobre suas inspirações enquanto trabalhava no roteiro: “Eu sempre gostei muito de filmes sobre viagem no tempo e da boa ficção científica. Meu primeiro roteiro, que escrevi ainda na faculdade, era sobre um sujeito que encontrava um jornal de três dias no futuro, via o que ia acontecer e se aproveitava disso, ganhando toneladas de dinheiro. Depois, levado pela culpa, percebe que pode tentar evitar tragédias, mas acaba provocando os mesmos eventos que está tentando impedir. Mas aí uma emissora de TV fez um seriado chamado ‘Early Edition’ [‘Edição de Amanhã’, no Brasil], que tinha basicamente a mesma premissa”.
Enquanto trabalhava no roteiro de RETROACTIVE, Badger inspirou-se principalmente no curta-metragem “12:01 PM” (1991), de Jonathan Heap, baseado no mesmo conto sobre loop temporal escrito por Richard Lupoff que inspirou “Feitiço do Tempo”. Com a palavra, Badger: “Fiquei encantado com a ideia. Também li muita ficção científica quando criança, e a história ’O Som do Trovão’, de Ray Bradbury [sobre caçadores do futuro que voltam no tempo para fazer safáris com dinossauros, e acabam alterando o futuro ao matar por acidente uma borboleta], sempre me impressionou. ‘O Exterminador do Futuro’ ainda é um dos meus dez filmes preferidos, e ‘A Morte Pede Carona’ é fantástico. Gosto de histórias sombrias, ação e comédia de humor negro, e achei ótimo misturar os três”.
Além da ideia bem bolada e bem conduzida, também merece destaque o visual do filme, em grande parte responsabilidade do diretor de fotografia habitual de Albert Pyun, George Mooradian (que filmou “Dollman: 33 cm de Altura... e Atira!”, a série “Nêmesis” e vários outros trabalhos de Pyun da época).
O artifício de só permitir que a protagonista volte 20 minutos por vez no tempo – justificado pelo fato de a máquina operada por Brian ainda estar em fase de testes, e sofrer perigosos desgastes a cada “retorno” – também é uma boa sacada, porque já coloca a pobre Karen automaticamente dentro do carro com Frank, desarmada e na companhia de um psicopata furioso, dando-lhe pouquíssimo tempo hábil para tentar reverter a situação ao seu favor.
E há, claro, todas aquelas brincadeirinhas divertidas com o formato de viagem temporal, que são usadas até hoje nesse tipo de história: quando, lá pelas tantas, é o próprio Frank quem consegue voltar no tempo, ele adquire algumas informações bastante úteis (tipo como passar pelo sistema de segurança do laboratório), sem que o cientista ou a mocinha saibam que ele sabe (porque eles não viajaram no tempo e não mantiveram o conhecimento do fato).
Ainda em nossa troca de e-mails, o roteirista Phillip Badger falou um pouco sobre suas inspirações enquanto trabalhava no roteiro: “Eu sempre gostei muito de filmes sobre viagem no tempo e da boa ficção científica. Meu primeiro roteiro, que escrevi ainda na faculdade, era sobre um sujeito que encontrava um jornal de três dias no futuro, via o que ia acontecer e se aproveitava disso, ganhando toneladas de dinheiro. Depois, levado pela culpa, percebe que pode tentar evitar tragédias, mas acaba provocando os mesmos eventos que está tentando impedir. Mas aí uma emissora de TV fez um seriado chamado ‘Early Edition’ [‘Edição de Amanhã’, no Brasil], que tinha basicamente a mesma premissa”.
Enquanto trabalhava no roteiro de RETROACTIVE, Badger inspirou-se principalmente no curta-metragem “12:01 PM” (1991), de Jonathan Heap, baseado no mesmo conto sobre loop temporal escrito por Richard Lupoff que inspirou “Feitiço do Tempo”. Com a palavra, Badger: “Fiquei encantado com a ideia. Também li muita ficção científica quando criança, e a história ’O Som do Trovão’, de Ray Bradbury [sobre caçadores do futuro que voltam no tempo para fazer safáris com dinossauros, e acabam alterando o futuro ao matar por acidente uma borboleta], sempre me impressionou. ‘O Exterminador do Futuro’ ainda é um dos meus dez filmes preferidos, e ‘A Morte Pede Carona’ é fantástico. Gosto de histórias sombrias, ação e comédia de humor negro, e achei ótimo misturar os três”.
Além da ideia bem bolada e bem conduzida, também merece destaque o visual do filme, em grande parte responsabilidade do diretor de fotografia habitual de Albert Pyun, George Mooradian (que filmou “Dollman: 33 cm de Altura... e Atira!”, a série “Nêmesis” e vários outros trabalhos de Pyun da época).
Com seus tons vermelhos e amarelados por causa do deserto, e uma rodovia praticamente infinita no meio do nada, RETROACTIVE emula o clima e o visual daquelas acachapantes aventuras filmadas na Austrália, como “Razorback/O Corte da Navalha” ou “Fair Game/Jogo Brutal”. Os capotamentos, atropelamentos e explosões, onde devem ter usado a maior parte do orçamento, são realmente impressionantes considerando que estamos vendo um filme B.
Para o público contemporâneo, RETROACTIVE soa duplamente interessante por trazer, como protagonista, uma personagem feminina forte. Ela é interpretada pela gracinha Kylie Travis, uma modelo da Ford que resolveu investir na carreira de atriz, e que passa longe daquela coisa de mulher bombadona, ou boa de tiro, que começava a virar clichê no gênero a partir do final dos anos 1980.
Para o público contemporâneo, RETROACTIVE soa duplamente interessante por trazer, como protagonista, uma personagem feminina forte. Ela é interpretada pela gracinha Kylie Travis, uma modelo da Ford que resolveu investir na carreira de atriz, e que passa longe daquela coisa de mulher bombadona, ou boa de tiro, que começava a virar clichê no gênero a partir do final dos anos 1980.
Embora saiba uma ou duas coisas sobre pistolas, e como dispará-las, a protagonista parece avessa à violência e tenta evitá-la – tanto que desperdiça as várias chances que tem de matar Frank logo de início e evitar o caos que o vilão está destinado a proporcionar.
O que não quer dizer, claro, que Karen seja uma vítima passiva. Pelo contrário: a loirinha luta, reage, dá porrada, dá tiro, corre, salta, pendura-se para fora de carros em alta velocidade... Enfim, se não faz o estilo “heroína invencível”, tampouco leva desaforo pra casa.
Kylie também apareceu em seriados da época e em filmes como “Gia, Fama e Destruição” e “O Pai da Noiva 2”, mas RETROACTIVE é seu único papel principal como protagonista. Infelizmente ela não insistiu na nova carreira, casou com um ricaço e aposentou-se das telas logo depois.
O restante do elenco tem atuações corretas, mas confesso que não consigo engolir Jim Belushi como vilão psicótico. Como já escrevi, naquela época ele tentava se desligar dos papéis em comédias para apostar na carreira de “ator sério”. Jim visivelmente se esforça, mas o fato de nunca calar a boca, falar com um sotaque texano ridículo e ostentar duas costeletas enormes de Elvis Presley que lhe ocupam metade da cara tornam o personagem mais patético do que ameaçador.
Se RETROACTIVE é praticamente desconhecido hoje, muito foi por culpa da falência da Orion Pictures, a empresa que produziu o filme (e também os três primeiros “Robocop”, o que explica a utililização de cenas de arquivo destes como flashback neste aqui). A companhia já vinha apresentando problemas financeiros desde o final dos anos 1980, apesar de ter produzido sucessos de bilheteria e grandes vencedores do Oscar como “Dança com Lobos” e “O Silêncio dos Inocentes”.
O restante do elenco tem atuações corretas, mas confesso que não consigo engolir Jim Belushi como vilão psicótico. Como já escrevi, naquela época ele tentava se desligar dos papéis em comédias para apostar na carreira de “ator sério”. Jim visivelmente se esforça, mas o fato de nunca calar a boca, falar com um sotaque texano ridículo e ostentar duas costeletas enormes de Elvis Presley que lhe ocupam metade da cara tornam o personagem mais patético do que ameaçador.
O Frank que ele tenta interpretar é o tipo de psicopata que Dennis Hopper ou Rutger Hauer fariam dormindo, mas Belushi parece mais uma sátira de um vilão ameaçador para o Saturday Night Live do que uma ameaça séria que o espectador deveria temer.
Quando comentei com o roteirista Badger que achava a escolha de Jim Belushi equivocada, ele respondeu o seguinte: “Belushi pelo menos entendeu [o personagem]. Ele entendeu seu charme sombrio, seu humor caipira e seu narcisismo violento. Pode não ter sido perfeito, mas ficou perto o suficiente. Oh, e ele também improvisou muita coisa”.
Claro, o ator pelo menos merece certa consideração por ter tentado fazer algo radicalmente diferente dos personagens que interpretava à época. Mas ainda demoraria mais alguns anos para que começasse a convencer em papéis sérios.
Quando comentei com o roteirista Badger que achava a escolha de Jim Belushi equivocada, ele respondeu o seguinte: “Belushi pelo menos entendeu [o personagem]. Ele entendeu seu charme sombrio, seu humor caipira e seu narcisismo violento. Pode não ter sido perfeito, mas ficou perto o suficiente. Oh, e ele também improvisou muita coisa”.
Depois de RETROACTIVE ele ficou preso aos telefilmes e seriados. Foi só a partir de 2010 que começou a convencer como figurante de luxo em filmes como “O Escritor Fantasma”, de Roman Polanski, e “Versões de um Crime”, com Keanu Reeves. Sua participação como um gângster ora ameaçador, ora divertido em “Twin Peaks: O Retorno”, de David Lynch, também foi muito elogiada.
Se RETROACTIVE é praticamente desconhecido hoje, muito foi por culpa da falência da Orion Pictures, a empresa que produziu o filme (e também os três primeiros “Robocop”, o que explica a utililização de cenas de arquivo destes como flashback neste aqui). A companhia já vinha apresentando problemas financeiros desde o final dos anos 1980, apesar de ter produzido sucessos de bilheteria e grandes vencedores do Oscar como “Dança com Lobos” e “O Silêncio dos Inocentes”.
RETROACTIVE acabou sendo um dos últimos títulos produzidos pela Orion antes da venda da empresa para a MGM. Até hoje há informações desencontradas sobre se chegou a ser lançado nos cinemas nos Estados Unidos ou foi direto para as videolocadoras.
Pelo menos o fato de ainda ser relativamente inovador no tema garantiu ao filme uma bela carreira pelos festivais de cinema fantástico. Em 1997 ele passou nos dois maiores da Europa: o Festival de Sitges, na Espanha, e o Fantasporto, em Portugal, onde ganhou o prêmio de Melhor Filme (vá lá que a concorrência estava bem fraquinha naquele ano, com obras tipo “A Maldição de Quicksilver” e o brasileiro “Ed Mort” disputando a mesma categoria).
Enfim, fez relativo sucesso e deu alguma moral ao diretor Morneau, que teve seu próximo trabalho – a aventura “Traição” – produzido pelos grandes Joel Silver e Richard Donner (Jim Belushi estrelou novamente). Mas o sucesso nunca chegou, e Morneau acabou ficando preso no inferno das produções direto para vídeo, assinando sequências baratas de sucessos mais dinheirudos, incluindo “A Morte Pede Carona 2”, “Perseguição 2” e “Lobisomem: A Besta Entre Nós”, um spin-off daquele fracassado blockbuster de lobisomem dirigido pelo Joe Johnston. Desde 2012 ele não fez mais nada.
RETROACTIVE acabou dando frutos inesperados oito anos depois. Seus produtores queriam contratar o roteirista Phillip Badger para escrever uma sequência para o filme. Infelizmente, os direitos do original ficaram perdidos no limbo depois que a Orion faliu, foi comprada pela MGM, e então a própria MGM pediu falência. “Por isso eles decidiram fazer um filme independente, mas na mesma linha de RETROACTIVE, com o mesmo espírito”, contou.
Assim nasceu “Slipstream”, de 2005, lançado no Brasil com o título “Contra o Tempo”. Embora seja uma história diferente, o argumento lembra muito uma sequência ou variação de RETROACTIVE: Sean Astin é um cientista com uma máquina do tempo que lhe permite voltar dez minutos para o passado (e que poderia muito bem ser o personagem de Frank Whaley no filme de 1997).
Pelo menos o fato de ainda ser relativamente inovador no tema garantiu ao filme uma bela carreira pelos festivais de cinema fantástico. Em 1997 ele passou nos dois maiores da Europa: o Festival de Sitges, na Espanha, e o Fantasporto, em Portugal, onde ganhou o prêmio de Melhor Filme (vá lá que a concorrência estava bem fraquinha naquele ano, com obras tipo “A Maldição de Quicksilver” e o brasileiro “Ed Mort” disputando a mesma categoria).
Enfim, fez relativo sucesso e deu alguma moral ao diretor Morneau, que teve seu próximo trabalho – a aventura “Traição” – produzido pelos grandes Joel Silver e Richard Donner (Jim Belushi estrelou novamente). Mas o sucesso nunca chegou, e Morneau acabou ficando preso no inferno das produções direto para vídeo, assinando sequências baratas de sucessos mais dinheirudos, incluindo “A Morte Pede Carona 2”, “Perseguição 2” e “Lobisomem: A Besta Entre Nós”, um spin-off daquele fracassado blockbuster de lobisomem dirigido pelo Joe Johnston. Desde 2012 ele não fez mais nada.
RETROACTIVE acabou dando frutos inesperados oito anos depois. Seus produtores queriam contratar o roteirista Phillip Badger para escrever uma sequência para o filme. Infelizmente, os direitos do original ficaram perdidos no limbo depois que a Orion faliu, foi comprada pela MGM, e então a própria MGM pediu falência. “Por isso eles decidiram fazer um filme independente, mas na mesma linha de RETROACTIVE, com o mesmo espírito”, contou.
Assim nasceu “Slipstream”, de 2005, lançado no Brasil com o título “Contra o Tempo”. Embora seja uma história diferente, o argumento lembra muito uma sequência ou variação de RETROACTIVE: Sean Astin é um cientista com uma máquina do tempo que lhe permite voltar dez minutos para o passado (e que poderia muito bem ser o personagem de Frank Whaley no filme de 1997).
Ele tenta usar o invento para conquistar, por tentativa e erro, a bela funcionária de um banco. Infelizmente, escolhe o dia errado para fazê-lo: a agência é assaltada na mesma hora, forçando o protagonista a ficar voltando 10 minutos no tempo para tentar impedir o crime, sempre piorando as coisas a cada “retorno”.
Infelizmente, apesar da premissa curiosa, o longa dirigido por David van Eyssen é ruim de doer!
Infelizmente, apesar da premissa curiosa, o longa dirigido por David van Eyssen é ruim de doer!
Em sua defesa, Badger me explicou que outra vez seu roteiro original foi arruinado na transposição para a tela: “O acordo era filmar na África do Sul, e tiveram que contratar um diretor de lá, um cara cujo nome eu nem me lembro. Ele nunca havia feito um filme antes e tinha algumas ‘sugestões’ para o roteiro. Como ele era o diretor, eu tive que segui-las, embora não achasse que ajudavam a história. Eu estava sendo bem pago para escrever e reescrever. Aí eles foram para a África do Sul e não sei o que aconteceu lá, mas, quando vi o filme finalizado, era quase irreconhecível! Praticamente tudo terrível! De alguma forma mudaram tudo que escrevi, e eu nem sei quem foi. Ironicamente, eu recebi crédito sozinho pelo roteiro. Ugh! Eu ficaria feliz em tirar meu nome completamente do filme!”.
Com este recente interesse em loops temporais e múltiplas viagens ao passado para alterar o presente e o futuro, será que Phillip Badger também voltaria a trabalhar com o tema pela terceira vez? “Acho que nunca mais tentarei novas versões desse argumento, que parece estar esgotado hoje, especialmente com as continuações intermináveis de ‘O Exterminador do Futuro’”, garantiu o roteirista.
Vai que, como mostra RETROACTIVE, cada nova tentativa de repetir as coisas (ou, neste caso, retrabalhar o tema da viagem no tempo) acaba deixando as coisas muito piores?
Com este recente interesse em loops temporais e múltiplas viagens ao passado para alterar o presente e o futuro, será que Phillip Badger também voltaria a trabalhar com o tema pela terceira vez? “Acho que nunca mais tentarei novas versões desse argumento, que parece estar esgotado hoje, especialmente com as continuações intermináveis de ‘O Exterminador do Futuro’”, garantiu o roteirista.
Vai que, como mostra RETROACTIVE, cada nova tentativa de repetir as coisas (ou, neste caso, retrabalhar o tema da viagem no tempo) acaba deixando as coisas muito piores?
Trailer de REATROACTIVE – INFERNO NA ESTRADA
16 comentários:
Acho que já assisti esse filme na Record no ínicio dos anos 2000.
Tu assiste filmes legendados ou dublados Felipe?
Olha, se dependesse de mim, filme dublado seria banido da face da Terra...
Eu não vejo nenhum mal no filmes dublados ,á dublagem brasileira é uma das melhores do mundo e graças ela tivemos excelentes dubladores que ser tornaram referencia nesse área ,sua vozes mesmo depois de falecidos ainda ecoam em nossa memoria afetiva.
Logico que filmes com o som original é ótimo e ver atuação dos atores e sua dicção nos países em que esse filmes são rodados e tambem podemos analisar o texto do filme e tom dramático de interpretação desde de piadas locais ate palavrões ,tambem sou grande fã de assistir filmes em som original com legendas .
Mas não concordo em desrespeitar o trabalho magníficos dos dubladores brasileiros ... estamos falando de dubladores profissionais não aquela turminha dos atores Globo que coloca as suas vozes nos filmes ou seriados e estragando o trabalho desses verdadeiros profissionais da voz .
Essa é minha humilde opinião e parabéns por essa postagem.
O que acha do filme Lobisomem de 2010? Eu gosto. A fotografia é muito bonita e o Lobisomem nesse filme dá medo. Ele é implacável e assustador, uma máquina de matar. Em outros filmes de Lobisomem a maquiagem e fantasias deixam o Lobisomem lento, mas nesse filme junto com técnicas avançadas conseguiram deixar o Lobisomem rápido como uma bala e que não importa como vc corra ele vai conseguir te alcançar. Também é um bom exemplo do melhor dos dois mundos: uniu maquiagem e efeitos práticos ao digital pra deixar o Lobisomem mais poderoso e assustador. Só acho que exageraram nos efeitos de computador algumas vezes. Acho um filme subestimado e um dos melhores de Lobisomem não é perfeito mas entrétem.
Esse cara não é irmão do John Belushi? Parece que ele se dedica a plantação de maconha hoje em dia.
Parece uma mistura de A Morte Pede Carona + viagem no tempo.
Que loira linda! Pena que se se aposentou.
Já tinha ouvido falar desse filme e estava na minha lista no YouTube (tem completo lá), mas tinha dúvidas se valia a pena. Porém, tive uma surpresa ao ver essa resenha no Filmes para Doidos e fui ver imediatamente.
Realmente é muito bom. Deu até raiva de ver porque fiquei o tempo todo pensando "porque não fazem mais filmes assim? Com atores e explosões de verdade?". O CGI está transformando o cinema num videogame sem graça.
Sobre a fita gravada pelo personagem do Frank Whaley: ele explica que a gravação é para ter uma prova para mostrar ao pentágono (Ok,é para o espectador, mas ao menos o roteiro tenta dar uma explicação).
Sobre o James Belushi: muito antes de ler essa resenha no blog eu cheguei a assistir o começo do filme, mas desisti porque achei que era mais um daqueles filmes onde o Belushi faz pela milésima vez o papel de sujeito mala e grosseiro, mas de bom coração que salva o dia. Então, como assisti o resto do filme já tendo lido a resenha do blog, tive a impressão que foi uma tentativa dos produtores (ou diretor) de fazer algo do tipo "surpresa, Belushi é o vilão!".
Mas concordo que Belushi é o ponto fraco do filme. Ele é falastrão demais e exagera nas caretas. Por outro lado, Kylie Travis convence mesmo como "policial gostosa durona", ao contrário das patricinhas empoderadas que se vê no cinema hoje.
https://www.youtube.com/watch?v=MJBGF1g2q10
Bacana o texto, Felipe.
Falando em histórias sobre viagens no tempo, o roteirista de "Retroactive" citou "O Som do Trovão".
A adaptação que o Peter Hyams fez dessa trama é um legítimo filme para doidos!
Só eu estou achando sexy Jim Belushi nessas fotos como bad boy psicopata?
Acho que passou e não foi uma vez só não. :)
A dublagem brasileira sempre foi e ainda é a melhor do mundo!
Gosto de ver tudo no áudio original, prefiro ver as coisas legendadas, acostumei com isto, mas é gosto pessoal.
Não é pagar de fodão, de cult ou dar uma de superior! É apenas preferência!
Porém, não há como negar que tem vozes e trejeitos que já fazem parte da minha mente com a voz dublada dos filmes que eu via na Sessão da Tarde ou na Tela Quente!
Um Príncipe em Nova Iorque, pra mim sempre será melhor dublado! (Na verdade, qualquer coisa com o Eddie Murphy, pra mim, é melhor na voz do Mário Jorge do que na versão original!)
Yu Yu Hakusho é INFINITAMENTE melhor na sua versão dublada!
E seria uma lista enorme de coisas que dubladas são superiores, mais divertidas do que na versão original.
E quem já teve contato com dublagens em outras línguas, sabe que a feita aqui no Brasil é MUITO melhor por ter inúmeros cuidados que não se vê em outras línguas geralmente.
A preocupação e cuidado com algo básico como a sincronia, a alteração do texto para caber de forma mais adequada no tempo de movimento dos lábios, as adaptações de piadas e citações que só fazem sentido na língua original, a liberdade criativa para aproximar o público da obra por meio destas adaptações, sem falar no talento absurdo dos nossos atores de dublagem, bem como no quanto conseguem se tornar marcantes.
Então, não faz sentido ficar choramingando e reclamando das obras dubladas!
Hoje em dia principalmente, você tem mais opções pra consumir com legenda.
Até na TV aberta, com recursos digitais atuais, dá pra ver as coisas com áudio original.
Mas a gente nunca pode esquecer que a dublagem não serve apenas quem não sabe inglês pra acompanhar o áudio original, ou pra quem tem preguiça de ler legenda.
Serve pra quem tem visão deficitária, pra quem lê devagar, pra quem é disléxico, até pra quem tem baixo nível de alfabetização. E eu poderia dar inúmeros motivos lógicos...
Mas a questão é muito mais simples: Quer ver com legenda? Veja! Quer ver dublado? Veja!
Agora, o que não dá pra negar, é que sim, a nossa dublagem chuta bundas!
Bom...
É isso!
Como seria lindo se os leitores do blog usassem esse tanto de paixão e caracteres para comentar os filmes que estão sendo analisados, ao invés de iniciar intermináveis discussões paralelas como esta... Vejam bem, em nenhum momento eu critiquei a dublagem brasileira, ou disse que era ruim ou não prestava. Em nenhum momento eu disse que não deveria existir, ou que as pessoas deveriam ser obrigadas a ver filme na língua original. O sujeito perguntou se eu via filme dublado ou legendado, e eu respondi que POR MIM dublagem não existiria, simplesmente porque pra mim não faz sentido ver filme dublado por 'n' motivos. É óbvio que tem gente que PRECISA ver filme dublado, inclusive por algum problema auditivo; assim como é óbvio que tem uns preguiçosos do caralho que simplesmente não gostam de ler legenda. Enfim, EU não gosto de dublagem e não vejo filme dublado; não vejo MESMO, se só tiver essa opção eu vejo outra coisa (vale o mesmo pra filme oriental dublado em inglês). Vocês estejam livres para fazer o que quiserem, sempre. Paz. ;-)
Somos dois então...
Principalmente essas dublagens toscas de hoje, até legendado ta difícil de asssitir
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