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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O EXTERMINADOR (1980)


Não foram poucos os "filmes de vigilante" surgidos com o sucesso de "Desejo de Matar" em 1974. O clássico estrelado por Charles Bronson originou imitações e cópias xerox em praticamente todo o mundo, da Itália (onde Enzo G. Castellari dirigiu o ótimo "O Vingador Anônimo", com Franco Nero no papel principal) à Turquia (país responsável por "Cellat", de Memduh Ün, que tem no elenco o Bronson turco Serdar Gökhan), e passando inclusive pelo Brasil (com "Horas Fatais - Cabeças Trocadas", dirigido e estrelado por Francisco Cavalcanti).

Nos Estados Unidos também apareceram vários justiceiros e vigilantes urbanos, e, entre todos eles, é digno de destaque o violento personagem de um filme de 1980, escrito e dirigido por James Glickenhaus. Trata-se de O EXTERMINADOR.

Se "Desejo de Matar" levava um tempão mostrando as motivações do personagem de Bronson e sua lenta transformação de homem pacato em justiceiro solitário, O EXTERMINADOR é enxuto e não gasta nem 10 minutos para mostrar seu herói (ou seria anti-herói?) saindo às ruas para encher bandidos de pipocos - afinal, o título do filme não faria sentido se o personagem principal não fosse mostrado como uma violenta máquina de matar, correto?


Mas o melhor desta produção assumidamente B ainda é o início, numa das representações mais explosivas e brutais da Guerra do Vietnã que já vi em película (e olha que também estou considerando os grandes clássicos, tipo "Apocalypse Now" e "O Franco-Atirador").

É ali, em meio a tiros, explosões, sujeira e torturas, que conhecemos nossos dois personagens centrais: John Eastland (o canastrão Robert Ginty, astro de vários filmes B de ação dos anos 80) e seu amigo Michael Jefferson (Steve James, que fez a série "American Ninja" e morreu em 1993, vítima de câncer no pâncreas). Eles são uma dupla de soldados americanos aprisionados pelos sanguinários vietcongues.

O Vietnã nunca foi tão violento


Os vilões realizam uma realista cena de decapitação (para torná-la tão real, técnicos da equipe do mestre Stan Winston construíram um boneco todo articulado, anos antes de tornar-se convencional o uso de CGI). É a gota d'água: Michael consegue se soltar e acaba com os algozes.

Ao libertar o amigo John, percebe-se pela primeira vez que a extrema violência do conflito deixou o sujeito meio fora da casinha: para vingar-se dos abusos sofridos, ele atira na cabeça de um vietcongue ferido e desarmado!

Um salto no tempo e o filme nos transporta diretamente para a Nova York dos anos 80, que não parece muito diferente do violento Vietnã mostrado momentos antes - somente tem menos explosões. Veteranos de guerra, John e Michael agora trabalham como estivadores num depósito que fica no bairro pobre do Bronx, um lugar bem pouco interessante para se morar, diga-se de passagem.


Certo dia, Michael flagra uns folgados saqueando cerveja de um dos depósitos onde trabalha e dá uma lição neles, salvando, mais uma vez, a vida do parceiro John, que tinha se tornado refém dos marginais.

Poucas horas depois, entretanto, Michael, que tem esposa e filhos, é brutalmente atacado pelos mesmos marginais, sendo apunhalado e surrado. Resultado: acaba no hospital, paralítico e sem chances de caminhar novamente.

John, que descontando a violenta reação no Vietnã ainda era mostrado como um sujeito pacato, fica completamente transtornado com o episódio.


E o filme mostra sua reação sem muito lero-lero: num momento, ele está encontrando a esposa de Michael e lhe contando sobre o que aconteceu ao marido; um corte brusco depois e, já na cena seguinte, John aparece transformado num justiceiro sedento de sangue e morte, com um bandido pé-de-chinelo amarrado à sua frente.

Ele assusta o sujeito usando um lança-chamas (!!!) até descobrir onde estão os bandidos que agrediram seu amigo. Então, armado com um fuzil M-16 (!!!), John ataca o covil dos bastardos, exterminando-os brutalmente como se estivesse nas selvas do Vietnã.

Para arrematar o serviço, deixa o chefe do bando, ainda meio vivo, para ser devorado pelos ratos no porão de um velho armazém!


No dia seguinte, John volta ao hospital e conta ao amigo o que fez, dizendo que, na hora, não conseguia distinguir o "certo do errado". Também diz ao inválido Michael que descobriu uma forma de cuidar da esposa e filhos do amigo, para que não fiquem financeiramente desamparados.

A solução do problema financeiro envolve roubar o dinheiro sujo de um gângster do mercado dos açougues, chamado Gino Pontivini.

Numa cena que é um verdadeiro clássico do mau gosto, depois de saquear o cofre do mafioso, o exterminador dá cabo do bandidão atirando-o dentro de um moedor de carne, e a câmera cruel de Glickenhaus não poupa o espectador nem mesmo da carne moída e ensangüentada saindo da máquina!!!


O "Exterminador" podia até parar a matança de bandidos por aí, mas acaba pegando gosto pela coisa e se transforma num anti-herói tão sanguinário quanto os bandidos que combate e mata.

Para justificar seus atos, John deixa cartas à polícia dizendo que está fazendo o que a lei deveria fazer. E sai pelas ruas da cidade, à noite, combatendo os mais sacanas e bastardos vilões do cinema classe B.

Lá pelas tantas, por exemplo, nosso herói vai parar na chamada "Casa de Frangos", que nada mais é do que um local onde ricaços pervertidos vão para fazer sexo com crianças (!!!). Ali, John chega a enfrentar um rico senador (!!!) cuja tara é torturar meninos de nove anos com um ferro de solda!!!


O EXTERMINADOR acerta ao compor um personagem principal tão doentio e pouco heróico quanto o Paul Kersey do "Desejo de Matar" original: tanto o Exterminador quanto o Vigilante interpretado por Bronson parecem mais desequilibrados com sede de sangue do que heróis.

Sem dó nem piedade, o "Exterminador" atira em pessoas desarmadas, imobiliza um cafetão para poder queimá-lo vivo e chega a fabricar balas "dundum" (recheadas com mercúrio) para provocar ainda mais estrago nos seus desafetos.

Talvez por isso, para atenuar a crueldade e frieza do protagonista, o roteiro crie um outro "personagem principal" que rivaliza com John pelo papel de "herói" da trama, um policial pé-de-chinelo chamado James Dalton (interpretado por Christopher George, outro canastrão, sempre lembrado por sua participação em "Pavor na Cidade dos Zumbis", de Lucio Fulci), e que caça o justiceiro pelas ruas da metrópole para tentar encerrar sua carreira de crimes.


Ironicamente, o duelo final do "Exterminador" não será com bandidos, como nos filmes de Bronson, mas com Dalton e um grupo de agentes da CIA, enviados pela alta cúpula do governo para eliminar o vigilante e impedir uma grande polêmica política - afinal, o governo que pretende se reeleger havia prometido acabar com a alta criminalidade da cidade!

Analisando por um lado mais crítico, O EXTERMINADOR está cheio de falhas: o roteiro é muito fragmentado, a caracterização dos personagens é nula, a edição não raras vezes é sofrível, e algumas interpretações são constrangedoras. Diversos desses defeitos são característicos da obra do diretor Glickenhaus, que prefere fazer ação violenta sem muito compromisso com a lógica.

Além disso, tirando o fantástico início no Vietnã, a direção das cenas de ação em geral é canhestra, principalmente uma rápida perseguição automobilística onde John persegue, numa veloz motocicleta, o carro de um grupo de assaltantes que roubou uma pobre velhinha - perseguição chinfrim e mal-editada, que destoa completamente do resto do filme.


Por outro lado, O EXTERMINADOR acerta justamente na coragem de enfocar seu herói como um sujeito frio, que devolve aos vilões na mesma moeda e sem medir a truculência.

Se compararmos John Eastland com a recente adaptação do Justiceiro dos quadrinhos (aquela com Thomas Jane e John Travolta), o anti-herói parece um coelhinho assustado.

E o melhor: ao contrário dos filmes politicamente corretos de hoje, John não poupa os criminosos que encontra pela frente, nem mesmo aqueles que o ajudam de uma forma ou de outra dando-lhe informações; todos vão para o saco, sem exceção! E ainda tem diálogos antológicos, como este:

- That guy, he was just a nigger!
- That nigger was my best friend, you motherfucker!



O EXTERMINADOR conta ainda com uma pequena (e dispensável) participação de Samantha Eggar como uma médica apaixonada pelo policial Dalton. As cenas "românticas" entre ambos não servem para nada e ainda esfriam a ação.

Dalton, por sinal, protagoniza um momento que é o extremo da bagaceirice, quando tenta assar uma salsicha no seu escritório usando a eletricidade da tomada!

Já o final é bem fora do convencional, mesmo que deixe as portas escancaradas para a inevitável seqüência, realizada em 1984 e dirigida pelo produtor do original, Mark Buntzman. Ao contrário do clima mais realista do primeiro filme, Buntzman transformou o herói numa máquina de matar em "Exterminador 2", que já tem aquela cara de exagero da década de 80 e uma contagem de cadáveres próxima à do clássico "Desejo de Matar 3".


No Brasil, O EXTERMINADOR foi lançado há muitos anos, e apenas em VHS, pela FJ Lucas. A cópia é muito ruim, bastante escura e com legendas atrasadas em relação aos diálogos. Nos EUA, já existe até uma "director´s cut" em DVD, com três minutos de cenas a mais. Em alguns países, a cena que mostra, didaticamente, o herói produzindo as "balas dundum" foi cortada, justamente para não ficar ensinando a técnica.

Para quem mora em grandes cidades, mais violentas, e convive diariamente com o medo de crimes e assaltos, O EXTERMINADOR é uma daquelas fábulas sobre como um homem sozinho pode fazer a diferença e enfrentar a bandidagem sem depender dos sistemas policial e judiciário - numa assustadora apologia à violência e à resposta armada que voltou à moda em tempos de "Tropa de Elite", "Chamas da Vingança", "Busca Implacável" e outros filmes contemporâneos de justiça com as próprias mãos.

Pelo menos no cinema isso funciona com eficiência...


Trailer de O EXTERMINADOR



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The Exterminator (1980, EUA)
Direção: James Glickenhaus
Elenco: Robert Ginty, Christopher George,
Samantha Eggar, Steve James, David Lipman,
George Cheung e Irwin Keyes.

sábado, 29 de novembro de 2008

NINJA, A MÁQUINA ASSASSINA (1981)


Um ninja bonzinho foge pela selva perseguido por incontáveis ninjas malvados. O herói está vestido com uma roupa totalmente branca, o que certamente não traz nenhum benefício ao fator camuflagem... Mas isso não faz muita diferença, considerando que os trajes usados pelos malvados são vermelhos! Após matar uns 20 ou 30 inimigos (milagrosamente sem sujar seu traje impecavelmente branco com o sangue que esguicha dos ferimentos), nosso heróico ninja chega a uma casa, e então descobrimos que a matança não passou de uma espécie de "prova final" do "curso avançado de ninjas", e era tudo de brincadeirinha - todos os ninjas vermelhos que ele "matou" estão vivos e bem, apesar de ele inexplicavelmente ter cortado gargantas, atravessado corpos e até decepado cabeças durante o teste! E é quando o ninja branco finalmente tira a sua máscara, revelando um bigodudo Franco Nero (sim, o ator italiano de "Django" e "Keoma"!), que você percebe estar diante de um filme no mínimo diferente.

É assim que começa NINJA, A MÁQUINA ASSASSINA, produção norte-americana de 1981 que serviu como iniciação nos "filmes de ninja" para boa parte do mundo ocidental, lançando a "moda ninja" que perduraria pelos anos 80. Este filme B também iniciou os brasileiros no mundo do nin-jitsu, já que foi incontáveis vezes reprisado pela Globo naqueles áureos tempos em que a programação da TV pelo menos era divertida.


Fica clara a intenção dos produtores de faturar em cima do sucesso das produções de ação orientais desde o título original, "Enter the Ninja" - um óbvio plágio de "Enter the Dragon" ("Operação Dragão", sucesso de Bruce Lee lançado em 1973).

Mas não se engane, caro leitor: NINJA, A MÁQUINA ASSASSINA é um autêntico FILME PARA DOIDOS, uma bobagem tão ruim e ao mesmo tempo tão engraçada e divertida que pode muito bem ser taxada de trash. E isso por uma série de fatores, mas principalmente pelo fato de trazer um cowboy dos spaghetti western fazendo papel de ninja (!!!).


Claro, os produtores só esqueceram um pequeno detalhe: os olhos azuis de Franco Nero podem até ficar "cool" na roupinha de ninja branco, mas o negócio dele é atirar e cavalgar, e não lutar nin-jitsu!

A solução encontrada foi substituir o italiano pelo dublê Mike Stone (também coreógrafo das cenas de ação) na maior parte do filme. Por isso, toda vez que o herói aparece lutando de costas para a câmera, não é desleixo do diretor, mas sim o dublê Stone assumindo o comando!


Bem, esta produção dirigida por Menahem Golan (o israelense que era o cabeça da famigerada Cannon Films, ao lado do parceiro de longa data Yoram Globus) pode até não ter sido a primeira obra ocidental a trazer ninjas, considerando que "Elite de Assassinos" (1975), de Sam Peckinpah, e "Octagon" (1980), estrelada por Chuck Norris, vieram antes, e já traziam os hoje populares guerreiros mascarados.

Porém foi NINJA, A MÁQUINA ASSASSINA quem popularizou o "estilo ninja" no Ocidente: não só suas roupinhas características, mas também clichês como as bombas de fumaça para aparecer/desaparecer, as armas típicas (shurikens, nunchakus...) e a fama de assassinos invencíveis.


Voltando ao filme: estávamos na formatura do personagem de Franco Nero, chamado Cole, na tal "academia avançada de ninjas" do Japão. E embora sua habilidade seja elogiada pelos colegas e pelo seu mestre, um dos alunos não está satisfeito com o fato de um "ocidental" ser considerado ninja.

Ele é Hasegawa (Sho Kosugi), o tradicional ninja preto desse tipo de filme, o que significa que ele é o vilão. Mas, infelizmente, o personagem é esquecido até o final, e a história segue outro rumo.


Cole vai para as Filipinas visitar Frank Landers (Alex Courtney), um velho amigo dos tempos da guerra, que está com uma bela propriedade em Manila (capital do país) e uma bela esposa, Mary Ann (a inglesa Susan George, de "Sob o Domínio do Medo").

Só que o reencontro com o velho amigo não será dos mais tranqüilos: uma quadrilha de gângsters anda pressionando Frank para vender suas terras, já que, veja você, descobriram que há um grande poço de petróleo naquela área.

Como o cabeça-dura não quer vender a propriedade, os bandidões partem para a violência - e a sorte de Frank é que o ninja branco Cole chegou para ajudá-lo. Então o herói passa o filme inteiro exterminando facilmente todos os vilões, até que o grande chefão, Charles Venarius (o canastrão Christopher George, de "O Terror da Serra Elétrica), contrata o ninja preto Hasegawa para um reencontro nada amigável com seu ex-colega de academia, na tradicional luta final entre ninjas.


Contando assim, NINJA, A MÁQUINA ASSASSINA pode até parecer um filme sério. Mas não é. Há um senso de humor que permeia a película toda, às vezes de propósito, mas às vezes involuntário.

Por exemplo: os vilões, descontando o ninja de respeito interpretado por Sho Kosugi, estão entre os maiores palermas já mostrados pelo cinema de ação em todos os tempos. O chefão de tudo, Venarius, é apresentado com trejeitos homossexuais, e a interpretação de George não ajuda em nada - tanto que sua exagerada e caricatural cena de morte em câmera lenta corre pelo YouTube como "a pior cena de morte de todos os tempos".

Indiscutível: a pior cena de morte da história!



Venarius é assessorado por um tal de "mister Parker" (Constantin de Goguel), que faz tudo para o chefe (tente contar quantas vezes Venarius chama "Mister Parker" durante o filme todo), e por um alemão com um gancho no lugar de uma das mãos (!!!), Siegfried, interpretado por Zachi Noy (que era sempre o gordinho atrapalhado nas comédias da série israelense "Lemon Popsicle", uma delas lançada no Brasil nos tempos do VHS com o enganoso título "O Último Americano Virgem 2").

Continuando a seqüência de bobagens, a substituição de Franco Nero pelo dublê nas cenas de ação é tão evidente ao longo do filme que chega a provocar gargalhadas. Numa das mais toscas, o ninja branco está sob uma árvore (interpretado pelo dublê Stone), e desce do galho com uma pirueta. É então substituído por Franco Nero, que sai de trás de uma moita como se tivesse pulado ele mesmo da árvore. Só que é possível ver, ao fundo, o dublê vestido com a mesma roupa branca deitado no chão!!!


E por mais que você se esforce, não tem como engolir Django no papel de guerreiro ninja. Na primeira vez que o velho Franco tira a máscara, e você vê aqueles olhos azuis e o bigodão característicos do ator, parece até coisa do Village People - não sei como a famosa banda gay não incorporou um personagem ninja à sua formação após o sucesso deste filme!

Para piorar, as seqüências de luta, embora bem realizadas e filmadas (principalmente na formatura do herói, no início), são muito pobres mesmo para os padrões da época: somente o (rápido) duelo final entre ninja branco e ninja preto provoca alguma emoção no espectador, enquanto o restante dos adversários o herói tira de letra facilmente.


O destaque dado pelo diretor Golan não é para as lutas e para a habilidade dos lutadores, mas sim para a violência, com uma contagem de cadáveres altíssima: há incontáveis cenas de shurikens, punhais e flechas atingindo coadjuvantes, inclusive no rosto, e as sangrentas espadadas de praxe (dê uma olhada no trailer).

A conclusão é particularmente exagerada: encarnando uma espécie de Rambo ninja, o herói usa todo o arsenal de armas que tem à disposição para despachar os homens de Venarius, ao invés de optar por uma única arma! E sempre sem sujar a sua roupinha branca (o cara deve gastar muito Omo no uniforme).


Se NINJA, A MÁQUINA ASSASSINA serviu para alguma coisa, além de tornar os ninjas populares também no Ocidente, foi para colocar em evidência o ótimo Sho Kosugi. O ator japonês havia feito apenas três filmes baratos em Hong-Kong (um deles foi o clássico trash "Bruce Lee Fights Back From the Grave", em 1976!!!), e foi "importado" para os EUA após o sucesso de "Enter the Ninja" - mais ou menos como os estúdios norte-americanos fazem até hoje, com Jet Li, Jackie Chan, Chow-Yun Fat e muitos outros.

Nos EUA, Sho ganhou destaque em uma série de filmes muito melhores do que este, inclusive duas continuações sem relação com o original, "A Vingança do Ninja" (1983) e o clássico "Ninja 3 - A Dominação" (1984), sempre interpretando personagens diferentes.

(Curioso: se os três filmes não têm relação entre si, por que não lançá-los como produções independentes ao invés de forçar uma relação? Sho está na ativa até hoje, embora não mais tão famoso quanto nos anos 80, e em 2009 integrou o elenco da produção norte-americana "Ninja Assassin", dirigida pelo mesmo James McTeigue de "V de Vingança".)


Se formos analisar "Enter the Ninja", "A Vingança do Ninja" e "Ninja 3" como uma franquia sólida, este primeiro é, de longe, o mais fraco dos três. Mas ainda assim é bastante divertido, desde que o espectador consiga desligar o cérebro e assisti-lo sem levar a sério.

No final, quando Franco Nero dá uma piscadinha diretamente para a câmera, é como se ele estivesse confirmando que tudo não passa de uma grande brincadeira, ou uma grande bobagem, e o essencial é dar umas boas gargalhadas com a ruindade do filme.

E como os americanos não aprendem a lição, quatro anos depois a mesma Cannon Films saiu-se com outro clássico do Domingo-Maior, "American Ninja", de Sam Firstenberg, igualmente estrelado por um outro ator ocidental (aqui o projeto de astro Michael Dudikoff) que não convence como ninja e nem sabe lutar. Mesmo assim, e isso é irônico, "American Ninja" também foi um sucesso, e até deu origem a uma série de filmes!

Uma prova de que o público daqui gostava mesmo era das estilosas roupinhas ninja, sem ligar muito para as lutas desajeitadas dos atores ocidentais...

Trailer de NINJA, A MÁQUINA ASSASSINA



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Enter the Ninja (1981, EUA)
Direção: Menahen Golan
Elenco: Franco Nero, Susan George, Sho Kosugi,
Christopher George, Alex Courtney, Will Hare,
Zachi Noy e Constantin de Goguel.