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quinta-feira, 3 de setembro de 2020

SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ (1987)


Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece.

De fato, a minha primeira vez com um filme de Andy Sidaris foi inesquecível...

Eu estava com uns 8 ou 9 anos de idade e, como não havia internet naqueles fins de anos 1980, não fazia a menor ideia de quem era esse tal de Andy Sidaris. Muito menos que ele era um especialista em aventuras “BBB” (bullets, bombs and babes, ou balas, bombas e boazudas), também conhecidas em alguns circuitos como “GGG” (girls, guns and G-strings, ou garotas, armas e fios-dentais).

Aquele primeiro filme do tal Andy Sidaris que o Felipe M. Guerra molequinho pegou na locadora da cidade era SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ, o título em português que a distribuidora Wilson Rodrigues Vídeo adotou para o clássico trash HARD TICKET TO HAWAII. A arte da capinha, simplesmente genial, prometia ação, tiros, bazucas e mulheres bonitonas com roupinha curta. É assim que você vende um filme! Para um garoto impúbere, parecia o Santo Graal!


Óbvio que nada poderia me preparar para a tresloucada experiência de SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ! Já, já eu falo mais sobre as pérolas, sobre as maluquices e sobre a cobra assassina (!!!) que aparecem no filme, mas por ora deixo-vos com o episódio verídico da minha infância que tornou esta primeira experiência com um filme de Andy Sidaris tão “especial”...

Contextualizando para quem nasceu ontem: no final da década de 1980, as famílias de classe média brasileiras, como a minha, geralmente tinham um único aparelho de TV e um único videocassete em suas residências, e ambos os aparelhos ficavam na sala de estar da casa, para que todos os integrantes pudessem usufruir juntinhos da experiência.


Minha mãe, Dona Neusa, criada sob rigorosos preceitos cristãos, tentava filtrar o que o seu primogênito passava os dias assistindo naquele pequeno cinema caseiro chamado videocassete, e considerava “pornografia” qualquer filme com mulher pelada – mesmo uma comédia boba como “Porky’s”.

Eu não imaginei ao levar a fita para casa, mas SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ, como todos os filmes de Andy Sidaris, é praticamente um pornô softcore disfarçado de filme de ação! Ok, nenhuma cena de penetração é mostrada, e os atos sexuais são até bem comportados para a média desse tipo de produção; mas o caso é que as atrizes, todas elas, aparecem peladas durante a maior parte do tempo. Se “Porky’s” era filme pornô para a Dona Neusa, SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ certamente seria uma aberração que condenaria para sempre a minha pura alma às chamas do inferno!


Meu drama começou já nos primeiros dois minutos de filme rolando, quando os (belíssimos, diga-se) peitões da estrela Dona Speir aparecem em todo o seu esplendor pela primeira vez (acima). De início fiquei feliz da vida, como todo moleque impúbere exposto a cenas de mulher pelada numa época em que não havia XVideos nem internet para banalizar a putaria – e mesmo arranjar uma revista Playboy, não estando na faixa etária para fazê-lo, era muito difícil.

Mas logo a felicidade virou preocupação: a partir daquela primeira exibição de peitos, mulheres peladas passaram a aparecer com frequência demais. E a censora Dona Neusa poderia ela mesma aparecer a qualquer hora na sala de casa para me pegar no flagra vendo “filme pornô”! O medo do inevitável tornou tensa uma experiência que deveria ser prazerosa.


Para tornar uma longa história curta, eu suava frio no sofá da sala a cada vez que peitos gigantes pipocavam na tela (spoiler: são várias!), mas minha mãe felizmente não interrompeu meu breve colóquio com aquelas boazudas desnudas. E depois da última cena de sacanagem, que rola aos 70 minutos de um filme de 1h35min (!!!), comecei a ficar mais tranquilo porque o elenco finalmente começou a aparecer vestindo roupas. E foi quando minha mãe entrou na sala. Ufa!

De começo ela ficou desconfiada com aquela capinha de VHS cuja arte representava umas boazudas sem deixar nada para a imaginação. Mas, mesmo que as atrizes estivessem usando shortinhos e mini-blusas, tiros e explosões estavam rolando por toda parte, então aquilo não parecia “filme pornô” – vocês conhecem os preceitos cristãos: tiro, porrada, bomba e genocídio tá liberado, o problema é com o sexo! Dona Neusa sentou no sofá ao meu lado e começou a acompanhar o filme com interesse, enquanto eu respirava aliviado porque a sacanagem tinha acabado antes de minha mãe aparecer.


Ou era o que eu imaginava...

Porque o filho-da-puta do Andy Sidaris pegou TODAS as cenas de sacanagem e mulher pelada do filme e colocou para passar novamente durante os créditos finais, numa colagem estilo “melhores momentos” para recompensar o espectador que ficasse olhando os nomes da equipe técnica até o fim! A última coisa que me lembro foi minha mãe arregalando os olhos ao perceber, por aquela montagem, a quantidade de “pornografia” a que seu inocente filho fora exposto. E do posterior castigo, claro: durante meses, eu só podia retirar filmes na videolocadora após prévia análise pela censora Dona Neusa.

(Ah, se minha santa mãe imaginasse o tipo de bizarrice que eu iria começar a ver em alguns anos...)


Óbvio que hoje, com internet, google e sites de cultura inútil tipo o Filmes para Doidos, todo mundo já sabe quem foi Andy Sidaris, ou tem uma vaga ideia.

A parte curiosa da história é que, antes de dirigir filmes de ação cheios de mulher pelada, ele foi um premiado diretor e produtor de TV. Com uma carreira de quase 30 anos na área, sua especialidade era a cobertura esportiva – dizia que tinha participado da transmissão de 500 jogos de futebol. Entre 1968 e 1976, Sidaris foi o responsável por dirigir a captação de imagens nas Olimpíadas, um trabalho que lhe rendeu 7 Prêmios Emmy (o Oscar da televisão). O homem inclusive estava presente, ao vivo, naqueles fatídicos Jogos Olímpicos de Munique, Alemanha, em 1972 – quando o grupo terrorista palestino Setembro Negro matou integrantes da equipe de Israel num atentado.

Mesmo enquanto cobria majoritariamente eventos esportivos MASCULINOS, Sidaris (é ele na foto abaixo, na sua participação especial à la Hitchcock no filme) era obcecado por belas garotas. Ele foi um dos primeiros a intercalar, na transmissão de algum esporte, imagens das partidas com takes de torcedoras vestindo roupa curta ou cheerleaders fazendo sua coreografia. A prática ficou conhecida como ‘honey shot’, e lhe valeu muitas críticas nas primeiras vezes; hoje, já é tão comum quanto jogador falar abobrinha ao vivo no final do jogo.


E embora fosse um experiente diretor de TV, Sidaris sempre quis fazer cinema. Principalmente depois que um certo Robert Altman o convidou para dar uma mãozinha durante as filmagens do clássico “MASH” (1970), coreografando a partida de futebol americano no final do filme!

Em 1973, Sidaris resolveu perseguir seu sonho dirigindo “Stacey!”, uma aventura barata produzida pela New World, de Roger Corman. Pela primeira vez em sua carreira, numa prática que se tornaria comum, escalou uma coelhinha da Playboy como estrela (Anne Randall, Playmate de maio de 1967), mas por puro acidente, depois que sua primeira escolha para o papel pulou fora alegando que o cachê era minúsculo. “Stacey” não fez dinheiro, frustrando os ambiciosos projetos do cineasta de primeira viagem.


Após dirigir mais um filme produzido por terceiros (“Seven”, em 1979), e dois episódios de seriados de TV (um de “Kojak”, outro de “Gemini Man”), Sidaris aposentou a carreira televisiva e decidiu se concentrar 100% no cinema, criando sua própria produtora e distribuidora (a Malibu Bay Films, em parceria com a esposa Arlene Sidaris), e fazendo uma parceria com a revista Playboy para lançar a carreira de Coelhinhas como protagonistas de suas aventuras baratas.

Seu primeiro trabalho “totalmente autoral” foi “Malibu Express” (1985), que lançaria as bases para o cinema BBB ou GGG do diretor fanfarrão: um herói atrapalhado/bem-humorado, rodeado de mulheres gostosas (e eventualmente peladas) que eram muito mais valentes do que ele; cenas de ação exageradas e absurdas, e roteiros que faziam pouco ou nenhum sentido.


Mas a epítome do cinema Sidariano é sem sombra de dúvida este SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ, seu segundo filme de produção própria, realizado dois anos depois de “Malibu Express”, em 1987, e certamente o título mais popular da sua ampla filmografia – especialmente depois que foi redescoberto pelas novas gerações de fãs de trash movies graças a vídeos de YouTube.

Foi a partir deste filme que o diretor espertamente resolveu inverter os papéis, colocando as gostosas seminuas como heroínas e os heróis atrapalhados como “coadjuvantes” das aventuras da mulherada. Também foi a primeira vez em que ele mudou a ambientação para um paradisíaco Havaí, numa excelente desculpa para mostrar suas personagens com ainda menos roupa (porque permitia que passassem boa parte do tempo em minúsculos biquínis). Funcionou, e o diretor seguiu fielmente esta cartilha em todos as produções posteriores, até sua morte em 2007.


SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ não perde tempo em apresentar ao espectador seus elementos principais: após algumas belas imagens de cartão-postal do Havaí, embaladas por música de sintetizador (estamos nos anos 1980, vá se acostumando!), o espectador é bombardeado com os primeiros diálogos ridículos, peitos gigantes pulando para fora de roupas, cenários idílicos e violência explícita – tudo isso em menos de cinco minutos!


A introdução apresenta o casal de protagonistas Donna Hamilton (a estonteante Dona Speir, Playmate de março de 1984) e Rowdy Abilene (Ronn Moss). Eles são agentes especiais de algo que vivem chamando de “Agência”, e que provavelmente é o DEA (Drug Enforcement Administration, o Departamento Anti-Narcóticos norte-americano), já que eles mencionam o combate às drogas em diversos momentos da história. Mas várias resenhas e sinopses pela internet afora se referem aos heróis como agentes da CIA ou do FBI. E não se descarta que a “Agência” seja um órgão fictício de combate ao crime criado pelo próprio Sidaris.

Enquanto se enroscam em frente a um iate chamado Malibu Express (que já aparecia no filme anterior de Sidaris, de mesmo nome), Donna ronrona: “Você devia entrar na água, está ótima”. A resposta de Rowdy é hilária: “Tenho coisas melhores para fazer com minha temperatura corporal”. Plop! Dois peitões escapam para fora do biquíni em tempo recorde – menos de dois minutos de filme, se cronometrei corretamente!


Antes da pegação, mais um curto diálogo entre os agentes dá algumas informações completamente desnecessárias sobre a trama e seus protagonistas:
- Eu posso requisitá-la para a minha equipe em Honolulu. – propõe o rapaz.
- Mas a Agência me quer em Molokai. – replica Donna.
- Combate às drogas não é trabalho para uma garota como você. – recrimina Rowdy de maneira machista, sendo que até o final do filme ele verá que sim, a mocinha é muito eficiente no “trabalho”.


Sidaris corta do rala-e-rola dos protagonistas (calma, depois tem muito mais disso!) para Molokai, a quinta e maior ilha havaiana, onde dois policiais burraldos topam por acidente com uma violenta quadrilha de traficantes de drogas. Após cair numa armadilha, eles são friamente executados a tiros de espingarda pelos vilões, que depois sugerem retalhar os cadáveres para alimentar os peixes! A propósito, tente NÃO reparar nos pêlos saindo do nariz do bandidão de óculos espelhados...

Finalmente entram os créditos iniciais, que são apresentados de maneira ao mesmo tempo pobre e criativa: enquanto operários carregam e descarregam caixas no centro de encomendas da ilha, os nomes do filme, dos atores e da equipe técnica aparecem escritos em caixotes, planilhas e cartazetes estrategicamente dispostos pelo cenário, e não através de caracteres gravados diretamente na película, como era comum!


A narrativa então retorna a Molokai, quando descobrimos que a nova missão de Donna é proteger e garantir uma nova identidade a Taryn (Hope Marie Carlton, Playmate de junho de 1985), uma bela jovem que testemunhou contra mafiosos de Las Vegas e agora integra o Programa de Proteção a Testemunhas. De início é até meio difícil separar as duas, já que ambas fazem o tipo “loira escultural” e se vestem de forma idêntica – inclusive no uso de óculos espelhados estilo “Stallone Cobra”. Mas logo fica relativamente fácil distingui-las pelo cabelo: Donna tem um penteadão armado estilo Farrah Fawcett, enquanto Taryn usa o seu mais liso.


As meninas fingem que são pilotas da pequena companhia aérea da ilha, que vive de transportar tanto turistas quanto encomendas. Certo dia, enquanto fazem um voo de rotina com um casal que vai acampar num ponto mais distante e paradisíaco da região, interrompem sem querer uma negociação de drogas do tal cartel que vimos no prólogo matando policiais.

Como as gostosonas levam, por algum absurdo motivo, armas orientais tipo shurikens e nunchakus escondidas nas suas roupas diminutas, elas conseguem escapar com vida dos bandidões, e levando uma caixinha que pertence a eles – contendo diamantes! E aí ficam marcadas para morrer pelo violento líder da quadrilha, Romero (Rodrigo Obregón).


Donna resolve chamar reforços: o amante Rowdy e seu colega karateka Jade. Este último foi “interpretado” por Harold Diamond, o único que lutava qualquer coisa na vida real. No ano seguinte, ele apareceu – vejam só! – enfrentando ninguém menos que Sylvestrer Stallone naquela cena inicial na Tailândia de “Rambo III” (os dois lutam com bastões, num momento coreografado pelo próprio Harold!).

O quarteto passa a enfrentar uma série de perigos que beiram o surrealismo, de skatistas homicidas a travestis. Para além dos bandidos, o filme também apresenta uma gigantesca cobra infectada com “toxinas mortais de ratos contaminados com câncer”, que se solta da sua jaula e ajuda a aumentar a contagem de cadáveres, atacando heróis e vilões!!!


SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ é uma daquelas tralhas que surpreende o espectador a cada minuto: quando você pensa que o filme já disparou sua maior asneira ou absurdo, Sidaris atira outro muito pior na sequência seguinte.

Isso fica muito evidente nas cenas de ação, cada vez mais exageradas e engraçadas. Uma das mais conhecidas, e que ganhou uma sobrevida recente graças ao YouTube e às redes sociais, é aquela em que Rowdy e Jade, a caminho de Molokai para ajudar as meninas, são emboscados pelo impagável “Skater”, um capanga sobre um skate que esconde uma espingarda por trás de uma boneca inflável. Quando o atentado dá errado, Jade o atropela com o jipe e Rowdy dispara dois tiros de bazuca para eliminar ao mesmo tempo o vilão e... a boneca inflável! AMBOS AINDA NO AR!!!

É um momento tão ridículo que o próprio filme faz graça. “A bazuca, Rowdy? Sério?”, recrimina Jade depois que o bandido e a boneca inflável foram feitos em pedacinhos. “É a única arma com a qual consigo atingir um alvo móvel”, justifica o agente. Curiosamente, a bazuca será reutilizada em diversos outros momentos do filme, mas o potencial do míssil que dispara muda conforme a ocasião – às vezes é suficiente para explodir helicópteros, outras vezes provoca apenas danos superficiais em inimigos a dois metros dos heróis!


Mais adiante, em outra sequência clássica de SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ que eternizou-se graças ao YouTube e aos memes, os heróis precisam eliminar o sentinela no acesso ao quartel-general dos vilões – um sujeito com uma Uzi e óculos espelhados chamado Shades.

Acontece que Shades costuma se divertir em horário de trabalho jogando frisbee com uma gostosa de biquíni. Rowdy aproveita a ocasião para lançar um disco COM GILETES NAS BORDAS contra o capanga, que tem uma morte terrível para aprender a não ficar jogando frisbee com estranhos quando deveria estar vigiando o acesso ao esconderijo dos patrões!


As cenas de ação exageradas e absurdas são uma bênção considerando o quanto a trama policial de SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ é ridícula, com uma meia dúzia de bandidos burros que o filme tenta vender como perigosos criminosos, e um “chefão final” por trás de tudo, um tal Mister Chang, que sequer é oriental e só aparece em duas cenas no começo e no fim!

Chang provavelmente só existe para poder aproveitar a participação de Peter Bromilow, à época o nome mais “famoso” que Sidaris tinha no seu elenco. Óbvio que o “famoso” entre aspas é pura generosidade minha: o coroa não passava de um figurante de seriados de TV dos anos 1960, que ironicamente acabou ficando mais popular nas telonas DEPOIS deste filme, quando fez pequenas participações em blockbusters (“Os Fantasmas Contra Atacam”, “Rocketeer”), e até num filme de David Lynch (“Coração Selvagem”).


Com vilões tão vagabundos, que tomam o maior cacete de Coelhinhas da Playboy seminuas, ainda bem que existe a tal “cobra infectada com toxinas mortais de ratos contaminados com câncer” à solta (uma criatura construída pelo técnico de efeitos especiais Frederick Luff). Sua participação na história é tão absurda quanto todo o resto, já que ela escapa da garagem da casa das meninas, mata um casal do outro lado da ilha e de repente está de volta à casa das meninas assim, do nada, sem sequer contar com um sistema de GPS!

A participação da cobra dá origem ao que parece uma divertida citação de “Alligator”, ou no mínimo uma curiosa coincidência: é a Polaroid tirada por uma das vítimas do monstrengo, segundos antes de morrer, que identifica a bicha assassina para as nossas heroínas!


E a danada da serpente, quem diria, é uma vilã de respeito e dá o maior trabalho para heróis e vilões, ao sair de lugares insuspeitos (tipo o vaso sanitário!) para atacar de surpresa. Felizmente, Rowdy tem aquela velha e boa bazuca à disposição para enfrentar a ameaça reptiliana – afinal, ele não conseguia atingir alvos cinco vezes maiores com uma arma normal, imagine uma cobra!

Claro que o “mocinho” ser um péssimo atirador faz parte da brincadeira. Há uma cena de tiroteio que eu sempre achei terrível em todos os sentidos, que mostra Rowdy trocando tiros com um dos capangas do vilão e acertando cada disparo seu num elemento diferente do cenário (copos, garrafas...), até Jade interceder e finalmente atingir o bandido. Tal cena sempre me pareceu um momento mal-filmado digno das produções de David A. Prior (em que heróis e vilões trocam cem tiros cada sem nunca acertar ninguém), mas hoje percebo que é apenas mais um argumento para ilustrar como o herói atira mal.


Afinal, ao contrário de outros filmes de ação do período, em que os rapazes são os fodões que vivem salvando as meninas do perigo, aqui são as moças as verdadeiras valentonas.

Tanto Donna quanto Taryn lutam e atiram muito melhor que seus dois parceiros, e acabam matando muito mais vilões do que eles, mostrando que de “sexo frágil” não têm absolutamente nada. Por causa disso, diálogos que poderiam soar machistas (como “Combate às drogas não é trabalho para uma garota como você” no começo, ou “Sou uma garota, é óbvio que sou sensível”) na verdade funcionam como pura ironia. Há quem considere SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ um lixo machista da pior qualidade, pela exploração do corpo das moçoilas; mas as garotas fodonas de Sidaris são tão superiores aos homens em tudo que o filme também pode ser considerado uma fantasia feminista!


No tiroteio final, os dois rapazes do quarteto de heróis tratam Donna e Taryn como parceiras sem nenhuma distinção (nada de “Isso é muito perigoso para uma garota”), e as moças aparecem disparando metralhadoras e bazucas como se fossem versões femininas de Chuck Norris, Schwarzenegger ou qualquer outro dos brucutus com pênis daquela época.

Uma imagem que ilustra muito bem a coisa toda é aquela em que a pistola sacada pela “empoderada” Donna é muito maior e vistosa do que a pistolinha empunhada pelo parceiro Rowdy (elas vencem eles até no comprimento das armas/símbolos fálicos!).


É óbvio que não foi Andy Sidaris quem inventou as aventuras com heroínas boas de tiro, de briga e de corpitcho (vide a filmografia do filipino Cirio H. Santiago, ou as aventuras blacksploitation com Pam Grier), muito menos o subgênero big guns, big tits, que no mesmo período era a especialidade de diretores como Fred Olen Ray e Jim Wynorski, entre outros.

Mas sim, Sidaris trabalhou estes elementos de uma maneira muito particular. Antes de mais nada, as cenas que exploram a nudez das atrizes são feitas mais para serem engraçadas (porque gratuitas) do que para serem excitantes, sem sax ou “música sexy” rolando quando uma gostosona tira a roupa.


Além das estrelas Dona Speir e Hope Marie Carlton, o elenco tem outras Playmates, como a ruiva Cynthia Brimhall (Coelhinha de Outubro de 1985), interpretando Edy, mais uma agente infiltrada no Havaí; e Patty Duffek (Coelhinha de Maio de 1984), em participação menor mas igualmente desnuda.

É óbvio também que “interpretação” passa longe de qualquer coisa que essas meninas façam, mas tampouco Sidaris espera que elas façam algo parecido com atuar. Numa entrevista a Scott Baradell em 2006, para o blog Media Orchard, o diretor explicou sua obsessão em recrutar Playmates para seus filmes: “Elas já tinham experiência em frente à câmera e eram talentosas, atléticas, leais e dedicadas, além de se divertir muito conosco”.


Imagino que com “experiência em frente à câmera” ele estivesse se referindo a FICAR PELADAS em frente à câmera. E como muitas Playmates, à época, já apareciam sensualizando e fazendo caras e bocas naqueles inofensivos vídeos “eróticos” produzidos pela Playboy, estavam mais do que preparadas para fazer o pouco que um filme como SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ lhes exigiria em termos de atuação...

Assim, quando uma personagem do filme anuncia que vai trocar de roupa, é óbvio que a câmera acompanha o processo todo ao invés de apelar para uma elipse. Quando Donna e Taryn conversam, geralmente uma delas ou ambas estão nuas “porque sim”. É exatamente o que o público de Sidaris espera, e o homem dá ao seu público o que ele quer ver.

Um dos momentos mais impagáveis é aquele em que as duas heroínas, tendo sobrevivido ao encontro prévio com os vilões, tentam decidir o que fazer. “Vamos para a jacuzzi, lá eu consigo pensar melhor”, anuncia uma delas, e o diálogo continua com as duas de topless na banheira (a câmera tem o maior cuidado de manter os seios de uma ou de outra sempre no quadro quando há algum plano de detalhe).


A própria maneira como o diretor aborda a sacanagem em SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ é muito diferente de outras produções na mesma linha, e passa longe da pecha de “lixo machista”. O sexo entre as personagens principais e seus parceiros é sempre consensual e romântico, sem aquelas montagens delirantes em que os casais emendam 30 posições do Kama Sutra em sequência, tão frequentes nos erotic thrillers do período.

Mesmo com uma profusão de mulheres gostosas e seminuas em cena, nenhuma delas é abusada ou estuprada, algo que também era comum em aventuras do gênero. Somos poupados inclusive daqueles chavões sensacionalistas, tipo o bandidão rasgar a roupa da heroína aprisionada. Todo mundo já aparece pelado voluntariamente, então qualquer variação de violência sexual seria completamente desnecessária no universo de SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ – tornando o filme muito mais inofensivo, repito, que a média desse tipo de produção.


Ressalte-se que, ao contrário de outras produções exploitation nesta linha, o sexo em SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ (e na maioria das produções de Sidaris) não é representado como algo sujo ou proibido, nem apela para taras ou fantasias eróticas. O mais perto de “diferente” é a participação de Michael A. Andrews, vencedor do concurso Miss Gay America de 1977, travestido como uma personagem chamada... “Michelle”!

Mas o uso do travesti não tem qualquer conotação sexual: trata-se apenas de um espião infiltrado no restaurante havaiano que funciona como QG para a “Agência”; como eles só contratam mulheres bonitas, foi preciso infiltrar um homem travestido. Confesso que, quando vi o filme pela primeira vez ainda moleque, a revelação de que aquela loira enorme e super-maquiada era um homem (e careca!) foi uma baita surpresa. Hoje, com olhos já acostumados a este mundão, fica na cara desde o início que aquela loirona é tipo Kinder Ovo e vem com uma surpresinha...

(Michael Andrews tinha feito o mesmo papel, de homem que se traveste, em “Malibu Express”. E provavelmente continuaria repetindo o número se não tivesse morrido em 1989).


Enfim, a representação do sexo em SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ não apenas é comportada e “normal”, há ainda uma curiosa promoção da monogamia, que soa até esquisita num filme safadinho. Embora Donna e Taryn sejam garotas deslumbrantes e desimpedidas, que poderiam sair pegando geral, a primeira é fiel a Rowdy, e a segunda a um apresentador de TV que conheceu ao acaso chamado J.J. Jackson (Wolf Larson).

Lá pelas tantas, quando o filme cria um momento em que Taryn e Jade ficam sozinhos, Sidaris não força uma trepação entre os dois porque tanto ele quanto ela já tiveram seus parceiros previamente apresentados no filme (mesmo que sejam claramente relações sem compromisso).


Ainda que a nudez gratuita e constante das Playmates possa incomodar certa parcela do público contemporâneo, Donna e Taryn nunca são representadas como objeto; pelo contrário, são elas que tomam a iniciativa na hora do get in on – repare na expressão de surpresa do personagem de Ronn Moss quando Donna arranca sua toalha e lhe dá um “Chega pra cá, meu nego”.

E é curioso como Sidaris promove uma inversão de papéis tão caros ao cinema sexploitation ao colocar suas protagonistas para falar abertamente sobre sexo e sobre as qualidades e defeitos de seus parceiros na cama, quando geralmente, neste tipo de filme, vemos e escutamos HOMENS falando sobre as mulheres que pegaram.


Obviamente que ninguém está levando a coisa muito a sério, e isso torna SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ ainda mais divertido. Do elenco, Dona Speir e Ronn Moss foram os que melhor pegaram o espírito da coisa: ele sempre com um sorrisinho no rosto, rindo junto com o espectador das bobajadas do filme; ela permanentemente sensualizando, fazendo “poses fotográficas” como se estivesse num daqueles vídeos da Playboy.

A pior em cena é a pobre Hope Marie (abaixo), fazendo um alívio cômico sem graça nenhuma. Mas a culpa é do roteiro, que tenta forçar a característica de “loira burra” da mocinha com piadas do arco-da-velha – vide a cena em que ela tenta se comunicar em espanhol com dois orientais.


Como eu já disse, o próprio Sidaris aparece numa ponta como um diretor de TV chamado Whitey, cuja função narrativa é nula. Parece uma maneira de Andy homenagear seu próprio passado, e Whitey está conduzindo a entrevista ao vivo do tal J.J. Jackson com dois ídolos do esporte – que eu desconheço se são de verdade ou não. De repente, a dupla meio embriagada começa a usar termos chulos e palavrões impróprios para a TV ao vivo, e Whitey e J.J. se descabelam com a possibilidade de perderem o emprego. Mas quem liga para essa intervenção cômica completamente descartável num filme que tem Playmates peladas e uma cobra gigante assassina?


Muito antes de Quentin Tarantino e do Universo Cinematográfico Marvel, SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ também marca a criação de um universo único do próprio Andy Sidaris – vamos chamá-lo de Sidarisverse. Donna e Taryn são fãs de filmes de espionagem (vivem citando James Bond) e têm pôsteres dos dois filmes anteriores do diretor (“Seven” e “Malibu Express”) decorando sua casa, em curiosa referência metalinguística. Donna ainda explica que Rowdy é primo de Cody Abilene, o personagem interpretado por Darby Hinton em “Malibu Express”. E sugere que tal filme era uma “adaptação cinematográfica” das “aventuras reais” do agente – conforme Donna explica, o “verdadeiro” Cody abandonou o combate ao crime para virar astro em Hollywood!

A partir daqui, outros agentes com sobrenome “Abilene” apareceriam nas aventuras posteriores de Sidaris, e nunca ficou claro se eles eram realmente todos de uma mesma família, ou se Abilene era simplesmente uma designação enquanto agentes secretos – tipo os “00” da série 007.


Desde “Malibu Express” dois anos antes, o próprio diretor distribuía seus filmes, o que lhe garantia controle total sobre eles. Sidaris tinha um acordo com a Universal para lançá-los em VHS nos Estados Unidos, mas estava livre para negociar a exibição com canais de TV a cabo do mundo inteiro, que na época estavam ávidos por produções safadinhas para preencher o horário da madrugada.

E foram justamentre as reprises dessas aventuras nas madrugadas da TV a cabo, em canais como HBO e Showtime, que transformaram Andy Sidaris num diretor de culto, criando uma pequena, porém fiel legião de fãs, que passou a acompanhar os filmes e reconhecer os elementos em comum. Estes fãs fizeram surgir um “star sytem” Sidariano, reconhecendo nomes como Dona Speir e Roberta Vasquez como as estrelas que elas nunca chegaram a ser fora desse nicho.


SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ foi um sucesso tão grande no mundo todo que Sidaris passou o resto da sua carreira tentando replicá-lo. Dona Speir repetiu sua Donna Hamilton em outros seis filmes: “Picasso Trigger” (1988), “Savage Beach” (1989), “Guns - As Armas da Vingança” (1990), “Do or Die” (1991), “Hard Hunted” e “Fit to Kill“ (ambos de 1993). 

Hope Marie Carlton voltou como Taryn nas duas primeiras “sequências”, mas depois abandonou esta vida para virar figurante do seriado “S.O.S. Malibu” e uma das vítimas do slasher “Slumber Party Massacre 3”. Sidaris a substituiu por outra Playmate, Roberta Vasquez, que interpretou a parceira de Donna (mas uma personagem diferente) nos quatro filmes seguintes.

Embora tenha encarnado um herói atrapalhado e razoavelmente divertido aqui, Ronn Moss nunca voltou a “interpretar” Rowdy Abilene, preferindo investir na sua carreira musical. Caso você não tenha ligado o nome à pessoa (como eu mesmo nunca tinha feito até o momento de escrever estas linhas), Moss foi baixista e vocalista da banda Player, que fez enorme sucesso nos anos 1970 e chegou a participar de turnês com feras tipo Eric Clapton, Heart e Kenny Loggins. Um dos maiores hits da Player é cantado até hoje: “Baby Come Back” (se liga no LP ao lado; Ron, todo estiloso, é o segundo a partir da esquerda).

Com a saída de Moss, Steve Bond assumiu o papel de “sidekick” das gostosonas no filme seguinte, “Picasso Trigger”, em que apareceu como Travis Abilene. Já Michael J. Shane encarnou Shane Abilene logo depois e pelos cinco filmes seguintes, tornando-se o único membro da “família Abilene” a retornar em mais de uma aventura.

Por sua vez, Jade deu as caras mais uma vez (em “Picasso Trigger”), e a ruiva Cynthia Brimhall voltou em outras cinco oportunidades como Edy (só não apareceu em “Savage Beach”). Nem mesmo grandes franquias hollywoodianas como “Máquina Mortífera” e “Velozes e Furiosos” têm tantos personagens recorrentes, e reaparecendo em tantas aventuras!


As aventuras cinematográficas da loiraça Donna Hamilton e seus amigos só terminaram porque, na vida real, a própria Dona Speir pendurou as chuteiras (ou os G-strings) depois de “Fit to Kill” (1993). Na época, ela anunciou que ia tentar fazer filmes onde não precisasse tirar tanto a roupa, mas acabou fazendo duas breves participações em seriados de TV (“Columbo” e “Paixões Perigosas”) e sumiu do mapa. Uma pena, porque aqui em SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ a loira está uma graça – a julgar pela cena final, em que ela luta, dá tiro, sua e sangra num duelo até a morte com o chefão Romero E a gigantesca cobra assassina ao mesmo tempo, a moça bem que poderia ter alçado voos maiores e feito filmes de ação com menos peitos de fora. Mais recentemente, ela voltou aos holofotes com a publicação de sua autobiografia, “The Naked Truth: The Fall and Rise of Dona Speir”, onde acusa o comediante Bill Cosby de tê-la estuprado nos anos 1980, quando tinha apenas 17 anos.


Sidaris aparentemente nunca superou a perda da sua maior estrela, e só fez mais dois filmes (“Day of the Warrior”, em 1996, e “Return to Savage Beach”, de 1998) antes de também se aposentar.

Todos os seus trabalhos posteriores a SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ seguem o mesmo padrão, juntando mulheres super-gostosas (celebridades do lado B, como Julie Strain e Julie K. Smith, passariam a integrar o elenco regular mais tarde) e homens sarados em alguma trama policial absolutamente desinteressante. Atores-conhecidos-porém-em-decadência passariam a dar as caras, incluindo Erick “CHIPS” Estrada e Pat Morita (ver o Sr. Miyagi rodeado de peitos e bundas é para embaralhar as memórias de infância de qualquer um!).


Mas após quase uma década vivendo só da fama de “cineasta cult”, e do relançamento de seus filmes em DVD, Sidaris resolveu sair da fila da Previdência. Naquela entrevista a Scott Baradell em 2006, chegou a cogitar uma sequência tardia de SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ, a ser batizada “Battlezone Hawaii”! “Aquela cobra assassina colocou um ovo antes de morrer e deu origem a outra serpente furiosa e infectada de câncer!”, declarou entusiasmado. Mas o cineasta morreu em 2007, aos 76 anos de idade, sem nunca concretizar a ideia.

Seu filho Drew Sidaris, que sempre atuou como assistente ou diretor de segunda unidade nos filmes do pai, tentou manter o nome da família dirigindo duas aventuras com gostosonas e armas (“Enemy Gold” e “The Dallas Connection”, em 1993 e 1994), porém sem repetir o sucesso.


Assim, SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ é uma daqueles casos únicos em que tudo conspira para fazer surgir um clássico trash inesquecível, uma obra-prima do cinema exploitation-apelativo, algo muito difícil de replicar (o que explica o fato de nenhuma outra aventura dirigida por Andy Sidaris, mesmo aquelas com as mesmas heroínas, ser tão lembrada e adorada).

Há um charme impossível de explicar nesta zorra toda, e o filme está situado numa zona tênue entre aqueles trashões que são feitos forçando a ruindade (tipo tudo feito pela Troma ou pela The Asylum) e aquelas produções “sérias” que se tornam cômicas involuntariamente, de tão ruins, como “The Room”, “Samurai Cop” e “Deadly Prey”.


Analisando por cima, SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ pode parecer apenas mais uma aventura cheia de mulher pelada para moleques punheteiros. E é. Mas também tem este jeitão bizarro e tresloucado que garantiu-lhe a imortalidade entre amantes de “cinema alternativo” – tratamento que outras produções safadinhas do período (tipo aqueles erotic thrillers fuleiraços dirigidos pelo Jag Mundhra e que passavam na Sexta Sexy) nunca tiveram.

Talvez pelo seu passado como diretor de TV e de esportes, Andy Sidaris também comanda a câmera com mais habilidade que a média desse tipo de aventura vagabunda (tem inclusive umas belíssimas cenas aéreas com o aviãozinho de Donna e Taryn sobrevoando algumas paisagens idílicas da ilha). Ele demonstra um senso de humor bastante particular e entrega ao público exatamente o que ele espera. Pois veja: este é um raro caso de filme B em que a arte do pôster não é exagero nem propaganda falsa!

“Although it's like a dream, it's not what it seems”, canta Jay Molina na música-tema de SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ, parecendo descrever o próprio filme. “It's a hard ticket to Hawaii / It's not paradise all the time”. Claro que sem a mãe censuradora por perto a diversão é muito maior!

PS: Encerrados os créditos finais, é o gato do diretor que anuncia o The End!



Trailer de SINISTRA PASSAGEM PARA O HAVAÍ

13 comentários:

Raphael Silvierri disse...

Começo do post me lembrou uma experiencia própria...meu saudoso pai trouxe para casa um vistoso videocassete paraguaio, e numa sexta a noite, familia reunida na sala, o amigo de meu pai que trouxe o dito cujo veio instalar o aparelho...o mané aqui tinha ido a unica locadora da cidadezinha em que morava locar umas fitas para assistirmos...instalaçao feita, o amigo do meu pai coloca uma fita para testar o aparelho...era "A garota da motocicleta" de Jack Cardiff...uma cena logo no começo do filme, mostra a bela Marianne Faithfull em uma justissima roupa de couro, sendo açoitada por um chicote, se não me engano (era um sonho)...a roupa se rasga, e os peitos dela saltam na cara da familia reunida na sala...e eu que nem louco tentando pausar aquilo sem saber usar o controle direito...rsrs. Bons tempos aqueles...rs

artur disse...

Como diz um meme de uma página que eu acompanho no Facebook: não importa no filme que você esteja assistindo, sua mãe sempre vai chegar na hora da sacanagem, pensei que Dona Neusa ia te dar um tampão no mínimo, kkkkkkkk

Adriano disse...

Sei que o filme é bom quando se diferencia as protagonistas pelo tamanho de seus mamilos!

E repararam que as montanhas têm o formato de uma vagina?? Esse diretor de fotografia é visionário. Esse, por sinal, está produzindo trasheira até hoje. Reconheci o nome dele, mas não lembrava de onde. Uma passada no imdb vê-se que continua fazendo filmes duvidosos.

Daniel I. Dutra disse...

Nunca vi esse filme, embora conheça pelos memes e cenas de YouTube.

O meu "Sinistra Passagem para o Havaí" foi "Rebelião nas Galáxias". Filme que poderia ser descrito como "garotas de biquini com armas de raio laser" (é ficção científica), e é um filme digno para esse blog.

Uma explicação que vi uma vez para o apelo desse tipo de filme com o público masculino é que a "gostosa com arma" representa a fantasia da mulher ideal, a saber, bonita e independente, porque homens querem uma companheira, e não uma filha postiça para cuidar.

Noutro giro, outra linha diz que o apelo se deve porque homens que gostam desse tipo de filme são do tipo pouco masculinos que buscam mulheres que possuem uma masculinidade que lhes falta e eles são incapazes de ter.


Embora até não duvide que tenha muito nerd gamer virjão fã desse tipo de filme (e paradoxalmente tbm tenha muitos "homens feministas desconstruidos" fãs), não acho que nenhum deles seja regra.

Sociologia aplicada a filmes, ainda mais a tranqueiras tipo "girls and guns", costuma resultar em ver muito chifre em cabeça de cavalo.

spektro 72 disse...

Tambem só conheço esse diretor do memes do YOUTUBE,nunca assisti um filme dele mais tenho curiosidade de assisti-los por que varias das gostosas dos filmes B como Julie Strain E Julie K.Smith.
Eu só tive um vídeo cassete só no incio da década de 90 e eu já tinha 18 anos ,mesmo assim nunca assisti ou aluguei um filme pornô ou ate com cenas sensuais ,minha família tambem tinha uma formação cristã, eu só vi esse tipo filme expostos nas prateleiras das locadoras do meu bairro e ate dava uma olhada nas capas e lia á suas sinopses e quem atuava nesses filmes, mas aluga-los seria impossível...á casa não era tão grande e o quarto dos meus pais ficava perto da sala, o meu pai só alugava filmes somente no fim de semana ,pois ele só conseguia assisti-los nesse período ,mas o primeiro filme que eu aluguei e assisti em vídeo foi "Sexta-Feira 13 - Parte III" o meu pai só alugava filmes de terror para eu assisti ,mas não assistia nenhum de filme de terror nem mesmo quando esse gênero passava na TV Aberta , pois ele só gostava de western ( Americano e Western Spaghetti),filmes de guerra (principalmente da Segunda Guerra) e filmes de ação na linha de 007 e tambem os grandes atores deste gênero com:Lee Marvin Charles Bronson, Bruce Lee,Chuck Norris,Van Damme,Steven Seagal dentre outros .
Muito boa postagem como sempre texto leve ,cheio de curiosidades preciosas sobre o filme , elenco,diretor e com muito bom humor,parabéns ,Mestre Felipe .
Um Abraço de Spektro 72.

Cleidson disse...

Foda demais, assisti esse filme no Cinema em Casa quando era moleque, só no Filmes para Doidos mesmo que falam dessas maravilhas.

Pedro Pereira disse...

Vi alguns desses filmes nos anos noventa, via Canal Sur, um canal regional da Andaluzia (Espanha), que por sorte era captado em Portalegre. As sessões da noite de sexta e sábado tinham sempre série b e acabavam quase sempre altas horas da madrugada com soft porn. Apesar disso nunca prestei atenção para o nome do realizador, estava entretido com a mamalhada, só este ano comecei a prestar atenção. Já vi uns 3/4, nenhum chega a ser tão divertido como este.

Unknown disse...

Sidaris era incrível. Eu e a minha namorada pegamos pra ver todos os filmes dele com a Donna Speir em uma semana e foi incrível, uma das melhores coisas que fizemos nessa pandemia. Sidaris é absurdamente subestimado. Ele escrevia bem, filmava bem, sabia tirar sarro do próprio filme sem cair no ridículo. Em nenhum filme dele vi alguns dos problemas presentes em outros filmes semelhantes. O cara, por causa da experiência na televisão, sabia filmar, e os filmes eram tecnicamente competentes, não eram várzea. E, talvez, o mais surpreendente: o negócio não era sujo, sleaze, depreciativo. Minha namorada viu sem ficar ofendida em algum momento. O cara mostrou que não é porque você coloca mulher pelada no filme, que tem as humilhá-las em razão do sexo. Tem muito mais filme "limpo", politicamente correto, que não abordam as mulheres de forma tão boa que o Sidaris faz. Não diria que são feministas, mas, dentro dos limites dos filmes, Sidaris fez um ótimo trabalho na construção das personagens. Meu filme predileto continua sendo Malibu Express. Acho que poucas vezes ri tanto com um filme - chego a dizer até que é uma das melhores comédias já feitas. O início é genial, pura desconstrução do herói machão a lá Clint Eastwood.

Anônimo disse...

Lembro-me que batia punheta pra os filmes Albergue e Watchmen porque não tinha computador ou acesso a internet. E Cine Privê.

RMPS disse...

Ainda em 1987, Ronn Moss integrou o elenco principal da soap opera "The Bold and the Beautiful", aonde permaneceu até 2015! Algumas temporadas dessa novela forma exibidas no Brasil, primeiro na Manchete, como "Paixão e Ódio", e na Band, dessa vez intitulada como "Belas e Intrépidas".

Luís Ramone disse...

Esse é um clássico mais clássico! Ótima escolha de post, como sempre.

Esse filme tem umas mil cenas nas clássicas de bizarrices do cinema! Ehehe

Anônimo disse...

Vc podia fazer análise de sagas e franquias pras pessoas assistirem os melhores e assim não perder tempo.

Sujestões: A Hora do Pesadelo, Sexta-Feira 13, Desejo de Matar, Rambo, etc.

Wilson disse...

Sempre tive curiosidade de assistir esse filme,lembro de um amigo de infância nos anos 80 me indicou esse filme é máquina mortífera, passaram os anos lembro da capa do filme na videolocadora,mais nunca mais encontrei esse filme.