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domingo, 30 de agosto de 2009

FORÇA INVASORA (1990)


Depois de passar minha adolescência inteira vendo as produções horrendas perpetradas por David A. Prior e sua trupe (e sempre exibidas nas tardes do SBT, no velho Cinema em Casa), eu nunca imaginei que algum dia poderia encontrar um filme com o nome deste cidadão e, ainda assim, ao final, dizer: "Puxa, mas este REALMENTE é um bom filme". Digo "bom" mesmo, não as tralhas habituais dirigidas por Prior, que de tão ruim se tornam ao menos engraçadas.

Pois o dia chegou, amiguinhos: FORÇA INVASORA foi escrito e dirigido por David A. Prior, traz todas as caras conhecidas dos seus filmes (com exceção do irmão-galã Ted Prior, que provavelmente estava resfriado na época das filmagens), e mesmo assim consegue ser bem divertido - como filme "normal", e não como diversão trash. Sim, acredite!!!


Nesse filme quase desconhecido do "mestre", o roteiro (do próprio Prior, claro) é uma interessante brincadeira metalingüística (pode???), que mistura dois ótimos filmes dos anos 80: "F/X - Assassinato Sem Morte", de Robert Mandel, e "Amanhecer Violento", do John Millius.

A história começa como se fosse um típico filme do diretor: um clone de quinta categoria do Rambo, sem camisa, com faixa amarrada na testa e segurando duas metrancas, invade um acampamento inimigo e fuzila todo mundo. Resta um último vilão, que ameaça sua namorada com uma faca na garganta, pedindo um valioso diamante em troca da vida da moça. Feita a troca, o vilão descobre, da pior forma possível, que no lugar do diamante recebeu uma bomba, e voa pelos ares em pedacinhos. Enquanto isso, o grande herói e sua namorada preparam-se para um último e romântico beijo, quando...



...a moça pisa no pé do herói, e um diretor fora do enquadramento grita "Corta!". Isso mesmo: tudo que vimos até então era um filme de ação classe Z produzido pela American International Pictures (AIP, por sinal a mesma produtora do próprio FORÇA INVASORA!).

As filmagens estão sendo realizadas numa montanha isolada do Alabama, por uma equipe de quinta categoria que parece um reflexo da própria equipe de David Prior. O "herói" à la Rambo é apenas um ator famoso chamado Troy (interpretado por David "Shark" Fralick), e a mocinha desajeitada é a atriz iniciante Joni (Renée Cline, de "A Batalha Final", figurinha carimbada dos filmes de Prior). A moça é tão má atriz que só conseguiu o papel por ser namorada do produtor Jack (David Marriott, de "Operation Warzone", outro da patota de Prior).


A partir de então, o espectador descobre que aquela produção furreca está com orçamento e cronograma estourados, e o produtor exige que o diretor da película, Ben Adams (interpretado por Walter Cox), termine as filmagens de qualquer jeito no dia seguinte, nem que para isso tenha que pular cenas e páginas inteiras do roteiro. São apresentadas ainda outras figurinhas carimbadas dos bastidores, como o técnico em efeitos especiais, o responsável pelas explosões e o diretor de fotografia. Ironicamente, outros dois parceiros habiturais de Prior, Douglas Harter e Charles Stedman, aparecem interpretando eles mesmos!!!

E como se o pobre Ben já não tivesse problemas demais nas mãos, eis que uma tropa de mercenários de um país da América Central, comandados pelo general Juarez (Angie Synodis) e liderados pelo coronel das Forças Especiais norte-americanas Michael Cooper (Richard Lynch!!!), inventa de armar seu acampamento bem ali naquela região. No dia seguinte, o dia em que Ben e sua equipe precisam terminar as filmagens de qualquer jeito, os soldados inimigos irão invadir uma grande cidade próxima e explodir pontes e aeroportos para poder fazer reféns e chantagear o governo. Só que os vilões não esperavam encontrar uma equipe de cinema bem ali...

A primeira reação dos invasores inimigos é matar os coitados, para eliminar toda e qualquer testemunha; depois, eles bloqueiam todas as estradas para impedir que o pessoal escape e alerte as autoridades. Até que a equipe se reúne e, liderada pela estrelinha Joni (que de repente se revela uma valentona de primeira linha e até uma atiradora das boas!), decide lutar contra os soldados, usando para isso apenas sua esperteza e a magia do cinema - incluindo maquiagem, balas de festim e explosões falsas!


FORÇA INVASORA é pobre até a medula - seu principal defeito. Esse é o tipo de roteiro que eu adoraria ver produzido por alguém como mais grana, para poder bancar muitos tiros, explosões e figurantes para morrer de todas as formas possíveis e imagináveis. Infelizmente, temos aqui a tradicional produção furreca comandada por Prior e sua trupe, o que significa pobreza e improviso.

Uma das cenas mais miseráveis é a chegada dos soldados inimigos à região das filmagens: sem dinheiro para filmar os vilões pulando de um avião e depois abrindo seus pára-quedas, Prior corta direto para meia dúzia de figurantes rolando no chão e recolhendo os pára-quedas já abertos, como se tivessem acabado de saltar de um avião!!! (E o resultado é de rolar de rir, de tão mal-feito!)

Pior: os "batalhões" de soldados inimigos geralmente são compostos por seis ou sete figurantes, e percebe-se que há no máximo uns 12 figurantes, no total, para interpretar um suposto exército com centenas de soldados. Assim, todo mundo tem que se revezar para aparecer e morrer várias vezes ao longo do filme. Uma cena que mostra direitinho a pobreza da coisa é aquela em que o coronel interpretado por Richard Lynch explica seu plano, supostamente a um batalhão inteiro de soldados, mas aparecem apenas três cabecinhas em primeiro plano!!!


Também há todas aquelas bobagens à la David A. Prior (parece que o homem não consegue se segurar!), como a atriz que se revela uma agente disfarçada da CIA (sem que esta revelação faça a menor importância no roteiro além de explicar a intimidade da garota com armas de fogo). Ou a "técnica Danton de camuflagem", que parece saída do clássico "Deadly Prey", quando Joni fica "escondida" sobre um galho de árvore a 10 centímetros da fuça dos vilões, e mesmo assim ninguém a enxerga. Ou, ainda, a cena em que Ben se engalfinha com um soldado para que Joni possa fugir correndo, sendo que a moça tinha uma metralhadora nas mãos e podia simplesmente atirar no inimigo enquanto Ben o segurava!

Mas nem estes "pequenos detalhes" conseguem estragar FORÇA INVASORA, que se revela um filme de ação classe Z acima da média - e principalmente acima da média das obras de Prior. Com apenas 83 minutos, o filme é curto demais para chatear. Já o roteiro até é interessante e tem algumas boas sacadas, como a conclusão que remete ao "falso filme" que estava sendo rodado no início. Ou o fato de o último take mostrar o próprio David Prior, em pessoa, aparecendo para gritar "Corta!" e cumprimentar os atores e toda a equipe dos bastidores de FORÇA INVASORA pelo seu trabalho - um final bastante inspirado.

Méritos, ainda, para Richard Lynch como vilão. Normalmente, os filmes de Prior trazem atores conhecidos em participações de dois ou três minutos. Mas aqui Lynch realmente participa ativamente do projeto, e inclusive tenta atuar (o que apenas comprova como todos os outros atores e atrizes são péssimos).


A cena em que ele tortura um dos heróis, esmurrando o braço onde o sujeito acabara de tomar um tiro, é muito boa, e às vezes ele parece estar reprisando seu papel de vilão em "Invasão USA", onde também liderava um ataque secreto, só que de soldados russos, e não da América Central. Já a protagonista Renée é péssima atriz e feinha de rosto, mas em compensação tem um corpão e aparece o filme todo de shortinho (nham...).

Infelizmente, o SBT parou de reprisar os filmes do diretor há muitos anos, e encontrar FORÇA INVASORA nas locadoras (a fita era de uma distribuidora pobrezinha chamada New Action) é uma tarefa que provavelmente nem o lendário Mike Danton, de "Deadly Prey", conseguiria cumprir.

Infelizmente, também, o resultado final é exatamente como eu escrevi alguns parágrafos acima: embora até engane os fãs de tralhas, como os distintos visitantes aqui do FILMES PARA DOIDOS, a pobreza da produção está estampada em cada frame da película, especialmente no número reduzido de figurantes e nos efeitos pouco convincentes dos tiroteios.

Com algumas óbvias modificações no roteiro (PRINCIPALMENTE na reviravolta da "agente da CIA disfarçada") e gente boa envolvida na produção, creio que um blockbuster bastante divertido poderia ser produzido a partir deste filme. Alguém aí tem o telefone do Joel Silver?


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Invasion Force (1990, EUA)
Direção: David A. Prior
Elenco: Renée Cline, Walter Cox, Richard
Lynch, Douglas Harter, Charles Stedman
e David "Shark" Fralick.

domingo, 29 de março de 2009

DEATHSPORT (1978)


"No ano 3000 não existirá mais Jogos Olímpicos, Super Bowl ou Copa do Mundo. Só existirá DEATHSPORT!"

A frase do cartaz, o argumento do filme, o título, a presença de David Carradine e a produção de Roger Corman levam o espectador a acreditar que DEATHSPORT, ficção científica classe Z de 1978, seja uma seqüência direta ou ripoff do divertidíssimo "Ano 2000 - Corrida da Morte", dirigido por Paul Bartel, estrelado por Carradine e produzido por Corman três anos antes, em 1975.

Mas as semelhanças entre as duas produções, infelizmente, não incluem o quesito qualidade, e nem DEATHSPORT é uma continuação de "Ano 2000 - Corrida da Morte", como informam alguns desavisados sites de cinema. Na verdade, esta é uma tentativa de Corman de faturar mais uns trocados após o sucesso do filme de Bartel (esquecendo, porém, que um dos ingredientes de sucesso daquele pequeno clássico era o humor negríssimo, que não existe nesta nova aventura), e ainda plagiar um pouquinho "Rollerball", de 1975.


O que sobrou é mais um autêntico FILME PARA DOIDOS, que os leitores deste blog vão achar o máximo, mas a maior parte da humanidade vai odiar. Agora, convenhamos: como não achar no mínimo divertido um filme em que David Carradine e Richard Lynch lutam com espadas de plástico; em que a falecida coelhinha da Playboy Claudia Jennings fica a maior parte do tempo com os seios ou a perereca de fora; em que um ditador tirânico tortura garotas seminuas forçando-as a dançar numa sala eletrificada (!!!), e em que raios laser desintegram não só pessoas, mas também motos e cavalos???

DEATHSPORT se passa no ano 3000, quando uma "guerra neutrônica" (não pergunte...) reduziu a humanidade a um deserto povoado por mutantes canibais. Um dos únicos núcleos "civilizados" é Heliz City, governada com mão de ferro por Lord Zirpola (David McLean), que diverte o povo com lutas de gladiadores estilo Roma Antiga. É o chamado "Deathsport", em que prisioneiros são perseguidos por motociclistas que disparam os tais lasers mortais.


Neste mundo perdido, também existem guerreiros místicos (uma espécie de versão pobre dos Jedi de "Guerra nas Estrelas", lançado no ano anterior), que vagam pelo deserto armados com suas espadas de plástico. O mais famoso deles é Kaz Oshay, interpretado por um David Carradine barbudo e de sunguinha - o que não é exatamente minha idéia de diversão, mas vá lá.

Felizmente, a coisa começa a andar quando Kaz é aprisionado pelo braço direito do ditador, Ankar Moor (interpretado por Richard Lynch!), e levado à força para participar do Deathsport juntamente com outra guerreira nômade, Deneer (Claudia Jennings).

Só que, num daqueles casos clássicos de propaganda enganosa, o tal Deathsport, apesar de ser o título da película, não dura nem cinco minutos: Kaz e Deneer logo escapam da arena de volta para o deserto, pilotando motos roubadas de seus perseguidores, e acompanhados por outros dois prisioneiros. Começa, então, uma perseguição implacável liderada por Ankar, que quer o couro do herói a todo custo.


Se DEATHSPORT serve para alguma coisa (além de mostrar David Carradine de sunguinha e Claudia Jennings de perereca de fora), é como diversão trash. Este é o filme perfeito para você deixar rolando num daqueles encontros de amigos cinéfilos regados a muita cerveja. Dos cenários toscos e falsos aos figurinos ridículos, passando pelos efeitos sonoros de quinta categoria e pela obsessão do diretor em mostrar explosões a cada cinco minutos, tudo é motivo de piada no filme, que assim torna-se engraçadíssimo do começo ao fim.

Entre os destaques no "fator trash", vale destacar os cenários das cidades e da arena onde acontece o Deathsport, e que são obviamente cenários pintados ou miniaturas bem toscas. As cenas de malabarismos com motos, repetidas até enjoar, acabam sendo mais engraçadas do que emocionantes, em parte por causa da exagerada sonoplastia dos veículos. Tem ainda uma cena de sexo que dá um novo sentido à expressão "cena de sexo gratuita", e uma participação pequena e não-creditada da futura scream-queen Linnea Quigley.


E o que dizer do raio laser que desintegra pessoas inteiras num piscar de olhos? O engraçado é que nunca fica clara a intensidade da arma: numa cena o raio desintegra automaticamente dois inimigos que estão lado a lado sobre suas motocicletas (os veículos também são vaporizados); em outro, o raio atinge um ratinho sobre um monte de entulho, mas apenas o roedor desaparece, enquanto o monte de entulho fica intacto!

O grande problema do roteiro de Nicholas Niciphor (com o pseudônimo Henry Suso), Frances Doel e Donald Stewart é levar-se a sério, ao contrário do "Ano 2000 - Corrida da Morte" que tenta desesperadamente copiar. Não há humor negro nem sátira em DEATHSPORT; na verdade, seus realizadores parecem estar levando a coisa a sério DEMAIS! Assim, cenas com elevado potencial trash, como as inúmeras perseguições com motos, sempre ficam no meio-termo; embora bem filmadas e editadas, não são tão divertidas quanto poderiam e deveriam ser, e logo tornam-se repetitivas.

E o tal "Deathsport", que parece ser a grande razão de ser do filme (está no título, caramba!), aparece numa mera ceninha de cinco minutos! Todo o resto da trama mostra heróis fugindo dos vilões. Até mesmo uma cena num covil dos mutantes canibais aparece jogada ao léu, sem qualquer função na trama.


Mais divertido que o próprio filme é o barraco que rolou nos bastidores: DEATHSPORT começou a ser dirigido por Niciphor, mas ele e Carradine não se bicavam. Com metade das cenas gravadas, a frescura entre os dois acabou mal: o astro simplesmente quebrou o nariz do diretor com um soco!!! Niciphor então abandonou o set, com nariz sangrando e tudo mais, e Corman teve que dirigir ele mesmo algumas cenas, depois chamando o pupilo Allan Arkush (de "Hollywood Boulevard" e "Rock’n’Roll High School") para terminar o filme.

E mais: dizem as más línguas que as filmagens eram movidas a álcool e drogas, o que transparece no clima de doideira coletiva do filme. A pobre Claudia era viciada e morreu no ano seguinte num acidente de carro, com apenas 29 anos de idade.

É uma pena que DEATHSPORT seja tão obscuro que nem existam vídeos decentes disponíveis no YouTube para postar aqui, e que certamente divertiriam meus fiéis leitores do FILMES PARA DOIDOS. Espero que se contentem com as fotos e procurem por esta pérola.

Uma coisa é certa: para o bem ou para o mal, não se fazem mais filmes assim, e isso é uma pena - principalmente quando o mais perto de DEATHSPORT que temos hoje é o bobo "Corrida Mortal" de Paul W.S. Anderson!


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Deathsport (1978, EUA)
Direção: Nicholas Niciphor e Allan Arkush
(e Roger Corman)
Elenco: David Carradine, Richard Lynch,
Claudia Jennings, William Smithers, Will
Walker e David McLean.

domingo, 12 de outubro de 2008

INVASÃO USA (1985)

Ah, o cinema de ação dos anos 80... Violência e exagero eram as palavras de ordem. Os heróis eram sempre valentões sem sentimentos que passavam as horas livres treinando tiro ao alvo ou limpando suas armas, e para eles não bastava apenas prender os vilões e julgá-los dentro do que dizia a Justiça; era necessário matá-los, torturá-los, agredí-los, enfim, fazê-los sofrer da pior forma possível, descarregando sobre eles tudo que cometeram contra a "sociedade" e ainda mais um pouco.

Nesta década mágica, explosões, tiros e altas contagens de cadáveres faziam parte de produções como "Stallone Cobra", "Desejo de Matar 3" ou "Comando para Matar", onde os mocinhos acabavam matando o dobro ou o triplo de pessoas que os vilões!

Desta mesma década é o clássico INVASÃO USA, uma parábola sobre a paranóia militarista da época, incentivada pelo então presidente norte-americano Ronald Reagan no auge da Guerra Fria. INVASÃO USA é uma espécie de clássico da TV aberta, onde foi exibido incontáveis vezes, e foi um sucesso estrondoso de locações na época das fitas piratas no Brasil, no final da década de 80. Também é um dos filmes mais famosos do ator Chuck Norris, que aqui interpreta seu herói mais arrogante, maldoso e cruel - que em determinadas cenas mais parece um bandido do que um herói.

A direção é de Joseph Zito, que já havia dirigido Norris num dos grandes sucessos da carreira do ator, "Braddock - O Super Comando". Mikhail Rostov (o eterno vilão Richard Lynch) é um terrorista russo que resolve, literalmente, invadir os Estados Unidos. Ele junta uma quadrilha de mercenários e terroristas de todo o mundo, liderados por ele e por seu braço direito, Nikko (Alexander Zale), e entram facilmente no território americano, iniciando uma série de atentados e assassinatos que seria o início da auto-proclamada "Invasão dos Estados Unidos".

O plano de Rostov é jogar os próprios americanos uns contra os outros. No início, por exemplo, ele e seus homens abordam um barco de refugiados cubanos, usando trajes da guarda corteira americana, e metralham todo mundo, inclusive velhos e crianças; mais tarde, vestidos como policiais, os terroristas vão ao bairro latino de Los Angeles e provocam uma chacina, colocando os civis contra os verdadeiros policiais quando estes aparecem e acabam apedrejados.

Ao perceber que Rostov está por trás destes recentes atos de violência e vandalismo, a CIA vai até os pântanos da Lousiana, onde o aposentado Matt Hunter vive, caçando crocodilos no seu tempo livre. Se em filmes anteriores de Norris havia uma tentativa de compor um personagem principal que pelo menos tivesse algum vínculo afetivo ou o menor dos sentimentos (uma família, uma namorada, um melhor amigo), o Matt Hunter de INVASÃO USA é o verdadeiro "homem-de-pedra", um agente indestrutível que parece ter saído de uma história em quadrinhos. Ele passa pelo filme sempre armado, com luvas de couro pretas e cara de poucos amigos, caçando os vilões, e nem ao menos tem um interesse romântico para mostrar que, afinal, também é gente. Talvez Hunter seja um cyborg. Neste caso, um "terminator".

Hunter passa a patrulhar a cidade em sua picape, dizimando os vilões aos poucos. A conclusão é uma autêntica "Terceira Guerra Mundial", com o exército americano enfrentando o exército terrorista com metralhadoras, granadas e até tanques de guerra (!!!!). Enquanto isso, Hunter, sozinho, com duas metralhadoras Uzi e uma bazuca, desafio o exército para ver quem mata mais, dizimando ele mesmo uns 50 terroristas e enfrentando cara a cara o próprio Rostov. E dentro da proposta exagerada do filme, o duelo final entre os dois não é com pistolas, mas com bazucas!

INVASÃO USA tem algumas cenas antológicas. Uma delas inclui Rostov e um traficante interpretado por outro eterno malvado do cinema classe B, Billy Drago. Outra é aquela em que os terroristas tentam explodir uma igreja lotada, mas o explosivo não funciona. Hunter então aparece por trás dos bandidos, atira a bomba sobre eles e diz: "Não funcionou antes, é? Mas agora vai funcionar...", e então explode os malvados em pedacinhos.

Claro que, para o espectador esclarecido, o filme deve ser encarado como uma divertida comédia involuntária. O filme é tão ridículo e imbecil que o negócio é desligar o cérebro e levar na brincadeira os absurdos, a postura "macho man" do personagem de Norris, suas frases de efeito e a forma como ele parece onipresente para encontrar os vilões e despachá-los, justificando a excelente a frase do cartaz do filme: "Os Estados Unidos não estavam preparados para uma guerra... mas ELE estava!".

Demorou alguns anos para que o cinema de ação feito nos States pegasse mais leve, retratando heróis mais humanos, tipo o John McLane de Bruce Willis na série "Duro de Matar", que aparecia sangrando e com medo de enfrentar os bandidos.

Como curiosidade, a maquiagem é do especialista em terror Tom Savini, com quem o diretor Joseph Zito havia trabalhado anteriormente em "Sexta-feira 13 - Parte 4", de 1984. Mas não há grandes maquiagens, apenas tiroteios e explosões. A grande contribuição de Savini para o filme parece ter sido cortada: a explosão de um vilão com um tiro de bazuca. A cena é muito rápida e mostra bem pouco, evidenciando que pode ter sofrido algum tipo de censura.


Trailer de INVASÃO USA

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Invasion USA (1985, EUA)
Direção: Joseph Zito Elenco: Chuck Norris, Richard Lynch,
Melissa Prophet, Alexander Zale, Alex Colon, Eddie Jones,
Jon DeVries, James O'Sullivan e Billy Drago.