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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Filmes de mentirinha que eu queria ver - Final

COCKPUNCHER
Anos antes de brincar com sua própria imagem interpretando o vilão do decepcionante "Machete", o astro em decadência Steven Seagal já havia feito sátira no trailer falso de "Cockpuncher" (em tradução literal, "Socador de Pintos"). Esse trailer faz parte de uma comédia nonsense chamada "The Onion Movie" (2008, dir: Tom Kuntz e Mike Maguire). Ironicamente, "The Onion Movie" foi filmado em 2003, quando Seagal ainda era um astro do primeiro time começando a cair para a segunda divisão, mas a obra acabou engavetada durante anos e foi lançada comercialmente apenas cinco anos depois. Em "Cockpuncher", o ator "interpreta" um lutador que, desde criança, foi treinado por um sábio mestre oriental para dominar a arte do "cockpunching" - o que significa, claro, dar socos no saco dos inimigos. O trailer falso é rápido, mas repleto de cenas hilárias (como o "treinamento" do herói e sua roupa com um galo desenhado nas costas!!!) e frases de efeito ("You don't have the balls!"). Agora que Seagal partiu para o vale-tudo, bem que ele podia estrelar uma comédia demente satirizando os filmes de ação ao estilo "Cockpuncher", outra obra de mentirinha que eu adoraria ver!

Trailer de COCKPUNCHER





THE MOMMY
"Os Olhos da Cidade São Meus" (1987, dir: Bigas Luna) começa contando a história de um oculista que está ficando cego (Michael Lerner) e que, dominado hipnoticamente pela sua mãe (Zelda Rubinstein, a baixinha de "Poltergeist"), passa a assassinar pessoas para arrancar-lhes os olhos. Lá pela metade, numa reviravolta simplesmente genial, a câmera "se afasta" e descobrimos que na verdade isso não é a trama principal, mas sim "The Mommy", um filme dentro do filme que os personagens de "Os Olhos da Cidade São Meus" estão assistindo numa sala de cinema - e ali um psicopata "real" irá atacar, supostamente também hipnotizado pela "mãe" da obra falsa. O irônico dessa história toda é que, metalinguagem à parte, a trama do filme falso, "The Mommy", é muito mais interessante que a do filme "verdadeiro", e confesso que até fiquei chateado por não saber como terminava a trama do oculista assassino (embora desconfie que acabe de forma semelhante ao próprio "Os Olhos da Cidade São Meus"). Até porque Lerner e Zelda estão FANTÁSTICOS! Então taí: alguém devia fazer uma versão completa de "The Mommy", talvez o próprio José Mojica Marins, que desde os anos 60 promete um filme com ideia semelhante chamado "O Devorador de Olhos"!!!





LA FIN ABSOLUE DU MONDE
Em "O Chamado" (o original japonês, não aquele patético remake norte-americano), Hideo Nakata explorou de maneira genial a curiosidade mórbida do espectador: existe uma fita amaldiçoada que quem assiste morre sete dias depois, mas mesmo assim os personagens não resistem a ver a dita cuja. O mesmo conceito foi retrabalhado por John Carpenter em "Cigarette Burns" (2005), seu episódio para a primeira temporada da série de TV "Masters of Horror" (lançado no Brasil em DVD com o título "Pesadelo Mortal"). Na trama, um detetive é contratado por um colecionador de filmes raros para encontrar a única cópia existente de uma obra maldita, "La Fin Absolue du Monde", dirigida por Hans Backovic em 1971 e exibida uma única vez no Festival de Cinema Fantástico de Sitges, com resultados catastróficos: as imagens perturbadoras provocaram uma epidemia de loucura nos espectadores, que passaram a matar uns aos outros. É óbvio que a mesma coisa acontecerá aos personagens de "Cigarette Burns" no momento em que eles colocarem as mãos (e os olhos) na tal obra maldita. Esperto, Carpenter mostrou apenas uns 30 segundos de "La Fin Absolue du Monde" durante o episódio, só para atiçar a curiosidade do espectador, e é aí que percebemos como "O Chamado" faz sentido. Porque, mesmo sabendo dos supostos efeitos colaterais mortais, dá a maior vontade de ver o filme falso na íntegra...

Cenas de LA FIN ABSOLUE DU MONDE





STARKILLER
Vejam só que coisa: Joe Dante, que já havia aparecido na outra atualização com "Mant!", agora retorna à lista com outro filme falso, "Starkiller", uma ficção científica classe C cujas cenas vemos no maravilhoso "Viagem ao Mundo dos Sonhos" (1985). "Starkiller" traz o eterno coadjuvante Robert Picardo (!!!) interpretando o herói Starkiller com uma bizarra peruca loira. Acompanhado pela gata (já falecida) Karen Mayo-Chandler, ele aparece explodindo naves pra lá de fakes enquanto dispara frases de efeito como "Burn in hell, alien maggots! You shall not possess our women, slime-bred vermin!". Ou seja, "Starkiller" é "Machete" feito 25 anos antes, inclusive com a mesma ideia de um coadjuvante feio sendo alçado à protagonista (e dando uns pegas numa gostosa). Tem como não querer ver o filme? E, como todos os nerds do mundo devem saber, há uma citação nada sutil a "Star Wars": originalmente, Luke Skywalker iria se chamar Luke STARKILLER!!! (E, no filme falso, Starkiller tem até uma frase do tipo "He was like my father", para deixar bem clara a homenagem!!!)





MOSQUITO!, THE AMAZING ELECTRIFIED MAN e THE POSSESSOR
Para fechar essa tosquice que só serviu para me livrar de escrever novas resenhas de filmes (mas acabou dando tanto trabalho quanto), a cereja do bolo! "Popcorn" (1991, dir: Mark Herrier e Alan Ormsby) é um genial slasher metalinguístico injustamente esquecido, e que eu acho muito, mas muito melhor que a série "Pânico", por exemplo. Na trama, estudantes que promovem um festival de filmes de horror antigos num velho cinema são mortos por um psicopata. Mas o melhor de "Popcorn" são as cenas dos filmes falsos exibidos durante a trama, entre um assassinato e outro:

"Mosquito!" é uma brincadeira com aqueles filmes dos anos 50 sobre animais gigantes produzidos pela radiação, e mostra um mosquitão de plástico voando pelo cenário e sugando LITERALMENTE suas pobres vítimas.


"The Amazing Electrified Man" também remete àqueles títulos pomposos dos anos 50 (com adjetivos como Amazing, Colossal, Incredible), e conta a história de um condenado à cadeira elétrica (Bruce Glover, um dos vilões gays de "007 - Os Diamantes São Eternos") ganhando mortíferos poderes elétricos - o que me fez pensar como "Shocker", de Wes Craven, poderia ter ficado divertido...


Finalmente, temos "The Stench", um filme japonês colorido sobre um "aroma" mortal, e "The Possessor", um horror experimental setentista repleto de imagens chocantes com um ator-diretor malucão confessadamente inspirado em... José Mojica Marins!!!


"Popcorn" mostra poucas cenas de "The Stench" para ter me deixado com vontade de vê-lo, mas os outros filmes falsos são apresentados com tantos detalhes (inclusive vinhetas falsas dos estúdios que supostamente os produziram) que dá até um desânimo saber que nunca veremos os filmes completos (principalmente os divertidíssimos "Mosquito" e "Electrified Man").

Cenas de THE AMAZING ELECTRIFIED MAN





E com isso me despeço dessa brincadeira sobre filmes falsos, deixando ainda duas menções honrosas: a série "Scorcher", mostrada em "Trovão Tropical" (2008, dir: Ben Stiller), que tem Ben Stiller como absurdo herói de ação (inclusive enfrentando desastres naturais, como uma nova Era Glacial), e "Dead World", o falso filme podreira de horror e ficção científica que o protagonista produz na esquecida comédia "Cercar e Destruir" (1995, dir: David Salle), e que traz a gatíssima Tahnee Welch com pouca roupa enfrentando um gosmento alienígena com uma serra elétrica (ISSO SIM eu queria ver!!!). Infelizmente, não achei fotos/vídeos desses dois para ilustrar...

ATUALIZAÇÃO: Meu amigo Osvaldo Neto, do blog Vá e Veja, mandou o vídeo com as cenas de "Dead World", para que vocês todos possam ver Tahnee Welch contra o alien gosmento! Valeu, Osvaldão!!!

Cenas de DEAD WORLD




ATUALIZAÇÃO 2: E agora é a vez do Cristiano mandar o trailer do sexto filme da série "Scorcher". Eu não engulo o Ben Stiller, mas satirizar a imbecilidade das franquias de ação modernas (como "Velozes e Furiosos" e o escambau) daria material para uma bela comédia.

domingo, 29 de maio de 2011

Filmes de mentirinha que eu queria ver - Parte 2


MANT!
Se alguém duvida que Joe Dante é um dos cineastas mais criativos da geração de pupilos de Roger Corman, "Matinee - Uma Sessão Muito Louca" (1993) é um belo argumento para mudar de ideia. Neste filme, que se passa em 1962, Dante resgata o clima nostálgico das sessões de cinema dos anos 50-60, e principalmente das exibições de produções baratas de horror e ficção científica. Ele também reverencia um especialista do gênero - o produtor-diretor William Castle - na figura do fictício Lawrence Woosley (interpretado por John Goodman, que imita Castle nos mínimos detalhes. Na trama, Woosley está numa pequena cidade lançando seu novo trabalho, "Mant!", a assustadora história de uma criatura metade homem, metade formiga. Na vida real, William Castle costumava utilizar truques ("gimmicks") para tornar as sessões de seus filmes mais divertidas; em "Matinee", Woosley coloca um rapaz vestido de homem-formiga para invadir a sessão de "Mant!" e assustar os adolescentes na plateia. Visionário, Joe Dante não se contentou em filmar apenas trechos do filme falso dentro do filme: anos antes de existirem os extras de DVD, o cineasta gravou um trailer completo (e hilário) para "Mant!", e também um curta-metragem inteiro, com começo, meio e fim, do que seria a produção de Lawrence Woosley. Abaixo você pode ver os três vídeos (e repare que, numa cena, o monstro-formiga invade um cinema e os espectadores olham diretamente para a câmera, numa brincadeira de metalinguagem que remete a "Força Diabólica", de William Castle). Repare, também, que o filme dentro do filme é estrelado por vários atores veteranos dos clássicos sci-fi dos anos 50-60, como Kevin McCarthy, Robert Cornthwaite e William Schallert. A propósito, é bom lembrar que, nas legendas do VHS nacional de "Matinee", "Mant!" foi traduzido como... err... "Hormiga!".

Trailer de MANT!



MANT! - Parte 1



MANT! - Parte 2





HABEAS CORPUS
"O Jogador" (1992, dir: Robert Altman) é uma brilhante e cínica visão dos bastidores da indústria de cinema de Hollywood e da influência de produtores e donos de estúdio na destruição de projetos, digamos, autorais. No começo do filme, o roteirista Tom Oakley (Richard E. Grant) procura o estúdio com uma ideia para um drama intimista, "sem astros e em preto-e-branco", sobre um promotor que condena uma jovem à morte na câmara de gás, mas se apaixona pela moça e resolve investigar para tentar provar sua inocência. No final do roteiro original de Oakley, o protagonista descobre que a garota era inocente, mas não consegue 6salvá-la da execução - "Ele matou a mulher que amava", repete várias vezes o roteirista. Bem, no final de "O Jogador", são exibidas cenas de "Habeas Corpus", o filme feito a partir do roteiro "intimista", e é então que percebemos que o estúdio destruiu a ideia original em busca do final feliz: a moça condenada é interpretada por Julia Roberts e o promotor por Bruce Willis, que invade a câmara de execução dando tiros para salvar a amada da morte certa. Enquanto sai com a garota no colo, tem até espaço para uma última piadinha: "Por que demorou tanto?", pergunta Julia; "O trânsito estava horrível", responde Bruce. Quando uma das funcionárias do estúdio questiona o roteirista sobre as drásticas mudanças na proposta original, ele responde: "Ninguém gostou nas exibições de teste. Refizemos tudo e agora todos adoram!". E assim, por algum motivo inexplicável (curiosidade mórbida?), confesso que gostaria de ver uma bobagem como "Habeas Corpus" sabendo que ela foi concebida como um filme sério e sem final feliz. Afinal, assim é Hollywood! (A propósito, o filme dentro do filme também tem Susan Sarandon, Peter Falk e Ray Waltson, e isso que o roteirista de "Habeas Corpus" não queria astros nem atores conhecidos!!!)





TRIO
Imagine um filme de ação reunindo três dos astros mais badalados dos anos 90, mesmo que um não tenha nada a ver com o outro: Sylvester Stallone, Whoopi Goldberg e Jackie Chan! Pois esta é a ideia de "Trio", o filme dentro do filme na comédia "Hollywood - Muito Além das Câmeras" (1997, dir: Arthur Hiller). Na trama dessa comédia - que, como "O Jogador", satiriza os bastidores de Hollywood -, um cineasta inglês chamado Alan Smithee (Eric Idle) é contratado para dirigir o tal blockbuster estrelado por Stallone, Whoopi e Chan, mas, furioso com as interferências do estúdio e dos atores, foge com o filme pronto e ameaça destruí-lo. A única coisa que vemos é um trailer de "Trio" que mostra as três estrelas virando para a câmera, disparando um tiro e dizendo: "Don't fuck with us!", entre cenas de explosões e perseguições de carro retiradas de "Duro de Matar - A Vingança". Embora a ideia de "Trio" fosse satirizar o exagero das produções de ação dos anos 90 e o uso completamente deslocado de celebridades (quem engoliria Whoopi Goldberg como parceira de Stallone?), até que não seria nada mau ver uma produção desmiolada com um trio tão diferente quanto este - parecendo até uma visionária versão satírica do posterior "Os Mercenários", escrito, dirigido e estrelado pelo próprio Stallone mais de uma década depois de "Trio" (e que não tem Jackie Chan, mas tem Jet Li no elenco)!





SCHWARZENEGGER'S HAMLET
"Ei Claudius... Você matou meu pai. GRANDE ERRO!", diz o príncipe Hamlet interpretado por Arnold Schwarzenegger enquanto acende um charuto e prepare-se para matar incontáveis inimigos com espadadas e... TIROS DE METRALHADORA!!! Esta insana versão de "Hamlet", de William Shakespeare, sai da imaginação do garoto Danny (Austin O'Brien) em "O Último Grande Herói" (1993, dir: John McTiernan), um filme muito divertido que foi incompreendido na época do seu lançamento. Sim, eu admito que a proposta é completamente sem pé nem cabeça, mas eu realmente adoraria ver uma versão deturpada de um clássico da literatura, como esta, com o Hamlet de Schwarzenegger disparando tiros e frases de efeito que fariam Shakespeare se revirar no túmulo - como "Ser ou não ser? Não ser!", antes de explodir o castelo do inimigo!!! De certa forma, esta brincadeira com Hamlet foi feita anos antes de outras experiências semelhantes e parecidas, como o filme "Romeu & Julieta" de Baz Luhrmann (que colocou os personagens nos tempos atuais, lutando com armas automáticas ao invés de espadas) ou o livro "Orgulho e Preconceito e Zumbis", em que Seth Grahame-Smith incluiu mortos-vivos no clássico romance escrito por Jane Austen no século 19. E vamos admitir que seria hilário se alguma produtora picareta, como a The Asylum, fizesse versões estúpidas e absurdas de livros clássicos como este "Schwarzenegger's Hamlet"... Epa, peraí: eles já estão fazendo bobagens como "2010: Moby Dick" e "The War of the Worlds" com C. Thomas Howell! Tá bom, então só falta eles começarem a fazer versões estúpidas, absurdas mas também DIVERTIDAS de livros clássicos.

Trailer de SCHWARZENEGGER'S HAMLET





THRILLER
Sim, todo mundo lembra do clássico videoclipe "Thriller", que John Landis dirigiu para o popstar Michael Jackson em 1983. Todo mundo lembra dos zumbis saindo das sepulturas, de Michael virando ele próprio um morto-vivo e dos cadáveres decrépitos dançando a música-tema no meio da rua. O que pouca gente lembra é que, antes da dança dos mortos iniciar, o rei do pop e sua namorada (Ola Ray) estão no cinema vendo um filme de lobisomem estrelado pelo próprio Michael Jackson. Conforme nos informa o anúncio na fachada do cinema quando o casal está saindo, este filme de lobisomem se chama "Thriller", e é estrelado por... Vincent Price!!! Assim, embora todo mundo lembre dos zumbis e da música, eu gostaria mesmo era de ver "Thriller", o filme de lobisomem, com Michael Jackson virando homem-lobo e sendo perseguido, talvez, por Vincent Price (que não chega a aparecer nas cenas do filme dentro do filme, ou filme dentro do videoclipe, mas é o narrador da obra). Por sinal, a transformação de Michael em lobo é melhor que tudo que é feito hoje em matéria de lobisomens, e mostrada através de efeitos práticos do mestre Rick Baker - que, dois anos antes, havia feito o clássico "Um Lobisomem Americano em Londres". Tudo bem, Jackson e Price já morreram e jamais veremos "Thriller", o filme de lobisomem. E é melhor não ficar falando muito no caso para que ninguém tenha a idéia de fazer algo do gênero com Justin Bieber...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Filmes de mentirinha que eu queria ver - Parte 1


"Machete", de Robert Rodriguez, começou com o trailer falso de um filme de mentirinha no início de "Grindhouse", o mal-sucedido projeto conjunto entre Rodriguez e Quentin Tarantino. Mas a ideia de um filme de ação casca-grossa estrelado por Danny Trejo vingou, e Rodriguez resolveu transformar o trailer de mentirinha em um longa de verdade. Entretanto, para muitos (inclusive eu), "Machete" deveria ter continuado apenas como brincadeira, considerando o resultado burocrático do longa inspirado no fake trailer.

Mesmo assim, surgiram notícias de que outros trailers falsos de "Grindhouse" poderiam virar longas, como o slasher "Thanksgiving", de Eli Roth. Teve fã fazendo coro e comemorando a proposta, talvez sem perceber que todas as possíveis cenas legais de "Thanksgiving" JÁ ESTÃO no trailer falso, e tudo que Roth vai fazer, caso realmente transforme o projeto em longa, é filmar as partes chatas entre elas!

Isso me levou a pensar numa série de trailers e filmes fictícios já usados em outras produções, e que poderiam muito bem transformar-se em longas bem mais interessantes que "Machete", "Thanksgiving" e qualquer outro fake preview de "Grindhouse". Acompanhe-me nessa viagem por alguns filmes de mentirinha que INFELIZMENTE são apenas de mentirinha, mas que eu adoraria ver "de verdade":


SAND PIRATES OF THE SAHARA
Em "Cine Majestic" (2001, dir: Frank Darabont), Jim Carrey interpreta Peter Appleton, um roteirista na Hollywood dos anos 50. Antes de sofrer um acidente, perder a memória e dar início à trama, Appleton vai à premiére de seu novo projeto, uma aventura B em preto-e-branco chamada "Sand Pirates of the Sahara". Estrelado por Brett Armstrong (Bruce Campbell de bigodinho!), o filme dentro do filme mostra uma luta de espadas num velho templo e um vilão segurando o mesmo ídolo que Indiana Jones procurava no início de "Os Caçadores da Arca Perdida"! Confesso que essa ceninha curta me deixou curioso para ver um filme B estilo Indiana Jones estrelado por Bruce Campbell. No pôster de "Sand Pirates of the Sahara" mostrado na fachada de um cinema de "Cine Majestic", descobrimos que o diretor da aventura falsa é "Ferenc Árpád" (anagrama que não consegui decifrar) e o produtor, Charles Russell (colaborador de longa data de Frank Darabont)!!!




CHUBBY RAIN
Policiais derretendo, mulheres fatais, alienígenas que invadem a Terra escondidos em gotas de chuva e uma frase de efeito hilária gritada pelo herói no final: "I get you, SUCKERS!!!". Assim é "Chubby Rain", o filme B de ficção científica que o cineasta Bobby Bowfinger (Steve Martin) quer desesperadamente filmar em "Os Picaretas" (1999, dir: Frank Oz). Só que ele precisa de um ator famoso, e, sem dinheiro para pagar um, resolve filmar o astro Kit Ramsey (Eddie Murphy) sem que ele saiba. As cenas hilárias que mostram Bowfinger e sua equipe filmando "Chubby Rain" me fizeram sonhar com um bizarro filme de ficção científica bagaceiro dirigido por Fred Olen Ray ou Jim Wynorski e estrelado por um decadente Eddie Murphy, falido e precisando de dinheiro para pagar o aluguel. O resultado certamente seria tão engraçado quanto aparenta nas cenas do filme dentro do filme. E não tem forma melhor para terminar uma história de invasão alienígena do que o herói olhando para o alto e gritando: "I get you, SUCKERS!!!".




FILME DE TERROR EM "DEMONS"
Quando era moleque e vi "Demons" (1985, dir: Lamberto Bava), jurava que o filme que os personagens assistem no cinema era de verdade. Pena que não é, pois teria potencial para ser um belo terrorzão daqueles que os italianos faziam tão bem. Nas cenas projetadas antes da invasão dos demônios do "filme oficial", vemos um quarteto de jovens (um deles interpretado pelo futuro diretor Michele Soavi) chegando a uma cripta e encontrando o túmulo do profeta Nostradamus. De lá retiram um livro e uma máscara sinistra (homenagem do Bavinha ao clássico do seu pai Mario Bava, "A Máscara do Demônio"). O livro traz uma profecia de Nostradamus sobre o fim do mundo ("Eles farão dos cemitérios as suas catedrais, e das cidades os seus túmulos"), e a máscara, ao ser usada por um dos rapazes, inicia um processo de contaminação que os transforma em demônios à la "Evil Dead". Claro que logo tudo isso se repete dentro do cinema em que os personagens de "Demons" estão e o filme falso é esquecido, mas eu sempre quis saber como ele terminava...





REMOTE CONTROL
"Controle Remoto" (1988, dir: Jeff Lieberman) é um filmaço que quase ninguém viu, o que é uma pena. Conta a história de alienígenas que tentam dominar a Terra através da fita VHS de um velho clássico de ficção científica dos anos 50 chamado "Remote Control"; ao assisti-lo, as pessoas são hipnotizadas e forçadas a matar quem quer que esteja próximo. O curioso é que a trama de "Remot Control", o filme dentro do filme, é muito semelhante à trama do próprio "Controle Remoto" (porque os aliens "se inspiraram" na ideia da obra dos anos 50 para elaborar sua invasão na década de 80!!!). É uma pena que Lieberman não tenha filmado uma versão de "Remote Control" em média-metragem (extras de DVD ainda eram um sonho distante lá em 1988), pois as cenas da ficção fake dos anos 50, em preto-e-branco, são incríveis, com direção de arte propositalmente exagerada e muita criatividade (inclusive uma versão pré-histórica de videocassete).





SLASHER DE CHARLES RUSSELL
Em "A Bolha Assassina" (1988, dir: Charles Russell), dois moleques vão ao cinema para assistir a um slasher movie sem título. A única cena que vemos do filme dentro do filme é um casal namorando junto à fogueira e o namorado reclamando de um sujeito que insiste em podar moitas com uma serra elétrica àquela hora da madrugada. É claro que o jardineiro da madrugada é um assassino mascarado, e é claro que o casalzinho vai se dar mal. Embora não seja nenhuma novidade, fiquei pensando como seria um slasher movie "real" dirigido por Charles Russell, ele que começou a carreira trabalhando com Roger Corman (como assistente de produção de "Cannonball - A Corrida do Século") e produzindo o slasher "Noite Infernal" (1981), de Tom DeSimone. Baseado nessas poucas cenas do filme falso mostradas em "A Bolha Assassina", creio que Russell usaria sua experiência no horror dos anos 80 (ele também dirigiu "A Hora do Pesadelo 3") para fazer um slasher satírico e auto-referencial muito mais interessante do que os "Pânico" do Wes Craven...