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segunda-feira, 27 de julho de 2009

A BATALHA FINAL (1990)


Oficialmente, a temível Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética terminou em 3 de dezembro de 1989, quando os líderes das duas superpotências finalmente fumaram o cachimbo da paz, depois de quatro décadas de ameaças mútuas de uma possível Terceira Guerra Mundial - no caso, uma guerra nuclear, com grandes possibilidades de destruir o mundo inteiro além dos dois impérios brigões!

O tratado de paz acabou com algo que era comum no cinema de ação da década de 80: vilões russos, fossem eles terroristas, como os que invadem os Estados Unidos e enfrentam Chuck Norris em "Invasão USA", fossem eles meros boxeadores, como o Ivan Drago, que quase matou o Stallone de pancada em "Rocky 4".

E embora os vilões comunas tenham saído rapidinho da moda, um certo cineasta norte-americano achou que ainda era cedo para terminar a Guerra Fria. E, em 1990, lançou sua própria versão do final do conflito: A BATALHA FINAL.


É claro que estamos falando de David A. Prior, possivelmente um dos piores cineastas da história. Quem vem acompanhando fielmente o FILMES PARA DOIDOS deve ter percebido que eu ando fazendo um retrospecto da "carreira" do homem, já que minha infância/adolescência provavelmente não teria sido tão divertida casos os filmes de Prior não fossem exibidos no Cinema em Casa (não deixe de ler minhas resenhas de "Deadly Prey" e "Operation Warzone", outros inacreditáveis "clássicos" do diretor).

Já sobre A BATALHA FINAL, só tenho uma coisa a dizer: é, de longe, um dos piores filmes de Prior - e quando estamos falando de um sujeito que praticamente só fez filme muito ruim, isso não significa pouca coisa!

O SBT costumava reprisar o filme religiosamente nas suas tardes de Cinema em Casa, e duvido que exista algum fã de filmes bagaceiros que nunca tenha visto ao menos uns minutinhos desta "maravilha" (sim, as aspas significam ironia). E é só saber como surgiu a idéia de A BATALHA FINAL para entender a "qualidade" (idem ao parêntese anterior) da película: David e seu irmão e galã habitual, Ted Prior, compraram num leilão de quinquilharias alguns metros de negativos contendo cenas de testes do Exército, mostrando explosões nucleares, mísseis sendo disparados de silos e coisas do gênero. Isso pela bagatela de 75 dólares! A dupla dinâmica então encarnou o espírito de Ed Wood e pôs-se a imaginar um roteiro que pudesse aproveitar todas estas cenas (como essa aí embaixo), e que custasse o mínimo possível. É mole?


Assim, o roteiro assinado por David inicia no calor da então terminada Guerra Fria, com Estados Unidos e União Soviética trocando mísseis nucleares. Mera desculpa para usar aquele montão de cenas de arquivo com disparos de mísseis e explosões que ele tinha à disposição, todas muito granuladas/estragadas, destoando completamente do restante do filme. Através de noticiários, descobrimos que houve pesadas perdas civis para as duas superpotências, e que a ONU irá reunir os principais líderes mundiais em Genebra, na Suíça, para tentar chegar a uma solução pacífica para o conflito, antes da destruição total da Terra.

Corta para um monte de manés sentados ao redor de uma mesa de jantar comum (imagine isso como sendo a sala de reuniões da ONU), votando na tal "solução pacífica" para a Guerra Fria. E adivinhe qual é a idéia dos "principais líderes mundiais"? Acredite ou não, eles decidem que o destino da humanidade será traçado não mais através de uma guerra atômica, mas sim no simples duelo corpo a corpo entre dois homens, representando "o melhor" das duas nações!!! É, alguém viu "Rocky 4" muitas vezes...

E enquanto a União Soviética escolhe como representante o sargento Sergei Schvackov (o queixudo Robert Z'Dar, da série "Maniac Cop"), um gigante condicionado física e psicologicamente para matar, os norte-americanos surpreendentemente optam por um velho herói de guerra, o sargento Thomas Batanic (Ted Prior, quem mais?), que foi condenado pela corte marcial por crimes de guerra que supostamente não cometeu.



Batanic é o pior representante possível para uma nação inteira: cínico, preguiçoso, trapaceiro e magrela, parece mais uma espécie de Snake Plissken dos pobres. Em outras palavras, você não consegue acreditar, nem por um minuto, que ele realmente teria alguma chance contra o monstruoso Z´Dar, ainda mais numa luta corpo a corpo! Mas como os ianques posteriormente elegeriam George W. Bush como presidente, a escolha nem parece tão absurda assim...

O local escolhido para a "batalha final" é uma extensa selva na Virginia (que, veja só que incongruência, fica em território norte-americano!!!). Ali, os dois soldados são monitorados e rastreados por suas devidas superpotências, enquanto basicamente caminham de um lado para o outro, entre árvores e casebres, trocando tiros, bombas e socos durante o restante do filme.

E é só isso: um filme inteiro sobre dois sujeitos que supostamente são os melhores de cada lado, mas que passam uns bons 40 minutos tentando se matar sem jamais conseguir, mesmo contando com um verdadeiro arsenal à disposição!!! Quem conseguir ficar acordado, ainda terá pela frente uma das conclusões mais absurdas já filmadas.


Como legítima produção de David A. Prior, A BATALHA FINAL está repleto daqueles absurdos e defeitos que costumam tornar seus filmes bastante engraçados e divertidos. O maior absurdo, que surpreendentemente é levado a sério o tempo inteiro, é a idéia de decidir o destino do mundo numa luta banal entre dois soldados, que pode ser definida muito mais na sorte do que na habilidade. Isso é tão ou mais ridículo do que decidir uma eleição presidencial no par ou ímpar!

E se (ênfase MUITO GRANDE no "e se...") as duas superpotências realmente optassem por um mano a mano estilo gladiadores da Roma Antiga, certamente uma disputa desta grandiosidade não aconteceria na Virginia (dando ligeira vantagem a um dos lados do conflito), mas sim em algum país neutro. Para piorar, não só o local da "batalha final" fica nos EUA, como ainda garante acesso livre para qualquer mané: lá pelo final do filme, um desafeto de Batanic consegue infiltrar-se pessoalmente naquela área para tentar matar o herói, sem que ninguém descubra ou apareça para impedir.

Também não dá para engolir o fato de que um evento desta magnitude, por mais absurdo que pareça, seria monitorado por apenas duas pessoas representando cada superpotência. Caso (ênfase MUITO GRANDE no "caso...") uma coisa dessas realmente acontecesse, é claro que cada lado da batalha teria à sua disposição uma daquelas salas cheias de técnicos e computadores tipo as da Nasa, para poder monitorar cada passo dos dois soldados e descobrir em milésimos de segundo o que está acontecendo.


Pois em A BATALHA FINAL, muito provavelmente por limitações orçamentárias, temos apenas uma dupla de "monitores" para cada lado, diante de uma tela de computador que mostra duas bolinhas representando os soldados - e o herói norte-americano quase é morto porque a moça (Renée Cline) que deveria estar de olho no monitor preferiu ficar paquerando o sujeito!!! Detalhe: nem EUA nem URSS têm uma mísera camerazinha na área do confronto para poder visualizar o que realmente está acontecendo, tornando muito fácil a possibilidade de trapaças para qualquer um dos lados.

Agora, descontando essas palhaçadas do roteiro, o que sobra são 40 minutos apresentando a situação e "desenvolvendo" os personagens, e mais uns 45 minutos com a "batalha final" propriamente dita. Como seria pedir demais um tiro certeiro disparado por um dos lados (pois assim a luta terminaria muito rápido), resta ao espectador desafiar os limites da sua paciência enquanto assiste Ted Prior e Robert Z'Dar trocando tiros sem jamais se acertar, mesmo quando um deles está escondido atrás de uma árvore tão fininha que até uma cuspida bem dada atravessaria o seu tronco!

E se os dois "melhores soldados do mundo" não conseguem se acertar nem ao menos de raspão, como engolir o fato de que Batanic constrói uma única armadilha (daquele tipo "pise no barbante para explodir tudo") num território com dezenas de quilômetros de extensão, mas mesmo assim consegue adivinhar que Sergei pisará exatamente naquele local?


Novamente, a tal "batalha final" poderia terminar em cinco minutos, mas o adversário russo é um verdadeiro Jason, que escapa vivo não somente desta armadilha, mas também da explosão de uma cabana inteira. E, apesar de estar no interior da tal cabana e sem qualquer chance de fuga, Sergei não apenas sobrevive, como acaba apenas com metade do rosto levemente desfigurado!!!

Resta, então, um confronto frouxo, que rende algumas boas risadas (pela total inexperiência dos "melhores soldados", e também pelo fato de Sergei aparecer e desaparecer misteriosamente em questão de segundos, mesmo quando está em campo aberto e sem nenhum lugar para se esconder). O tal confronto é mais chato do que propriamente divertido ou empolgante.

Para piorar, o diretor e roteirista Prior tenta uma solução diplomática para o impasse, e ainda fica gastando tempo com subtramas ridículas envolvendo corrupção no Exército e a investigação de um senador.


E embora A BATALHA FINAL seja puro David A. Prior (incluindo a tradicional cena dos soldados se arrumando para o confronto, com closes em armas, granadas e facas sendo colocadas no uniforme), o resultado final não é ruim e divertido, como um "Deadly Prey", mas apenas ruim - e, neste caso, BEM RUIM. Percebe-se claramente a pobreza da produção, principalmente dos cenários.

Mas cá entre nós: como é que um filme criado a partir de um monte de cenas velhas poderia ser diferente?

E mais uma coisa: já pensou se a moda pega e esse sistema de decidir questões importantes no mano a mano fosse adotado a sério? Aí quem sabe a próxima Copa do Mundo seria decidida somente na cobrança de pênaltis entre os melhores artilheiros de cada país. Agora imagine o craque representante do Brasil chutando a bola para fora ou na trave adversária durante 1h30min, e o outro lado (Argentina? Itália? Alemanha?) fazendo a mesma coisa. Pois A BATALHA FINAL é exatamente assim. Talvez até menos empolgante, se é que isso é possível...

Trailer de A BATALHA FINAL



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The Final Sanction (1990, EUA)
Direção: David A. Prior
Elenco: Ted Prior, Robert Z'Dar, Renée
Cline, William Smith, David Fawcett,
Barry Silverman e Graham Timbes.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

DEADLY PREY (1987)


Nos famosos "Chuck Norris Facts", um dos itens diz que as pessoas têm pesadelos com o Bicho-Papão, e que o Bicho-Papão tem pesadelos com Chuck Norris. Pois agora eu completo essa frase: E quando Chuck Norris tem pesadelos, é com MIKE DANTON. Para quem não conhece, MIKE DANTON seria o resultado de um cruzamento genético entre Chuck Norris, Steven Seagal, McGyver, Charles Bronson em "Desejo de Mata 3", Schwarzenegger em "Comando para Matar" e Stallone em "Cobra": um cara tão foda, mas tão foda, que seu nome só pode ser escrito em letras maísculas, e que desmentiria um por um os "Chuck Norris Facts"!

A bem da verdade, DANTON é o inacreditável herói capenga e metido a galo do filme DEADLY PREY, um dos grandes clássicos da tosquice cinematográfica humana, que foi escrito e dirigido pelo notório David A. Prior (como todos já devem saber, um dos piores diretores da história da humanidade). Graças à sua extrema ruindade, o filme ganhou recentemente status de cult movie, com um enorme séquito de fãs (criaram até uma página no MySpace para MIKE DANTON!!!).

Pessoalmente, eu sou fã apaixonado desta tralha desde que a vi no Cinema em Casa na adolescência, e volta-e-meia revejo para dar sonoras gargalhadas. Se há um filme para ver com amigos bebendo cerveja, ESTE é o filme!


DEADLY PREY ganhou um festival de títulos em português. Oficialmente, foi lançado em VHS como "Extermínio de Mercenários" pela obscuta Wera's Vídeo (nunca vou me perdoar por não ter comprado esta fita de uma locadora da minha cidade quando tive oportunidade). Mas o SBT reprisou incontáveis vezes, inventando um título diferente a cada reprise: "Isca Mortal", "O Exterminador de Mercenários" e até (e esse é realmente incrível) "Danton - Sozinho e Armado"!!!

Antes de começar a resenha desta maravilha do cinema ruim, permitam-me um pequeno esclarecimento: por mais que eu tente descrever a tosquice deste filme em seus mínimos detalhes, trata-se de um caso raro de "ver para crer". Todos os filmes de David A. Prior são MUITO RUINS, mas este é especial. Perto do que ele fez neste filme, Bruno Mattei é Francis Ford Coppola e Uwe Boll é Stanley Kubrick.

Por isso, quem nunca viu PRECISA dar uma olhada nos vídeos que postei ao longo do texto, para ter uma idéia melhor do naipe de bagaceirice que estou descrevendo. Garanto que vocês não vão se decepcionar, mesmo aqueles que reclamam da demora do YouTube para carregar as imagens. As cenas são simplesmente de rolar de rir.


Numa estranha mistura do clássico "The Most Dangerous Game" com todos os clones de "Rambo" lançados nos anos 80, DEADLY PREY conta a história de um grupo de mercenários malvados que treina em sua base secreta, numa selva a alguns quilômetros de Los Angeles. O grupo é financiado por um manda-chuva chamado Michaelson (Troy Donahue, astro dos anos 50 e 60, que acabou a carreira nesse tipo de tralha), e comandado por um veterano do Vietnã que foi expulso do Exército, o coronel Hogan (David Campbell).

A tática de treinamento adotada por Hogan é incrível: seus homens seqüestram civis nas ruas de Los Angeles, e depois os coitados são caçados pelos mercenários na floresta, supostamente para que seus homens aprendam táticas de combate e assassinato (como isso é possível caçando vítimas despreparadas, desarmadas e indefesas, não me pergunte...).

Mas os mercenários logo terão um osso duro pela frente: o próximo "civil" que eles seqüestram para servir de isca é ninguém menos que MIKE DANTON (Ted Prior, irmão do diretor David e galã da maioria de seus filmes).


Os caras malvados não sabem, mas DANTON é uma verdadeira máquina de matar, que foi treinado pelo próprio Hogan no Vietnã, e que tem habilidades praticamente sobrenaturais de combate e sobrevivência - basta dizer que ele consegue ficar completamente invisível na selva apenas amarrando dois galhos de árvore nos ombros, ou ainda atravessar o tórax de um sujeito com um mísero e frágil graveto!

Quando a "caçada" dá errado, e uns 20 dos seus homens são aniquilados, Hogan vê um dos cadáveres esfaqueados e, sem qualquer lógica, exclama: "Opa, eu conheço esse estilo... É alguém que eu treinei no Vietã... DANTON!". Não me pergunte como você reconhece o "estilo de matar" de alguém, ainda mais quando não há estilo algum (apenas um cadáver esfaqueado caído no chão).

Mas, de qualquer jeito, Hogan passa o resto do filme reagrupando mais e mais mercenários para tentar dar cabo do herói, enquanto DANTON passa o resto do filme exterminando mercenários (opa! olha o título nacional) sem a menor dificuldade. Até que os malvados resolvem colocar a esposa do herói, Jamie (Suzanne Tara), na jogada.

22 mercenários mortos em 3 minutos!


O elenco conta ainda com outro veterano, Cameron Mitchell (provavelmente em busca de uns cobres para pagar o aluguel), no papel do pai de Jamie, um policial aposentado. Os nomes de Mitchell e de Donahue são os primeiros a aparecer nos créditos iniciais, embora as cenas de ambos não somem cinco minutos (aquela típica tática de diretor picareta para tentar dar um pouquinho mais de importância ao seu filme colocando nomes conhecidos no elenco, mesmo que seja em pontas minúsculas).

Também aparecem outros atores-fetiche do diretor, como Fritz Matthews (no papel de um karateka que usa óculos escuros o filme inteiro, mesmo à noite!), William Zipp e Chet Hood, entre outros anônimos que você só vai ver nas produções assinadas por David A. Prior...


Bem, para dar uma idéia da comédia involuntária que é DEADLY PREY, vamos falar um pouco sobre MIKE DANTON e suas façanhas ao longo dos 90 minutos de filme:

* No papel de DANTON, o galã de quinta categoria Ted Prior passa o filme inteiro sem camisa, com os músculos besuntados de óleo, um shortinho jeans pornográfico e descalço. Ah, o sujeito também tem um corte de cabelo estilo mullet que é indestrutível, mesmo quando ele passa noites ao relento no meio da selva.

* Lembra aquela cena de "Rambo 2" em que o herói se cobre de barro para pegar um inimigo de surpresa? DANTON não precisa disso: com dois galhos amarrados nos ombros, ele fica completamente invisível na selva, mesmo quando está trepado no galho de uma pequena árvore diretamente no campo de visão dos seus inimigos, como mostra o impagável vídeo abaixo. Além disso, mesmo perseguido por dezenas de inimigos, DANTON encontra tempo para cavar um buraco no chão (sem ter nem ao menos uma pá à disposição), deitar nele, cobrir-se com folhas e galhos e ficar pacientemente esperando que um soldado apareça justo ali, para poder matá-lo silenciosamente.

Onde está DANTON?


* Lembra aquela cena de "Rambo - Programado para Matar" em que o herói costurava a sangue-frio um corte no braço? Pois DANTON, mais fodão do que o Rambo, coloca seu ombro quebrado de volta no lugar usando simplesmente uma pedra debaixo do suvaco!!!

* A mira de DANTON, que já é fantástica, fica ainda mais certeira quando ele dá gritinhos enquanto atira.

* Granadas e explosivos apenas fazem cócegas em DANTON. Enquanto inimigos voam em pedacinhos quando é o herói quem atira as granadas, no seu caso as explosões no máximo fazem com que ele caia no chão ligeiramente atordoado, mas sem um único arranhão!!!

* DANTON é capaz de ficar longos minutos sem respirar e COMPLETAMENTE INVISÍVEL quando mergulha num laguinho raso apenas para pegar outro soldado inimigo de surpresa. Aliás, se o mané tivesse atirado naquele vulto dentro do lago, ao invés de aproximar-se para ver o que era, o filme terminaria bem antes!!!

* DANTON passa algumas noites em plena selva, onde come minhocas (!!!) e até um churrasquinho de rato. Mas, por conveniências do roteiro, encontra o caminho de casa fácil fácil quando precisa ir até lá buscar não comida, mas ARMAS!!! Detalhe: ele tem um compartimento em casa com metralhadoras, pistolas de todos os calibres, bazucas e até explosivo plástico, coisa de fazer inveja ao John Matrix de "Comando para Matar"!

* Ao preparar algumas armadilhas pela floresta, DANTON usa misteriosas técnicas de previsão do futuro para adivinhar os pontos exatos em que seus inimigos irão pisar no dia seguinte, e milagrosamente TODAS as suas armadilhas são acionadas pelos malvadões!


* Mais do que isso, DANTON prevê que um dos soldados inimigos irá escapar de uma das armadilhas, e assim prepara uma SEGUNDA ARMADILHA logo depois, e o sujeito obviamente cai nela.

* E como precisão pouca é bobagem, numa das armadilhas feitas por DANTON um mercenário é amarrado pelo tornozelo, arrastado por uns 30 metros (sabe-se lá como!) e então empalado num montão de estacas. Sim, DANTON construiu todo esse aparato em apenas algumas horas e tendo apenas uma faquinha à disposição. Deve ter ensinado o Jigsaw, da série "Jogos Mortais", a fazer armadilhas!

* DANTON também é capaz de sobreviver a tiros à queima-roupa disparados em sua direção (uma incongruência que é comum em quase todos os filmes de David A. Prior).


E se tudo isso parece o "ó do borogodó", saiba que ainda tem um milhão de outras tosquices para enumerar, como o fato de todo mundo encontrar o suposto "acampamento secreto" dos mercenários, ou os gritinhos desesperados ("DANTOOOOON!") que Hogan solta sempre que encontra mais uma pilha de homens mortos. Ou ainda o aumento do número de inimigos de três para sete nos cortes de uma cena para outra, e o fato de cada figurante morrer pelo menos umas quatro vezes ao longo do filme!

E é claro que não falta nem aquela típica cena em que o herói pára tudo que está fazendo para "se arrumar" no meio da floresta, pintando a cara com camuflagem, carregando as armas e amarrando-as ao corpo, estilo "Rambo" e "Comando para Matar"...

Além disso, o roteiro é um festival de baboseiras de dar inveja ao pobre Ed Wood. Os vilões, por exemplo, cometem as maiores cagadas possíveis e imagináveis, sempre para dar chances do herói escapar. O que dizer, por exemplo, do sujeito que dá uma cacetada na cabeça de DANTON com a coronha da metralhadora, e depois simplesmente joga a arma no chão para lutar com o herói no mano a mano, ao invés de resolver a parada com uma rajada de balas?

Não dá para encerrar essa resenha de DEADLY PREY sem citar o momento mais sem noção da película, e que coroa com chave de ouro a experiência de ver essa tralha.



É justamente o final, quando DANTON parte para cima do tal karateka de óculos escuros, armado apenas com um facão. O inimigo, vejam só, aponta sua pistola para DANTON e atira umas três vezes à queima-roupa, de uma distância que não tinha como errar (a CENTÍMETROS dele)... mas ERRA! DANTON, por sua vez, usa o facão para decepar o braço do vilão com um único golpe... e do corte não sai NENHUMA GOTA DE SANGUE! Pois o pobre homem, surpreendido pela mutilação, ao invés de rolar de dor pelo chão, simplesmente usa seu outro braço para tentar esganar DANTON!!!

E é então que acontece o momento mágico de DEADLY PREY: DANTON espanca o inimigo até a morte usando o PRÓPRIO BRAÇO DECEPADO DO SUJEITO!!!! (Curiosamente, era para ter uma cena semelhante em "Comando para Matar", mas todo mundo achou muito mórbido e ela nem foi filmada!) Por favor, não deixe de ver este momento mágico da história da sétima arte, NA ÍNTEGRA, no vídeo abaixo:

Dando uma mãozinha, literalmente


Bem amiguinhos, se com tudo isso eu ainda não convenci vocês sobre a importância de assistir DEADLY PREY, e como isso vai fazer vocês rirem até mijar nas calças, permitam-me concluir informando que nos créditos finais, após um monumental banho de sangue em que praticamente todos os personagens morrem violentamente (e estamos falando de umas 60 ou 70 pessoas), toca um impagável ROCKZINHO POP ROMÂNTICO que não se encaixa de maneira alguma na proposta do filme!!!!!!!

E eu poderia ficar escrevendo mais dezenas e dezenas de parágrafos sem conseguir enumerar todos os defeitos e cenas impagáveis de DEADLY PREY, e sem conseguir passar, para quem ainda não viu o filme, a maravilhosa comédia involuntária que ele representa.

É impossível assisti-lo sem rolar de rir, mesmo que você seja um daqueles chatos que conhece "Dogville" de cor e salteado. DEADLY PREY é, possivelmente, um dos filmes mais engraçados da história do cinema, melhor que muita comédia de verdade, e nenhum texto sobre ele conseguirá ser tão cômico e impagável quanto a experiência de vê-lo pela primeira vez.


Então não perca mais tempo: dê um jeito de arrumar uma cópia, tome umas 10 cervejas, reúna os amigos na sala e prepare-se para dar saborosas gargalhadas diante das façanhas de MIKE DANTON, o herói mais fodão - e sem noção - que o cinema de ação classe Z já inventou.

E com essa onda de revival dos anos 80, bem que o David Prior podia se mexer e lançar uma nova aventura de DANTON. Aquele massacre final de "Rambo 4" seria fichinha perto do que DANTON poderia fazer armado apenas com uma faquinha e o seu mullet indestrutível...

Em poucas palavras, um "clássico dos clássicos" do FILMES PARA DOIDOS!!! Simplesmente obrigatório.

Trailer de DEADLY PREY


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Deadly Prey (1987, EUA)
Direção: David A. Prior
Elenco: Ted Prior, David Campbell, Fritz
Matthews, William Zipp, Troy Donahue,
Cameron Mitchell e Suzanne Tara.