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sexta-feira, 5 de junho de 2009

DEADLY PREY (1987)


Nos famosos "Chuck Norris Facts", um dos itens diz que as pessoas têm pesadelos com o Bicho-Papão, e que o Bicho-Papão tem pesadelos com Chuck Norris. Pois agora eu completo essa frase: E quando Chuck Norris tem pesadelos, é com MIKE DANTON. Para quem não conhece, MIKE DANTON seria o resultado de um cruzamento genético entre Chuck Norris, Steven Seagal, McGyver, Charles Bronson em "Desejo de Mata 3", Schwarzenegger em "Comando para Matar" e Stallone em "Cobra": um cara tão foda, mas tão foda, que seu nome só pode ser escrito em letras maísculas, e que desmentiria um por um os "Chuck Norris Facts"!

A bem da verdade, DANTON é o inacreditável herói capenga e metido a galo do filme DEADLY PREY, um dos grandes clássicos da tosquice cinematográfica humana, que foi escrito e dirigido pelo notório David A. Prior (como todos já devem saber, um dos piores diretores da história da humanidade). Graças à sua extrema ruindade, o filme ganhou recentemente status de cult movie, com um enorme séquito de fãs (criaram até uma página no MySpace para MIKE DANTON!!!).

Pessoalmente, eu sou fã apaixonado desta tralha desde que a vi no Cinema em Casa na adolescência, e volta-e-meia revejo para dar sonoras gargalhadas. Se há um filme para ver com amigos bebendo cerveja, ESTE é o filme!


DEADLY PREY ganhou um festival de títulos em português. Oficialmente, foi lançado em VHS como "Extermínio de Mercenários" pela obscuta Wera's Vídeo (nunca vou me perdoar por não ter comprado esta fita de uma locadora da minha cidade quando tive oportunidade). Mas o SBT reprisou incontáveis vezes, inventando um título diferente a cada reprise: "Isca Mortal", "O Exterminador de Mercenários" e até (e esse é realmente incrível) "Danton - Sozinho e Armado"!!!

Antes de começar a resenha desta maravilha do cinema ruim, permitam-me um pequeno esclarecimento: por mais que eu tente descrever a tosquice deste filme em seus mínimos detalhes, trata-se de um caso raro de "ver para crer". Todos os filmes de David A. Prior são MUITO RUINS, mas este é especial. Perto do que ele fez neste filme, Bruno Mattei é Francis Ford Coppola e Uwe Boll é Stanley Kubrick.

Por isso, quem nunca viu PRECISA dar uma olhada nos vídeos que postei ao longo do texto, para ter uma idéia melhor do naipe de bagaceirice que estou descrevendo. Garanto que vocês não vão se decepcionar, mesmo aqueles que reclamam da demora do YouTube para carregar as imagens. As cenas são simplesmente de rolar de rir.


Numa estranha mistura do clássico "The Most Dangerous Game" com todos os clones de "Rambo" lançados nos anos 80, DEADLY PREY conta a história de um grupo de mercenários malvados que treina em sua base secreta, numa selva a alguns quilômetros de Los Angeles. O grupo é financiado por um manda-chuva chamado Michaelson (Troy Donahue, astro dos anos 50 e 60, que acabou a carreira nesse tipo de tralha), e comandado por um veterano do Vietnã que foi expulso do Exército, o coronel Hogan (David Campbell).

A tática de treinamento adotada por Hogan é incrível: seus homens seqüestram civis nas ruas de Los Angeles, e depois os coitados são caçados pelos mercenários na floresta, supostamente para que seus homens aprendam táticas de combate e assassinato (como isso é possível caçando vítimas despreparadas, desarmadas e indefesas, não me pergunte...).

Mas os mercenários logo terão um osso duro pela frente: o próximo "civil" que eles seqüestram para servir de isca é ninguém menos que MIKE DANTON (Ted Prior, irmão do diretor David e galã da maioria de seus filmes).


Os caras malvados não sabem, mas DANTON é uma verdadeira máquina de matar, que foi treinado pelo próprio Hogan no Vietnã, e que tem habilidades praticamente sobrenaturais de combate e sobrevivência - basta dizer que ele consegue ficar completamente invisível na selva apenas amarrando dois galhos de árvore nos ombros, ou ainda atravessar o tórax de um sujeito com um mísero e frágil graveto!

Quando a "caçada" dá errado, e uns 20 dos seus homens são aniquilados, Hogan vê um dos cadáveres esfaqueados e, sem qualquer lógica, exclama: "Opa, eu conheço esse estilo... É alguém que eu treinei no Vietã... DANTON!". Não me pergunte como você reconhece o "estilo de matar" de alguém, ainda mais quando não há estilo algum (apenas um cadáver esfaqueado caído no chão).

Mas, de qualquer jeito, Hogan passa o resto do filme reagrupando mais e mais mercenários para tentar dar cabo do herói, enquanto DANTON passa o resto do filme exterminando mercenários (opa! olha o título nacional) sem a menor dificuldade. Até que os malvados resolvem colocar a esposa do herói, Jamie (Suzanne Tara), na jogada.

22 mercenários mortos em 3 minutos!


O elenco conta ainda com outro veterano, Cameron Mitchell (provavelmente em busca de uns cobres para pagar o aluguel), no papel do pai de Jamie, um policial aposentado. Os nomes de Mitchell e de Donahue são os primeiros a aparecer nos créditos iniciais, embora as cenas de ambos não somem cinco minutos (aquela típica tática de diretor picareta para tentar dar um pouquinho mais de importância ao seu filme colocando nomes conhecidos no elenco, mesmo que seja em pontas minúsculas).

Também aparecem outros atores-fetiche do diretor, como Fritz Matthews (no papel de um karateka que usa óculos escuros o filme inteiro, mesmo à noite!), William Zipp e Chet Hood, entre outros anônimos que você só vai ver nas produções assinadas por David A. Prior...


Bem, para dar uma idéia da comédia involuntária que é DEADLY PREY, vamos falar um pouco sobre MIKE DANTON e suas façanhas ao longo dos 90 minutos de filme:

* No papel de DANTON, o galã de quinta categoria Ted Prior passa o filme inteiro sem camisa, com os músculos besuntados de óleo, um shortinho jeans pornográfico e descalço. Ah, o sujeito também tem um corte de cabelo estilo mullet que é indestrutível, mesmo quando ele passa noites ao relento no meio da selva.

* Lembra aquela cena de "Rambo 2" em que o herói se cobre de barro para pegar um inimigo de surpresa? DANTON não precisa disso: com dois galhos amarrados nos ombros, ele fica completamente invisível na selva, mesmo quando está trepado no galho de uma pequena árvore diretamente no campo de visão dos seus inimigos, como mostra o impagável vídeo abaixo. Além disso, mesmo perseguido por dezenas de inimigos, DANTON encontra tempo para cavar um buraco no chão (sem ter nem ao menos uma pá à disposição), deitar nele, cobrir-se com folhas e galhos e ficar pacientemente esperando que um soldado apareça justo ali, para poder matá-lo silenciosamente.

Onde está DANTON?


* Lembra aquela cena de "Rambo - Programado para Matar" em que o herói costurava a sangue-frio um corte no braço? Pois DANTON, mais fodão do que o Rambo, coloca seu ombro quebrado de volta no lugar usando simplesmente uma pedra debaixo do suvaco!!!

* A mira de DANTON, que já é fantástica, fica ainda mais certeira quando ele dá gritinhos enquanto atira.

* Granadas e explosivos apenas fazem cócegas em DANTON. Enquanto inimigos voam em pedacinhos quando é o herói quem atira as granadas, no seu caso as explosões no máximo fazem com que ele caia no chão ligeiramente atordoado, mas sem um único arranhão!!!

* DANTON é capaz de ficar longos minutos sem respirar e COMPLETAMENTE INVISÍVEL quando mergulha num laguinho raso apenas para pegar outro soldado inimigo de surpresa. Aliás, se o mané tivesse atirado naquele vulto dentro do lago, ao invés de aproximar-se para ver o que era, o filme terminaria bem antes!!!

* DANTON passa algumas noites em plena selva, onde come minhocas (!!!) e até um churrasquinho de rato. Mas, por conveniências do roteiro, encontra o caminho de casa fácil fácil quando precisa ir até lá buscar não comida, mas ARMAS!!! Detalhe: ele tem um compartimento em casa com metralhadoras, pistolas de todos os calibres, bazucas e até explosivo plástico, coisa de fazer inveja ao John Matrix de "Comando para Matar"!

* Ao preparar algumas armadilhas pela floresta, DANTON usa misteriosas técnicas de previsão do futuro para adivinhar os pontos exatos em que seus inimigos irão pisar no dia seguinte, e milagrosamente TODAS as suas armadilhas são acionadas pelos malvadões!


* Mais do que isso, DANTON prevê que um dos soldados inimigos irá escapar de uma das armadilhas, e assim prepara uma SEGUNDA ARMADILHA logo depois, e o sujeito obviamente cai nela.

* E como precisão pouca é bobagem, numa das armadilhas feitas por DANTON um mercenário é amarrado pelo tornozelo, arrastado por uns 30 metros (sabe-se lá como!) e então empalado num montão de estacas. Sim, DANTON construiu todo esse aparato em apenas algumas horas e tendo apenas uma faquinha à disposição. Deve ter ensinado o Jigsaw, da série "Jogos Mortais", a fazer armadilhas!

* DANTON também é capaz de sobreviver a tiros à queima-roupa disparados em sua direção (uma incongruência que é comum em quase todos os filmes de David A. Prior).


E se tudo isso parece o "ó do borogodó", saiba que ainda tem um milhão de outras tosquices para enumerar, como o fato de todo mundo encontrar o suposto "acampamento secreto" dos mercenários, ou os gritinhos desesperados ("DANTOOOOON!") que Hogan solta sempre que encontra mais uma pilha de homens mortos. Ou ainda o aumento do número de inimigos de três para sete nos cortes de uma cena para outra, e o fato de cada figurante morrer pelo menos umas quatro vezes ao longo do filme!

E é claro que não falta nem aquela típica cena em que o herói pára tudo que está fazendo para "se arrumar" no meio da floresta, pintando a cara com camuflagem, carregando as armas e amarrando-as ao corpo, estilo "Rambo" e "Comando para Matar"...

Além disso, o roteiro é um festival de baboseiras de dar inveja ao pobre Ed Wood. Os vilões, por exemplo, cometem as maiores cagadas possíveis e imagináveis, sempre para dar chances do herói escapar. O que dizer, por exemplo, do sujeito que dá uma cacetada na cabeça de DANTON com a coronha da metralhadora, e depois simplesmente joga a arma no chão para lutar com o herói no mano a mano, ao invés de resolver a parada com uma rajada de balas?

Não dá para encerrar essa resenha de DEADLY PREY sem citar o momento mais sem noção da película, e que coroa com chave de ouro a experiência de ver essa tralha.



É justamente o final, quando DANTON parte para cima do tal karateka de óculos escuros, armado apenas com um facão. O inimigo, vejam só, aponta sua pistola para DANTON e atira umas três vezes à queima-roupa, de uma distância que não tinha como errar (a CENTÍMETROS dele)... mas ERRA! DANTON, por sua vez, usa o facão para decepar o braço do vilão com um único golpe... e do corte não sai NENHUMA GOTA DE SANGUE! Pois o pobre homem, surpreendido pela mutilação, ao invés de rolar de dor pelo chão, simplesmente usa seu outro braço para tentar esganar DANTON!!!

E é então que acontece o momento mágico de DEADLY PREY: DANTON espanca o inimigo até a morte usando o PRÓPRIO BRAÇO DECEPADO DO SUJEITO!!!! (Curiosamente, era para ter uma cena semelhante em "Comando para Matar", mas todo mundo achou muito mórbido e ela nem foi filmada!) Por favor, não deixe de ver este momento mágico da história da sétima arte, NA ÍNTEGRA, no vídeo abaixo:

Dando uma mãozinha, literalmente


Bem amiguinhos, se com tudo isso eu ainda não convenci vocês sobre a importância de assistir DEADLY PREY, e como isso vai fazer vocês rirem até mijar nas calças, permitam-me concluir informando que nos créditos finais, após um monumental banho de sangue em que praticamente todos os personagens morrem violentamente (e estamos falando de umas 60 ou 70 pessoas), toca um impagável ROCKZINHO POP ROMÂNTICO que não se encaixa de maneira alguma na proposta do filme!!!!!!!

E eu poderia ficar escrevendo mais dezenas e dezenas de parágrafos sem conseguir enumerar todos os defeitos e cenas impagáveis de DEADLY PREY, e sem conseguir passar, para quem ainda não viu o filme, a maravilhosa comédia involuntária que ele representa.

É impossível assisti-lo sem rolar de rir, mesmo que você seja um daqueles chatos que conhece "Dogville" de cor e salteado. DEADLY PREY é, possivelmente, um dos filmes mais engraçados da história do cinema, melhor que muita comédia de verdade, e nenhum texto sobre ele conseguirá ser tão cômico e impagável quanto a experiência de vê-lo pela primeira vez.


Então não perca mais tempo: dê um jeito de arrumar uma cópia, tome umas 10 cervejas, reúna os amigos na sala e prepare-se para dar saborosas gargalhadas diante das façanhas de MIKE DANTON, o herói mais fodão - e sem noção - que o cinema de ação classe Z já inventou.

E com essa onda de revival dos anos 80, bem que o David Prior podia se mexer e lançar uma nova aventura de DANTON. Aquele massacre final de "Rambo 4" seria fichinha perto do que DANTON poderia fazer armado apenas com uma faquinha e o seu mullet indestrutível...

Em poucas palavras, um "clássico dos clássicos" do FILMES PARA DOIDOS!!! Simplesmente obrigatório.

Trailer de DEADLY PREY


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Deadly Prey (1987, EUA)
Direção: David A. Prior
Elenco: Ted Prior, David Campbell, Fritz
Matthews, William Zipp, Troy Donahue,
Cameron Mitchell e Suzanne Tara.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

OPERATION WARZONE (1988)


De todos os diretores ruins que já existiram (Ed Wood, Bruno Mattei, Al Adamson, Uwe Boll, Albert Pyun, David DeCouteau, Andrea Bianchi, Godfrey Ho, Phil Tucker e por aí vai; a lista é imensa!), o norte-americano David A. Prior sempre foi um dos meus preferidos. Quando eu era adolescente, os filmes desse cara passavam direto nas tardes do SBT, no saudoso Cinema em Casa. De tão ruins, eles eram hipnotizantes: não dava para desgrudar os olhos da quantidade de abobrinhas que Prior despejava por minuto. Ao mesmo tempo, eu ficava frustrado pensando que talvez fosse o único a conhecer o "trabalho" deste mentecapto e por isso nem tinha com quem comentá-lo - às vezes até forçava meus amigos ou irmãos a assistir alguns, como o já clássico "Deadly Prey - Extermínio de Mercenários", mesmo correndo o risco de levar um tapão na orelha.

E é nestes momentos que a internet mostra o seu valor: além de ser uma ferramenta útil para você pesquisar mais detalhes sobre a carreira e os filmes de uma nulidade praticamente obscura como o Prior, também torna-se uma maneira eficaz de comentar as bombas que ele dirigiu com outros loucos que têm o mesmo mau gosto que eu. Quem diria, descobri que existem muitos outros "fãs" de David A. Prior ao redor do globo!

Bem, queria apenas avisar que quem nunca ouviu falar em David A. Prior a partir de agora irá ouvir bastante este nome, pois graças aos torrents (outro milagre da era internética) pude fazer download e saborear novamente algumas das muitas tralhas dirigidas por este hilário cineasta, entre elas esta que se chama OPERATION WARZONE.


Eu originalmente vi este filme lá por 1992 no Cinema em Casa, mas não consigo lembrar do título nacional utilizado pela emissora do Silvio Santos (se alguém lembrar, por favor escreva nos comentários). Em VHS, o título foi uma tradução pouco original: "Operação War Zone". Feito um ano após o já citado "Deadly Prey", quando Prior filmou e lançou outros dois filmes (!!!), OPERATION WARZONE dá uma bela idéia da "obra" do diretor: é ruim e tosco até o talo, só funciona como comédia involuntária, está repleto de diálogos bisonhos que Ed Wood teria vergonha de escrever, cenas ridículas, reviravoltas desnecessárias, uma trama sem pé nem cabeça e, claro, o Vietnã como pano de fundo. Prior a-do-ra-va contar histórias sobre a Guerra do Vietnã, sempre mostrando como os soldados norte-americanos eram valorosos e como o conflito só foi perdido por razões políticas. Aham...

O filme já começa de maneira absolutamente brilhante (no mau sentido, claro), e quem não rolar de rir nos cinco minutos iniciais deve imediatamente parar de assistir, sob risco de acabar com lesões graves no cérebro. Prior nos mostra um pequeno batalhão de soldados norte-americanos no que deveria ser uma selva vietnamita, mas fica na cara que é um bosque qualquer em plena Califórnia. Apesar de a história supostamente se passar nos anos 60, todos os atores têm pinta e penteado da década de 80, inclusive o famoso mullet. E a coisa só piora: de repente surgem soldados vietcongues interpretados por meia dúzia de figurantes de olho puxado (Prior deve ter convidado os chineses da pastelaria) e até por mexicanos (!!!).


Os dois lados começam a lutar, e o ideal de "guerra" do diretor Prior é mostrar cada lado atirando sem parar, mesmo quando não estão acertando alvo algum, sem cobertura ou proteção, até que invariavelmente as muitas balas disparadas atingem alguém, puramente por sorte! É tão tosco que dá vontade de socar a TV: os caras simplesmente NÃO PARAM DE ATIRAR, mas não acertam nada!!!

Finalmente, os "vietcongues" revelam-se melhores atiradores e dizimam os americanos. Sobrevivem apenas o sargento Holt e os soldados Butler e Adams (respectivamente Fritz Matthews, William Zipp e Sean Holton, todos habitués dos filmes de Prior). O trio pica a mula rastejando por um dos túneis construídos pelo inimigo (anos antes de "Tunnel Rats", do Boll), e acabam caindo numa sala de interrogatório, onde salvam dois prisioneiros de serem mortos pelos vietcongues.

Um deles é o sargento Hawkins (John Cianetti), que explica estar numa missão especial e pede a escolta dos três soldados para chegar até seu contato. Segundo descobre-se mais tarde, Hawkins é a única pessoa que sabe onde está um grande carregamento de armas, com as quais o exército ianque poderia, veja você, GANHAR a guerra. Entretanto, alguns generais conspiradores se aliaram a fabricantes de armas pra que o conflito continue por tempo indeterminado, gerando enormes lucros para a indústria bélica (!!!).


O tal conspirador é o general George Delevane, interpretado pelo falecido Joe Spinell (esse rapaz bonito da foto aí de cima). Seu nome é o primeiro a aparecer nos créditos iniciais, mas suas cenas, somadas, não chegam a três minutos, e foram todas filmadas (provavelmente numa única tarde) numa salinha que deveria ser o Pentágono. Ah, e ele é visto quase sempre falando ao telefone, sem nunca participar da trama principal!

Se você ainda não entendeu a bomba que é OPERATION WARZONE, permita-me separar alguns "pontos altos" em tópicos, para facilitar a leitura:

* As granadas usadas por heróis e vilões têm potencial de destruição completamente diferente. Visualmente, a explosão de ambas mais parece um show de fogos de artifício do que qualquer outra coisa. Mas as granadas disparadas pelos heróis têm a capacidade de explodir casamatas e grupos de até seis soldados inimigos, enquanto as do outro lado, mesmo quando explodem ao lado dos heróis, não fazem nada além de atirá-los temporariamente no chão, sem proporcionar qualquer ferimento ou arranhão.



* A cada cinco minutos, Prior sai com alguma reviravolta completamente impossível em relação à identidade dos personagens. Isso envolve traições múltiplas, trocas simultâneas de lado (um cara que é aliado vira inimigo por um tempo e depois mostra-se aliado novamente!!!), e até identidades secretas, como o soldado raso que de repente revela ser agente secreto da CIA para o sargento que o conhece há meses.

* Os heróis normalmente acertam seus alvos, mas nunca são atingidos pelos inimigos, nem mesmo quando estão evidentemente na linha de tiro. A cena mais absurda é aquela em que um inimigo atira pelas costas em um dos personagens principais; este, além de não ser atingido, ainda vira com a maior tranqüilidade e responde ao fogo, matando seu agressor!

* Os vietcongues aparecem em menos de 10 minutos do filme, e são uns caras comuns vestidos com roupinha bege. Assim, na maior parte da história, o que vemos são soldados norte-americanos lutando entre si, já que a maior parte deles parece fazer parte do tal complô que quer manter a guerra em curso para faturar. Como os caras ficam se matando entre eles o tempo inteiro, dá até para entender como é que os EUA perderam a guerra!

* Todos os personagens precisam mostrar sua macheza trocando socos mais cedo ou mais tarde. Isso leva a uma cena hilariante em que Holt e Hawkins ficam 5 MINUTOS trocando porrada, acompanhados por uma música quase romântica e completamente fora de tom. Detalhe: apesar da violência dos sopapos, não aparece um sanguinho sequer saindo do nariz ou da boca de ambos!

* "Don't touch those spikes, if you touch them the poison will kill you immediatly!", alerta Holt, enquanto ele e os dois soldados se arrastam no túnel, e na cena seguinte os sujeitos estão encostando direto nas tais lanças pontiagudas, que dobram como se fossem de borracha (sem contar que eles poderiam facilmente ter arrebentado as estacas com suas metralhadoras ANTES de passar no meio delas!).


* No final, talvez na mais absurda das reviravoltas do roteiro, personagens que tinham morrido ao longo do filme reaparecem vivos e bem para lutar ao lado de Holt e Hawkins. Antes que você possa dizer "Puta que o pariu, mas como é que pode uma merda dessas?", saiba que não é dada qualquer explicação para tal fato humanamente impossível. A única hipótese plausível é que um feitiço vodu tenha ressuscitado os sujeitos. Talvez eles tenham simulado a própria morte antes, claro, mas não há qualquer justificativa para isso no roteiro. E outra: um deles ficou "morto" bem no meio do campo de batalha, com tiros passando sobre ele e granadas explodindo ao seu redor - ninguém poderia simular sua morte nestas condições com o risco de morrer de verdade!!!

Some-se a tudo isso os incontáveis erros de continuidade ou de filmagem (como a já clássica cena em que um soldado joga uma granada dentro de uma cabana e a explosão acontece metros ANTES do lugar onde a granada supostamente caiu!!!), e você terá uma idéia do trashão que é este OPERATION WARZONE, um filme impossível de levar a sério, mesmo que esta fosse a finalidade inicial de seus realizadores.


O roteiro foi escrito pelo próprio diretor com a ajuda do irmão Ted Prior, que normalmente é o galã dos filmes do maninho, mas aqui preferiu ficar apenas como co-roteirista e "diretor de arte". É isso mesmo, amiguinhos: se um Prior como roteirista já é ruim, imagine dois! O resultado é um verdadeiro insulto à inteligência, que provavelmente foi sendo improvisado à medida que as cenas eram gravadas (só isso justifica o excesso de "reviravoltas inexplicáveis" na trama).

Este não é, nem de longe, um dos filmes mais divertidos de Prior (o título pertence, com louvor, a "Deadly Prey"), mas mesmo assim será engraçadíssimo para quem curte assistir bombas e consegue entrar no clima e enxergar o "bright side of life", como cantava o Monty Python.

Agora, para pessoas mal-humoradas que não enxergam diversão em pérolas como essa (ou seja, uns 99% da humanidade), OPERATION WARZONE será apenas o que indiscutivelmente é: um filme pavoroso de tão ruim!

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APROVEITANDO A OPORTUNIDADE:

Não deixem de conferir a edição deste mês da excepcional revista virtual ZINGU, que traz um dossiê sobre Cinema de Bordas, incluindo uma looooonga entrevista com este que vos escreve e análise de suas obras PATRICIA GENNICE, ENTREI EM PÂNICO..., MISTÉRIO NA COLÔNIA e CANIBAIS & SOLIDÃO (provavelmente o trabalho mais amplo que já fizeram sobre um mequetrefe como eu). Ah, e tem também entrevistas e resenhas do trabalho de diretores de verdade, o Petter Baiestorf e o Rodrigo Aragão. IMPERDÍVEL!

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Trailer de OPERATION WARZONE


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Operation Warzone (1988, EUA)
Direção: David A. Prior
Elenco: Fritz Matthews, William Zipp,
John Cianetti, Sean Holton, David
Marriott e Joe Spinell.