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quinta-feira, 18 de abril de 2013

NINJA - O PROTETOR (1986)


Ano passado, na minha resenha de "Ninja Thunderbolt", apresentei aos nobres leitores do FILMES PARA DOIDOS o genial Godfrey Ho, cineasta de Hong-Kong que alcançou certa fama cult fazendo aventuras de ninjas a partir de outros filmes já prontos e que originalmente não tinham nada a ver com ninjas - ou seja, um "artista" cujas ações praticamente redefinem a palavra "picaretagem"!

E se em "Ninja Thunderbolt" a montagem funcionava razoavelmente bem, porque Ho pegou como base um outro filme que originalmente já era cheio de cenas de ação ("The Ninja and the Thief", de Tommy Lee Gam Ming ), hoje vamos ver o que acontece quando o diretor e seu comparsa, o produtor Joseph Lai, usam essa sua tática de gosto duvidoso para reaproveitar cenas de uma outra obra que originalmente não era um filme de ação. O resultado é uma monstruosidade chamada NINJA - O PROTETOR.


Em um dos muitos sites dedicados ao conjunto da obra de Ho e Lai, alguém se referiu às produções da dupla como "Filmes Frankenstein" - uma costura grosseira de cenas que nem sempre ou quase nunca têm relação entre si, mas que a magia da montagem cinematográfica trata de disfarçar razoavelmente bem para fechar o tempo de um longa-metragem. Esses filmes depois seriam desovados no mercado ocidental de cinemas vagabundos e videolocadoras, e estariam fadados ao esquecimento, caso não tivesse surgido a internet e um monte de desocupados que dedicou seu tempo livre a catalogar a analisar essas picaretagens.

Na famigerada "Série Ninja" que fez para o produtor Lai e sua IFD Films & Arts, Godfrey Ho usou os mais diferentes filmes de terceiros para incluir suas cenas com ninjas, torcendo para que o resultado final ficasse mais ou menos coeso. E isso significava transformar comédias, filmes de horror e até dramalhões em aventuras com ninjas - o que, no mínimo, exigiu muita criatividade (e cara-de-pau) do sujeito.


NINJA - O PROTETOR deve ter sido um dos casos que mais exigiu de Ho, criativamente falando. Porque se no anterior "Ninja Thunderbolt" ele só precisou separar as melhores cenas de ação do original e adicionar umas poucas ceninhas com Richard Harrison aqui e ali, agora ele estava trabalhando com um material original que praticamente não tinha ação, e absolutamente NENHUM NINJA!

Em todos esses anos trabalhando nessa indústria vital, eu nunca consegui descobrir qual filme Ho e Lai usaram para fazer NINJA - O PROTETOR. E como até sites muito mais completos sobre a "Série Ninja" da IFD usam apenas a expressão "taiwanese footage" para descrever as cenas originais que não foram filmadas por Godfrey Ho, tudo leva a crer que o filme taiwanês em questão nunca chegou a ser concluído ou oficialmente lançado (se alguém tiver mais informações sobre isso, favor informar via Comentários!).


As cenas originais parecem ter saído de um dramalhão policial sobre um sujeito (interpretado por Wa Lun) contratado para trabalhar numa agência de modelos muito suspeita, e que começa a passar o ferro na mulherada. Embora tenha namorada, ele cata a dona da agência onde trabalha e até a namorada de um bandidão (Tin Ming) que usa a agência para lavar seu dinheiro sujo.

Mas o modelo comedor também tem um irmão encrenqueiro (Lee Miu-Chan), que, durante uma briga com desafetos, acaba matando um deles acidentalmente. Para livrar-se da cadeia, o brigão é obrigado a fazer um acordo com aquele cara que foi corneado pelo seu irmão. O resultado é um complicado plano elaborado pelo corno nada manso para acusar o modelo comedor de assassinato!


Enfim, não tem muito espaço para ninjas nessa história, confere? Pois é aí que entra a criatividade (ou, novamente, cara-de-pau) de Godfrey Ho, um sujeito que deveria ser patrono de todos os cursos de montagem cinematográfica do planeta!

A nova história mirabolante criada por ele começa com uma reunião secreta do "Império Ninja", guerreiros malvados responsáveis por cometer toda espécie de crimes pelo mundo. O líder do grupo é o malvado ninja vermelho Bruce ("interpretado" por David Bowles). E dois personagens daquele velho filme de Taiwan - a dona da agência de modelos e o bandidão que leva corno, aqui rebatizados Susan e Albert - agora são ninjas que pertencem ao grupo de Bruce.

Não, é claro que os atores originais não foram convidados para filmar novas cenas: eles foram simplesmente substituídos por dublês usando máscaras ninjas que cobrem o rosto, Ed Wood stye! O que nem sempre é convincente, como você mesmo pode comparar nas imagens abaixo, que trazem os atores do velho filme de Taiwan e suas "versões ninja" gravadas por Ho...


A nova armação de Bruce e seus ninjas é espalhar milhões em dólares falsos por toda Hong-Kong, algo que chama a atenção do escritório oriental da Interpol. Quer dizer, pelo menos eu presumo que seja a Interpol, porque nas novas cenas filmadas por Ho tudo que aparece é uma mesa de madeira com uma bandeirinha da Inglaterra e um quadro da rainha no fundo!

O chefe da Interpol de Hong-Kong é o personagem de Richard Harrison, cujo nome aparece como "Gordon Anderson" em algumas sinopses e como "Jason Hart" em outras. Como eu não lembro de ele ter sido chamado assim em nenhum momento do filme, vamos chamá-lo de "Harrison" a partir de agora, em homenagem ao ator.


Harrison também é, secretamente, um mestre ninja. Ou seja, é o mesmo papel/personagem que o ator norte-americano fez em "Ninja Thunderbolt" e em praticamente todas as outras produções da IDF.

Nosso herói reúne seus agentes para explicar a "missão" - e, consequentemente, explicar ao espectador a nova história mirabolante criada por Ho. Mostrando uma série de fotografias dos atores daquele velho filme de Taiwan (tiradas, obviamente, dos próprios negativos do tal filme), o herói explica sobre os ninjas malvados e sobre como a dona da agência de modelos é uma ninja que usa seu negócio como fachada para espalhar o dinheiro falso. Genial, não?


Harrison também informa que colocou um agente infiltrado, Warren, dentro da agência, disfarçado como modelo, para poder investigar o esquema por dentro. Warren, claro, é Wa Lun no filme de Taiwan, e Harrison "interage" com ele apenas através de telefonemas, graças ao milagre da edição. Por fim, Harrison diz aos seus agentes que o agente disfarçado tem um irmão problemático, David (Lee Miu-Chan, ainda das cenas do filme de Taiwan), e que ele poderá trazer problemas à operação.

Tudo isso é narrado com a ajuda das tais fotos tiradas dos negativos do filme de Taiwan, para não deixar dúvidas sobre as origens e motivações daqueles personagens que originalmente, no outro filme, não eram nem agentes da Interpol disfarçados, nem ninjas. Talvez para torturar o espectador, Ho usa longos e repetitivos takes dos agentes da Interpol olhando as fotos e passando-as para o colega do lado olhar também!


Seguem-se, então, todas aquelas cenas do filme sobre o modelo papando geral a mulherada, seu irmão arrumando encrenca e o bandidão corneado providenciando sua vingança.

Para dar um mínimo de lógica a acontecimentos tão desconexos, Ho filmou diversas cenas no tal escritório da Interpol em que Richard Harrison comenta o "progresso" das investigações de Warren na agência de modelos, e também o fato de ele poder estragar tudo por se relacionar com toda mulher que aparece na frente!


De tempos em tempos, o chefe da Interpol e mestre ninja inclusive dá uns telefonemas para seu agente infiltrado, advertindo-o a "se comportar". Para a sorte de Godfrey Ho, o filme original que ele remontou tinha várias cenas dos atores ao telefone, que lhe deram abertura para inserir os novos takes com Richard Harrison "interagindo" com eles.

Mas como o filme taiwanês não tinha ação suficiente e nenhum ninja em cena, Ho também teve que inserir diversas lutas entre ninjas na edição. Neste caso, o personagem de Harrison, usando uma tosquíssima roupa de ninja camuflada (!!!), enfrenta aleatoriamente outros ninjas pertencentes à organização de Bruce.


Essas lutinhas entre ninjas são obviamente o ponto alto de NINJA - O PROTETOR: Harrison sempre encontra seus oponentes em lugares públicos (parques, na maior parte do tempo), herói e vilão usam aquele velho truque de vestir-se magicamente com a explosão de uma bomba de fumaça (tipo super-herói), e trocam porradas rapidamente, sem nenhum lance muito mirabolante ou digno de nota. No final o herói vence (claro!), deixa seu desafeto algemado em algum lugar e então avisa seus agentes para prendê-los.

Aí aparecem umas cenas hilárias com os tais agentes ocidentais (Andy Chworowsky e Clifford Allan) encontrando os bandidos, e Harrison alegando que ninjas são "contos de fadas" para manter sua identidade secreta em sigilo, num joguinho meio Clark Kent/Superman. Eu nunca entendi porque o herói não assume de uma vez que é um mestre ninja (estilo "American Ninja") e prende os bandidos ele mesmo ao invés de ficar se bobeando. Em todo caso, as cenas entre os agentes rendem momentos divertidos, como quando Andy Chworowsky diz a Harrison: "Acabamos de prender mais um conto de fadas".


NINJA - O PROTETOR logo se encaminha para um grande duelo entre Harrison e Bruce, o ninja vermelho. Mas e quanto à trama secundária do "agente infiltrado na agência de modelos e seu irmão problemático sendo injustamente acusados de assassinato pelo bandidão corneado"? Bem, essa subtrama nunca termina na realidade, já que ela faz parte de um outro filme e já não interessa mais à trama principal de ninjas filmada por Ho!

Isso pode ser particularmente frustrante para quem não conhece o esquema de produção em série de Ho e Lai e fica esperando um desfecho decente para a aventura, quem sabe com Harrison e o personagem de Wa Lun finalmente se encontrando no mesmo take para enfrentar o grande vilão. Pois saiba desde já que isso nunca vai acontecer, simplesmente porque se tratam de filmes diferentes gravados em tempos diferentes com elencos diferentes, então perto do final convém esquecer todas as cenas com Warren, David, a agência de modelos e etc.


E é o duelo final entre Harrison e Bruce a grande cena de NINJA - O PROTETOR (o que, claro, não quer dizer absolutamente nada considerando o nível de ruindade da película). Godfrey Ho é um especialista em cenas sem-noção, e eu não duvidaria se alguém me dissesse que ele fez todos esses filmes para a IFD Films & Arts sob efeito de drogas. Pois eis que a conclusão envolve o confronto entre herói e vilão... sobre motos!!!

E não qualquer moto, mas duas Kawasaki Ninjas (!!!), o que torna a cena ainda mais hilária porque se percebe que nem mesmo o diretor está levando aquilo a sério. Herói e vilão aceleram um contra o outro e batem suas espadas quando estão bem próximos, até finalmente desistirem das motos para lutar no mano a mano. E, sinceramente, dá vontade de rir só por ver dois manés vestidos com roupas ninjas estilo militar e vermelha lutando em plena luz do dia, quando o objetivo dos trajes ninjas originais, aqueles de cor preta, era justamente o de camuflar-se na escuridão da noite!


Dos filmes de ninjas da dupla Ho/Lai que já vi, considero NINJA - O PROTETOR um dos mais fracos. Como a obra que eles usaram na montagem não tem ação suficiente, o espectador acaba sendo enrolado com cenas de sexo softcore, o dramalhão envolvendo a tentativa de suicídio da namorada de Warren quando ela descobre que foi traída, a desinteressante reviravolta envolvendo o irmão encrenqueiro, e por aí vai.

Mesmo que Ho intercale isso tudo com várias (e rápidas) lutas entre ninjas, o custo-benefício não compensa porque a trama secundária é muito chata e deslocada. Diferente, por exemplo, da trama policial cheia de ação de "Ninja Thunderbolt", que se encaixa melhor na proposta. Ho e Lai fariam montagens bem piores, mas esta com certeza está entre as mais fraquinhas. Logo, a qualidade do filme "roubado" faz toda diferença na montagem!


De qualquer jeito, ainda é possível achar momentos involuntariamente engraçados na dublagem criminosa que os realizadores tiveram que fazer nas cenas do outro filme para dar sentido à trama. Numa delas, Bruce (David Bowles, nas cenas filmadas por Ho) "conversa" com a dona da agência de modelos (nas cenas do filme antigo) por telefone. O vilão conta que "Tigre", um dos ninjas do grupo, foi morto, e a interlocutora aparece rindo nas cenas do outro filme, como se estivesse falando de um assunto qualquer do dia-a-dia.

Outro diálogo dublado hilário acontece quando a mesma dona da agência encontra Albert no corredor. Nas cenas originais do filme taiwanês, os personagens deviam estar conversando sobre amenidades, mas, na redublagem imposta por Ho e cia., a garota fala, toda sorridente: "Ah, Bruce mandou avisar que Tiger morreu, está bem? Falamos depois, tchau". Assim mesmo, como quem está dando um recado banal, tipo "Bruce mandou dizer que não vem para o jantar"!!! Aliás, quem diabos concluiu que "Bruce" era um nome decente para um grande mestre ninja???


Há diversas informações conflitantes sobre a obra. Os créditos iniciais indicam a presença de Jackie Chan no elenco, mas não vi ninguém sequer parecido com ele no filme, nem mesmo fazendo figuração. É possível que seja mais uma pegadinha de Ho, pois ele também havia colocado "Jackie Chan" nos créditos iniciais de "Ninja Thunderbolt", ou talvez seja outro Jackie Chan, pois acredito que seja um nome artístico bastante comum na Ásia (tipo as imitações de Bruce Lee, como Bruce Le e Bruce Li).

Mas algumas distribuidoras, principalmente norte-americanas, foram na onda e tascaram o nome de Jackie Chan bem grandão na capa, como fosse um filme estrelado por ele! Outras usaram até fotos e imagens do astro na arte de seus DVDs, tornando a propaganda ainda mais enganosa!


Outra coisa esquisita é em relação à duração do filme. A versão que eu vi pela primeira vez, lançada em DVD no país pela Líder FIlmes (mais um nome-fantasia da famigerada Works), dura exatos 68 minutos e quase não chega a ser um longa-metragem. Mas a versão "oficial" do filme tem 84 minutos de duração. Quem cortou 16 minutos? Boa pergunta, mas essa versão curta de 1h18min também está no YouTube.

Claro que se o filme já é arrastado demais nessa versão reduzida lançada aqui, com quase 90 minutos é praticamente insuportável! Mas eu gosto sempre de ver as produções na íntegra e fui atrás da mais longa para saber o que foi cortado. Bem, nesses 16 minutos adicionais temos um pouco mais intriga naquela trama das cenas de arquivo, outra cena de sexo (abaixo), uma nova reunião do clã de ninjas malvados e mais uma pancadaria entre Richard Harrison e algum vilão aleatório! Nada que mude a ruindade do filme, mas ainda assim são 16 minutos de coisas acontecendo!


Por sinal, esse DVD nacional é de chorar: além de trazer a versão curta e com imagem pior que VHS-Rip, o pessoal da distribuidora nem devem ter assistido ao filme, pois o resumo no verso da capinha fala que os ninjas malvados possuem "um vírus mortal com o qual pretendem chantagear o mundo" (???), quando na verdade são apenas falsificadores de dólares. Também diz que o agente infiltrado na agência de modelos é um ninja (não, não é), que "usa suas capacidades para proteger as indefesas garotas" (não, não usa).

O golpe de misericórdia é a frase final do resumo do DVD da Works: "Dirigido pelo especialista (???) Godfrey Ho, um dos grandes nomes (???) das produções asiáticas". Picaretagem lá e cá, como vocês podem perceber. (Destaque também para a magistral tradução das legendas: quando Warren diz, em inglês, que não quer fazer teste do sofá, a legenda traduz como: "Não quero ficar me encostando no sofá"!!!)


É claro que NINJA - O PROTETOR é aquele tipo de filme que não pode e nem deve ser visto por espectadores comuns, aqueles que salivam de emoção vendo "Avatar" ou "Transformers". Como toda a obra de Godfrey Ho, essa bomba aqui também é para públicos bem específicos, que conheçam a proposta e - principalmente - se divirtam com tamanha ruindade.

De minha parte, eu defendo que professores de cinema com a cabeça aberta exibam produções de Ho para a garotada, principalmente em aulas sobre montagem cinematográfica. Porque vendo as saborosas picaretagens que esse diretor safado fazia com cenas de arquivo, dá a maior vontade de fazer o seu próprio "Filme Frankenstein".

Inclusive eu mesmo já exercitei minha "veia Godfrey Ho" com o curtinha de brincadeira "Michael Myers Vs. Chuck Norris", que fiz costurando cenas de outros filmes e que você pode ver clicando aqui!


Trailer de NINJA - O PROTETOR



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Ninja The Protector (1986, Hong-Kong / Taiwan)
Direção: Godfrey Ho (e alguém não-creditado)
Elenco: Richard Harrison, David Bowles, Clifford Allen,
Andy Chworowsky, Phillip Ko, Wa Lun, Lee Miu-Chan
e mais um monte de desconhecidos.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

NINJA THUNDERBOLT (1985)


Como é que um blog pode se chamar FILMES PARA DOIDOS se nenhuma das suas 284 postagens fala sobre Godfrey Ho? Mea culpa. Portanto, a postagem de hoje pretende corrigir esta injustiça e finalmente analisar uma obra de Ho, este célebre mestre oriental da picaretagem que alguns pesquisadores chamam de "Ed Wood de Hong-Kong", e cujo conjunto da obra já seria motivo suficiente para que ele fosse eleito santo padroeiro do blog, e não apenas um simples homenageado.

O IMDB informa que Godfrey Ho dirigiu 121 filmes. Mas não se engane: é bem provável que ele tenha feito o dobro disso, já que muitos dos seus trabalhos mais antigos simplesmente desapareceram, ou então foram assinados com pseudônimos e ninguém consegue provar a "autoria" de Ho. Ainda segundo o IMDB, o diretor usou nada menos de 50 nomes falsos ao longo de sua carreira, assinando tralhas como Bruce Lambert, Kurt Spielberg, Raymond Woo e até o muito apropriado "Ed Woo" (!!!), entre outros.


Uma rápida biografia: depois de ter estudado cinema em Hong-Kong e no Canadá, Ho foi assistente do respeitado cineasta Cheh Chang em diversas das suas obras, incluindo a co-produção Ocidente (Hammer) e Oriente (Shaw Brothers) "The Legend of the 7 Golden Vampires", que foi co-dirigida por Chang.

A partir do final dos anos 70, ele uniu-se aos produtores Tomas Tang e Joseph Lai para dirigir uma cacetada de filmes de artes marciais na Coréia do Sul (onde os custos eram menores).


O ponto de virada na carreira do "Ed Wood oriental" foi na década de 80. Tudo graças a uma aventura produzida pela Cannon Films, "Ninja, A Máquina Assassina", com o italiano Franco Nero no papel de um ninja ocidental. O filme era ruim de doer, mas estava faturando bem até nos cinemas orientais!

O produtor Joseph Lai, velho amigo de Ho, tinha fundado sua própria empresa (IFD Films & Arts), ficou admirado com o sucesso do filme com o ninja italiano e sugeriu a Godfrey que aproveitassem a febre rodando várias aventuras barateiras a preço de banana, e igualmente estreladas por um ninja ocidental. Até segunda ordem (ou seja, até que a filmografia de Godfrey Ho seja devidamente investigada e atualizada), o filme que abriu a bem-sucedida "série ninja" de Ho e Lai foi NINJA THUNDERBOLT, atual objeto de nossa análise.


Para o papel que foi de Franco Nero em "Ninja, A Máquina Assassina", a dupla decidiu chamar outro ator que, apesar de ter nascido nos Estados Unidos, fazia muito mais sucesso em westerns e policiais italianos: Richard Harrison. O motivo da escolha do ator não foi pelos dotes interpretativos (bastante limitados) e muito menos por ele saber lutar ou mover-se como um ninja (não sabia nenhum dos dois), mas apenas porque Harrison era fisicamente parecido com Franco Nero!!!

Harrison e Ho haviam se conhecido anos antes no set de "Marco Polo" (1975), um épico dirigido por Cheh Chang (de quem Godfrey era assistente, lembra?). Consta que o ator ficou impressionado com a animação daquele jovem que sonhava em ser cineasta, e por isso não pensou duas vezes em participar do seu filme de ninja por um cachê bem menor que o usual. Harrison não fazia ideia de como iria se arrepender por isso depois...


Ho e Lai agora tinham um "astro" parecido com Franco Nero e a ideia de uma aventura com ninjas. Só faltava um, digamos, pequeno detalhe: Joseph Lai não tinha dinheiro para produzir UM FILME INTEIRO. Resolveram, então, usar uma estratégia que já era comum nas suas velhas produções de artes marciais: comprar os negativos de filmes incompletos, ou de filmes antigos que não fizeram muito sucesso por lá, e reeditar essas obras, inserindo na narrativa as novas cenas com ninjas filmadas por Godfrey Ho!

E não importava se o filme em questão era um drama, um horror, uma comédia ou um policial: eles sempre davam um jeito de encaixar cenas com ninjas, geralmente no começo e no final, só para justificar os novos títulos estapafúrdios com que rebatizavam as produções - coisas como "Ninja Terminator", "Diamond Ninja Force", "Golden Ninja Warrior" e este NINJA THUNDERBOLT.


A essa altura, o leitor do FILMES PARA DOIDOS deve estar se perguntando como é que os sujeitos faziam tamanha picaretagem sem sofrer nenhum processo judicial. A resposta é simples: antes de tudo, vamos lembrar que os tempos eram outros e esse tipo de "liberdade poética" era bem comum.

Tomemos como exemplo o lendário produtor norte-americano Roger Corman. Nos anos 60, ele adquiriu os direitos de um filme russo de ficção científica chamado "Planeta Bur" (1962), de Pavel Klushantsev. Como não pegava bem lançar um filme russo nos cinemas americanos em plena Guerra Fria, Corman simplesmente dublou os atores em inglês, batizou-os com pseudônimos norte-americanos e chamou dois jovens diretores para filmar cenas adicionais. Assim, a partir de um único filme ("Planeta Bur") ele lançou dois, "O Planeta Pré-Histórico" (1965) e "Viagem ao Planeta das Mulheres Selvagens" (1968). Como curiosidade, os "jovens diretores" que filmaram cenas adicionais para ambos foram, respectivamente, Curtis Harrington e Peter Bogdanovich, que passariam a ser cineastas respeitados anos depois!


Além disso, é preciso lembrar que tanto essa malandragem de Corman quanto as picaretagens de Ho (e outros tantos caras-de-pau) eram feitas a partir de pequenas produções praticamente desconhecidas mesmo no seu país de origem, então imagine no mercado ocidental.

E as aventuras com ninjas da IFD Films & Arts eram feitas exclusivamente para os cinemas e videolocadoras dos Estados Unidos, e não para exibição no Oriente, onde algum espertinho poderia reconhecer o filme "remontado" pela dupla.


Claro que ninguém podia imaginar que, no futuro, existiria internet, DVD e gente com muito tempo nas mãos para ficar pesquisando essas coisas. Se antes os filmes de ninja de Ho eram assistidos apenas por frequentadores de cinemas baratos, que não costumavam perceber a diferença entre uma aventura oriental e outra, hoje existem fãs que pesquisam as obras e as assistem várias vezes para perceber os enxertos e montagens - como este que vos escreve!

NINJA THUNDERBOLT, a aventura que teve a "honra" de abrir o pacote ninja da IFD Films & Arts, foi montado a partir de uma pequena co-produção Hong Kong/Taiwan/Japão chamada "Zhi Zun Shen Tou", também conhecida como "The Ninja and the Thief" e "To Catch a Thief", e dirigida por Tommy Lee Gam Ming em 1984.


Embora Ho tenha produzido muitos filmes a partir de obras inacabadas, "The Ninja and the Thief" estava pronto e tinha começo, meio e fim. Contava a história de Shima (Yasuaki Kurata), um mestre ninja contratado para roubar uma valiosa estátua de jade com forma de cavalo. Um detetive da polícia (Don Wong) e uma investigadora da agência de seguros (Yin Su-li) unem-se para descobrir o paradeiro da relíquia e descobrem que o roubo foi planejado pelo seu próprio dono da estátua, que estava tentando embolsar a grana do seguro.

"The Ninja and the Thief" era uma aventura barata, mas bem divertida e repleta de cenas de ação malucas, incluindo a formidável perseguição do herói por ninjas brandindo espadas e equilibrando-se sobre... patins?!? Sim, patins. Pare tudo que estiver fazendo agora e assista esse momento mágico da sétima arte (um dia você ainda vai me agradecer por isso):

Rollerskating Ninjas!!!


E, caso você não tenha ligado o nome à pessoa, o protagonista Don Wong é o mesmo que, dez anos antes, teve a honra incomensurável de dar um cacete em ninguém menos que CHUCK NORRIS quando eles interpretaram herói e vilão, respectivamente, em "Massacre em São Francisco"!!!

(Sempre lembrando que Don Wong e um tal de Bruce Lee foram os únicos heróis cinematográficos a dar um cacete no mito Chuck Norris, o que desde já coloca o menos célebre Wong no mesmo patamar de lenda do falecido Lee.)


Tudo muito bom, tudo muito bem, mas Godfrey Ho ainda precisava transformar "The Ninja and the Thief" num veículo para o ninja ocidental interpretado por Richard Harrison. E a maneira encontrada por ele foi hilária, e bem típica de Ed Wood: simplesmente filmou uns 10 minutos de cenas adicionais em que Richard Harrison interpreta um sujeito chamado... hã... "Richard". No caso, Richard Lohman, um super-mestre ninja que também é o "superintendente da Divisão de Crimes Graves" da polícia.

É claro que Joseph Lai não ia gastar dinheiro contratando Don Wong ou algum dos outros atores de "The Ninja and the Thief" para filmar cenas adicionais com Harrison. Portanto, o galã só "interage" com os outros atores graças ao milagre da montagem. Por exemplo, nós nunca vemos Don Wong e Richard Harrison dividindo o mesmo quadro, apenas um frame de um "falando" com o outro, e então o frame do outro "respondendo" ao primeiro. Dê uma olhada nas imagens abaixo para entender melhor como funciona:

Cena original de "The Ninja and the Thief"



Cena remontada de NINJA THUNDERBOLT


Simples, não? É picaretagem? Sim, e da grossa. Por outro lado, esse tipo de montagem exige um sujeito bastante criativo (e cara-de-pau, claro), para fazer com que as cenas adicionais casem com o material pré-gravado e já finalizado. E a redublagem dos diálogos também precisa fazer sentido, óbvio.

O interessante é que NINJA THUNDERBOLT traz um dos melhores trabalhos de edição da dupla Ho/Lai (a montagem foi assinada por Wong Ming-Lam). O espectador desavisado nem percebe à primeira vista que, na verdade, está assistindo a dois filmes diferentes cujos atores nunca interagem no mesmo quadro, algo que outras produções posteriores de Ho e Lai já deixam bem mais evidente.


Se "The Ninja and the Thief" já iniciava com Shima realizando o roubo, em NINJA THUNDERBOLT temos uma nova introdução filmada por Ho, uma cerimônia do "Império Ninja" (não tente entender) em que é repassada a filosofia e o rígido código de honra dos guerreiros mascarados.

Richard Harrison está ali no meio, em traje de ninja e com rímel debaixo do olho para deixá-lo "puxadinho" (assim as pessoas não vão estranhar quando mais tarde ele for substituído por um dublê oriental que SABE LUTAR, mas tem olho puxado natural, nas cenas de ação). Na mesma cerimônia está o personagem de Yasuaki Kurata em "The Ninja and the Thief". Como? Ora, Ho simplesmente pegou uns takes dele em primeiro plano no outro filme e inseriu na montagem como se ele estivesse participando da reunião!


Segue-se a trama usual de "The Ninja and the Thief", com participações pontuais de Harrison aqui e ali, só para justificar seu nome enorme no pôster do filme e o fato de os créditos iniciais trazerem um "Estrelando Richard Harrison". Os nomes dos personagens também foram mudados: o herói Wang Lee virou apenas Wong, e o vilão, que se chamava Chen, foi rebatizado "Jackal Chan"!!!

Descontando o momento em que, como superior de Don Wong, ele encarrega o herói de investigar o roubo da estátua, e alguns telefonemas dele para Wong, Harrison nunca participa diretamente da trama de "The Ninja and the Thief", mas volta na conclusão enfrentando um outro ninja, uma mulher, que não tem nada a ver com o resto da história!


Ainda entre as cenas adicionais filmadas por Ho e enxertadas em "The Ninja and the Thief", existe um momento completamente aleatório em que um dos amigos de Harrison (com o qual ele tinha enchido a cara momentos antes) é morto pela ninja-mulher com, acredite se quiser, uma fita cassete arremessada no seu peito como se fosse shuriken!!!

A fita contém uma gravação, uma mensagem para Harrison que tenta dar algum sentido à trama, dizendo que ele traiu o "Império Ninja" (por estar caçando Shima, um dos seus "irmãos") e por isso irá morrer. Bravo!


NINJA THUNDERBOLT até pode ter certo interesse para quem gosta do cinema de ação oriental, principalmente pelas cenas originais de "The Ninja and the Thief", que incluem diversas lutas entre Don Wong e uma cacetada de figurantes (e uma luta final muito boa entre Wong, Yin Su-li e o vilão Kurata). As cenas com ninjas filmadas por Ho e incluídas na montagem não são tãooooo marcantes assim, mas, vá lá, quebram o galho.

Na verdade, o filme será muito mais apreciado por admiradores de cinema ruim e de trash movies, e não só pela montagem picareta de Ho e pelas cenas sem sentido com Richard Harrison, mas também porque "The Ninja and the Thief", originalmente, já era um trashão daqueles!


Além da hilária cena com os ninjas de patins perseguindo o herói, que virou hit no YouTube, "The Ninja and the Thief" provoca algumas boas gargalhadas graças à pobreza mais do que visível da produção. A "casa" do herói Wong, por exemplo, é um quarto de motel, e dos mais vagabundos, já que a porta da frente dá diretamente para o banheiro e para o quarto, e ninguém fez muita questão de esconder o painel cheio de botões (para ligar o som, para ligar o ar condicionado) na cabeceira da cama!

Também há umas cenas completamente sem-noção QUE JÁ ESTAVAM LÁ antes de Ho meter a mão no filme. Minha preferida é aquela em que o herói assusta sua esposa usando uma máscara de monstro; posteriormente, quando um vilão igualmente mascarado invade a "casa", a moça acredita ser seu marido zoando e se dá mal - num hilário reaproveitamento da velha fábula do menino que gritava "Lobo! Lobo!".


Tommy Lee Gam Ming, o diretor original dessa bagaça, também não era o mais inteligente dos cineastas. Pois eis que o sujeito filma uma perseguição de carros em que heróis e vilões dirigem carros brancos praticamente iguais (!!!), e você nunca sabe quem é quem no meio do corre-corre! Aliás, "corre-corre" em partes, porque todas as cenas de perseguição são filmadas em velocidade normal e depois "aceleradas" na montagem, o que fica absurdamente falso.

E o que dizer do momento em que a mocinha da companhia de seguros está numa cabine telefônica que é atravessada por um carro em alta velocidade dirigido pelos caras maus? Quando você pensa que a garota morreu, eis que na cena seguinte ela aparece pendurada no capô do veículo em alta velocidade, ainda segurando o telefone na mão e sem um único arranhão (tá, para não ser injusto, uma das meias-calças dela está furada, assim não fica tão absurdo).


Se Godfrey Ho era o "Ed Wood de Hong-Kong", então Tommy Lee era o Bruno Mattei de lá, pois seu filme original está repleto de bobagens e erros de continuidade. Embora Shima roube a estátua de jade à noite, por exemplo, no momento em que ele sai do prédio já é dia com sol a pino (e não, ele não levou mais de 10 minutos para abrir o cofre).

O diretor também parece meio na dúvida entre o tipo de filme que quer fazer, pois há uma quantidade considerável de nudez (feminina e também masculina, com direito a pinto mole balançando), e umas loooooongas cenas de sexo simulado completamente deslocadas da narrativa (incluindo uma ameaça de 69!), como se alguém tivesse gravado putaria da extinta Sexta Sexy numa fita onde já havia um filme de ninja gravado três dias antes na Sessão Kickboxer.

(Que fique registrado: o original "The Ninja and the Thief" tinha ainda mais cenas de sacanagem, que foram cortadas para acomodar as novas cenas de ninjas com Richard Harrison. Tanto a obra de Tommy Lee quanto a remontagem de Godfrey Ho duram 88 minutos.)


O interessante é que Godfrey Ho manteve esse estilo sem-noção, e os cerca de 10 minutos adicionais que filmou para fazer NINJA THUNDERBOLT estão imbuídos do mesmo espírito "Que se foda!" do original "The Ninja and the Thief". Há, por exemplo, uma cena em que Harrison prende um traficante num parque, e que não tem nada a ver com a trama principal - lembre-se, ele não podia participar diretamente da outra trama porque ela faz parte de um filme já pronto, mas precisava aparecer fazendo alguma coisa!

Pois eis que o traficante guarda uns 15 baseados dentro da boca (!!!), de onde só os retira quando aparece algum comprador. É um negócio tão inacreditável que só vendo para acreditar, além de um verdadeiro desrespeito ao consumidor: não é porque seu negócio é ilegal que você deve agir com tamanha falta de higiene, vendendo baseados molhados e babados!


Continuando nessa linha "tão ruim que fica bom", o mestre ninja Harrison tem uma espécie de armário mágico em sua casa, pois toda vez que abre a porta do dito-cujo uma luz branca super-forte sai de lá de dentro. A luz parece emanar da espada ninja mágica usada pelo personagem.

Por sinal, os ninjas de Godfrey Ho fazem aquele estilo "magos cheios de truques", pois além da super-habilidade na espada, eles também vestem seus trajes ninjas magicamente em um segundo, bastando para isso jogar uma bomba de fumaça no chão!


NINJA THUNDERBOLT pode não convencer muito como filme de ação, mas é hilário como comédia involuntária, e ainda melhor para você assistir agora, depois de ler essa resenha, pois irá prestar mais atenção nas cenas adicionais enxertadas e em como o "mestre ninja Richard Harrison" jamais interage com os personagens da trama principal.

Curioso é que a cópia lançada em DVD no Brasil, pela Califórnia Filmes, faz jus à ruindade da obra e torna tudo ainda mais trash: além da qualidade ruim da imagem (obviamente ripada de VHS) e da capinha com uma imagem feia super-ampliada até ficar quadriculada, a Califórnia lançou uma versão DUBLADA EM ITALIANO! E poucas coisas são mais esquisitas do que ver ninjas falando italiano num filme produzido em Hong-Kong e com legendas em português - parece até aquela música dos Titãs!


Quando NINJA THUNDERBOLT começou a dar certo retorno financeiro nos cinemas ocidentais, o produtor Joseph Lai percebeu que seu insólito "jeitinho" de fazer filmes podia render ainda mais. Sempre com Godfrey Ho na direção (embora Lai assumisse o cargo às vezes para desafogar o parceiro), a IFD Films & Arts lançou mais umas 20 aventuras com ninjas produzidas a partir de material de terceiros, muitas delas com Richard Harrison repetindo seu papel de mestre ninja ocidental.

Aí veio a malandragem-mor, sobre a qual pretendo me aprofundar em futuras postagens: Lai contratou Harrison para fazer apenas três filmes (já contando NINJA THUNDERBOLT), mas pediu que Ho gravasse o maior número possível de cenas aleatórias com o ator vestido de ninja e interagindo com personagens inexistentes.

Dessa maneira, os "três filmes" acabaram se transformando em nada mais nada menos que 25 FILMES, e sempre reaproveitando as mesmas "cenas aleatórias" com Harrison! Isso levou o ator norte-americano a abandonar o cinema, desiludido por ter seu nome associado a tamanha quantidade de podreiras (embora volta-e-meia ele reapareça em pequenas participações).


Já Godfrey Ho, quem diria, aposentou-se do ramo para virar professor de cinema (!!!) na Hong Kong Film Academy! Exato: o "Ed Wood de Hong-Kong" hoje ensina seus segredos e divide suas habilidades com a nova geração do cinema oriental. Talvez em breve tenhamos uma nova febre de filmes de ninja direto para locação.

E, se bobear, com aquelas mesmas velhas cenas filmadas com Richard Harrison...

PS: Os créditos iniciais informam que Jackie Chan foi coadjuvante no filme. Não vi ninguém sequer parecido com o astro mesmo entre os figurantes, mas a Califórnia Filmes comprou a ideia e tascou o nome "Jackie Chan" em letras garrafais na capinha do DVD nacional. O máximo que NINJA THUNDERBOLT traz é o personagem chamado "Jackal Chan", então deve ser mais uma picaretagem da dupla Ho/Lai, já que outras obras deles, como "Ninja - O Protetor", também anunciam enganosamente a presença de Jackie Chan.

Trailer de NINJA THUNDERBOLT



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Ninja Thunderbolt (1985, Hong-Kong / Taiwan)
Direção: Godfrey Ho (e Tommy Lee Gam Ming)
Elenco: Richard Harrison, Don Wong, Yasuaki Kurata,
Yin Su-li, Cheng Fu-Hung, Lee Fat-Yuen, Wong Chi-Wai
e mais um monte de desconhecidos.