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sexta-feira, 18 de abril de 2014

A MALDIÇÃO DA VAMPIRA (1973)


A morte da atriz espanhola Soledad Miranda aos 27 anos de idade, num acidente de carro em 18 de agosto de 1970, foi um duro golpe no diretor Jess Franco, que perdeu sua grande musa de maneira repentina. Para tentar esquecer a tragédia, ele atirou-se num ritmo insano de trabalho.

Foi quando um colaborador habitual, o ator e fotógrafo Raymond Hardy (nome de batismo: Ramón Ardid), apresentou-lhe sua esposa, uma jovem atriz de teatro de Barcelona chamada Rosa María Almirall Martínez. Franco bateu o olho na moça e viu nela a beleza e a espontaneidade da finada Soledad. Nascia uma nova musa: Lina Romay, que logo também se tornaria companheira de Franco pelos próximos 40 anos (o pseudônimo foi inspirado na nova-iorquina Lina Romay, que era a principal voz feminina da banda do "Rei do Mambo" Xavier Cugat nos anos 1940, e também apareceu em alguns filmes).


A Lina Romay espanhola não apenas era bonita e espontânea, mas também uma exibicionista confessa, que, ao contrário de Soledad, não tinha problemas em aparecer nua o filme inteiro, ou mesmo filmar cenas de sexo explícito. Seu primeiro trabalho com Franco foi uma pequena participação em "La Maldición de Frankenstein" (1972), mas suas cenas aparecem apenas na edição espanhola do longa.

Após mais alguns pequenos papéis em outros filmes, Jess resolveu assumir a moça como "reencarnação de Soledad Miranda" e apresentá-la ao mundo como protagonista de "La Comtesse Noire", obra lançada em DVD no resto do mundo como "Female Vampire" e no Brasil como A MALDIÇÃO DA VAMPIRA.


Rosa Maria/Lina Romay tinha 18 para 19 anos ao encarar o papel principal da Condessa Irina von Karlstein, uma vampira com séculos de existência que não se alimenta de sangue, como os vampiros tradicionais, mas da "energia vital" dos seres humanos - sugada não a partir do pescoço das vítimas, mas a partir de... seus genitais?

Tirando esse "pequeno detalhe", A MALDIÇÃO DA VAMPIRA é uma verdadeira coleção de elementos já vistos em outros filmes de Jess, pegando emprestadas muitas ideias de "Vampyros Lesbos" - tipo a vampira safadinha sem caninos pontiagudos, que tem reflexo no espelho e não é afetada pela luz solar, e portanto pode até tomar banho de sol à beira da piscina -, mas também de "Necronomicon" (a representação de práticas sadomasoquistas) e de "O Terrível Dr. Orloff" (há um personagem batizado com o sobrenome do famoso personagem, e ele ironicamente é cego, assim como Morpho, o criado do Dr. Orloff no filme de 1961!).


Em A MALDIÇÃO DA VAMPIRA, a silenciosa Condessa Irina (ela é muda) retorna à terra-natal dos seus antepassados - a Ilha de Madeira, em Portugal -, acompanhada de um igualmente silencioso criado que obedece cegamente às suas ordens (Luis Barboo). A vampira mantém sua juventude eterna sugando a energia vital de homens e mulheres, e a polícia fica sem pistas quando os cadáveres "drenados" começam a se multiplicar na região.

O médico-legista Dr. Roberts (interpretado pelo próprio Jess Franco!) desconfia que há um vampiro à solta, mas é óbvio que os investigadores não acreditam na sua "teoria". Assim, ele consulta um colega cego e especialista em parapsicologia, o Dr. Orloff (Jean-Pierre Bouyxou), que confirma a hipótese, e os dois homens juntam forças para tentar deter a ameaça.

Ao mesmo tempo, o poeta bon-vivant Barão Von Rathony (Jack Taylor, de "Necronomicon") se apaixona por Irina, e vice-versa. Poderá este amor vencer a maldição da eternidade da vampira, ou o pobre escritor está destinado a ser sua próxima vítima?


Descrevendo assim, A MALDIÇÃO DA VAMPIRA parece até contar uma história linear e redondinha; mas acredite, foi muito difícil escrever esses três parágrafos sobre o filme, já que basicamente NADA acontece ao longo dos 101 minutos de projeção além de Lina Romay em atividade sexual, sozinha ou acompanhada, E NUA DURANTE 99% DO TEMPO!!!

Longe de mim querer reclamar da quantidade de mulher pelada em um filme, mas Franco exagerou na dose aqui: quando não aparece transando com algum homem ou mulher, Lina é mostrada completamente nua na cama, se masturbando, rolando de um lado para o outro como quem está no cio, ou chupando o dedo lascivamente. Não demora para a nudez da atriz ficar repetitiva, bem como os seus inúmeros encontros sexuais, e então a "história" trava.


Alguns fãs e pesquisadores da obra de Jess consideram este um dos seus títulos fundamentais, mas eu confesso que não achei grande coisa. Do jeito que está, A MALDIÇÃO DA VAMPIRA é menos um filme e mais um veículo para o exibicionismo da nova musa do diretor, que, com a câmera, percorre cada palmo do belo corpo da moça (com direito a inúmeros super-zooms da sua vagina!).

A primeira cena do filme já dá o tom do que se verá em seguida: uma Lina Romay completamente pelada (veste apenas capa preta, cinto de couro e botas de cano longo) "sai" da neblina e caminha lentamente em direção da câmera, enquanto o diretor dá zooms no seu rosto, peitos e pêlos púbicos. Ela continua caminhando até literalmente bater com o rosto na lente da câmera, e Franco devia estar tão fascinado com a beleza de Lina que nem se preocupou em cortar isso!


O restante de A MALDIÇÃO DA VAMPIRA não passa muito de a-) Lina pelada (a não ser pela capa, cinto e botas) atacando suas vítimas e "sugando-as" pela genitália, b-) diversas cenas de sexo softcore no limite do pornográfico, e com bastante insinuação de sexo oral, ou c-) Lina rolando pelada em sua cama e sensualizando para a câmera do diretor.

Para piorar, o fato de a Condessa Irina ser muda limita bastante a quantidade de diálogos entre os personagens. Chega a ser cômica a cena em que uma jornalista, Ana (a esquisita Anna Watican), tenta "entrevistar" a vampira (exato: Jess Franco filmando "Entrevista com um Vampiro" 20 anos antes do filme, e curiosamente o livro de Anne Rice foi publicado no mesmo ano de 1973!). Irina responde as perguntas apenas fazendo "sim" ou "não" com a cabeça, e eu fico imaginando como é que a jornalista iria publicar esta "entrevista"...


É curioso perceber como Jess mais uma vez mostra-se à frente do seu tempo, antecipando personagens e situações que veríamos bem depois. A Condessa Irina lembra tanto a vampira muda e peladona interpretada por Mathilda May em "Força Sinistra" (1985), de Tobe Hooper, que também suga a força vital de suas vítimas (mas através de efeitos especiais, e não de sexo oral), quanto Mara Tara, a personagem criada por Angeli para sua saudosa revista Chiclete com Banana, que também mata suas vítimas através de boquetes mortíferos!


Infelizmente, esta ideia interessante do roteiro (o "roubo" da energia vital durante o sexo) é mostrada em excesso até tornar-se repetitiva, enquanto um conflito que poderia ser bem melhor aprofundado (a paixão da vampira pelo poeta "mortal") é sub-aproveitado, e isso numa época em que os "vampiros apaixonadinhos" ainda não estavam na moda. Os caçadores de vampiros interpretados por Franco e Jean-Pierre Bouyxoy também acabam sendo desperdiçados.

Isso porque a narrativa lembra muito a de um filme pornô, apenas pulando de uma (longa e demorada) cena de foda para outra, e comprometendo as ideias mais originais do roteiro. Personagens entram em cena, transam com a vampira, morrem e saem de cena, sem nenhuma contribuição para a trama. Lá pelas tantas, por exemplo, a condessa vampira acaba na mansão da "Princesa de Rochefort" (Monica Swinn), que é adepta do sadomasoquismo, e apenas a desculpa que Jess precisava para uma loooooonga sequência envolvendo submissão, sadismo, sexo e morte, que trava completamente o filme.


Embora eu não morra de amores por A MALDIÇÃO DA VAMPIRA, é impressionante como Franco consegue colocar algumas imagens fascinantes mesmo num trabalho mais fraco, como este. A cena inicial da vampira peladona caminhando numa floresta tomada pela neblina é muito bonita, assim como o literal "banho de sangue" da condessa, numa banheira repleta do líquido vermelho-escuro - ao som de uma trilha melancólica, e hipnotizante, composta pelo francês Daniel J. White (depois reutilizada no péssimo "Zombie Lake", de Jean Rollin).

Porém, na maior parte do tempo, o que se percebe é certo desleixo do diretor, com um excesso do uso de zoom (para baratear custos de produção e acelerar o ritmo das filmagens) e de cenas fora de foco.


Isso é compreensível pelo fato de A MALDIÇÃO DA VAMPIRA ser um daqueles projetos personalíssimos em que o espanhol hiperativo fez praticamente tudo: não apenas dirigiu e escreveu o roteiro (com o pseudônimo "J.P. Johnson", em homenagem ao famoso pianista de jazz James P. Johnson), mas também filmou, quase sempre com a câmera no ombro (usando outro pseudônimo, "Joan Vincent"), e editou, assumindo um terceiro nome falso ("P. Querut") para a equipe técnica parecer maior do que realmente era!

Segundo a atriz Monica Swinn, aqui em seu primeiro trabalho com Jess (ela era namorada do ator e crítico Bouyxou à época, e foi convidada para aparecer como a princesa adepta de S&M), a equipe de A MALDIÇÃO DA VAMPIRA era praticamente inexistente: "Não havia 'equipe', era apenas Jess, Ramón, o ex-marido de Lina, que era uma espécie de faz-tudo, e [o assistente de direção] Rick de Connick".


Tem até uma lenda, espalhada por Lina Romay, de que Jess teria feito o filme com dinheiro do próprio bolso, depois que ganhou um prêmio considerável na loteria (!!!). Mais tarde, ele vendeu os direitos de distribuição para o parceiro de longa data Marius Lesoeur, da Eurociné, para conseguir bancar a pós-produção.

Não satisfeito em fazer praticamente tudo, Franco ainda rodou nada menos de TRÊS VERSÕES de A MALDIÇÃO DA VAMPIRA, tornando-o um daqueles autênticos pesadelos para pesquisadores da obra do diretor! No passado, ele até já havia feito algumas cenas diferentes (com roupa e sem roupa) para produções tipo "O Terrível Dr. Orloff"; mas esta é a primeira vez que Jess rodou versões diferentes de um mesmo filme (algo que se tornaria comum a partir daqui).


A versão mais conhecida (e também a que foi lançada em DVD no Brasil, e avaliada para esta resenha) é a "montagem softcore" da história, em que vemos Lina Romay sempre pelada e sugando a energia vital de suas vítimas por via genital. Esta versão tem cerca de 1h40min.

Mas também existe uma versão pornográfica chamada "Les Aveleuses" ("Aquelas que Engolem", em tradução literal), em que a própria Lina aparece "com a boca na butija", fazendo cenas de sexo oral explícitas para complementar aquelas que eram apenas insinuadas na outra montagem. Esta edição tem quase 8 minutos a mais, e traz dublês de pinto para atores como Jack Taylor, que não participaram das cenas de sexo explícito.

Por fim, a terceira e mais interessante versão chama-se "Erotikill" (capinha ao lado), ou "The Bare-Breasted Countess", dependendo da parte do mundo em que foi lançada. Este corte tem quase meia hora A MENOS e dâ ênfase no horror, usando takes alternativos em que a vampira aparece quase sempre vestida e atacando suas vítimas da forma "tradicional" - ou seja, mordendo o pescoço. Toda a ideia da força vital sendo sugada pelos órgãos sexuais foi excluída, e a quantidade de sexo e mulher pelada é mantida no mínimo necessário.


Se já parece complicado descrever as três versões de um mesmo fime, imagine o maluco do Jess Franco FILMANDO isso tudo ao mesmo tempo! Afinal, praticamente sem dinheiro e com uma equipe técnica reduzida, ele tinha que rodar três versões de uma mesma cena (veja alguns exemplos nas imagens abaixo).

Tomemos como exemplo o primeiro ataque da Condessa Irina, que é a um granjeiro da região. Franco filmou uma versão desta cena com Lina Romay "vestida" (a capa preta cobre sua nudez) seduzindo o rapaz e então mordendo seu pescoço, como um vampiro tradicional. Depois, o diretor repetiu o take com Lina pelada (fora, capa!) seduzindo o rapaz e praticando sexo oral apenas sugerido, por onde rouba sua "energia vital". Finalmente, Franco rodou alguns takes a mais com closes da atriz realmente chupando um pinto (que pode ser do ator ou de um dublê para as cenas explícitas), para a versão pornográfica. Ou seja: no tempo que um diretor "normal" provavelmente filmaria três takes da mesma cena, para ter opções de material para editar depois, Franco filmou três versões DIFERENTES da mesma cena para três cortes DIFERENTES do mesmo filme! Gênio ou louco?

Peitos cobertos e mordida no pescoço nos takes para "Erotikill"...

...e peitos de fora + sexo oral na versão "A Maldição da Vampira"


Vampira chupa o sangue da jornalista em cena de "Erotikill"...

...e chupa outra coisa na cena de "A Maldição da Vampira"!


Em "Erotikill", o ataque é no pescoço da Princesa de Rochefort...

...mas em "A Maldição da Vampira" é em outro lugar!


O Dr. Orloff examina marcas no pescoço em "Erotikill"...

...e uma área mais embaixo em "A Maldição da Vampira".


E quando eu digo que essa tática é um pesadelo para pesquisadores da obra do diretor, é porque cada uma das três versões diferentes de A MALDIÇÃO DA VAMPIRA tem cenas que as outras não têm - e depois as três ainda ganhariam "sub-versões" feitas para determinados mercados, dependendo da censura de cada país!

Por exemplo: enquanto na versão "terror" chamada "Erotikill" vemos a Condessa Irina mordendo o pescoço das vítimas (com direito a várias imagens da vampira com a boca ensanguentada que não estão nas outras duas versões), aquela longa cena envolvendo a prática de sadomasoquismo, com as atrizes Monica Swinn, Alice Arno ("La Comtesse Perverse") e Gilda Arancio, NÃO aparece em "Erotikill" - mas é mostrada, com mais ou menos sacanagem, nas montagens softcore e hardcore! Logo, para ver TUDO que Franco rodou para este filme, só mesmo catando as três versões! (Em futuras edições da MARATONA JESS FRANCO, prometo fazer uma resenha apenas de "Erotikill", que acaba sendo um filme completamente diferente de A MALDIÇÃO DA VAMPIRA.)


O grande problema é que o sem-noção do Jess Franco fez essa lambança toda sem avisar a maioria dos atores! Uma das primeiras a perceber que havia algo de muito estranho na maneira de ele filmar "takes alternativos" das cenas foi Monica Swinn.

"Eu costumava olhar para ele [Franco] e pensar: 'Mas quantos filmes eu estou fazendo afinal?'. Começava a lembrar das cenas que gravamos antes e pensava comigo mesmo: 'Não pode ser a mesma personagem!'. E era muito difícil saber o que estava acontecendo, mas às vezes ele ficava tão satisfeito com o que estava fazendo que confessava: 'Adivinhe? Estamos gravando três fimes ao mesmo tempo!'", lembrou Monica, numa entrevista ao livro "Obsession: The Films of Jess Franco".


Outros não ficaram tão animados ao saber que estavam fazendo três filmes diferentes pelo preço de um, ou por preço nenhum, como aconteceu com o pobre Jack Taylor: o ator norte-americano ficou furioso ao saber que existia uma versão X-Rated do filme ("Les Aveleuses"), em que a montagem insinuava que ele protagonizava uma cena de sexo explícito, graças à inserção do tradicional "dublê de pinto" nos takes filmados em close.

"Eu fiz esse filme na Ilha de Madeira, que nunca terminamos de filmar e nunca me pagaram um centavo. Alguns anos depois, um amigo me disse: 'Não sabia que você fazia pornô', e eu também não sabia! Foi então que eu descobri que Jess transformou o filme num pornô, que eu nunca fiz e pelo qual nunca fui pago. Trabalhar com Jess era divertido, mas também podia ser terrivelmente frustrante às vezes", observou Taylor, também em entrevista ao livro "Obsession".


De qualquer jeito, A MALDIÇÃO DA VAMPIRA marcou o início de uma relação não apenas profissional entre Franco e Lina - cuja paixão fica mais que evidente pela maneira como a câmera do diretor "namora" o corpo da atriz ao longo do filme.

A união de cineasta e musa acabou com o casamento de ambos: Jess estava casado com a francesa Nicole Guettard, com quem tinha uma filha, e o marido de Lina, Raymond/Ramón, até aparece no filme como um massagista bonitão que acaba se tornando vítima da vampira. Menos mal que marido e esposa abandonados levaram a "troca" na esportiva e continuaram trabalhando com Jess e Lina até os anos 1990. Os dois pombinhos ficaram juntos até o final: Lina morreu em 2012, Jess em 2013.


Mesmo que seja considerada uma obra superior do diretor por muitos dos seus fãs, eu já acho que A MALDIÇÃO DA VAMPIRA passa longe da sofisticação e daquele erotismo mais refinado de "Vampyros Lesbos", que foi realizado apenas três anos antes. Aqui, Jess abandona qualquer sutileza e escancara tudo (literalmente, no caso da montagem X-Rated), mas a quantidade gigantesca de sexo e nudez logo se torna redundante e enfadonha.

Inclusive o espectador pode avançar a maior parte do filme sem pena com o Fast Foward, pois há pouquíssimos diálogos, e quase nada se perde depois da primeira ou da segunda looooooonga cena de vampirismo sexual.

Isso aproxima A MALDIÇÃO DA VAMPIRA de um filme pornô (mesmo que você esteja vendo a versão softcore), daqueles que, por causa de duas ou três cenas legais, te obrigam a ver o negócio inteiro no FF até chegar nas partes boas.

Mas certamente será um deleite para os fãs de Lina Romay.


Trailer de A MALDIÇÃO DA VAMPIRA



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La Comtesse Noire / Female Vampire
(1973, França / Bélgica)

Direção: Jess Franco (aka J.P. Johnson)
Elenco: Lina Romay, Jack Taylor, Monica Swinn,
Alice Arno, Jess Franco, Luis Barboo, Gilda Arancio,
Jean-Pierre Bouyxou e Raymond Hardy.

terça-feira, 15 de abril de 2014

LA COMTESSE PERVERSE (1973)


"The Most Dangerous Game" (ou "The Hounds of Zaroff") é uma história curta de Richard Connell, publicada pela primeira vez em 1924. Conta as desventuras de um grande caçador de Nova York que, a caminho do Rio de Janeiro (onde pretendia caçar um jaguar), acaba numa isolada ilha do Caribe. Ali vive um misterioso aristocrata cossaco, o General Zaroff, que também adora caçar, só que um outro tipo de presa: seres humanos. Assim, numa inversão de papéis, o pobre caçador nova-iorquino acaba se tornando a caça, e precisa fugir de Zaroff num safári bem particular.

Mas não havia sexo e nenhuma mulher pelada no conto de Connell. Ou pelo menos não até Jess Franco resolver adaptá-lo para o cinema em LA COMTESSE PERVERSE, um dos seus grandes filmes dos anos 70 (no caso, 1973), e repleto de tudo aquilo que "The Most Dangerous Game" não tem - incluindo lesbianismo e canibalismo!


Antes e depois do diretor espanhol, o conto foi adaptado inúmeras vezes para o cinema, e das maneiras mais diversas. Uma das raras adaptações "oficiais", e que inclusive usa como título original o nome do conto, é "Zaroff, O Caçador de Vidas" (1932), dirigida por Irving Pichel e Ernest B. Schoedsack para a RKO Pictures e com Leslie Banks no papel de Zaroff (além de Joel McCrea e Fay Wray como as possíveis vítimas).

Nos anos seguintes, a caçada humana que era o cerne da obra de Connell apareceria em produções tão diferentes quanto "Fera Humana" (1945), de Robert Wise; "A Caçada do Futuro" (1982), de Brian Trenchard-Smith; "Rebelião nas Galáxias" (1987), de Ken Dixon; "Deadly Prey" (1987), de David A. Prior; "O Alvo" (1993), de John Woo, e "Sobrevivendo ao Jogo" (1994), de Ernest R. Dickerson - só para citar as que me vèm à memória no momento, mas a história foi tão readaptada e reinterpretada que ficaria até difícil enumerar todas as suas versões para o cinema.


Mesmo assim, Franco conseguiu a façanha de fazer uma versão da história que se distingue facilmente de todas as outras, transformando os dois personagens masculinos de "The Most Dangerous Game" em mulheres (claro!), e criando uma relação entre sexo e morte típica da sua obra (aqui ele assina com seu pseudônimo "Clifford Brown").

Isso porque a Condessa Zaroff, de LA COMTESSE PERVERSE, é uma predadora em todos os sentidos, incluindo o sexual (ela tem o hábito de seduz suas vítimas como "ritual" pré-caçada); e, além de caçar e matar sua presa, ela também se alimenta da sua carne ao final, como os animais selvagens!


LA COMTESSE PERVERSE foi rodado com baixíssimo orçamento e equipe reduzida em 1973, um dos anos mais ocupados da trajetória do diretor espanhol, quando ele filmou, ou concluiu, ou começou e abandonou no meio, pelo menos 13 projetos - este, "Los Ojos Siniestros del Doctor Orloff", "Plaisir à Trois", "Al Otro Lado del Espejo", "Maciste Contre la Reine des Amazones", "Les Exploits Érotiques de Maciste dans L'Atlantide", "La Noche de los Asesinos", "A Maldição da Vampira", "Tango au Clair de Lune", "Des Frissons sur la Peau" e "Mais Qui Donc a Violé Linda?", mais os inacabados "Relax Baby" e "Le Manoir du Pandu". Ufa!

Alguns deles foram produzidos pelo próprio Jess, através da sua recém-fundada (no ano anterior, 1972) companhia, a Manacoa Films, que tinha sede em Madrid. Diversos pesquisadores da obra do diretor alegam que ele se tornou workaholic nesta fase da sua carreira para superar a trágica perda da sua musa Soledad Miranda em 1970.


O filme começa com uma jovem nua (Kali Hansa, cujo nome verdadeiro seria Marisol Hernández) sendo encontrada na beira da praia pelo casal Bob (Robert Woods; sim, "aquele" Robert Woods) e Moira (Tania Busselier). Ela é levada para a casa dos dois, e, quando acorda, narra a terrível aventura vivida numa ilha misteriosa perto dali, para onde foi à procura de sua irmã gêmea desaparecida.

Na ilha, a mulher chamada Kali encontrou os Zaroff, Ivanna e Rabor, um casal de aristocratas decadentes (interpretados por Howard Vernon e Alice Arno) que vive numa mansão modernosa. Foi convidada para jantar e para passar a noite no lugar, sem imaginar os momentos de terror que se seguiriam.


Seu sono foi interrompido pela chegada do Conde e da Condessa, que a seduziram e violentaram. No dia seguinte, Kali ficou sabendo que faria o papel de caça numa caçada humana realizada pela Condessa - a história básica de "The Most Dangerous Game", em suma -, mas conseguiu escapar e nadou até o litoral, desfalecendo pelo cansaço.

O único problema é que Bob e Moira, esse casal simpático que a acolheu, está na lista de pagamento dos Zaroff, e sua missão é justamente conseguir as jovens e belas garotas para as orgias, caçadas e jantares (nessa ordem) do Conde e da Condessa! Resolvido o problema com a indesejável testemunha, Bob resolve que a próxima "presa" dos Zaroff será a inocente Silvia (Lina Romay), uma jovem amiga dele e da sua esposa.


Não há muita história para contar em LA COMTESSE PERVERSE, e nem o próprio Franco parece preocupado em ficar enrolando o espectador. O filme tem apenas 78 minutos, a maior parte ocupada por cenas de sexo softcore, e principalmente lésbico - entre a Condessa e a sua primeira vítima, entre Moira e Silvia e finalmente entre a Condessa e Silvia.

A derradeira caçada do casal Zaroff fica para os 15 ou 20 minutos finais, quando Silvia é forçada a fugir pela ilha e então perseguida pela Condessa armada com arco e flecha. Detalhe: tanto caça quanto caçadora estão COMPLETAMENTE NUAS, descontando um par de calçados para ajudá-las a correr (e que simplesmente desaparecem em alguns takes) e alguns adornos, tipo braceletes, no caso da Condessa.


Há um mínimo de tensão ou suspense nessa longa cena da caçada, que basicamente apenas intercala takes de Lina Romay fugindo com outros que mostram Alice Arno perseguindo-a. Mas há algo de simplesmente hipnótico na imagem de duas lindas mulheres em pêlo (bastante pêlo no caso; lembre-se que o filme é da década de 70) brincando de pega-pega numa ilha deserta.

Para tornar tudo ainda mais incrível, a trilha sonora lisérgica de Olivier Bernard e Jean-Bernard Raiteux, que toca durante praticamente todos os 20 minutos da caçada, acentua o clima de tragédia iminente e vai ficando progressivamente mais acelerada e barulhenta à medida que a Condessa Zaroff se aproxima da sua presa! Quem vive? Quem morre? Veja LA COMTESSE PERVERSE e descubra - até porque o filme foge do desfecho simplista de outras adaptações do conto de Richard Connell.


Além do lesbianismo e da overdose de mulheres nuas, que obviamente não existiam em "The Most Dangerous Game", a grande contribuição de Franco (também autor do roteiro) para a história foi ter transformado os Zaroff em canibais, o que dá todo um novo sentido à caçada humana, como uma espécie de ritual para obter seu valioso banquete antropofágico, e não apenas mais um troféu de caça.

As belas garotas "caçadas" pela Condessa são esquartejadas e preparadas para o jantar do dia seguinte, sendo servidas em formas de bife pelo Conde - e os bifes são comidos praticamente crus, para acentuar a analogia entre os Zaroff e predadores naturais, como leões e tigres. Ironicamente, as futuras vítimas também são convidadas para jantar e, inconscientemente, tornam-se cúmplices dos canibais, devorando seres humanos sem saber!


Howard Vernon (o Dr. Orloff em pessoa) faz muito pouco como Conde Zaroff, já que a ação do filme fica reservada para sua esposa no ato final. Mas ele acrescenta um tom perfeito de insanidade e ironia ao brincar com as futuras vítimas convidadas para jantar enquanto elas comem os restos da vítima anterior.

O Conde doidão também protagoniza uma inesperada reviravolta na última cena do filme, quando, sem querer estragar a surpresa para quem não viu, dá um sentido completamente diferente à expressão "Ele só quer te comer"...


Já Robert Woods é uma escolha no mínimo curiosa para o papel. O ator norte-americano ficou marcado pelos heróicos cowboys que interpretou em filmes de faroeste rodados na Itália, incluindo sucessos como "Meu Nome é Pecos" (1967), "Quatro Dólares de Vingança para Ringo" e "Starblack" (ambos de 1968). Na década de 70, quando o western spaghetti estava morrendo, Woods resolveu partir para outra e acabou trabalhando com Jess Franco não em um, mas em SEIS filmes.

Pois é no mínimo divertido ver o ex-astro de western spaghetti num papel meio hippie, e certamente bastante liberal - ele divide sua esposa com outras garotas, que também seduz em animados ménage a trois. Ou seja: depois de estrelar vários westerns como cowboy durão, aqui Woods acaba usando um outro tipo de pistola!


LA COMTESSE PERVERSE também é uma das raras oportunidades para, digamos, ver a "outra pistola" do velho Pecos, numa cena em que ele, Moira e Silvia tomam banho de mar pelados (claro!) e depois se esparramam na areia.

Eu costumo evitar exibições penianas aqui no blog, mas dada a quantidade absurda de imagens de mulher pelada reproduzidas ao longo dessa MARATONA JESS FRANCO, e o número crescente de meninas e rapazes que gostam de rapazes entre os leitores, vou abrir uma exceção: eis aí embaixo a pistola de Robert Woods! (Mas não se acostumem...)


E se Lina Romay, a eterna esposa e musa de Franco, certamente é um colírio para os olhos, aqui ainda bem novinha e quase sempre pelada (este é um dos seus primeiros filmes com o diretor e futuro marido), o grande destaque de LA COMTESSE PERVERSE é a personagem-título, interpretada pela voluptuosa francesinha Alice Arno (nome de batismo: Marie-France Broquet).

Esta loira que parece um desenho do Milo Manara nasceu numa família de nudistas (!!!) e foi modelo de revistas masculinas antes de estrear no cinema. Apesar de ter feito 12 filmes com Franco (sendo que a Condessa Zaroff é provavelmente o seu grande papel), Alice geralmente é esquecida na galeria de grandes musas do diretor, obscurecida por nomes como Soledad Miranda, Maria Rohm e a própria Lina. Pura injustiça: sua performance como predadora/caçadora aqui lembra uma fera selvagem, tipo uma pantera, e ela transpira erotismo e sex-appeal em todas as suas cenas.


Felizmente para quem gosta de putaria e mulher pelada, a Condessa Zaroff faz aquele tipo que gosta de "brincar com a comida", e cumpre religiosamente o ritual de seduzir suas vítimas na noite anterior às caçadas - uma mera desculpa para as três ou quatro cenas de lesbianismo softcore do filme.

No fim, LA COMTESSE PERVERSE se revela um curioso híbrido de sexploitation com horror, mas este último elemento é beeeeeeem tímido, resumindo-se às menções de canibalismo e a uma cena bem curtinha em que Silvia flagra o Casal Zaroff preparando a refeição do dia seguinte - ou seja, esquartejando o corpo da vítima anterior. Não dá pra negar, entretanto, que o Conde e a Condessa são vilões bem perversos e dementes, uma espécie de versão sofisticada e aristocrática da família caipira e canibal de "O Massacre da Serra Elétrica" (que por coincidência chegaria aos cinemas no ano seguinte).


A curta duração do filme não se justifica apenas pela falta de história para contar; afinal, Franco era um mestre da enrolação, e poderia facilmente ter fechado duas horas com este mesmo argumento. Acontece que, na época, o espanhol estava dirigindo para o produtor francês Robert De Nesle, que exigia que Jess fizesse filmes mais curtos para depois poder lançar duas versões: a normal, com sacanagem leve, e a X-Rated, com cenas de sexo explícito adicionadas à montagem!

Assim, enquanto LA COMTESSE PERVERSE era exibido nos cinemas "normais", algum tempo depois as salas "adults only" recebiam a versão pornô do filme, rebatizada "Sexy Nature" (cartaz ao lado), e que é mais longa que a anterior, com 95 minutos. (De Nesle ficou famoso no underground por, segundo reza a lenda, produzir esses filmes pornográficos sem o conhecimento da esposa, e ainda fazendo o popular "teste do sofá" com as atrizes!)

As cenas adicionais, filmadas pelo próprio Franco, incluem dublês de corpo de Robert Woods e Alice Arno em cenas explícitas, a própria Alice Arno se roçando com duas garotas, e Lina Romay protagonizando sexo oral explícito com uma garota e um homem, supostamente outros prisioneiros dos Zaroff que ela encontra amarrados num quarto - vá lá que não se pode exigir lógica em história de filme pornô, mas por que a moça começaria a transar com os dois prisioneiros ao invés de libertá-los (imagens abaixo)?

Nesses momentos X-Rated, aparecem os "convidados especiais" Pierre Taylou, Pamela Stanford e Monica Swinn, que não estão em nenhuma cena do filme "oficial".


Outra diferença entre as duas versões é que, em "Sexy Nature", existe a personagem de Carole (Caroline Rivière, abaixo), uma escritora de histórias de mistério que é amiga (e aparentemente "ficante") de Silvia. As garotas aparecem juntas em pelo menos quatro cenas num quarto de hotel, quase sempre peladas; quando Silvia diz que vai passar o final de semana numa ilha com Bob, Moira e um casal de ricaços, Carole a adverte: "Ilhas são perigosas. Você nunca ouviu falar da Ilha do Dr. Moreau?".

O mais engraçado é que Carole e Silvia também protagonizam um bizarro final alternativo, em que se revela (SPOILER) que toda a caçada humana envolvendo a garota e seu trágico destino foram delírios saídos da imaginação da sua amiga, pois Silvia reaparece viva na conclusão e diz que desistiu de ir até a ilha na última hora!!! (FIM DO SPOILER)


Obviamente, a versão pornográfica "Sexy Nature" só vale mesmo pela curiosidade, pois as cenas de sexo explícito nem são tão inspiradas assim, e apenas tornam a narrativa ainda mais lenta e arrastada. Sem contar que são momentos sem pé nem cabeça, que sequer se encaixam na história, já que não faz sentido os Zaroff terem mais prisioneiros à disposição (como escravos sexuais, neste caso) e ainda precisarem trazer novas vítimas do continente para as suas caçadas.

Assim como não há nenhuma lógica o fato de Silvia transar com o casal de prisioneiros à noite e logo depois agir como se nada tivesse acontecido! (Enxertos desse tipo, transformando filmes "normais" em pornôs, se tornariam bastante comuns no Brasil da década de 1980, rendendo pérolas como "Sexo Erótico na Ilha do Gavião".)


O lance é esquecer de "Sexy Nature" e descolar uma cópia de LA COMDESSE PERVERSE, que vai direto ao assunto e não ofende a inteligência do espectador. Sem contar que as cenas implícitas são muito mais excitantes do que a putaria escancarada, e há mulheres peladas em número suficiente para ninguém ter motivo de procurar a versão X-Rated (é até meio estúpido que um produtor peça uma montagem com AINDA MAIS sacanagem de um filme onde originalmente todo mundo já aparece sem roupa e fazendo sexo a cada dez minutos!!!).

Apesar de tocar em temas pesados como canibalismo e assassinato, a ênfase do filme é na beleza - seja das mulheres, seja dos cenários. O exterior da fantástica casa dos Zaroff é a famosa mansão Xanadú, construída em Alicante, na Espanha, e projetada pelo famoso arquiteto cubista Ricardo Bofill em 1967. A mansão já tinha aparecido como casa de praia de Soledad Miranda em "Ela Matou em Êxtase".


Em mais de uma oportunidade, os personagens também aparecem descendo as belas escadarias vermelhas conhecidas como "La Muralla Roja", uma estrutura labiríntica também projetada por Bofill, e que na "vida real" fica do outro lado da rua da mansão Xanadú. No filme, este seria o acesso principal ao casarão dos Zaroff.

O uso dessas maravilhas arquitetônicas como cenários é mais uma prova de que Jess não era um picareta desleixado, como apregoam muitos dos seus detratores, e sim um diretor minimamente consciente e preocupado com o visual dos seus filmes.

(E para quem quiser ver como estão os dois cenários de LA COMTESSE PERVERSE hoje, basta clicar neste link e girar a câmera para fazer um passeio virtual por Xanadú e pelas escadas da Muralla Roja sem precisar ir até Alicante!)


LA COMTESSE PERVERSE não é um dos trabalhos mais lembrados de Jess Franco, e raramente aparece em listas dos melhores títulos da sua extensa filmografia.

Mas eu confesso que gosto muito dele, e acho impressionante a maneira como o diretor trabalha com pouquíssimos elementos, atores (na versão "oficial", são apenas seis!!!) e recursos, e mesmo assim o resultado é um filme que parece ter custado o triplo.


Não apenas por causa do ar luxuoso dos cenários e das construções verdadeiras utilizadas para as externas, mas também porque o filme traz alguns dos planos mais bonitos já filmados por Jess (com uma mãozinha do diretor de fotografia francês Gérard Brisseau, claro). Ele não abusa do seu popular super-zoom, e cria enquadramentos tão caprichados que você percebe que não foram feitos no improviso, mas sim estudados e preparados com um mínimo de esmero. E isso num ano em que teve bastante trabalho e pouquíssimo tempo entre um filme e outro!

Tem algo de surreal e absurdo na coisa toda - clima reforçado pelo uso da lente "olho-de-peixe", que distorce as imagens e lhes dá um ar de sonho, ou pesadelo. É como se o filme não se passasse no "mundo real", mas sim naquele universo alternativo e bem particular de história em quadrinhos típico dos bons filmes de Jess - um delírio erótico que parece ter saído daqueles velhos gibizinhos de sacanagem.


LA COMTESSE PERVERSE definitivamente não é um filme assustador e muito menos sanguinolento, apesar de enfocar temas bem escabrosos. Também não é um filme de ação, e mesmo a grande cena da caçada da "heroína" não acrescenta muito neste quesito. Está mais um misto de drama psicodélico e thriller erótico - enfim, aquele tipo de misturança tresloucada que o velho Jess adorava fazer, e sabia fazer como poucos.

E mesmo que você não curta o clima, ou o rumo que a história toma, sempre poderá apreciar a beleza da escultural Alice Arno peladona perseguindo a musa Lina Romay peladona.

Afinal, este pode até não ser "O Jogo Mais Perigoso de Todos", para relembrar o título original do conto que deu origem ao filme; mas certamente é o mais erotizado de todos!

PS: Franco também fez uma refilmagem disfarçada deste filme mais tarde, chamada "Tender Flesh" (1997).




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La Comtesse Perverse (1973, França)
Direção: Jess Franco (aka Clifford Brown)
Elenco: Alice Arno, Howard Vernon, Lina Romay,
Robert Woods, Marisol Hernandez (aka Kali Hansa),
e Tania Busselier.