
Se você pretende iniciar-se nas produções sexploitation dos anos 60-70, o filme DELINQUENT SCHOOLGIRLS é uma boa escolha e um perfeito representante daquele saudoso período. Afinal, esta produção barata de 1975 tem tudo de bom e de ruim do ciclo: dos atores exagerados às atrizes peitudas frequentemente mostrando seus "dotes artísticos"; dos diálogos exagerados (quando não tosquíssimos) à exploração de todo e qualquer fetiche sexual possível e imaginável, de "bondage" e estupro a cobras vivas enfiadas na vagina!!!
Não pense, entretanto, que DELINQUENT SCHOOLGIRLS é uma daquelas produções pesadas que chegam a dar asco no espectador, tipo "Calígula", de Tinto Brass, ou "Emanuelle in America", de Joe D'Amato.

Na verdade, e isso chega a ser curioso, o tom adotado pelo diretor Greg Coratito (responsável por pérolas como "Wanda, the Sadistic Hypnotist") é de humor negro. Assim, mesmo as cenas mais "pesadas", como a da cobra, acabam se tornando mais engraçadas (pelo absurdo) do que propriamente chocantes. E isso que um dos títulos alternativos da película é "Carnal Madness" (mais sensacionalista, impossível!).
O roteiro, escrito por Corarito, Maurice Smith e John Lamb, é um primor. Existe uma escola particular exclusiva para garotas onde TODOS são depravados: tanto as adolescentes exageradamente peitudas (apenas modelos de seios enormes foram contratadas para estes papéis) quanto os professores com cara (mas só cara) de inocentes.


O lance mais hilário da trama é o fato do professor de biologia, um doce e inocente velhinho chamado Sr. Smith (Ralph Campbell), na verdade ser um tarado que leva as alunas para sua casa somente para drogá-las (!!!), hipnotizá-las (!!!) e fazer "experimentos sexuais", como a tal serpente viva enfiada na vagina (cena que, felizmente, é apenas sugerida). Aí você pensa: se o doce Sr. Smith diverte-se enfiando cobras nas suas alunas drogadas e hipnotizadas, o que esperar dos outros?
Para economizar dinheiro com figurantes, os roteiristas inventaram que todas as alunas da escola foram liberadas para passar o feriadão com suas famílias. Menos, é claro, meia dúzia de gatinhas que, supostamente por "mau comportamento", são obrigadas a ficar na escola como castigo.

Entre as moças temos delícias daquela época, como Collen Brennan - que começou fazendo filmes como este e o blaxploitation "Foxy Brown", com Pam Grier, antes de virar atriz pornô hardcore nos anos 80 - e a falecida Roberta Pedon, que posteriormente mostraria seus "atributos" em filmes singelos como "Big Bust Superstars".
É claro que ficar de castigo não vai apagar o fogo das "colegiais delinquentes", que passam a maior parte do filme fumando maconha, praticando lesbianismo soft, fazendo massagem uma na outra ou provocando o diretor da escola, o sr. Baxter (John Alderman), ao tirarem os sutiãs durante a aula de educação física!

Mas as moçoilas não perdem por esperar: eis que nas proximidades da escola existe um manicônio para criminosos insanos, onde um trio da pesada divide a mesma cela: Carl C. Clooney (o excelente Michael Pataki) é um mímico frustrado que tornou-se assassino psicopata; Dick "Flasher" Peters (o dublê Bob Minor, até hoje trabalhando em blockbusters) é um jogador de futebol americano viciado em sexo e estuprador, e Bruce Wilson (o falecido Stephen Stucker, que interpretou o controlador de vôo gay em "Apertem os Cintos, O Piloto Sumiu...") é um estilista de moda gay e psicótico.
Esse, acredite ou não, é o nosso trio de "vilões", que está mais para "Os Três Patetas" do que para um grupo de criminosos assustadores como os de "Last House on the Left", por exemplo. E quando eles escapam do manicônio, iniciando uma onda de crimes sexuais, o espectador já espera pelo pior... Mas, quem diria, o filme começa a acentuar o seu tom mais cômico, revelando desde cedo que não é preciso temer por cenas mais fortes ou violentas.

A cena-chave que marca a divisão entre a "seriedade" da proposta e o "avacalho" da execução é o primeiro ataque do trio de fugitivos, na casa de um casal sexualmente frustrado composto por um bebum importente (o antológico George "Buck" Flower) e por uma esposa ninfomaníaca (Julie Gant).
Confesso que já esperava pelo pior, já que os três bandidos até então eram representados no filme como terríveis ameaças. Só que aí a coisa parte para o lado do humor, principalmente quando Dick leva a esposa reprimida para o quarto e ela não parece nada interessada em resistir ao "estupro", enquanto os outros dois bandidos bebem e cantam animadamente com o marido corno!!! Uma cena que só vendo para acreditar...

Finalmente, quando Clooney, Dick e Wilson chegam à escola, DELINQUENT SCHOOLGIRLS se transforma num festival de fetiches e cenas absurdas, que incluem uma luta "até a morte" entre duas garotas rolando na lama (com direito a camisetas rasgadas para que os peitos possam aparecer melhor) e a tentativa de Clooney de obrigar as meninas a dançarem cancam sem calcinha (um momento tão ridículo que se torna hilariante!).
Mas o mais engraçado é que as colegiais franzinas logo se revelam bem menos indefesas do que pareciam no começo, enfrentando de igual para igual o trio de estupradores, inclusive com golpes de karatê - uma tipo de vingança feminista que Quentin Tarantino homenagearia 30 anos depois com seu "À Prova de Morte".


DELINQUENT SCHOOLGIRLS poderá ser frustrante para quem espera uma coisa mais pesada, já que as cenas de sexo são muito tímidas e a nudez se resume aos melões gigantescos de fora.
Porém é preciso lembrar que certos temas tratados no filme, como a promiscuidade sexual das adolescentes, ainda eram tabu na época em que o filme foi feito. Detalhes que hoje soam muito ingênuos, bem como certos diálogos pretensamente feministas, como aquele em que uma das garotas enche Dick de porrada e grita: "Tente tirar minha calcinha agora, seu porco chauvinista!".

No fim, a ingenuidade da trama e o sexo recatado são compensados por cenas maravilhosamente toscas e absurdas, como aquelas envolvendo o "doce" Sr. Smith abusando das aluninhas, ou aquela em que uma garota seminua foge e tenta buscar ajuda na estrada, apenas para acabar na van de dois sujeitos mais perigosos do que os próprios estupradores!
Quem conseguir enxergar além da overdose de peitões de fora vai se divertir muito, também, com as atuações canastríssimas e completamente deslocadas de Pataki (um ator multifacetado que eu adoraria ver num filme do Tarantino) e de Stucker. O primeiro passa o filme todo falando frases desconexas entre risadas forçadas de "vilão de James Bond", enquanto o segundo faz o mesmo papel de "gay engraçadinho" depois repetido em "Apertem os Cintos...". Ambos estão impagáveis e roubam o filme.

Mesmo que não possa ser citado entre os melhores "sexploitation" daquela fase áurea (talvez nem mesmo entre os mais memoráveis), DELINQUENT SCHOOLGIRLS certamente é um belo cartão de visitas para quem quer conhecer melhor esse tipo de filmes.
Com o acréscimo de que, hoje, ele pode ser visto mais como uma "quase inocente" comédia juvenil do que como filme violento ou chocante.
Prepare-se, então, para babar diante do festival de seios gigantescos e para rir muito do absurdo das situações e das interpretações esdrúxulas do trio de "vilões".
PS: Esta é a 200ª postagem do FILMES PARA DOIDOS. Nada mal para um blog que eu achei que já nascia morto e que está com uma média de visitação surpreendente (ah, se eu ganhasse só um centavinho por acesso...).
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Delinquent Schoolgirls (1975, EUA)
Direção: Greg Corarito
Elenco: Michael Pataki, Bob Minor, Stephen
Stucker, Colleen Brennan, Brenda Miller,
e George "Buck" Flower.
19 comentários:
Parece ser uma bela merda.das do tipo ruim mesmo.
Melhor ver qualquer coisa do Russ Meyer, que aliás acho que não tem nenhum aqui.fica a dica.
Por ser seu 200º post poderia ter escolhido um filme melhor.
quando é mesmo que você vai embora daí, hein?
quero meu amigo de volta.
Parece ser um filme muito ruim mesmo, mal posso esperar para vê-lo.
Ei ei ei, que negócio é esse de dizer que o filme é ruim e pedir para resenhar coisa melhor? O nome do blog é FILMES PARA DOIDOS, esqueceram??? Acho que isso justifica tudo (ou quase tudo) que eu posto aqui!
Hehehehehe.
Parabéns pelo post 200. Sou leitor assíduo desse blog e graças a ele já encontrei muita insana produzida pela sétima arte.
Quanto a esse filme, vou dar uma conferida.
Cara, essa "ducentésima" postagem merece meu comentário!!! kkk
Brincadeiras e grafias errôneas à parte, eu acompanho seu blog há um bom tempo, mas só agora resolvi postar pq coincidentemente eu vi esse filme mês passado (baixado pela net, óbvio) e ele é isso tudo aí que vc falou... muitos exageros, sequências que hoje pareceriam "clichês", vilões altamente caricatos, mocinhas exiberantes e um roteiro tão formulaico com passagens narrativas tão forçadas que, verdadeiramente, fazem o filme ser ULTRA-DIVERTIDO!!! kkk
Eu sou um grande fã de filmes B (adoro "A Vingança de Jennifer", "Bandit and the Smoke", o primeiro "Shaft", "A Fortaleza") e os inúmeros Trashes sanguinolentos ("Fome Animal" e "Palhaços Assassinos do Espaço Sidera") estão entre os meus gêneros preferidos - claro que eu só revelo isso pra cinéfilos que me entenderão, rs. E por ser uma admirador desses "sub"gêneros, eu gosto demais de visitar o seu blog e aqui encontro resenhas de filmes que nunca vi e que posso peneirar futuramente para assistir... inclusive, vc escreve muito bem e tem postagens suas que até GARGALHO (como o do "The Cutter", kkk - grande Chuck Norris).
Bom, estou sempre por aqui, gosto muito de suas atualizações, me divirto com as imagens dos filmes que vc coloca no blog e especialmente, gostaria demais de lhe agradecer por dar chance aos apreciadores desse tipos de filmes, em que a maiora das pessoas (SÃS, rs) jamais viram, vêem ou verão!
Continue com esse seu ÓTIMO "trabalho"... ou divertimento, é claro!
Um grande abraço,
PS: Seu blog já está linkado no meu há um bom tempo (www.vemaquinomeublog.blogspot.com) e se quiser aparecer por lá, esteja à vontade... escrevo mais textos críticos sobre comportamento social até sobre os cachorros-quentes de rua, mas lá tb tem espaço para tirinhas de humor que desenho e para FILMES, claro!
Parabéns pelo post de número 200 e, claro, por mais um excelente texto. Sou leitor frequente desse excelente blog, e só posso agradecer pelo seu trabalho maravilhoso, que muito me diverte! Acho que não faria mal se você colocasse uns adsenses no blog. Com o público que ele deve ter, acho que dá para tirar uma graninha, pelo menos para a cerveja!
Abração e votos de continuado sucesso! Que venham mais 200 posts!
Parabéns pelos 200 posts!
E que venham 200 mais!
É por culpa desse teu blog que eu já assisti "Caçadores de Atlântida", "O Tesouro do Óvni" e outras quinquilharias que os seres humanos "de bom gosto" se quer chegariam perto.
Que venham mais 200 posts, pois material para isso deve ter de sobra.
Muito bom o texto, ainda que mais curto que a média. Fico satisfeito que voce tenha voltado a postar sempre, tava meio parado...bom, quero dizer mesmo que o blog é sensacional, continue assim.
Já o acompanho a uns cinco anos, primeiramente pelo BOCA DO INFERNO, depois por aqui mesmo. Já assisti várias pérolas através de suas dicas. parabéns e continue postando sempre
Parece no mínimo interessante. Terei que assistir. E parabens pela 200a postagem.
rapaz! como disse o carissimo senhor marcel campos, pelo fato de se ra ducentesima postagem, venho ca deixar minhas felicitações e mandar um belo "vida longa e prospera" ao filmes para doidos!
parabé ns cara, continue sempre assim, cara, 3 postagens de uma vez você tá no pique, hein?
Nem só de filme bom vive um cinéfilo, mas de filmes de baixo orçamento também....
O Felipe, acabei de assistir um documentario iradissimo na TV: "Machete Maidens Unleashed!". Pelo teu repertorio tu deve conhecer o documentario e muitos dos que sao mostrados nele (me amarrei no "TNT Jackson").
Se tu conhece esse documentario, putz man, um filme que merece uma resenha aqui eh... QUALQUER UM DO WENG WENG!!!!
Weng Weng eh foda!
Ueh que houve com meu comentario sobre "Machete Maidens Unleashed!" e Weng Weng...?
Filme ruim é aquele que não se assiste. Parabéns pelo 200° post.
Parabens, muitas vezes, no seu blog eu encontro animo para seguir essa tão pedregosa jornada.
abraço!
Laurindo Big Boss: Felipe, gostaria de saber se o ator(?), Bob Minor, é o mesmo que trabalhou em COMANDO PARA MATAR, eo AJUSTE DE CONTAS,com Chuck Norris. Quanto a Michael Pataki(ROCK 4), um desperdicio de ator. Abraços, Laurindo Junior.
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