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Era uma vez dois Sergios, ambos nascidos na Itália e ambos ligados ao mundo do cinema. Um chamava-se Sergio Leone, era filho de pioneiros do cinema italiano (seu pai foi um cineasta e sua mãe, uma famosa atriz da época do cinema mudo), e com apenas 19 anos já trabalhava como assistente do diretor Vittorio De Sica no clássico do Neorrealismo "Ladrões de Bicicleta". O outro chamava-se Sergio Corbucci, não tinha pais tão famosos, mas acabou envolvendo-se com o mundo do cinema primeiro como crítico, depois como assistente de direção de outro grande nome do Neorrealismo Italiano, Roberto Rossellini (ou assim diz a lenda, já que Corbucci nunca foi creditado em nenhuma das obras de Rossellini). A carreira dos dois Sergios continuou seguindo em paralelo: nos anos 50, ambos estrearam na direção de seus próprios filmes, fazendo aquelas aventuras baratas com gladiadores e monstros (conhecidas pelo termo "peplum"). Em 1959, até se encontraram num mesmo set: enquanto Leone co-dirigia "Os Último Dias de Pompéia", Corbucci era o assistente de direção.
Finalmente, em 1963, os dois Sergios foram ao cinema - na mesma semana, segundo algumas versões da história, mas em dias diferentes. O filme era "Yojimbo", de Akira Kurosawa, sobre um samurai que chega a uma pequena cidade dominada por duas quadrilhas rivais e semeia a discórdia para que uma acabe com a outra. "Yojimbo" marcou tanto os dois Sergios que ambos resolveram transformar aquela aventura oriental em um filme de faroeste. Subitamente, os companheiros de longa data eram rivais; não inimigos, apenas diretores numa espécie de competição para ver quem faria a melhor variação sobre a mesma história, cada um com a sua própria visão. E foi assim (mas provavelmente sem tantos floreios) que nasceram dois clássicos do cinema: "Por um Punhado de Dólares" (1964), dirigido por Sergio Leone, e DJANGO (1966), dirigido pelo "outro Sergio", o Corbucci (que realmente ficaria conhecido por este apelido, "O Outro Sergio").
Embora "Por um Punhado de Dólares" e o restante da chamada Trilogia do Dólar de Leone (completada com "Por uns Dólares a Mais" e "Três Homens em Conflito") sejam unanimemente citados pelos pesquisadores como a pedra fundamental do western spaghetti, em torno da qual foram forjadas praticamente todas as produções posteriores, há quem considere DJANGO como a obra mais influente do ciclo, e a que mais teria moldado os futuros "heróis" (ou anti-heróis), vilões, situações e clichês dos faroestes italianos produzidos entre as décadas de 1960-70.
Leone pode até ter apontado o caminho e as bases, mas "o outro Sergio", Corbucci, optou por um estilo mais violento, cínico e exagerado. Há até uma divertida comparação que diz que Leone era os Beatles do western spaghetti, enquanto Corbucci era os Rolling Stones - mais sujo, agressivo e pesado. E se Leone bebeu tanto da fonte de "Yojimbo" que chegou a ser processado pelos roteiristas do filme japonês, Corbucci pegou apenas a ideia básica do forasteiro que chega a uma cidadezinha dominada por duas quadrilhas, mas mudou todo o resto.
Desde a primeira cena, DJANGO já demonstra ser algo original, diferente de quase tudo feito até então: o personagem-título (Franco Nero), um veterano da Guerra Civil, entra na cidade com a sela sobre os ombros, e arrastando um velho caixão de madeira pela estrada enlameada, enquanto desenrolam-se os créditos iniciais ao som da belíssima música-tema composta por Luis Bacalov (e cantada por Roberto Fia em italiano e Rocky Roberts em inglês).
Primeiro, Corbucci negou ao seu herói o cavalo, "companheiro" tão típico dos grandes heróis dos faroestes norte-americanos (nos filmes dos anos 30-40, o animal costumava ser tão famoso quanto seu dono; que o diga Trigger, o cavalo de Roy Rogers!). Depois, o diretor colocou-o para chafurdar na lama em pleno inverno, contrastando com a maioria dos westerns filmados em cidades cenográficas no meio do deserto e com o sol a pino.
Django e seu caixão chegam a uma pequena cidade na fronteira entre os Estados Unidos e o México, que, seguindo os moldes de "Yojimbo" e de "Por um Punhado de Dólares", encontra-se quase desabitada por causa do sangrento conflito entre os dois grupos armados que lá vivem ou por lá passam para fazer seus negócios.
De um lado estão os homens do Major Jackson (Eduardo Fajardo), um racista sádico que declarou guerra aos mexicanos e se diverte fazendo tiro ao alvo com eles; do outro, uma quadrilha de mexicanos liderada pelo General Hugo Rodriguez (José Bódalo), que precisa de ouro para comprar armas e "vencer a Revolução". E no meio do fogo cruzado estão os poucos habitantes que ainda permaneceram na cidade, incluindo o dono do saloon, Nathaniel (Ángel Álvarez), e suas prostitutas de quinta categoria.
Se o samurai de "Yojimbo" e o caçador de recompensas de "Por um Punhado de Dólares" não demoravam a colocar um grupo contra o outro por dinheiro, em DJANGO a coisa é diferente. O herói bate de frente com o Major Jackson desde o primeiro encontro, já que eles representam lados diferentes de um mesmo confronto, a Guerra Civil Americana (Django diz que lutou pela União, enquanto Jackson é um Confederado, o lado que perdeu a guerra).
Além disso, o fanático major também teria sido o responsável pelo assassinato da esposa de Django enquanto ele estava na guerra. Logo, ao contrário dos protagonistas de "Yojimbo" e "Por um Punhado de Dólares", nosso herói aqui é movido pela vingança - além, é claro, do desejo de limpar aquela região de um louco racista ("Às vezes os fanáticos precisam ser exterminados para o bem dos outros", justifica em determinado momento). E ele não faz jogo duplo, preferindo encarar de frente os dois grupos rivais.
Isso conduz à cena mais icônica do filme, quando Django finalmente revela o conteúdo do caixão que arrasta para lá e para cá, ao provocar Jackson e exigir que ele volte para enfrentá-lo com todos os seus homens (40 na versão original em italiano, 48 na dublagem em inglês).
Em visível desvantagem numérica contra o exército do Major - cujos integrantes usam capuzes estilo Ku Klux Klan, mas na cor vermelha -, o herói abre seu caixão e retira de lá a última maravilha tecnológica da época, uma metralhadora, com a qual chacina quase todos os seus inimigos, numa cena emblemática: é a "modernidade" da metralhadora sepultando o "Velho Oeste" dos colts e winchesters que precisavam ser recarregados com frequência! Para um público que ainda estava acostumado àqueles duelos "de homem para homem" para ver quem sacava primeiro, deve ter sido uma grande surpresa.
Já no caso do outro lado do conflito, a motivação do herói é, aí sim, a cobiça: Django já conhecia o General Hugo de outros carnavais, e convence-o a roubar o ouro de um forte próximo para comprar dezenas de metralhadoras, com as quais Hugo tornaria-se invencível na Revolução Mexicana. O plano posto em prática funciona como um relógio, mas Django, filho da puta que só ele, trai os "companheiros", rouba o ouro, coloca tudo no seu caixão e foge para a fronteira. E sim, este é o "herói" do filme...
Portanto, DJANGO pode ser dividido em três grandes atos: o primeiro mostra o herói em sua missão de vingança/extermínio contra o Major Jackson, e o segundo acompanha seu ambicioso plano de engambelar os mexicanos, forçando-os a roubar uma fortuna em ouro que depois ele próprio rouba para si. O terceiro e último ato acompanha o cruzamento entre estes três personagens, quando o destino mostra sua face mais sórdida (principalmente em relação ao fim do ouro roubado).
Num universo de personagens violentos e condenados, onde sequer o protagonista tem "princípios" (por isso acho que ele é mais anti-herói do que herói nos moldes do western norte-americano), existe ainda uma personagem trágica, Maria (Loredana Nusciak), dividida entre os dois grupos rivais: ela fugiu dos homens do Major Jackson para unir-se aos mexicanos, e depois tentou abandonar o grupo de Hugo, tornando-se alvo em potencial para ambos os lados. É quando Django se coloca no caminho, defendendo a pobre mulher dos seus perseguidores.
A primeira cena do filme sintetiza tudo isso em poucos minutos: Maria aparece sendo aprisionada e chicoteada pelos mexicanos por ter tentado fugir do seu acampamento; logo aparecem homens do Major Jackson e matam os mexicanos, mas, ao invés de salvar a moça, ameaçam queimá-la na fogueira! É quando aparece Django e despacha também este segundo grupo, passando a proteger Maria enquanto elabora seu intrincado plano de vingança (e roubo).
Nunca me esqueço que a primeira vez que vi DJANGO, ainda na Era de Ouro do VHS, foi junto com um primo que odiava faroestes; na metade do filme, o coitado já estava convertido, vibrando animado enquanto Django massacrava os homens do Major Jackson com sua metralhadora.
Desde então, revi esse clássico de Sergio Corbucci inúmeras vezes, e uma ocasião especial foi durante uma mostra de western spaghetti realizada pelo CCBB em São Paulo, quando DJANGO foi projetado em cópia de 35mm. A cena em que se revela o "segredo do caixão" novamente foi uma catarse: o público, formado tanto por jovens quanto por velhos fãs de western que já conheciam o filme cena a cena, gritava e aplaudia sem nenhum constrangimento!
Mas por mais que eu considere DJANGO um filmaço, sempre acho que a narrativa episódica quebra um pouco o clima do filme. É como se fossem duas histórias completamente diferentes, só que o primeiro ato, que mostra Django enfrentando os fanáticos do Major Jackson até a cena da metralhadora (correspondendo aos primeiros 40 minutos do filme), é MUITO superior ao segundo (que mostra o roubo e traição dos mexicanos).
Ainda que os 15 minutos finais coloquem a narrativa de volta nos eixos, com um belíssimo duelo num cemitério que também transformou-se em cena antológica do gênero, a segundo metade do filme (ou "segundo episódio") não chega aos pés da primeira, e a coisa esfria um pouco depois que o conteúdo do caixão é revelado.
Esta narrativa episódica tem uma justificativa: em dezembro de 1965, quando Corbucci começou a filmar DJANGO na Espanha, ele sequer tinha um roteiro completo! Tudo que o diretor sabia àquela altura era como queria terminar o filme: depois de fazer um western com um pistoleiro que estava ficando cego ("Minnesota Clay", 1964), ele agora queria que o herói fosse obrigado a duelar contra seus rivais com as duas mãos quebradas.
A partir disso, ele e os demais roteiristas foram escrevendo a história ao contrário, criando as situações que levassem à conclusão e justificassem o esmagamento das mãos do protagonista! Em entrevistas recentes, Franco Nero explicou que cenas como a clássica sequência inicial, com Django arrastando seu caixão pela lama, foram inventadas na hora: Corbucci simplesmente gostou da paisagem e mandou o ator caminhar até ele mandar parar, pois a esta altura ainda não havia um roteiro pronto!
Muita gente colaborou escrevendo a trama, tanto que hoje é até difícil saber quem é o verdadeiro pai da criança. Corbucci sabia como queria começar e terminar o filme, mas para desenvolver o meio contou com a ajuda de Piero Vivarelli e Franco Rossetti. Consta que até mesmo Fernando Di Leo teria dado uma lida - e alguns pitacos não-creditados - no dia anterior ao início das filmagens. Depois, Sergio e seu irmão Bruno Corbucci ainda reescreveriam boa parte no próprio set. No fim, apenas os dois Corbuccis foram creditados como roteiristas principais, com Vivarelli, Rossetti e José Gutiérrez Maesso citados como "collaborating writers".
Já o icônico nome Django foi confessadamente inspirado no guitarrista de jazz Django Reinhardt (1910-1953), por motivos óbvios: como Corbucci estava fazendo um filme sobre um pistoleiro que teria que atirar mesmo com as mãos quebradas, ele achou justo homenagear Reinhardt, um músico que conseguia fazer complicados solos de guitarra usando apenas dois dedos (o terceiro e o quarto dedos da sua mão esquerda ficaram imobilizados depois que ele sofreu queimaduras de terceiro grau num incêndio). Por isso, há quem considere a "homenagem" uma piada de mau gosto e até um desrespeito.
Uma coisa que chama a atenção em DJANGO até hoje é a quantidade de sadismo e violência, mesmo para os padrões atuais. Tanto que o filme estreou com classificação etária de 18 anos na Itália, e ficou proibido no Reino Unido durante décadas. Há uma cena fortíssima em que os mexicanos aprisionam um padre, que atua como espião do Major Jackson, e Hugo corta a orelha dele à faca, colocando-a depois na boca do sujeito para que ele engula (numa espécie de sádica brincadeira anti-clerical com a ideia da hóstia/Corpo de Cristo)! Muitos cinéfilos alegam que esse belo momento teria inspirado Quentin Tarantino a fazer cena semelhante em "Cães de Aluguel", aquela em que Michael Madsen corta a orelha de um policial usando uma navalha.
O próprio trecho em que os mexicanos esmagam as mãos de Django com um rifle, para puni-lo pelo roubo do ouro, continua eficiente e até provoca arrepios. "Eu fiz o filme do meu jeito, com muita crueldade, lama, sujeira e mortes - o oposto de Leone. [O filme] ...era realmente truculento. Estávamos em 1966, e para aquela época era muito forte", disse o finado Corbucci numa velha entrevista, confessando que tinha muito orgulho da violência de seu filme, que acabou antecipando notórios massacres como aquele da cena final de "Meu Ódio Será Sua Herança" (1969), de Sam Peckinpah.
Pessoas morrem como moscas em momentos como o extermínio dos homens de Jackson pela metralhadora de Django. Por isso, os sites especializados em contar o número de mortes em filmes (sim, acredite: existem sites especializados em contar o número de mortes em filmes!) divergem com relação à soma total de cadáveres: há quem diga que são 138 mortos, mas outros juram que a chacina é bem maior e fica entre 152 e 163!
Para tentar esclarecer esta dúvida, que com certeza deixou muita gente sem dormir (sim, isso é ironia), alguém com muito tempo nas mãos fez um vídeo contabilizando apenas as vítimas mortas por Django, e a soma chega a estratosféricos 95 cadáveres, sendo 55 só na cena da metralhadora (e isso que o Major Jackson só tinha 40/48 homens, né?). Você pode ver o resultado da contabilidade do sujeito no divertido vídeo abaixo:
Mas Django não seria um personagem tão legal se fosse interpretado por um ator qualquer e de qualquer jeito. Por isso, pesou muito a escolha de um jovem Franco Nero, com 23 anos na época das filmagens e recém-saído do set da superprodução "A Bíblia" (1966), de John Huston, onde interpretou Abel. Nero era tão "moleque" que precisou ser dublado até na versão original em italiano, por um ator com voz mais grossa.
Nero É Django: embora oito outros atores tenham interpretado o personagem posteriormente, é impossível dissociar a persona de Franco do mal-encarado e sujo pistoleiro que o imortalizou na história do cinema. Ostentando um olhar que é um misto de cinismo e fúria, o ator transformou-se imediatamente num dos maiores astros italianos do western spaghetti, e isso quando a moda ainda era importar atores norte-americanos para estrelar estas produções.
Ironicamente, Nero não foi a primeira opção para o papel: Corbucci queria o norte-americano Mark Damon, com quem tinha acabado de filmar "Johnny Oro" (rebatizado "Ringo e Sua Pistola de Ouro" no Brasil). Fabio Testi, então um jovem e desconhecido ator em início de carreira, também foi cogitado para estrelar o filme. Mas o real intérprete de Django foi uma imposição do produtor Manolo Bolognini, que convenceu Sergio a dar-lhe uma chance.
Por outro lado, foi Corbucci quem sugeriu que o ator passasse a usar seu próprio nome a partir de então. Na época, o costume era esconder a equipe italiana por trás de pseudônimos em inglês, para que as produções feitas na Terra da Bota pudessem ser vendidas como filmes norte-americanos, que tinham mercado garantido. O ator vinha assinando como "Frank Nero", e o produtor Bolognini queria que ele mudasse o nome artístico para "Frank Black" (!!!). Mas Sergio preferiu deixar todo mundo com seus nomes de batismo nos créditos - ele próprio usou pouquíssimas vezes pseudônimos americanizados, como "Stanley Corbett" e "Gordon Wilson Jr".
Falando em dublagem, DJANGO é um filme que precisa ser visto OBRIGATORIAMENTE em italiano. A versão em inglês usou a voz do ator norte-americano Tony Russel para Franco Nero, mas a dublagem é inexpressiva e não faz jus ao personagem. Para piorar, esta dublagem suavizou vários diálogos da versão original; como eu conhecia o filme quase de cor com o áudio em inglês, foi uma verdadeira surpresa quando finalmente pude revê-lo na sua versão original e percebi que boa parte dos diálogos era diferente!
Acontece que Django é muito mais radical e encrenqueiro na versão original. Por exemplo, no momento em que ele aborda os capangas de Jackson que querem matar Maria, logo no começo do filme, o diálogo dublado em inglês antes de passar fogo em todos é uma gracinha como: "Eu não queria chateá-lo. Você aceita as minhas desculpas?". BANG! BANG! BANG! Na versão original, Django é mais direto: "Não importa. O que importa é que vou matar todos vocês".
Outro diálogo que fica muito melhor em italiano é aquele em que Django pede ao Major Jackson quantos homens ele ainda tem, e pede que traga todos para um novo duelo. Enquanto na versão em inglês não há grandes confrontos, no áudio original o herói fica provocando o rival, chamando-o repetidas vezes de "porco Sulista".
Por último, mas não menos importante, o diálogo da cena final no cemitério também é muito mais impactante com o áudio original. Na versão dublada em inglês, o Major Jackson fica disparando tiros a esmo perto de Django enquanto grita "Comece a rezar! Não estou te ouvindo!"; Django então responde enchendo o vilão e seus homens de balas enquanto grita de volta: "Consegue ouvir isso?". Na versão em italiano, Jackson fica "fazendo as orações" para Django, recitando uma parte do sinal-da-cruz para cada tiro disparado ("Em nome do pai..." BANG!, "Do filho..." BANG!, "Do Espírito Santo..." BANG!), e então Django atira nele e em seus homens enquanto finaliza com um sonoro "Amém!!!".
A parceria entre Corbucci e seu novo astro manteve-se nos anos seguintes, em dois outros westerns muito mais caros e melhor produzidos: o excelente "Os Violentos Vão para o Inferno" ("Il Mercenario", 1968), e "Vamos a Matar, Compañeros!" (1970), que também tratam da Revolução Mexicana, já enfocada bem por cima aqui em DJANGO. Em ambos os filmes, Nero também pôde matar a saudade do seu personagem mais famoso ao usar uma metralhadora para exterminar dúzias de inimigos!
O diretor chegou a declarar, em entrevista da época: "John Ford tem John Wayne, e eu tenho Franco Nero". Por isso, é uma pena que a dupla não tenha voltado a se reunir para rodar uma continuação "verdadeira" de DJANGO, já que no pós-1966 começaram a pipocar as cópias e aventuras não-oficiais do personagem - como acontecia com todo personagem de sucesso do western spaghetti, tipo Ringo, Sartana e Trinity.
Dois futuros cineastas também se envolveram na realização do filme: o diretor de fotografia Enzo Barboni faria seus próprios filmes na década de 70, sendo mais conhecido pelos westerns cômicos estrelados por Terence Hill, tipo "Trinity Ainda é o Meu Nome" (1971); já o assistente de direção é ninguém menos que Ruggero Deodato, que depois assinaria clássicos do horror como "Cannibal Holocaust" (1980).
E não dá para deixar de citar a trilha sonora do argentino Luis Bacalov. Se Ennio Morricone tornou imortais os acordes da "Trilogia do Dólar" de Leone, Bacalov fez o mesmo para Corbucci em DJANGO, pois é impossível não passar dias assobiando a canção-título depois de ver o filme. A trilha também tem outras composições lindíssimas, como esta aqui, que toca na cena em que os mexicanos quebram as mãos de Django (confira a partir dos 45 segundos).
No fim, embora tenham começado de maneira praticamente idêntica e até filmado suas próprias versões de "Yojimbo", as carreiras dos dois Sergios começaram a seguir rumos bem diferentes depois de "Por um Punhado de Dólares" e DJANGO. Enquanto Leone ganhou muito mais respeito da crítica e foi enfileirando obras-primas como "Três Homens em Conflito", "Era uma Vez no Oeste" e "Era uma Vez na América", o "outro Sergio" ficou em segundo plano.
E mesmo tendo feito pelo menos uma obra-prima ("O Vingador Silencioso" aka "O Grande Silêncio", em 1968), Corbucci não conseguiu fazer nada muito expressivo quando o western spaghetti saiu da moda, e terminou seus dias filmando comédias baratas com Terence Hill e Bud Spencer, como "Super Snooper - Um Tira Genial" (1980) e "Quem Encontra um Amigo, Encontra um Tesouro" (1981), ambos campeões de exibição na antiga Sessão da Tarde.
Foi apenas vinte anos depois de DJANGO que surgiu o interesse pra lá de tardio de fazer uma continuação oficial do filme, reunindo mais uma vez Sergio Corbucci e Franco Nero. O projeto fazia parte de uma ambiciosa tentativa de ressuscitar o western spaghetti, que começaria com a adaptação de quadrinhos "Tex e os Senhores do Abismo" (1985), dirigida por Duccio Tessari. Corbucci chegou a envolver-se com "Django 2" no início do projeto. Mas aí "Tex..." revelou-se um fracasso comercial e Sergio pulou fora, deixando a continuação nas mãos do qualquer nota Nello Rossati ("O Tesouro do Ovni"), que acabou sendo o verdadeiro responsável pelo fraquíssimo "Django, A Volta do Vingador" (1987).
Apesar da volta atrasada de Franco Nero no papel do personagem, esta continuação é muito mais fraca que a maioria dos "Sotto-Djangos" feitos entre as décadas de 60-70, como "Viva Django!" e "10.000 Dólares para Django". Corbucci morreu em 1990, apenas um ano depois do "Sergio mais famoso" (Leone), e sua obra finalmente começou a ser redescoberta e analisada com outros olhos. Hoje, "o outro Sergio" já é celebrado como um dos principais realizadores do gênero.
A influência de DJANGO na cultura popular continua forte, atingindo até os blockbusters de Hollywood. Basta constatar que George Lucas homenageou o filme de Corbucci batizando como "Jango Fett" o caçador de recompensas interpretado por Temuera Morrison em "Star Wars Episódio 2 - O Ataque dos Clones". Mais recentemente, em 2011, Gore Verbinski dirigiu uma animação que satiriza o universo do western spaghetti e batizou seu protagonista (e o próprio filme) como "Rango", também numa citação declarada ao personagem imortalizado por Franco Nero.
Já o diretor doidão Takashi Miike aproveitou para fazer o caminho inverso ao de Corbucci: enquanto o italiano baseou-se num filme japonês, "Yojimbo", para fazer o seu, Miike inspirou-se em DJANGO para fazer o "western spaghetti made in Japan" chamado "Sukiyaki Western Django" em 2007, com várias referências à obra de Corbucci e até uma pequena participação de Quentin Tarantino. Apesar de o filme não passar de uma brincadeira maluca, muitos o consideram um remake do clássico de 1966.
Ainda que com problemas visíveis de narrativa, e toda a sequência com os mexicanos que enfraquece o segundo ato do filme (tem até uma loooooonga briga de bar que parece apenas uma desculpa para Corbucci filmar com a câmera na mão), eu não hesitaria em chamar DJANGO de clássico, até mesmo de obra-prima. Não apenas por ter revolucionado e influenciado bastante um sub-gênero que estava nascendo, mas principalmente por ser um FILMAÇO, que ainda funciona como um relógio!
Nesses tempos de filmes com três horas de duração, é sempre uma experiência reconfortante ver uma história enxuta e redondinha como esta, em que nem é preciso explicar as pontas soltas deixadas pelo roteiro (tipo como e porque Jackson matou a esposa de Django, ou onde foi que o herói arrumou uma metralhadora). Corbucci fez um filme mais de imagens do que de história ou de diálogos, com seu herói que carrega um caixão e combate inimigos de capuz vermelho, a cidadezinha semi-deserta que parece afundar na lama, a ponte sobra a areia-movediça que representa a salvação ou a danação para os personagens, e por aí afora... Por isso, eu não o considero apenas um dos meus filmes de faroeste preferidos, mas sim um dos meus FILMES PREFERIDOS, que continua funcionando mesmo com infinitas revisões, como um bom gibi de bangue-bangue. Aliás, DJANGO tem toda cara de história em quadrinhos, e isso é um elogio.
Revendo-o hoje, fico até imaginando o choque que deve ter sido na sua estreia, lá em 1966. Principalmente para aquele público almofadinha, acostumado com westerns norte-americanos cheios de atores bonitões com roupas limpinhas e dentes brancos, e onde bons e maus estavam muito bem definidos. Vestido de preto e nem sempre com boas intenções, Django é um anti-herói que em certos momentos age até como fora-da-lei, tipo quando ajuda os mexicanos no assalto ao forte, matando ele próprio um montão de soldados "inocentes".
DJANGO é assim: feio, sujo e malvado: não perdoa ninguém e joga seus personagens, bons ou maus, no meio da sujeira, da lama, da areia-movediça, do saloon repleto de putas horríveis (não as grandes estrelas de Hollywood, como acontecia na América), que em certo momento rolam e chafurdam no barro como porcos. Fez escola e gerou clones, Shangos, Cjamangos, Cangos, Sjangos, Djecas e D'Gajões, façanha que não é para poucos. E mesmo assim continua imbatível como um dos grandes ícones do western spaghetti.
E por mais que seja interessante encarar este novo trabalho do Tarantino como a rara oportunidade de ver um outro Django cavalgar na tela grande, trazendo de volta aos holofotes um dos meus grandes heróis de infância, acho que a melhor coisa de "Django Livre" é que toda uma nova geração deverá ter seu primeiro contato com o original quando for correr atrás das influências de seu ídolo Tarantino. Talvez alguns até espalhem baboseiras pela internet afora - inclusive já li "críticas" de moleques de 20 anos na cara reclamando que DJANGO era um festival de clichês, sem se colocar no lugar e na época em que o filme foi feito e exibido, quando tudo ainda era novidade.
Por outro lado, gostaria de acreditar que a maioria vai ver o filme de Corbucci pela primeira vez com os mesmo olhos com que eu o vi, lá no final dos anos 1980. E quem sabe Franco Nero volte a se tornar um herói para toda uma nova legião de cinéfilos. Afinal, se Django venceu batalhas muito mais inglórias, como ao combater inimigos com as mãos quebradas, vencer o preconceito desses jovens cinéfilos de shopping deve ser tarefa relativamente fácil...
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Django (1966, Itália)
Direção: Sergio Corbucci
Elenco: Franco Nero, Loredana Nusciak, Eduardo Fajardo,
José Bódalo, Ángel Álvarez, Gino Pernice, Simón Arriaga,
Luciano Rossi e Remo De Angelis.
30 comentários:
O legal é que Cobucci, além de utilizar o Franco Nero em Companheiros e Os Violentos vão para o Inferno, acaba reaproveitando alguns elementos de Django, como a metralhadora, o contexto da revolução mexicana, fora os elementos religiosos, no caso, o caixão e a cruz (serão simbolismos?). Muito bacana.
Do Cobucci também acho geniais Navajo Joe (bom divertimento) e Os Cruéis. Este último, apesar de "americanizado", foi uma surpresa pra mim. História de reviravoltas em que tod mundo se dá mal no final.
Felipe, me tira uma dúvida esse filme possui alguma versão Uncut, pois tenho um DVD importado que diz ser Uncut.
Valeu!!
TONY SARKIS, o DVD importado da Blue Underground é o tal "uncut", mas não porque tenha cenas violentas anteriormente censuradas, e sim por incluir uns frames inexistentes nas outras cópias e que eram considerados perdidos. Eu tenho este DVD e nunca vi nada tão surpreendente que tivesse sentido falta nas outras versões (como já escrevi na resenha, conheço "Django" quase de cor); mas também nunca fiz uma comparação cena a cena com outros DVDs para descobrir quais são estas cenas a mais.
Em todo caso, eis o que dizia o marketing da Blue Underground sobre este DVD mais completo do filme: "All previous transfers of 'Django' had been made from various prints and duplicate negatives. The new Blue Underground transfer was done from the original camera negative, which apparently hadn't been touched in over 35 years. When we examined it, we also found bits and pieces of scenes that had been lost over the years. Nothing of any major significance, but it is interesting to see these little bits 'n' bobs that had been missing from previous transfers. On the other hand, because the original negative hadn't been properly stored, there was some deterioration that couldn’t be 100% repaired even with today’s state-of-the-art digital technology. In fact, the negative was in such disrepair that we had to re-enforce every splice before we could even run it through the telecine. It was a major restoration. We spent more than double the normal time doing frame-by-frame dirt and scratch removal. It's taken two years to finish, but the result is absolutely the most complete and beautiful version of 'Django' ever seen".
Da primeira vez que eu vi esse filme eu não sabia nada dele, só que o nome tinha servido de inspiração pro filme novo do Tarantino, e justamente por isso que eu fui ver. E quando chegou a parte em que ele abre o caixão eu não fazia a menor ideia de que tinha uma metralhadora dentro, eu imaginava qualquer outra coisa, eu até pensei "só falta ele tirar uma metralhadora de dentro desse caixão". E quando foi exatamente isso que ele tirou do caixão... Foi um dos melhores momentos cinematográficos da minha vida até hoje. E
Eu ainda vou ver o Django do Tarantino e espero que faça juz ao título.
Não podemos esquecer que "O Último Matador", dirigido por Walter Hill e estrelado por Bruce Willis,também foi baseado em "Yojimbo". Só que com gângsters no lugar dos samurais e dos fora-da-lei.
Paulo Geovani
Assisti a "Django" há alguns meses depois de ver a Trilogia dos Dólares que me deixou maravilhado.E que filme é esse hein?A cena da metralhadora então é pra repetir até enjoar no DVD.Vou aproveitar e baixar a versão com áudio em italiano como fiz com "O Grande Silêncio".
Agora me tire uma dúvida:esses filmes eram todos filmados em italiano e depois dublados em inglês?Então como é que o Clint Eastwood,Henry Fonda,Jason Robards e aqueles americanos se comunicavam no set?Só os atores italianos eram dublados e os americanos não?Abraços!
Grande Felipe!! Mais um excelente texto! Cara, Django é um dos melhores westerns italianos mesmo!!! Franco Nero é inesquecível e Corbucci, um gênio que aos poucos terá o seu reconhecimento! Aos que criticam os "Clichês", devem ser os grandes "intelectuais" que exaltam Woody Allen!!!! Ótimo texto!
DYLAN DOG, os westerns feitos na Itália eram sempre dublados para o mercado externo, então os atores falavam cada um a sua língua. Nas filmagens de "Por um Punhado de Dólares", por exemplo, o Clint Eastwood provavelmente falou todos seus diálogos em inglês e os outros atores responderam em italiano ou espanhol (porque muitos eram filmados na Espanha, com figurantes de lá), enquanto o Sergio Leone e seus assistentes e produtores davam as ordens nos três idiomas! Devia ser uma coisa de louco na hora da edição, mas os filmes depois eram dublados em línguas como italiano, inglês e espanhol (e alemão e francês), portanto nem importava o que os atores estavam falando no momento da gravação. O mesmo acontecia, por exemplo, nas aventuras de artes marciais que tinham participação de artistas norte-americanos: os gringos falavam os diálogos em inglês e depois eram dublados.
A cena de personagens carregando o caixão me fez recordar um episódio de Spectromen, onde um dos monstros carregava um caixão, sem contar os inumeros "Jangos" em séries japonesas, tanto em Tokkusatsu quanto em anime.
Sobre personagens carregando caixões eu me lembro de um episódio de um desses seriados japoneses dos anos 80,(acho que é do Jaspion, não tenho certeza),um vilão que é enviado pra destruir o herói e ele carregava um caixão.
Paulo Geovani
Na época de "Por Um Punhado De Dólares", pelo menos fora dos Estados Unidos, a maioria dos filmes eram dublados mesmo na lingua original.
"Por Um Punhado De Dólaras" por exemplo, mesmo na versão em inglês nota-se que o próprio Clint Eastwood se dubla, mesmo ele tendo falado as frases em inglês nas gravações... mas dá pra perceber um pequeno "out-of-sync" na leitura labial.
Assim como o som das armas disparando eram todos feitos em estúdio! Ou o som dos socos e tapas!
Por exemplo, em "Era Uma Vez No Oeste", na cena em que o Henry Fonda dá vários tapas na cara do Charles Bronson, dá pra notar há quilômetros de distância que o som é feito em estúdio. kkkkkkkkk! Hoje em dia pode parecer caricato, mas na época aposto que dava uma emoção grandiosa no cinema!
Eu por exemplo odiei o que o James Cameron fez na versão Stereo 5.1 de O Exterminador do Futuro, onde ele muda o som do tiro daquela pistola com mira laser do Schwarzenegger pra um som mais realista. Mas na versão mono (a original) a arma dá um estouro fuderoso! Tipo, é meio falso, mas é fodástico! Hehehehe!
Por falar em caixão... tudo bem, eu sei que já pedi no post da Maratona Django pro Felipe resenhar "Lemonade Joe" (esse é um filme para doido MESMO)... mas não podia passar batido a lembrança do Fernando Benini como Papaco! kkkkkkkkkkkkkkk!
Um Pistoleiro Chamado Papaco merece uma resenha. Esse é aquele tipo de filme pornô que se você tirar as cenas de sexo explícito ele continua BOM! kkkkkkkkkkk!
Só os diálogos são de matar de rir!
Abraços!
Night Owl.
django é classico vendo por si ,meu pai adorava western mas ficou mais fã dos italianos por causa da brutalidade e cowbois sinicos,como o verdadeiro western não aquele do cinema americano tudo certinho, ele assistiu Django no cinema e depois como o advento da TV, ele assistia toda vez que passava eu e minha mãe tambem assistia fazendo companhia para ele as quintas ou quartas -feira isso na TV RECORD ou ate mesmo nas Segundas -feira pois a TV BANDEIRANTES Tambem exibia filmes de western em sua programação " SEGUNDA SEM LEI "ou ate na TVS quando passava filmes de western na SESSÃO DAS DEZ ou nos sabados na SESSÃO DUPLA, como SARTANA, OS 10 HOMENS DO OESTE,KEOMA,BANG-BANG KID,CARAMBOLA ( com: Michael Coby,Paul Smith)Dentre outros que não lembro agora estes dias eram sagrados para ,meu velho,Enfim! nos bons tempos da tv aberta ,DJANGO passou na TV Aberta pela ultima vez na Sessao Fim de Noite no SBT na decada de 90 acho que em 1998 ou 1999,pois eu assisti-o sem acompanhia dele ( meu pai)foi estranho assistir o filme sem apresença dele, Bem ! A Vida Continua,Valeu mestre! por nos proporcionar com mais este brilhante post sobre este grande western italiano esquecido,VIVA DJANGO!
P.S- os pseodonimos italinos para americano foi boa ,assisti um filme do GUILLIANO GEMMA e os creditos estava escrito MONTEGOMERY WOOD,Acho que era no "Dolar Furado" Foi um VHS que meu pai alugou.
OBS: Caro,Wellington J. Franke Jr , não existe nenhum episodio do SPECTREMAN onde monstros carregam caixão só tem episodios que aparecem caixão sem ser carregados com: O VAMPIRO DO ESPAÇO, A MALDIÇÃO DA FEITICEIRA em ASSASSINOS DO ALEM não aparece caixão somente um rabeção,no JASPION sim tem um episodio que ser alienigena esta com um caixão e carregando e aquele sera o descanso eterno dele,Paulo Geovani acertou !
Abraços Spektro 72
Quanto a Corbucci, meus preferidos são este e o Vingador Silencioso ( que tem um dos melhores "anti-climax" que já vi).
No episódio do Jaspion, que alguém citou anteriormente, esse vilão que chega para matar Jaspion foi o único que não foi morto pelo herói e cujo destino fica m aberto.
Durante a cena inicial do filme, Corbucci sacaneou Nero, pois o mandou simplesmente sair andando, sem olhar para trás, até que alguém o mandasse parar. Só que o babaca foi andando, andando e, depois de andar a beça puxando aquele caixão, olhou para trás e notou que o diretor e toda a equipe tinham ido embora, deixando o palerma sozinho e andando á toa.
spektro72, vc que manja da exibição dos filmes em tv aberta, me lembro de ter assistido o final do Django na finada Manchete, tem um video no youtube de uma chamada do filme na sessão das dez (de 89, acho), e meu pai me contou já ter assistido na Band. Django foi exibido em todos esses canais?
Sobre o tokusatsu em que aparece um caixão, acho que o personagem Lucifer dos Cybercops carrega um caixão. Mas é possível que apareça em outros.
No episódio 20 de Jaspion, A Última Chance, o vilão Guila tem o seu caixão.
Lúcifer aparece carregando um caixão no episódio 16 ou 17 de Cybercop. Não me lembro com precisão
Valdir
Clássico absoluto. Assisti pela primeira vez também na era de ouro do VHS, graças ao meu pai, grande fã de spaghettis. Aliás o que eu vi de spaghetti quando era criança nessa época não foi brincadeira, e a "áurea" de ver estes filmes em vhs no final da infância com aquelas capinhas não era coisa pouca. Depois fui "redescobrindo" um por um destes filmes na era do DVD com grande prazer. Django sem dúvida é emblemático, e se nao é o melhor devido aos trabalhos inumanos de Leone, acaba sim sendo o filme chave do ciclo. E é intrigante realmente como não fizeram logo sequências oficiais deste filme no auge do ciclo mesmo com Nero no papel.
Danilo! é realmente verdade DJANGO foi realmente exibido na TV BANDEIRANTES na decada de 80 ,na Sessão de filmes " SEGUNDA SEM LEI no SBT tambem esta correto ,agora na MANCHETE tenho minhas duvidas,apesar que passou varios filmes exibidos na TVS-SBT antes dela deixar de existir,filmes exibidos na MANCHETE que pasaram no SBT são estes que me lembro agora :O HOMEM DA MASCARA DE FERRO,O CONDE DE MONTE CRISTO ( COM : RICHARD CHAMBERLEAIN )ambos foram exibidos no SESSÃO DAS DEZ.
Informação do Valdir esta correta sobre este episodio do CYBERCOPS só não sei o nome dos episodios.
abraços de Spektro 72
"A cena de personagens carregando o caixão me fez recordar um episódio de Spectromen, onde um dos monstros carregava um caixão, sem contar os inumeros "Jangos" em séries japonesas, tanto em Tokkusatsu quanto em anime."
Em "Cavaleiros do Zodíaco" um dos inimigos do cavaleiro de Fênix se chama "Jango"
Muito boa análise, Felipe. "Django" sempre foi pra mim um filme mítico. Sempre quis ver uma análise sobre ele e nunca encontrei (em português) nada além de sinopses baratas. E nunca pensei que ele fosse dissecado aqui no "Filmes Para Doidos", pois ele definitivamente não se encaixa nesse perfil. Ainda bem que vc está saindo um pouco do foco imposto pelo título dado ao blog.
Sobre a segunda parte do filme, referente aos mexicanos e o roubo da ouro, não acho que foi "filhadaputice" do personagem carregar todo o ouro para si.
Ele propôs a Hugo que ao término do assalto ele teria sua parte e tomaria seu rumo. Hugo como uma cobra começou a "prender" o Django, falando que eles veriam isso depois e que Django ficasse mais um tempo com eles. Vi nessa situação que Django sentiu que iria ser usado e poderia ser morto quando não tivesse mais utilidade, resolvendo então pegar o ouro na surdina e em uma quantidade bem maior, ou seja, TUDO, pra fazer valer a pena tanto risco. Foi "sentindo o cheiro da morte" que Django tomou essa decisão, e não porque seja naturalmnte traidor. E as outras nove metralhadoras que o herói menciona poderiam render uma sequência como "Django - A Crônica das Nove Metralhadoras" ou algo do tipo. A meu ver é bem interessante. E a dublagem brasileira é boa também, feita nos estúdios da Odil Fono Brasil na década de 70. Django teve a voz do sempre excelente Carlos Campanille. Houve também uma homenagem ao Django na série japonesa "Cybercop - Os Policiais do Futuro" onde é mostrado o personagem Lúcifer chegando de modo semelhante ao nosso herói, puxando caixão e tudo. No mais, ótimo texto, e obrigado por falar sobre esse que é um dos melhores filmes que já vi na vida.
"Era Uma Vez no Oeste" é, simplesmente, o segundo nome na minha lista dos melhores filmes já assistidos. O primeiro é "O Poderoso Chefão", imbativelmente.
Tem uma história curiosa: reza uma lenda que em 1966 a maioria dos figurantes já estavam comprometidos em outras produções, acabou sobrando para Django apenas os mais feios e desdentados, daí foi ideia do Ruggero deodato colocar o capuz vermelhona bandidagem.
Eu nunca morri de amores pelo Tarantino, mas me surpreendi com sua versão de DJANGO. Encontrei teu blog e através dele cheguei ao original de 66. É incrível como DJANGO não requer o menor esforço para nos "atingir". A força das imagens, a corrupção do herói... Esse é um filme que vou rever. Adorei teu blog, parabéns pelo trabalho!
Cara, sou fã de bang bang desde garoto. Gostei dos comentários e aproveito para dizer o seguinte em relação aos dois Djangos:
1) Muita gente não irá entender o porque no filme do Tarantino há a relação com a escravidão. Penso que o herói, no caso do Django do Corbucci, aparece após a guerra civil, enquando o herói do Tarantino vem antes.
2) No filme do Tarantino, o personagem do Franco Nero tem um breve contato com o herói e pede que ele soletre o seu nome.
Podemos dizer que o Tarantino brincou ai e passou a idéia (de leve) de que o herói, que surgiu de depois da guerra civil, poderia ter tirado ao herói de antes da guerra o seu nome,Django.
Bela sacado do direto... mas passará despercebida pela maioria que viu os dois filmes, e por todos que só viram o atual.
Grande abraço.
Dário de Oliveira
Melhor resenha de Django na net!
Sobre esse papo de clichês em resenhas de molecotes... taí uma verdade absoluta. Detesto, do fundo da minha alma, essa molecada que não sabe assistir as coisas com a visão correta.
Parece que tem vergonha de admitir que gosta de obras antigas.
Sempre com papinho de é "tosco, mas é legal". Que tosco o quê! Ninguém gosta do que é tosco, p%##@! Quanta hipocrisia enrustida dessa juventude. A impressão que dá, é que eles falam que algo é tosco, pra em seguida elogiar, como forma de explicação para a opinião alheia de outros babacas que nem eles, que fazem chacota com tudo(até com algo que você goste) e que vêem maldade nas pequenas coisas. Se você, jovem, curte um negócio, não precisa ter vergonhinha de assumir que gosta e ficar tentanto achar pêlo em ovo de grandes clássicos como "Django".
Esses dias vi um desses "sotto-Djangos" no youtube. Cheio de comentários de pirralhões, do tipo "O morto tava respirando", "que paia!", "olha a fala desse cara!"... Sentiram o clima? É difícil conviver, é difícil... muito difícil...
Ótimo texto, apesar de já ter sido escrito há um bom tempo. Eu só discordo com a parte que diz que esse tipo de violência era estranha nos westerns americanos.
Sam Peckinpah já tinha feito alguns westerns violentos na época do Django (mas os mais violentos foram feito depois). John Ford tinha feito um filme com John Wayne "Rastros de Ódio" que era bem violento e moralmente ambíguo, mesmo que não mostrasse sangue como Django faz muito bem.
Pensei em publicar um comentário legal rsrs... Mas dizer que é o MELHOR FILME q já vi na vida é suficiente.... Ameiii gostaria de v mais vezes mas já procurei por todos os lugares q andei e n encontrei.... :-( mas é o melhor filme q já vi na vida ÓTIMOOOOOO
Pensei em publicar um comentário legal rsrs... Mas dizer que é o MELHOR FILME q já vi na vida é suficiente.... Ameiii gostaria de v mais vezes mas já procurei por todos os lugares q andei e n encontrei.... :-( mas é o melhor filme q já vi na vida ÓTIMOOOOOO
Eu particularmente amo os filmes do Franco Nero.. acho q por gostar tanto dos originais Django e outros de velho oeste com o ator Franco Nero.. nao fui muito fã deste Djando. Os filmes daquela epoca tinha um cenário vestimentas, enredos que faziam uma junção perfeita.A interpretação dos atores tambem..Eu creio que por ser uma epoca onde estes filmes eram por ser a moda do momento.Surgiram diretores e atores espetaculares.. Saudades ..
Só faltava essa resenha para terminar de ler a Maratona Viva Django . Deixei o melhor para o fim :)
"Falando em dublagem, DJANGO é um filme que precisa ser visto OBRIGATORIAMENTE em italiano." Na verdade o áudio original em italiano teve o Franco Nero sendo dublado pelo ator Nando Gazollo, portanto mesmo o áudio original foi DUBLADO e não temos a voz do ator Franco Nero em nenhuma versão. A dublagem em português é muito boa e eu acho superior em termos de interpretação em relação às versões em inglês e italiano. A dublagem em inglês é óbvio que é ruim, já que as dublagens americanas são horrorosas (me refiro a interpretação).
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