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quinta-feira, 11 de junho de 2009

VIVER E MORRER EM LOS ANGELES (1985)


A primeira vez que vi VIVER E MORRER EM LOS ANGELES foi num dos muitos Corujões da Globo que encarei durante os anos 90 - aquela triste fase pré-baixação de filme, quando você precisava ficar acordado até as três da matina para gravar os filmes que gostava. Eu não lembro a quantidade de cortes que a emissora fez no filme (mas tenho certeza que algumas cenas não foram exibidas), e nem lembro como era a voz dos dubladores dos personagens principais. Tudo que lembro é que foi um daqueles casos raros de amor à primeira vista.

Por muito tempo, inclusive, eu considerei esta obra-prima do diretor William Friedkin (dispensa apresentações, não é?) o último filme policial realmente perfeito. Claro, isso foi antes de maravilhas como "Fogo Contra Fogo", do Michael Mann, mas lembro que demorou um bom tempo para surgir algum outro policial contemporâneo que me deixasse tão hipnotizado quanto VIVER E MORRER EM LOS ANGELES. E se você é um daqueles pobres mortais que ainda não viu o filme, obviamente sem saber o que está perdendo, convido-o a ir direto ao fim desta resenha e assistir ao trailer. Será amor à primeira vista também, eu garanto.


Como revi o filme recentemente, resolvi escrever aqui umas porcas linhas, sem nenhuma tentativa de esgotar o assunto ou de fazer justiça à qualidade dessa maravilha, mas apenas para motivar aqueles que não conhecem ou nunca viram, e também para deixar quem já viu com vontade de rever.

Após uma introdução absurda e tosca que até hoje estou tentando entender como é que Friedkin filmou e ainda deixou na edição (envolvendo a segurança do presidente e um terrorista que se explode com uma bomba, algo que parece saído de um filme ruim do Steven Seagal), a trama principal de VIVER E MORRER EM LOS ANGELES finalmente começa, sem perder muito tempo com bla-bla-bla ou apresentações desnecessárias dos personagens.

Sabemos apenas que Richard Chance (interpretado por William Petersen) é um agente do Serviço Secreto especializado em caçar falsificadores de dólares, e Rick Masters (Willem Dafoe, magnífico no papel) é um artista plástico que usa seus dotes justamente para falsificar grandes somas de verdinhas. Perceba que eu não identifiquei nenhum deles como "herói" ou "vilão"; mais tarde você entenderá o porquê.


Os caminhos de Chance e Master entram em rota de colisão quando o falsificador mata Jim Hart (Michael Greene), parceiro de longa data e único amigo do agente. O pobre defunto estava a apenas três dias da aposentadoria. Chance, é claro, prepara-se para a vingança e promete pegar Masters custe o que custar. Entretanto, seus superiores, para tentar mantê-lo na linha, designam um novo parceiro careta e certinho, John Vukovich (John Pankow), para acompanhá-lo no caso. O resto do filme mostra a dupla encarando tudo e todos para colocar as mãos no falsificador.

A idéia principal, na verdade, é bastante simples (a típica historinha de vingança e do policial obcecado caçando o vilão que não deixa provas). O que transforma VIVER E MORRER EM LOS ANGELES num daqueles clássicos únicos, que nunca envelhecem ou perdem o pique, é exatamente o desenvolvimento da narrativa. Após perceberem que nada conseguirão do "jeito tradicional", com suas tocaias e investigações dentro da lei, Chance e Vukovich vão cavando fundo a própria cova ao bolarem armações cada vez mais mirabolantes para tentar prender Masters.


Sabe no filme "Miami Vice", do Michael Mann, em que uma situação vai levando a outra, e a outra e a mais outra, e o que parecia simples lá no começo acaba se tornando um problema impossível de solucionar? Pois é mais ou menos assim o roteiro assinado por Friedkin e Gerald Petievich, que é apenas ligeiramente inspirado no livro deste último.

Acompanhe: Chance e Vukovich começam o filme prendendo Carl Cody (um jovem John Turturro), que é o "distribuidor" das notas falsas de Masters. Masters, por sua vez, tenta matar o "ex-funcionário" na prisão para que ele não dê com a língua nos dentes. O plano falha e Cody continua vivo. Chance vê aí uma chance de ouro para conseguir o testemunho contra Masters, liberta Cody para negociar um acordo, mas o bandido acaba fugindo, fazendo com que o policial volte ao ponto de partida!

Finalmente, sem mais recursos para usar contra o falsificador, Chance resolve negociar 30 mil dólares em notas falsas com o próprio Masters, para prendê-lo com a boca na botija. Mas seus superiores não liberam a grana. Assim, ele resolve esquecer que é policial e roubar um contrabandista de diamantes que está chegando à cidade, sem saber que o sujeito na verdade é um agente disfarçado do FBI! E assim a coisa vai se complicando mais e mais ao ponto de o espectador se perguntar onde tudo aquilo vai parar.


Por isso que o mais interessante de VIVER E MORRER EM LOS ANGELES é a caracterização do seu protagonista e do seu antagonista. Chance e Masters têm absolutamente tudo em comum, e, mesmo que isso tenha virado clichê em incontáveis policiais posteriores, poucas vezes a linha entre "polícia e ladrão" foi tão tênue.

Chance é aquele tipo de policial que gosta de viver perigosamente (inclusive pratica base jump, saltando de pontes altíssimas apenas com um cabo amarrado a uma das pernas), sabe que vai morrer antes de se aposentar e vive uma relação de (pouco) amor e (muito) ódio com sua informante, Ruth (Darlanne Fluegel, linda), a quem vive ameaçando colocar na cadeia, caso não obtenha as informações que precisa.


Masters, por outro lado, é um artista conceituado e ricaço que parece trabalhar com dinheiro falso apenas porque é proibido (compartilhando com Chance o amor pelo perigo), que vive queimando as próprias telas por não achá-las perfeitas o suficiente (como são perfeitas as suas falsificações, por exemplo), e tem um caso de amor moderninho (com pouquíssimo amor) com uma dançarina, Bianca (Debra Feuer, linda também), que costuma dividir na cama com uma outra garota.


Quando você percebe que ambos têm mais em comum do que deveriam, e que Chance está tão obcecado em pegar Masters que não medirá esforços (mesmo tendo que agir fora da lei), percebe também a beleza dúbia da história que Friedkin está contando: um filme onde o herói não é nada bonzinho e o vilão parece mais inteligente, mais "correto" e está sempre um passo a frente do seu perseguidor. O crítico norte-americano Roger Ebert descreveu isso de maneira perfeita: "Não é uma história sobre policiais e ladrões, mas sobre dois sistemas de fazer negócio, e como um deles precisa encontrar uma forma de mudar a si próprio para derrotar o outro".

Enfim, é um jogo de gato e rato incrível, como o cinema policial poucas vezes mostrou. E com uma reviravolta final tão surpreendente, inesperada e CORAJOSA que lembro de ter ficado boquiaberto quando "aquilo" aconteceu. É a cereja do bolo e o toque de mestre de Friedkin, uma reviravolta quase cortada pelos produtores furiosos (que ordenaram a filmagem de um absurdo "final feliz" para a trama), mas que felizmente ficou na montagem final. Sem ela, o filme perderia uns 80% do seu impacto.


Eu adoro boa parte dos filmes de William Friedkin (outros, como "A Árvore da Maldição" e "Jade", acho bem fraquinhos), e um dos aspectos mais positivos dos seus policiais é o realismo das tramas, situações e protagonistas. Em VIVER E MORRER EM LOS ANGELES não é diferente: Petersen e Pankow interpretam dois agentes à beira do colapso (por causa do estresse) de maneira bastante convincente. A fantástica trilha da banda Wang Chung ajuda a criar um clima pulsante e desesperador, como se o filme nunca parasse de martelar a cabeça do espectador.

Sempre achei uma grande injustiça o fato de Petersen (hoje no seriado "CSI") não ter se transformado num grande astro da sua geração, e sua interpretação neste filme é argumento mais do que suficiente para corroborar minha teoria (somado ao posterior Will Graham que ele interpretou em "Manhunter", de Michael Mann, outro "herói" bastante imperfeito). Mas Dafoe também está ótimo como um vilão ameaçador e que põe a mão na massa, ao invés de ficar em casa dando ordens pelo telefone, como é comum nesse tipo de história.


E apesar de ser mais lembrado por "O Exorcista", o fato é que Friedkin parece ter nascido para dirigir policiais. VIVER E MORRER EM LOS ANGELES não deve nada ao clássico "Operação França", que o diretor filmou nos anos 70.

Na verdade, tem uma cena de perseguição de automóveis que praticamente deixa na poeira aquela ótima seqüência em que Gene Hackman perseguia o metrô em "Operação França". Aqui, Chance e seu parceiro fogem de velozes perseguidores armados entrando na contramão numa auto-estrada - um cena tão perigosa, ainda mais por ter sido feita na era pré-CGI, que parece até uma completa loucura.



Ainda não está convencido a ver o filme? Então saiba que os 116 minutos de VIVER E MORRER EM LOS ANGELES foram cuidadosamente elaborados por um cineasta que é digno desse nome. Algumas cenas poderiam ser impressas e emolduradas como quadros, de tão lindas.

E o filme todo valeria apenas pelo belíssimo momento em que o personagem de Dafoe falsifica cédulas de 20 dólares. Toda a produção das notas falsas é mostrada DIDATICAMENTE pela câmera de Friedkin (ele teve como "consultor" um falsificador verdadeiro!), ao som frenético da trilha sonora. Um momento antológico e inesquecível, perfeito casamento de montagem e música, além de uma aula para quem realmente quiser falsificar cédulas. De tão boa, a cena merece figurar aqui no blog, e você pode vê-la na íntegra abaixo.

Como fazer 200 dólares por segundo


VIVER E MORRER EM LOS ANGELES ainda tem cenas bastante violentas de lutas corporais e tiroteios. O diretor parece ter fetiche por sangrentos balaços no rosto (aqui tem até tiro de espingarda na cabeça à queima-roupa!), mas pode esperar também por tiro no saco e uma pessoa sendo queimada viva, só para mostrar como, no mundo do crime, "os fracos não têm vez".


Bem, eu poderia ficar aqui até amanhã falando da maravilha que é este filme injustamente desprezado pela crítica (e pela maioria do público também), mas prefiro terminar por aqui, com medo de falar demais e acabar estragando algumas das muitas surpresas que Friedkin reserva ao espectador de primeira viagem.

Porém ressalto que este é talvez o penúltimo filme policial perfeito (ainda estou hipnotizado e não consigo lembrar com certeza, mas acho que o último foi mesmo o "Fogo Contra Fogo"), e com certeza um dos meus filmes favoritos de todos os tempos.

E como não gostar de uma obra em que um policial fala para uma mulher "O Tio Sam não liga para as suas despesas. Se quer pão, vá transar com o padeiro!", e o tal sujeito ainda deveria ser O HERÓI DO FILME??? Ah, bons tempos politicamente incorretos aqueles em que tínhamos personagens como Richard Chance...

Trailer de VIVER E MORRER EM LOS ANGELES


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To Live and To Die in L.A. (1985, EUA)
Direção: William Friedkin
Elenco: William Petersen, Willem Dafoe,
John Pankow, Debra Feuer, Darlanne
Fluegel e Dean Stockwell.

25 comentários:

Duete disse...

Também acho esse filme uma obra-prima. Vi o ano passado em dvd pela primeira vez e fiquei de quatro no final. Sem reação! Filmaço.

Tem a mais emocionante cena de perseguição da história. E fiquei com a mesma impressão quanto ao Petersen. O cara tinha potencial pra astro.

O John Pankow é o Ira do seriado que eu amava: Love about You. E esse não é filme pra doidos, é filme pra quem ama cinema mesmo.

Felipe M. Guerra disse...

Pois é cara, este na verdade é um FILME PARA DOIDOS POR CINEMA! De vez em quando preciso quebrar a rotina e falar sobre um filmaço, senão acabo doido mesmo. E ainda acho que um dia essa obra-prima do Friedkin será mais valorizada do que é hoje.

Anônimo disse...

Um filmaço, realmente. E com esse post você me fez ter vontade de rever o filme. Tinha ele na coleção, então emprestei para uma pessoa e nunca mais vi. A pessoa que emprestei dissera que emprestou para um amigo e este deu fim ao DVD. Mas lembro de todas essas cenas que falou, principalmente da trilha sonora composta por sintetizadores, do passo a passo na falsificação de notas (Uma cena que fica na mente instantaneamente)e do chocante final. Queria ter ele na coleção de volta!

Leandro Caraça disse...

James Grey gez uma homenagem a cena da perseguição em DONOS DA NOITE. O filme do Friedkin é tão bom que deveria virar nome de blog.

artur disse...

fala Felipe, ainda não vi esse filme, mas outro filme de perseguição de gato e rato que eu assistir e gostei foi U.S. Marsahall com o Tommy Lee Jones, esse parece ser um bom filme, só espero que o mocinho do filme não morra no final, e não gosto de finais pessimistas muito não, ah também esqueci de dizer que algum tempo assisti Perigo Extremo do Ringo Lam é um filmaço, só não gostei do fina, mas efim, de vez em quando é bom assistir um bom filme policial, abraços

Felipe M. Guerra disse...

PERIGO EXTREMO ganhou um remake norte-americano que quase ninguém conhece. Chama-se CÃES DE ALUGUEL, de um tal Quentin Tarantino.

Duete disse...

U.S Marshalls é legal, continuação do filmão O Fugitivo, do Harrison Ford. Mas está mais pra filme de ação de espetáculo, enquanto Viver e Morrer, apesar de ter muita adrenalina, é policialzão mesmo. Na linha de Fogo contra Fogo, Os Donos da Noite, Bullitt, etc.

Just Daniel disse...

Porra, o q dizer desse filme? É chover no molhado. O Dafoe nunca esteve tão cool e todos os filmes de ação e perseguição de carros antes desse pareceram virar brincadeira da Disney. Fiquei sabendo q na época do Dafoe quase interpretoy Kyle Reese no primeiro Terminator, mas o Cameron achou ele com "cara de doido demais pro papel do bonzinho".

E Cães não é remake de PERIGO EXTREMO. Nem as cenas parecidas são tão idênticas assim.

Felipe M. Guerra disse...

Putz, acho melhor você ver ambos de novo, porque o final dos dois filmes é idêntico, inclusive nos diálogos e na câmera aérea que filma o "múltiplo tiroteio".

Just Daniel disse...

Idêntico? Pelo o que eu saiba, só a forma como apontam as armas um para o outro que é. E ainda sim acho q forma como Tarantino fez muito mais elaborada e complexa com muito mais clima de: "Puta, isso vai dar merda!" No do Lam, tem tudo cara que nada vai acontecer, e não acontece mesmo, outra coisa que já afasta os dois filmes de qualquer possibilidade de serem remakes.

Cães não é remake de City On Fire tanto quanto não é remake The Killing do Kubrick entre outros milhares de filmes que Cães, e Tarantino, são inspirados. Mas com certeza concordo que tenha sido o "filme modelo mor" para sua "inspiração".

Felipe M. Guerra disse...

Sim, claro que chamar de "remake" foi exagero e ironia, mas os dois filmes têm mais em comum que ângulos de câmera. Não esqueça da relação entre o bandido veterano e o policial infiltrado na quadrilha, que também estão no filme do Lam e no do Tarantino. Se não me engano, até a fala "Não aponte a arma para o meu pai" já estava em Perigo Extremo.

Just Daniel disse...

Felipe, eu tb posso estar enganado, mas essa frase do pai não existe pq pelo que eu lembro ninguém é filho do chefão na quadrilha. Ele apenas diz: "Vc é louco? Abaixa essa arma!" Pelo o menos na versão do Dvd americano que eu vi.

Tem coisas no City On Fire que inclusive inspirou a história toda do Cães apesar de serem apenas mencionados (O cara mata a mulher da joalheria da mesma forma como dizem q o Mr. Blond fez em Cães). Concordo com tudo isso, só queria deixar claro que, ao pé da letra, City não é remake de Cães e tal. E seria errado acusá-lo de plágio como fizeram naquele documentário daquele babaca do Mike White qu8e parece mais um fã do Tarantino querendo aparecer do q qualquer outra coisa.

Felipe M. Guerra disse...

Sinceramente???? Acho tanto PERIGO EXTREMO quanto CÃES DE ALUGUEL dois filmaços, mas neste caso específico acho que muita coisa está mais para plágio do que para "citação/homenagem". Isso não desmerece o filme, mas se fosse qualquer outro diretor iria ser massacrado pela quantidade de "semelhanças" entre os filmes. Seria a mesma coisa se o Scorsese lançasse o Infiltrados sem divulgar que era remake do Conflitos Internos: são dois filmes diferentes, mas ao mesmo tempo bem iguais.

Just Daniel disse...

Mas isso é subjetivo e depende do que cada um acha. Agora, pra mim se Cães é plágio de City, então todos os filmes do De Palma são plágio do Hitchcock, pq eles estão pra plágio deles tanto quanto Cães está pra City. Os filmes são muito parecidos, de fato, mas essas coisas acontecem. A abordagem de Cães no entanto é completamente diferente. City é a história do policial infiltrado e a amizade com um dos gangsters, todo seu percurso, como ele se infiltrou, etc. O filme é obviamente sobre seu personagem. Cães é um "Ensemble Cast", um filme sobre sugestões, onde a ação é focada 90%num lugar só, quase que teatral.

Departed é um caso inteiramente diferente já que se trata de um filme que é 93% igual ao original, sem tirar nem por (nessa porcentagem que é igual) e sua ABORDAGEM é extremamente semelhante, e não apenas em cenas isoladas, o que não acontece com Cães de City.

Mas concordo com vc sobre tanto City quanto Cães serem dosi filmaços. Adoro ambos. E desconfio que prefiro City mais do que qualquer filme do John Woo tirando Fervura Máxima!

sitedecinema disse...

Não curto muito esse longa...acho tudo excessivamente onan'sitico: fotografia, trilha muderrna (para os 80s, de uma banda q eu até fui fã e curti em shw, WANG CHUNG)...apesar de algumas cenas violentas lembrarem o clima cru do excepcional OPERAÇÃO FRANÇA, do mesmo diretor, nofinal das contas, o pacote lembra mais MIAMI VICE('versão Los Angeles')...por sinal, lembro de polêmica com Michael Mann nos anos 80 quando ele teria até ameaçado esse longa de processo por plágio.

JF McQuade disse...

Depois do artigo sobre A Dança da Morte, esse foi o que lí e achei melhor seu, Guerra. O da Dança da Morte confirmou as considerações bacanas que podemos discorrer sobre o filme e nesse Viver e Morrer vc realmente consegue deixar quem nunca viu esse filme fantastico com vontade de ver.
So tenho algumas observações a fazer de leve sobre coisas como o Fogo Contra Fogo. Eu tbm gosto muito desse filme, mas ainda estou numa análise sobre um "vazio" que eu sinto nele... um leve vazio na vida dos personagens, que por mais que a historia fale algo deles - principalmente sobre a situação pessoal do Al Pacino - eu sinto algo pasteurizado... provavelmente, pela falta de "profundidade" do proprio espírito Michael Mann de ser.

JFelipe disse...

Reví o filme agora com os olhos da maturidade =P, depois de uns 20 anos que assisti. Eu era um moleque quando ví pedaços desse filme na Tv, e realmente gostei muito do que ví agora. Muito bem filmado, cheio de elegancia como ja nao existe mais, Viver e Morrer é o que Guerra disse "Cada cena podia ser impressa e colocada num quadro", pois a fotografia e a elegancia das cenas é de um esmero de mestre msm. Querem uma prova?! Vejam só, até msm a cena de abertura, aquela comitiva presidencial (coisa que ja ví ser filmada em uma penca de filmes americanos) é de encher os olhos. As tomadas nao sao nada pasteurizadas, a camera é de uma naturalidade e simplicidade que, aliadas a uma fotografia que brilha como diamante, me dão gosto de ver uma cena que em outros filmes iria ser breguice pura.
Richard Chance é um personagem como ja nao se fazem mais; é o perfil do indivíduo que superou a Vontade de vida e, assim como o inseto que se excita com a luz que vai matá-lo, sente uma sensação de triunfo próximo do perigo. E o Petersen nasceu pra ter representado esse personagem; o kra realmente tem presença e estilo. Hj temos de nos contentar com atores com kra de "mulecote" fazendo papel de durão - o Matt Damon na franquia Bourne, por exemplo. O Friedkin não dá ponto sem nó em muita coisa que faz e, assim como em O Exorcista, Viver e Morrer tem uma certa semiótica. Veja o Chance, por exemplo, no momento da perseguição - a visão do seu salto da ponte -, representa bem aquele lance da excitação que eu falei. Ah, sim, enquanto no banco detrás, o Vukovich com a consciência pesada do homem comum fica se recordando do asiático sendo morto. Embora a conclusão do filme, com o Vukovich, não tenha me descido muito, essa lógica ajuda a digerir melhor isso. Mas claro, o ponto alto dos momentos finais é o que realmente foi dito: realmente uma cacetada na kra, pra neguin dizer "que porra foi essa?". Falaram mal da trilha; sou suspeito pra falar. Eu curto a batida anos 80 e por isso nao tenho nada a reclamar. Não chega a ser marcante como as batidas do Simonetti em Demons, masss responde a proposta do filme. Não tem uma aura de coisa velha ou saudosista, é para aquele momento - alí e agora, ação total =P - assim como o Richard Chance, sem desejar aposentadoria.

JFelipe disse...

Assistam o Making Off de Viver e Morrer que tem no DVD. Me tornei fã do Friedkin... ja adorava o trabalho dele no Exorcista e tenho uma lembrança vaga de quando assisti A Árvore da Maldição em VHS, quando era criança - esse que eh tão mau falado, mas que na época de moleque me serviu bem. Mas esse making off eh bem bacana para se conhecer um pouco mais da maneira de filmar e pensar cinema desse diretor - cada tomada do kra eh bem raciocinada e de muito bom gosto. A maneira como a cena da perseguição foi feita, peculiaridades sobre a maneira de dirigir os atores em cenas que, enquanto eles pensam ser um ensaio, acaba ficando e sendo pra valer. Acho lindo como o angulo de camera do Friedkin capta o espanto do Chance, dentro do carro, cercado por todos os lados. De quebra, aquela tomada pegando o olhar dele pra placa da highway, o momento decisivo: vamos pela estrada! foda! Enfim, o making off, outra grande pedida.

Unknown disse...

PQP, ESSE FILME FOI UMA COISA DE LOUCO! A TRILHA SONORA, O WILLEN DEFOE, A CENA DA PESEGUIÇÃO, O INÍCIO COM O BUNGEE JUMP, AS BRIGAS... PENA QUE NÃO SE VÊ MAIS UM FILME COM TANTA AÇÃO SEM APELARAM PARA OS EFEITOS ESPECIAIS, APENAS AÇÃO E MUITO ATUAÇÃO DOS ENVOLVIDOS. ESSA JOIA RARA FAZ FALTA NOS DIAS DE HJ! MERECE LUGAR DE DESTAQUE EM QQR FILMOTECA! APLAUSOS PARA ESSA GRANDE E HONESTA PRODUÇÃO!

Judd van disse...

Estou meio atrasado para comentar sobre esse filme, pq faz pouco tempo que descobri o melhor blog sobre resenhas de filmes. Só a dois dias atrás eu li essa resenha e fui desperado procurar por ele na net, encontrei no youtube, baixei e assisti, o áudio está atrasado, mas mesmo assim eu quis assitir, grande era a vontade de vê-lo, não me arrempedi é um fimaço com um final aterrador.

Unknown disse...

Permitam retomar a discussão pouco acima Procurei assistir o City on Fire para saber onde estava a semelhança extrema com cães de aluguel a ponto de ser chamado de remake do primeiro, e esperei, e esperei, e só no finalzinho do filme fui ver semelhança em duas cenas. Semelhanças de roteiro é comum entre vários filmes. O city on fire me fez lembrar cães de aluguel tanto quanto Os infiltrados quanto ao mote: Um cara se passando por bandido correndo o risco de se dar mau na missão. E quanto a relaçao de amizade que surge entre os dois protagonistas, voces certamente já viram tipos de relaçao que se repetem em vários filmes: ex: uma amizade surge entre um padre/freira e um criminoso ou pervertido; um cara durão e uma criança ou mulher dócil; dois anteriores inimigos. Há plágio quando tipos semelhantes de relação se repetem em filmes? Na vida, também vemos estas mesmas relações acontecendo com diferentes pessoas. Quem seria culpado de plágio nesse caso? Não é natural que as coisas se repitam aqui e ali. A diferença é que elas acontecem de modo diferente no dia-a-dia, e são mostradas de modo diferente nos filmes. No caso de Cães de Aluguel, Tarantino apresentou o mesmo fato, mas do seu ponto de vista, que se não fosse original de algum modo, não teria obtido a fama e a premiação que o filme ganhou mesmo da parte dos críticos, que podem ser burros as vezes, mas não ingênuos, pois eles sabem o que é plágio e o que é remake, e conhecem uma variedade de filme tal para saber que filme faz referencia a outro.

Felipe M. Guerra disse...

LANA, "semelhanças de roteiro" realmente são comuns, e nesse caso o "Reservoir Dogs" é bem semelhante a outros filmes de assalto, como o clássico "O Grande Golpe", do Kubrick. Mas no caso "Cães de Aluguel/Perigo Extremo", a coisa vai além da semelhança: existe a história parecida e também cenas muito parecidas, inclusive nos ângulos de câmera. Se o Tarantino tivesse colocado um agradecimento ao Ringo Lam no filme dele, ou algo do tipo "Roteiro de Quentin Tarantino inspirado pelo filme 'City on Fire'" (mesmo que não seja um remake oficialmente), ficaria menos feio.

Para encerrar a polêmica, deixo esse vídeo. Só não vê plágio quem não quer. hehehehe.

http://www.youtube.com/watch?v=78i9hxz4QrU

Unknown disse...

Tudo bem, algumas cenas do final são muito parecidas, mas o filme todo nao é parecido, a ponto de se falar em remake, é só isso que eu acho exagerado, pois remake é praticamente uma cópia. Em "city on fire", tem toda a relaçao do protagonista com a namorada, tem a relaçao dele com os outros policiais e com seu tio. Coisas que não estao em Cães de aluguel. Pelo amor de deus... Mas valeu ter enviado o vídeo, eu tava esquecida de algumas das cenas de "Cães...

Anônimo disse...

excelente blog.

Dom Leal disse...

Cara, você disse Tudo o que importa sobre este Filmaço que ao contrário de você, assisti num cinema em Copacabana que nem existe mais, que ficava em frente à Rua Dias da Rocha, no posto IV e meio. Desculpe, nem sei se você é carioca, mas enfim, este filme me surpreendeu pela Ação e Adrenalina, e realmente é um Clássico que pode ser visto e revisto nos dias atuais sem perder o seu eterno charme. O ator principal brilha no papel e nós só o veríamos de novo num sucesso anos depois na tv, com CSI Las Vegas. E nem tem-se o que falar do intérprete do vilão, o notável Willen Dafoe, um Astro de filmes como Platoon, por exemplo. Para concluir, se você é débil mental, então todos os Gênios também são visto assim. Rsssss Abs. Dom