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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

As primeiras (e provavelmente únicas) resenhas curtinhas para cinéfilos impacientes de 2012

V/H/S (2012, EUA. Dir: Matt Bettinelli-Olpin, David Bruckner, Tyler Gillett, Justin Martinez, Glenn McQuaid, Joe Swanberg, Chad Villella, Ti West e Adam Wingard)
A proposta de "V/H/S" é simplesmente genial: trata-se de uma coletânea de histórias curtas de horror que funciona como uma espécie de apresentação, ao grande público, de alguns dos talentos da nova geração do horror, ao mesmo tempo em que rende uma nostálgica homenagem ao formato do VHS - justificando os episódios estilo "found footage", gravados com câmeras amadoras. Infelizmente, o resultado final não poderia ser mais decepcionante e desconjuntado. Duas historinhas são bem legais: a primeira, de David Bruckner (diretor do excelente "O Sinal"), sobre jovens que topam com uma assustadora criatura depois de uma balada, e a terceira, de Glenn McQuaid (do divertido "Eu Vendo os Mortos"), que é uma bela brincadeira com o gênero slasher (não por acaso, o episódio se chama "Tuesday The 17th"!!!), sobre um misterioso assassino sobrenatural que fica invisível estilo Predador, e só pode ser captado por câmeras de vídeo. As duas também são as únicas em que se justifica o uso da "câmera amadora" o tempo inteiro pelos personagens, portanto percebe-se que houve um cuidado maior na concepção da narrativa. Infelizmente, todo o restante da coletânea vai do razoável ao muito ruim, incluindo a grande história que amarra o filme todo (sobre ladrões procurando uma fita VHS numa casa bem suspeita habitada apenas por um defunto bem suspeito). O pior episódio, disparado, é o segundo, sobre um casal em sua segunda lua-de-mel, ironicamente dirigido por um dos nomes mais celebrados entre os novatos, e que eu particularmente acho insuportável: Ti West ("The House of the Devil"). Além de os outros episódios não conseguirem convencer o espectador de que  os personagens têm motivo para ficar segurando a câmera ligada o tempo todo, eles ainda envolvem absurdos injustificáveis, como uma gravação de Skype via webcam que acabou... numa fita VHS? Aham, tá bom. E se o placar Histórias Fracas 4 x 2 Histórias Boas já não fosse frustrante o suficiente, fica claro para o espectador que, enquanto alguns diretores estão se empenhando para mostrar serviço, outros estão fazendo a coisa de qualquer jeito, sem respeitar sequer a proposta do formato em VHS, como se fosse apenas uma brincadeira entre amigos. Isso é visível principalmente no episódio de West e na "grande história" dos ladrões (dirigida por QUATRO caras, Bettinelli-Olpin, Gillett, Martinez e Villella!). Essa sequer tem uma conclusão ou justificativa para ser a "ligação" entre os outros episódios, e se resume a mostrar os sujeitos zanzando pela casa com as câmeras sempre ligadas - mesmo quando estão assistindo fitas na TV! "V/H/S" é um filme que não justifica o "hype", e cujo conjunto é bem decepcionante. Por isso, se era para ser uma espécie de apresentação da nova geração do horror, acho que não podemos esperar boa coisa no gênero pelos próximos anos... 


OS VINGADORES (The Avengers, 2012, EUA. Dir: Joss Whedon)
Agora que baixou a poeira do mega-lançamento nos cinemas e da luta titânica entre os fãs da Marvel e os da DC (por causa do terceiro filme do Batman, que saiu logo depois), nada como avaliar "Os Vingadores" pelo que ele realmente é: um filme de super-heróis bobo, divertido e barulhento, mas longe de ser genial, espetacular ou sequer memorável. Eu o vi na estreia (27/04/2012), e hoje, apenas seis meses depois, pensando no que escrever, juro que não lembro de quase nada do filme além da já antológica cena em que Hulk dá um couro em Loki. Mas isso são só uns 20 segundos num filme de 145 minutos. Afinal, o que acontece no resto? Não lembro! Ok, eu lembro o básico da trama (rasa) e de algumas cenas de ação, mas já não consigo mais lembrar por exemplo quem luta com quem e porquê - há várias "lutinhas" entre os personagens mais famosões, para justificar tanto super-herói num mesmo filme. Isso me fez pensar menos em "Os Vingadores" e mais em como os blockbusters de hoje carecem de originalidade e de carisma. Na infância, quando eu vi "Superman - O Filme", as cenas ficaram na minha memória por anos; o mesmo aconteceu com filmes tipo "Os Caçadores da Arca Perdida" e "Star Wars". Terá Hollywood desaprendido a fazer filmes-pipoca, considerando que eles gastam meio bilhão de dólares para fazer um filme e em alguns poucos meses você nem lembra mais o que viu, de tão pasteurizado e desprovido de alma que era o produto? Bem, falando/escrevendo assim pode parecer que achei "Os Vingadores" ruim, mas não achei, eu gostei da experiência e me diverti durante suas 2h25min. Até pensei que não ia funcionar juntar tantos heróis interessantes numa mesma aventura, mas os mais conhecidos (Homem de Ferro, Capitão América, Hulk e Thor) conseguiram sua cota de tempo em cena e pelo menos alguma contribuição importante/relevante para a história, enquanto a Viúva Negra ganhou até mais espaço no filme do que a personagem merecia - algo que é justificável apenas porque se trata da gostosona Scarlett Johansson numa roupa colante em um filme que praticamente só tem personagens masculinos! Quanto aos outros personagens (Gavião Arqueiro, Nick Fury, o vilão Loki, o cientista interpretado por Stellan Skarsgard), não há o que falar: não são personagens, mas sim bonequinhos inexpressivos jogados na narrativa, alguns sem nenhum carisma (tipo Loki, um vilão que sequer é ameaçador), outros pagando o maior mico (tipo o Gavião Arqueiro, relegado a capanga do vilão na maior parte do filme). E sim, "Os Vingadores" também tem efeitos especiais de encher os olhos e as melhores lutas e explosões que Hollywood pode produzir. Mas não vou mentir que achei tudo isso bem repetitivo, e que gostei mais da interação e da química entre os heróis como "super-grupo": as piadinhas do Homem de Ferro com o Hulk e o Capitão América, os diálogos espirituosos em que eles ironizam sua própria condição de "super", e até as lutinhas entre eles, lembrando aquelas aventuras descartáveis e bobonas dos quadrinhos, tipo "Secret Wars". A verdade é que eu devo estar ficando velho, pois o filme me pareceu muito longo com seus 145 minutos (pelo menos 30 a mais do que precisava). E pensar que o diretor Whedon pretende lançar uma "director's cut" com três horas de duração! Talvez "Os Vingadores" ficasse melhor como dois filmes independentes, o primeiro mostrando a união dos heróis como equipe, e o segundo com a invasão alienígena que ocupa todo o ato final aqui. Mas a moda hoje é ser megalomaníaco e abraçar o mundo num filme só. Sim, "Os Vingadores" funciona muito bem numa tela de cinema (principalmente se for Imax), e cumpre seu papel como diversão escapista. Mas desaparece da memória logo em seguida, e é difícil não bocejar depois da 95ª explosão em CGI. "E roteiro pra quê?", perguntará em uníssono a molecada extasiada com as lutas, explosões e com seus heróis todos reunidos na telona. Nesse caso, com certeza, o errado (e o chato) sou eu.


O ENIGMA DE OUTRO MUNDO (The Thing, 2011, EUA. Dir: Matthijs van Heijningen Jr.)
Em um momento do novo "O Enigma do Outro Mundo", que é uma prequel mostrando fatos anteriores ao clássico dirigido por John Carpenter em 1982, um sujeito crava um machado na parede para cortar no meio um tentáculo da "Coisa", e faz menção de arrancá-lo para continuar o serviço, mas a mocinha Mary Elizabeth Winstead ordena: "Não! Deixe isso aí!". Confesso que me peguei pensando no porquê do pedido (medo de contaminação pelo sangue da criatura no machado, talvez?), até perceber que o personagem só deixa o machado cravado na parede porque no filme de 1982 Kurt Russell encontra um machado cravado na parede na base norueguesa destruída!!! E é esse o tipo de imbecilidade que você verá no filme, uma desculpa patética para fazer um longa-metragem ("Vamos mostrar o que aconteceu aos noruegueses antes do filme do Carpenter"). Ora, eu já sei o que aconteceu aos noruegueses antes do filme do Carpenter: eles morreram todos! Portanto, essa é uma daquelas "pré-continuações" que já dão o tiro no pé desde a concepção, pois não há nenhuma tensão ou suspense quando você sabe que todos os personagens devem morrer no final, e sem fazer nada que comprometa os fatos mostrados no filme de 1982! Mas, vá lá, o troço até poderia ser razoavelmente divertido para os fãs do "Enigma do Outro Mundo" de Carpenter, pois os realizadores poderiam brincar, por exemplo, com a identidade do cadáver encontrado por McReady com a garganta e os pulsos cortados, ou a proveniência da criatura com duas cabeças encontrada queimada do lado de fora da base norueguesa no filme de 1982. Só que aí vem mais uma prova da incompetência do diretor van Heijningen e dos roteiristas dessa bomba: eles não conseguem criar momentos memoráveis nem mesmo a partir desses fatos marcantes da obra de Carpenter - o cara navalhado, por exemplo, sequer é um dos personagens principais, e sim um anônimo qualquer. A favor do diretor, conta a produção boa que recria o interior da base, como vista no filme de Carpenter, nos mínimos detalhes, e o fato de realmente usarem atores noruegueses feios e barbudos no elenco, ao contrário de jovens bobalhões (embora a escalação de Mary Elizabeth Winstead seja muito dura de engolir). Só que fica nisso: a história falha em criar qualquer suspense, tensão ou aquela sensação de paranóia do "Quem é a Coisa?"; os personagens não têm carisma e é até difícil diferenciá-los um do outro; cenas marcantes do filme de 1982 são recriadas sem convencer (por exemplo: o exame de sangue, uma das grandes cenas de horror de todos os tempos, aqui vira um patético exame dentário), e as "transformações" da Coisa em CGI são de lascar. Enquanto no filme de Carpenter as mutações aconteciam lenta e dolorosamente, com efeitos práticos que até hoje convencem, aqui a Coisa se revela em segundos graças à computação gráfica, e sem sangue ou gosma que chega para satisfazer os fãs do original. Sem contar que os bonequinhos em CGI são bisonhos (parece que a qualquer momento vai entrar aquele tosquíssimo Escorpião-Rei de "O Retorno da Múmia" para fazer companhia à Coisa). Enfim, é uma bomba daquelas, mas eu não esperava outra coisa. Triste é ver comentários da molecada nos fóruns internet afora, postando coisas do tipo "Ah, agora sim eu entendi o que acontece no filme original". Sério: haverá alguma cura instantânea para a burrice da geração atual, ou estaremos condenados a legar o mundo aos imbecis?

SAND SHARKS (2012, EUA. Dir: Mark Atkins)
Ok, caso o título não tenha deixado isso bem claro, "Sand Sharks" é um filme sobre uma rara espécie de tubarões que não vive/ataca na água, mas sim em terra firme! É o tipo de trama absurda e idiota que, nas mãos certas, poderia render um trashão engraçadíssimo, cheio de situações insólitas, mortes criativas, sangue e mulher pelada. Mas veja bem: "nas mãos certas". Não foi o que aconteceu aqui. E enquanto eu agonizava vendo essa bobagem, me peguei pensando em inúmeras soluções simples que poderiam ter feito "Sand Sharks" ficar legal, ou pelo menos divertido. Tipo uma cena em que os policiais gritassem "Entrem na água!" para o pessoal na praia, satirizando o clássico alerta de "Saiam da água!" da franquia "Tubarão". Ou mais situações curiosas envolvendo os tubarões que atacam em terra firme, já que estas são completamente sub-aproveitadas - e quando você tem tubarões que atacam em terra firme e não consegue aproveitá-los decentemente, é porque devia estar trabalhando como pedreiro ou atendente de lanchonete. Pois é assim: "Sand Sharks" tem uma única piada e não sabe como explorá-la. O primeiro ataque de um tubarão que sai da areia até surpreende o espectador pelo inusitado. Mas e depois? Não tem "depois": a piada simplesmente é repetida várias e várias vezes até cansar, porque os realizadores não têm capacidade de criar situações interessantes em cima do material! Não basta ter Brooke Hogan, a filha do Hulk Hogan, no papel principal para ser "cult", tem que oferecer algo diferente ao espectador. O engraçado é que se você mentalmente trocar "areia" por "água", vai perceber que "Sand Sharks" é exatamente igual a qualquer um desses filmes genéricos sobre tubarões assassinos, mudando apenas a ambientação para o lado de cá da praia, mas sem nunca explorar a capacidade de os bichos se locomoverem na areia. E antes que apareça alguém reclamando que levei o filme muito a sério, esclareço: não levei. A questão aqui é o filme ser divertido, original e de a piada funcionar, ou "não" para tudo isso. Talvez até pudesse funcionar com mais gore, nudez gratuita e essas coisas todas que valorizavam os filmes cretinos com monstros assassinos do passado. Mas não tem nem um peitinho de fora, enquanto o sangue é mantido num nível baixíssimo, com duas ceninhas mais elaboradas na parte final, e os efeitos, claro, são todos produzidos por computação gráfica tosquíssima. Eu já escrevi que quase todos esses filmes com monstros malucos feitos hoje (esse, "Sharktopus", "Mega Shark vs Giant Octopus"...) ficariam muito melhores como trailers falsos do que como longas, porque a criatividade da ideia maluca não se sustenta por um filme inteiro. É triste, mas os caras que fazem essas bombas não conseguem sequer criar situações legais com tubarões que atacam em terra firme! Aí eu pergunto: por que será que é tão difícil fazer um novo "Piranha 2 - Assassinas Voadoras", ou um novo "Humanoids From the Deep" nos dias de hoje? Talvez porque os realizadores são muito acomodados e acham que criar um monstro legal, ou ter a filha do Hulk Hogan no elenco, já faz valer o filme inteiro. Não, não faz, e tranqueiras como essa são o melhor argumento para comprovar minha afirmação.


SOB O DOMÍNIO DO MEDO (Straw Dogs, 2011, EUA. Dir: Rod Lurie)
Remakes: se não pode vencê-los, junte-se a eles! Mas se há uma coisa pior do que refilmagens desnecessárias (e quase todas as realizadas na última década foram desnecessárias), são as refilmagens feitas por pessoas que não entenderam o original e deturparam completamente o seu significado. Por exemplo, Zack Snyder não entendeu que o "Dawn of the Dead" de Romero era, acima de tudo, uma história sobre isolamento e crítica social, e transformou-o num simples filme de ação com zumbis. Agora é a vez de Rod Lurie destruir "Sob o Domínio do Medo", um dos grandes clássicos de um grande diretor, Sam Peckinpah. Ele até mantém certa fidelidade ao contar a história de um pacato roteirista de cinema (matemático, no original) às voltas com valentões na pequena cidade para onde se muda com a esposa. O problema é que o novo "Sob o Domínio do Medo" é um daqueles remakes cena a cena, repetindo até diálogos e ângulos de câmera do original, mas se acovarda justamente no ponto-chave do clássico de Peckinpah: no filme de 1971, quando a mulher do protagonista (interpretada por Susan George) era estuprada por um dos valentões, seu ex-namorado na juventude, ELA GOSTAVA DISSO! Interpretem como quiserem, seja pelo ditado popular do "Se o estupro é inevitável, relaxe e aproveite", seja por um viés machista (tipo "Ela finalmente encontrou um macho de verdade!"), mas é assim que acontece. É óbvio que neste remake um burocrata como Rod Lurie não faria nada sequer parecido. Assim, o estupro de Kate Bosworth é realmente um momento de violência do qual a garota não tira nenhum proveito (e, óbvio, sem mostrar peitinhos e sem a mesma crueza da mesma cena no filme original). Tudo que acontece a partir de então é relevante, porque você percebe que o diretor e também roteirista mudou a grande cena do filme de Peckinpah. E quando o protagonista James Marsden (substituindo Dustin Hoffman) despiroca na conclusão e começa a matar os bullies, a "vingança" não tem o mesmo sentido do filme de 1971. Sem contar que se você vai "atualizar" um filme desses sem quintuplicar a violência, não existe nenhuma razão do remake existir. É o que faz o cabeça-de-bagre Lurie: as cenas são idênticas às do filme de Peckinpah, nem mais nem menos sangrentas, tirando sequer a novidade de vermos efeitos mais elaborados e exagerados nas mortes - como Alexandre Aja fez ao refilmar "Quadrilha de Sádicos". Para piorar, tudo que Lurie acrescenta à trama é para piorá-la, como os diálogos expositivos que explicam o que são "straw dogs", a mudança de comportamento do protagonista e até um ridículo paralelo entre o sítio à residência do casal e a resistência dos russos em Stalingrado, durante a Segunda Guerra Mundial! Assim, quando os créditos finais finalmente começaram a subir, a única coisa em que eu pensava era: "Por quê?". Serve, porém, como constatação de como o cinema se acovardou num período de 40 anos, entre o original e esta refilmagem sofrível.


AMERICAN PIE - O REENCONTRO (American Reunion, 2012, EUA. Dir: Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg)
Eu gosto muito de "American Pie", o primeirão de 1999, porque ele tem umas tiradas fantásticas: o looser Jim, interpretado por Jason Biggs, é o que mais perto chega de catar a gostosona do colégio, a intercambista europeia Nadia, interpretada pela deliciosa Shannon Elizabeth, enquanto Finch, o garoto fracote (Eddie Kaye Thomas) que sofre bullying do sem-noção Stifler (Seann William Scott), vinga-se à altura transando com a mãe do inimigo. Mas aí vieram duas continuações bem fracas e outras ainda piores feitas direto para DVD e sem os mesmos personagens, e tudo isso pareceu enfraquecer aquela comédia adolescente bem realizada lá de 1999. O anúncio de um retorno da turma original 13 anos depois me deixou com boas expectativas. Afinal, eu sempre quis ver um novo "Porky's" ou "Clube dos Cafajestes" com aqueles mesmos personagens mais velhos e ainda aprontando. Infelizmente, "American Pie - O Reencontro" fica só na nostalgia e nas boas intenções. Para os fãs do primeiro filme, até que é divertido ver os mesmos atores e atrizes mais de dez anos depois, alguns estragados pela ação do tempo (como Shannon Elizabeth e, principalmente, Tara Reid, que aparece embagulhada). Pena que ficou nisso, no "reencontro", sem que se criassem novas e interessantes situações para jogar esses personagens. Pior: como todas as comédias da última década, esta também é irritantemente moralista. O legal do primeiro "American Pie" é que ele não tinha medo de pegar mais pesado. Tudo que veio depois caiu na vala do "romantiquinho", pregando a fidelidade, condenando a traição, o sexo casual e as trapalhadas sexuais tão comuns naquelas comédias dos anos 80, tipo "O Último Americano Virgem" e o já citado "Porky's". Nas continuações de "American Pie", tudo isso é representado como algo errado e passível de punição. Na minha ingenuidade, pensei que talvez esse novo filme corrigisse algumas bobagens das sequências. Por exemplo, teria Jim alguma nova chance com Nadia depois do filme original? Ora, é claro que não! Afinal, vivemos na era do politicamente correto! Situações como a da jovem vizinha gostosa que dá em cima de Jim só existem para demonstrar que "sexo casual é errado" e que "o amor está acima de tudo". Parece que o pessoal tem medo de dar "maus exemplos" nos filmes atuais, sendo que os personagens de "Porky's" e de outras comédias semelhantes dos anos 80 jamais deixariam passar a vizinha gostosa! Sem o apelo da sacanagem sem compromisso que era tão legal no filme original e sem piadas novas, "American Pie - O Reencontro" ainda consegue a façanha de estragar as piadas velhas: pois eis que Stifler agora dá o troco em Finch transando com a mãe dele, acabando assim com a única coisa em que o garoto franzino tinha conseguido vencer o eterno rival! Para completar a sucessão de equívocos, o roteiro dá um espaço muito grande ao pai de Jim, interpretado por Eugene Levy, mas esse é o tipo de personagem que só funciona em aparições esparsas, e não tem fôlego para segurar cenas inteiras, como acontece aqui. O filme até tem um outro momento divertido, e o pôster que reúne a galera toda nas mesmas posições do cartaz original de 1999 foi bem bolado, como diria o Silvio Santos. Mas, no final, fica aquela impressão de que "American Pie - O Reencontro" não tem nada a dizer, e só existe para resgatar - e dar uma rara oportunidade de trabalho - a um grupo de ex-jovens atores que não funcionou muito bem (ou nada bem, no caso de alguns) fora da franquia.


REPO CHICK (2009, EUA. Dir: Alex Cox)
Curto e grosso: "Repo Man - A Onda Punk" (1984) é um dos meus filmes preferidos de todos os tempos, uma história aloprada sobre punks, ladrões de carro e alienígenas, que a Globo passava em plena Sessão da Tarde naquela época desmiolada conhecida como "anos 80". Pois eis que mais recentemente o diretor-roteirista Alex Cox resolveu voltar a um dos seus trabalhos mais famosos com "Repo Chick", uma espécie de atualização/continuação de "Repo Man". Não sei o que aconteceu com Cox nestes 25 anos que separam o original desse novo filme - talvez ele tenha abusado das drogas e ficou com sequelas cerebrais graves. Fato é que "Repo Chick" é uma bomba de proporções monumentais, o tipo de coisa que você não acredita que foi dirigida pelo mesmo responsável por filmaços como "Repo Man" e "Walker - Uma Aventura na Nicarágua". As intenções de Cox até que são boas: se em 1984 ele tirou onda com os punks, aqui faz o mesmo com as playboyzinhas mimadas estilo Paris Hilton e com os reality shows. A trama se passa num futuro indeterminado, e a protagonista é a riquinha Pixxi (Jaclyn Jonet), que descobre que foi deserdada pela família e precisa trabalhar como "repo woman" para sobreviver, recuperando os carros dos proprietários que não pagam as prestações, como Emilio Estevez fazia no original. Para onde quer que vá, Pixxi é seguida por um séquito de amigos puxa-sacos e por um câmera que registra seu dia-a-dia para um programa de TV. Um de seus trabalhos é recuperar um trem (?!?) que, na verdade, faz parte do plano de um grupo de terroristas que planeja um atentado ao presidente dos Estados Unidos. Na linha do que os Irmãos Wachowski fizeram em "Speed Racer", "Repo Chick" tem os atores atuando 100% do tempo diante de uma tela verde, onde na pós-produção foram adicionados cenários e veículos feitos totalmente por computador. Oito atores de "Repo Man" aparecem interpretando outros personagens, e certamente Cox achou que isso e o título bastariam para divertir todos os fãs do filme de 1984. Só que passa longe disso: o filme é uma bagunça, um caos sem desenvolvimento de roteiro ou interação entre os personagens. E é estúpido, como se só a equipe envolvida estivesse achando graça naquilo (talvez nem mesmo eles). A história não leva a lugar nenhum, e mesmo o "charme" do mundo de mentirinha criado por computador logo perde a graça pela artificialidade. Muito fã de Alex Cox comprou a proposta, alegando que o filme é vazio e sem graça "de propósito", porque enfoca uma sociedade que também é assim (mais ou menos a mesma desculpa que deram os fãs do recente "Cosmopolis", de David Cronenberg). Comigo não colou. E, tudo considerado, "Repo Chick" é um verdadeiro insulto aos fãs de "Repo Man" - ironicamente, feito pelo mesmo realizador daquele filme, o que coloca Alex Cox no seleto grupinho de diretores que estragaram a própria criação, ao lado de George Lucas (com os novos "Star Wars") e os Irmãos Wachowski (com as sequências de "Matrix"). Esperemos que sossegue e não invente de fazer sequências de "A Caminho do Inferno" e "Walker"!


GOD BLESS AMERICA (2011, EUA. Dir: Bobcat Goldthwait)
Quem diria que Bobcat Goldthwait, o Zed das Partes 2 a 4 de "Loucademia de Polícia", acabaria escrevendo e dirigindo uma das comédias de humor negro mais inspiradas dos últimos anos? Pois eis "God Bless America", uma mistura curiosa de filmes tão díspares quanto "Um Dia de Fúria", "Clube da Luta" e "Assassinos por Natureza", que brinca com a ideia do sociopata que reside dentro de todos nós. Afinal, quem nunca pensou em dar um soco no Faustão ou no Galvão Bueno para eles calarem a boca, ou em torturas atrozes para os mal-educados que falam alto e atendem o celular no cinema? Pois Frank, o personagem interpretado por Joel Murray nesse filme, é exatamente assim: um sujeito cansado dessas mazelas do dia-a-dia e do "emburrecimento" da sociedade moderna. "Por que ter uma civilização se já não temos interesse em sermos civilizados?", questiona, numa das grandes frases do filme. Odiado pela ex-esposa e pela filha, demitido do emprego somente por ter gentilmente mandado flores a uma colega de trabalho, e diagnosticado com um tumor no cérebro que lhe matará em poucos meses, Frank resolve passar seus últimos dias sobre a terra dando liberdade ao seu "sociopata interior", matando pseudo-celebridades, patricinhas mimadas, pessoas que estacionam na vaga para deficientes, jovens que falam alto no cinema, e todos esses alvos em potencial que todos nós também buscaríamos num "dia de fúria" (ainda que, para a maioria, só em pensamento). Ele é acompanhado por uma adolescente maluquinha (Tara Lynne Barr), igualmente enjoada com a idiotice reinante ao seu redor, e que pretende ajudar Frank a tornar o mundo um lugar mais "agradável". Sem medo de abordar um tema polêmico, e de ser cruel e politicamente incorreto numa época muito chata com isso, "God Bless America" nunca pisa no freio, nunca faz juízos de valor e nunca regenera seus personagens, adoráveis psicopatas com quem o público surpreendentemente simpatiza desde o início (pois, ao contrário dos dementes de "Assassinos por Natureza", eles são gente como a gente). Joel Murray, um ator que eu nunca tinha percebido até então, faz um trabalho fantástico, e o roteiro de Goldthwait lhe dá diversos "discursos" memoráveis, como quando ele diz que queria inventar um celular que explodisse quando seu usuário discasse para o número de programas de TV como "American Idol" ou "Big Brother". O filme perde um pouquinho a força no ato final, até porque é aquela típica comédia de uma piada só, e não há muito para onde ir depois da primeira dúzia de assassinatos. Mas é impossível não rir dos diálogos inspirados, como aquele em que Frank chama sua parceira de "Juno", citando o filme de Jason Reitman, e ela, ofendida, começa a detonar a obra! Aprovadíssimo, e uma ótima maneira de aliviar a fúria do dia-a-dia causada por moleques que falam no cinema, gente ouvindo funk sem fone de ouvido no metrô, motoristas que não param na faixa de segurança, etc etc etc...


BLITZ (2011, Inglaterra/França/EUA. Dir: Elliott Lester)
Alô, refilmadores obsessivos: se um dia vocês cogitarem fazer um remake de "Perseguidor Implacável", a primeira aventura do personagem Dirty Harry, saibam que já não é mais necessário. Afinal, esse "Blitz" é uma ótima refilmagem "não-oficial" do filme de Don Siegel, sem Dirty Harry (o herói aqui é um policial chamado Tom Brant, e o filme se passa em Londres), mas seguindo fielmente a história do policial durão que persegue um psicopata com sede de sangue que acaba protegido pelas leis - até que o herói resolve tomar a justiça nas próprias mãos. Jason Statham é o protagonista, mas não se engane: esse é um policial sério, pesado e violento, mais realista que a média recente, e bem diferente daquelas aventuras epiléticas e "videoclípticas" que o ator inglês se especializou em fazer. Também é anos-luz melhor do que tranqueiras como a refilmagem de "Assassino a Preço Fixo", que o pobre Statham estrelou no mesmo ano de 2011. Em "Blitz", Statham representa um policial que caminha sobre a tênue linha entre o herói e o anti-herói, já que tem um prazer sádico em arrebentar bandidos (na primeira cena do filme, ele espanca violentamente um grupo de ladrões de carro usando um taco de madeira, e, sim, há "excesso de força"). Quando Brant é escalado para investigar os crimes do serial killer Blitz, que se diverte matando policiais pelas ruas de Londres, fica óbvio desde o início que vai dar merda, pois o "herói" é tão violento quanto o vilão - e, para piorar, uma das vítimas do assassino era um amigão de longa data do policial. Infelizmente, o roteiro de Nathan Parker (baseado em um livro de Ken Bruen) desperdiça uma de suas melhores coisas, o policial homossexual interpretado por Paddy Considine, com quem obviamente o herói durão vai viver uma relação complexa de parceria, entre o ódio e o respeito. Mas é ótimo ver um filme policial moderno mais sério e sem medo de ousar, que não é ancorado apenas nos tiroteios e explosões. E o personagem de Statham é muito bom, daquele tipo com quem você simpatiza e discorda praticamente ao mesmo tempo (numa cena divertidíssima, ele agride e humilha um informante em busca de grana fácil). A conclusão violenta segue os passos de "Perseguidor Implacável", sem medo de parecer fascista nesses tempos tão xaropes. Na soma dos fatores, um filme bem acima da média das tranqueiras modernas, e também bem acima da média das produções que Jason Statham vem estrelando.


PUPPET MASTER - AXIS OF EVIL (2010, EUA. Dir: David DeCoteau)
A melhor coisa desse nono capítulo oficial da franquia "Puppet Master" é o início, em que o diretor DeCoteau recria justamente a cena inicial do primeiro filme da série (lançado aqui como "Bonecos da Morte", e dirigido por David Schmoeller em 1989), mostrando o suicídio do "mestre dos brinquedos" Andre Toulon em um hotel no litoral da Califórnia, antes de ser preso por oficiais nazistas que estavam indo buscá-lo. DeCoteau mescla imagens filmadas por Schmoeller lá em 1989 com outras gravadas em 2010, num belo trabalho de edição - embora substitua os dois figurantes com cara de alemães, que interpretavam os nazistas no original, por dois rapazes na faixa dos vinte e poucos anos! Infelizmente, a lista de "melhores coisas" acaba por aí, pois "Puppet Master - Axis of Evil" tem uma ideia mais ambiciosa que o seu orçamento permite desenvolver. A trama se desenrola durante a Segunda Guerra Mundial: o jovem Danny Coogan, que trabalha no tal hotel do litoral, encontra um baú escondido com os bonecos reanimados de Toulon, e resolve usá-los para lutar contra a ameaça nazista e japonesa. Como argumento é lindo, mas o que vemos na tela é meia dúzia de figurantes representando nazistas e japoneses, morrendo mortes sem nenhuma criatividade, e com uns efeitinhos bem toscos, que conseguem ser inferiores àqueles em stop-motion produzidos nos primeiros filmes da série, lá no começo dos anos 90! Como é possível uma franquia cair tanto de qualidade? Boa pergunta, mas já faz um bom tempo que as continuações da série não prestam e são lançadas apenas como caça-níqueis. O curioso é que o mesmo DeCoteau dirigiu um dos melhores filmes da franquia, o terceiro ("A Volta do Mestre dos Brinquedos", no Brasil), que também se passava durante a Segunda Guerra Mundial, e mostrava justamente Toulon lutando contra os nazistas com seus bonecos. Bem, parece que o diretor desaprendeu tudo de lá para cá, mas vamos combinar que o roteiro de August White não ajuda e que o orçamento do filme deve ser menor que o de muito videozinho de YouTube. O filme também apresenta um novo bonequinho, em formato de ninja, mas não faz muita coisa com ele - parece ser apenas uma desculpa para o produtor Charles Band ter mais um brinquedo para vender. E, fechando com chave de merda, a história sequer se conclui: é preciso esperar pelo próximo filme, o décimo (!!!) da série, "Puppet Master X: Axis Rising", lançado neste ano (2012). Será que ainda pode piorar mais?


A INVENÇÃO DE HUGO CABRET (Hugo, 2011, EUA. Dir: Martin Scorsese)
Ah, Scorsese dos velhos e bons tempos, cadê você? Como é que um cara que fez "Taxi Driver", "Depois de Horas" e "Os Bons Companheiros" hoje vive dessas parcerias fuleiras com o Leonardo DiCaprio, um remake prolixo ("Os Infiltrados"), um falso terror B ("Ilha do Medo") em que não sobra nada quando você tira música e fotografia, e, agora, essa vergonha-alheia chamada "A Invenção de Hugo Cabret"? O curioso é que todo mundo falou maravilhas de "Hugo". Maravilhas mesmo - teve até quem chamasse de obra-prima. E eu me esforcei para gostar, mas não consegui. Ou estou ficando muito exigente para filmes novos, ou o conceito de "obra-prima" anda sendo muito mal-utilizado. Não li o livro de Brian Selznick que deu origem ao filme, mas talvez lá tenha funcionado melhor a fábula envolvendo meninos órfãos, autômatos incompletos e o pioneiro dos efeitos especiais no cinema Georges Méliès. Só sei que no filme essa mistureba não funciona: o drama do pequeno Hugo, um órfão que vive na estação de trem parisiense, nunca convence, sua amizade com a filha adotiva de Méliès passa em brancas nuvens, e o mistério do autômato, que o garoto tenta resolver teimosamente na primeira metade da narrativa, parece ter caído de pára-quedas na história. O filme só funciona quando enfoca o passado de Méliès, recriando a filmagem de algumas de suas obras, e termina nostálgico com a figura do pesquisador de cinema apaixonado pela obra do diretor, e que o resgata da obscuridade. Infelizmente, estas cenas estão separadas por todas as outras já citadas, e ainda pelo caricatural Sacha Baron Cohen no papel do agente da estação, sempre perseguindo Hugo em cenas dignas de comédia-pastelão, mas sem o mesmo charme e sem nenhuma graça. O resultado é um filme visualmente maravilhoso, só que naquele estilo "Bonitinho, mas ordinário". A trama não leva a lugar nenhum, apesar de prometer uma grande aventura e/ou jornada do pequeno Hugo que simplesmente não existe. O resultado é um híbrido bem estranho, com dramalhão do mais rasteiro, toques de fantasia e ficção científica, romance, fábula infantil e a homenagem a um pioneiro do cinema num mesmo balaio! Nada me tira da cabeça que o roteiro deveria ter passado a borracha em todo o resto e enfocado apenas a vida e a carreira de Méliès, como Tim Burton fez com Ed Wood no excelente filme homônimo. Teria muita história para contar, e ficaria mais interessante que atirar para todos os lados, como aconteceu aqui. Para piorar, percebe-se claramente o desconforto de Scorsese dirigindo uma aventura "infantil", já que ele não sabe dosar os ingredientes e acaba sendo infantil demais para os adultos e complexo demais para a garotada. Também dirige no piloto automático: o filme está repleto de cenas RUINS de doer, como o flashback que mostra a morte do pai de Hugo (interpretado por Jude Law, em participação-relâmpago). Aquilo é tão rápido, gratuito e mal-filmado que parece que decidiram de última hora fazer a cena e mandaram o office-boy do estúdio filmar. Além de Jude Law, outro que aparece sem dizer a que veio é Christopher Lee. Para o leitor ter uma ideia, só lembrei que ele estava no filme porque vi isso agora no IMDB. Caramba, mas que tipo de diretor desperdiça uma lenda viva como Christopher Lee? Não vou dizer que "A Invenção de Hugo Cabret" é uma bomba completa porque as cenas com e sobre Méliès são ótimas, e o momento da exibição de "Viagem à Lua" é emocionante mesmo - tanto que até destoa do resto do filme. O grande problema é que Méliès não é o personagem principal, e sim o chatíssimo Hugo. Uma pena e um desperdício. E estou até agora me perguntando qual é a tal da "Invenção de Hugo Cabret", se o moleque pentelho não inventa (ou faz) absolutamente nada durante o filme inteiro!


NIGHT OF THE LIVING DEAD 3D - RE-ANIMATION (2012, EUA. Dir: Jeff Broadstreet)
Um filme de zumbis com Jeffrey Combs, o Dr. Herbert West de "Reanimator", e com a palavra "Re-Animation" no título, para não deixar dúvidas de que a intenção era atrair os fãs deste clássico dos anos 80. Caí na armadilha: já era tarde demais quando eu descobri que essa bomba é uma "pré-continuação" (mais uma!) do pavoroso "A Noite dos Mortos-Vivos 3D", cometida pelo mesmo diretor Jeff Broadstreet. Eu nem vi esse "original", e certamente não veria esse também se soubesse antes do que se tratava, mas o DVD estava rolando e pensei naquela velha máxima da Marta Suplicy, do "Relaxa e goza". Qual nada: depois de 10 atrozes minutos "disso", comecei a avançar o filme com o FF para ver se pelo menos melhorava no finalzinho, e se o Combs apareceria lutando contra zumbis "Herbert West style". Não, não melhora. Não, não luta. E, acredite se quiser, o negócio fica chato até quando "assistido" em fast foward x16! Sabe-se lá quem foi o cabeça-de-bagre que viu necessidade de explicar o que vem antes da trama de "A Noite dos Mortos-Vivos", mas é basicamente o que tentam fazer aqui (com a velha história da "contaminação por produtos químicos", é claro). Só que fica num bla-bla-bla infernal, com a contaminação contida numa agência funerária pertencente a Gerald Tovar Jr., personagem interpretado por Sid Haig em "A Noite dos Mortos-Vivos 3D" e por Andrew Divoff aqui. Nada acontece até os 55 minutos, e o que acontece a partir disso (a fuga dos zumbis somente na área da funerária, porque isso aqui é uma "prequel" e a trama não pode modificar os fatos mostrados no outro filme) tampouco vale o sacrifício. Os únicos 10 ou 15 minutos que vi em velocidade normal me deram náusea de tanta ruindade e amadorismo, principalmente a longa e inacreditável cena em que alguns jovens funcionários da funerária fumam maconha e têm alucinações (porque maconha provoca alucinação, sabe como é...). Fazem parte do programa mortes em CGI, maquiagens toscas e o desperdício de alguns atores conhecidos da série B (como Scott Thomson, da série "Loucademia de Polícia", e Denice Duff, da série "Subspecies"), em mais um filme ruim de zumbis igualzinho às centenas de outros filmes ruins de zumbis já feitos. Parabéns, pessoal: vocês conseguiram estragar um filme de mortos-vivos com o Jeffrey Combs e com "Re-Animation" no título!