Muito já foi dito e escrito sobre como os cineastas do Brasil, o "País do Futebol", parecem mais um time de peladeiros tentando jogar futebol profissional quando o assunto é fazer filmes sobre o esporte. Afinal, tirando alguns documentários clássicos ("Garrincha, Alegria do Povo", de Joaquim Pedro de Andrade, e "Isto É Pelé", de Luiz Carlos Barreto), e alguns poucos filmes sobre craques reais ou fictícios ("Asa Branca – Um Sonho Brasileiro", de Djalma Limongi Batista, e "Heleno", de José Henrique Fonseca), nosso cinema ainda está no banco de reservas nessa área.
O melhor argumento para comprovar como somos pernas-de-pau em filmes sobre futebol é OS TRAPALHÕES E O REI DO FUTEBOL, de 1986. Era uma daquelas ideias que não tinha como dar errado: simplesmente o maior grupo humorístico do país fazendo piada com uma das grandes paixões nacionais, e com o aval do "Rei" Pelé, que "interpreta" um dos personagens principais.
O cinema brasileiro já tinha tentado brincar com o futebol, bem de leve, três anos antes, quando Ícaro Martins e José Antonio Garcia dirigiram "Onda Nova" (1983), sobre um time de futebol feminino. Não funcionou muito bem, mas entrou para a história pela antológica proposta de uma garota ao jogador Casagrande (interpretando ele mesmo): "Eu sou virgem e queria que você me descabaçasse".
E embora OS TRAPALHÕES E O REI DO FUTEBOL tenha uma grande parcela de culpa na minha formação como cinéfilo (foi o primeiro filme que eu vi no cinema, com 7 anos de idade, e também em vídeo, logo que meu pai chegou em casa com um velho videocassete duas cabeças comprado no Paraguai), o resultado é bem fraquinho, tanto como "filme de futebol" e (principalmente) como comédia dos Trapalhões.
O mínimo que se esperava de uma comédia dos Trapalhões sobre futebol seria algo equivalente a um "Shaolin Soccer", brilhante comédia chinesa de 2001, dirigida e estrelada por Stephen Chow. Sim, eu sei que "Shaolin Soccer" foi feito 15 anos DEPOIS, mas estou me referindo à maneira aloprada como os chineses conseguiram juntar humor e esporte. Era o que os Trapalhões deveriam ter feito, até porque o Pelé também está no meio. Mas o que o filme entrega é uma passatempo pífio, em que o futebol é mera desculpa para uma trama meia-boca de corrupção nos bastidores do esporte, e onde a câmera só entra em campo depois de 60 minutos, para uma "partida final" cujas cenas mal somam 6 minutos! Pense em propaganda enganosa...
O próprio Pelé passa a maior parte do filme "engessado", já que não aparece como jogador (o mais óbvio) e tampouco como o "Rei do Futebol" anunciado no título, mas sim "interpretando" um jornalista chamado Nascimento, grande amigo dos Trapalhões, e tentando demonstrar maior intimidade com uma velha máquina de datilografia do que com a bola. Na grande decisão, no final, quando Nascimento finalmente tem a chance de entrar em campo, ele o faz... como goleiro?!?
Dirigido pelo brilhante Carlos Manga, um veterano das clássicas chanchadas dos anos 50 (como "Matar ou Correr" e "O Homem do Sputnik"), OS TRAPALHÕES E O REI DO FUTEBOL conta a história de quatro amigos que trabalham como roupeiros e massagistas de um grande time de futebol, o Independência, mas nas horas vagas disputam peladas com seu próprio time, o Galinheiro Futebol Clube. Eles são Cardeal (Renato "Didi" Aragão), Elvis (Dedé Santana), Fumê (Mussum) e Tremoço (Zacarias).
O Independência está em crise devido a sucessivas derrotas, e isso provoca a renúncia do presidente do time e a demissão do seu treinador. Com isso, um novo presidente é nomeado emergencialmente, o Dr. Velhaccio (José Lewgoy), mas suas decisões entram em conflito com as de outro diretor do clube e aspirante a presidente, o Dr. Barros Barreto (Milton Moraes).
Inicia-se uma guerra entre os dois rivais, que resulta na contratação do roupeiro Cardeal como novo técnico e bode expiatório: como Barros Barreto demitiu o técnico anterior sem consultar Velhaccio, o presidente espera que o incompetente roupeiro afunde o time de vez e comprove que seu rival não deveria ter mandado embora o outro treinador - e a torcida que se exploda, certo?
Alheio à guerra política nos bastidores, Cardeal e seus amigos põem em prática um novo e excêntrico programa de treinamento para os atletas do Independência Futebol Clube, que abandonam a vida mansa e são obrigados a fugir de cães ferozes para ganhar velocidade e a perseguir e agarrar galinhas soltas no campo para desenvolver a agilidade!
O resultado é inesperado: o time sob nova direção ganha todas as partidas e sobe para a liderança do campeonato, e o nome de Cardeal começa a ser cogitado como novo presidente pelo jornalista Nascimento. O problema é que se o Independência for campeão, isso provará que Barros Barreto estava certo por demitir o antigo treinador, colocando Velhaccio em situação complicada.
A solução encontrada pelo presidente para sair da enrascada é sequestrar Aninha (Luiza Brunet!), por quem Cardeal é apaixonado, para forçá-lo a fazer o time perder a decisão em pleno Maracanã lotado. Mas, enquanto o técnico comanda a partida, seus amigos Trapalhões mais Nascimento partem para o resgate da moça, e depois ainda precisam garantir uma virada histórica numa partida que seu time está perdendo por 4x0.
Além dos Trapalhões, de Pelé, do futebol e do diretor Carlos Manga, o filme traz pelo menos mais dois ícones brasileiros: o "Antônio das Mortes" Maurício do Valle, em seu enésimo papel de vilão (só nos filmes do grupo ele foi vilão em outras quatro produções, incluindo "Os Trapalhões no Reino da Fantasia"), e Luiza Brunet, então uma das mulheres mais lindas do Brasil, em sua estreia no cinema (na verdade, em seu ÚNICO FILME, embora ela tenha feito uns vídeos tipo "Programa de Beleza de Luiza Brunet").
Aninha, a personagem de Luiza, funciona como o típico interesse amoroso do Didi que na verdade ama outro personagem, partindo o coração do Trapalhão no final. Esta é uma figura feminina frequente em quase todas as aventuras do quarteto. Mas se isso já foi pretexto para cenas tristes em outros filmes deles (mais notadamente em "Os Trapalhões na Guerra dos Planetas"), aqui a desilusão amorosa de Didi é enfocada bem de leve, sem lágrimas ou música triste no final.
Chega a ser irônico que OS TRAPALHÕES E O REI DO FUTEBOL tenha sido lançado em 1986, mesmo ano da Copa do México. O desempenho da Seleção Canarinho no torneio foi tão frustrante quanto o filme dos Trapalhões: foi eliminada ainda nas quartas-de-final pela França.
Alguns defendem o desempenho brasileiro, já que o time saiu da competição invicto (foram quatro vitórias e um empate, 10 gols marcados e apenas um sofrido, justamente no derradeiro empate em 1x1 contra a França, que ganhou nos pênaltis). Mas não deixou de ser um banho de água fria nos torcedores brasileiros, assim como o filme dos Trapalhões.
Afinal, o que qualquer ser humano normal espera de um filme chamado OS TRAPALHÕES E O REI DO FUTEBOL estrelado pelo quarteto e pelo Pelé? Quem será que teve a ideia de jerico de colocar o Pelé apenas como enfeite? Pois ele raramente encosta numa bola e, quando entra em campo, como já escrevi, é na posição de goleiro! No restante de suas cenas "sérias", Pelé não consegue fazer nada parecido com interpretação; é simplesmente Pelé fazendo de conta que é jornalista!
E o homem é tão ruim, mas tão ruim como ator que as partes mais engraçadas do filme são as dele, mesmo que estas cenas originalmente fossem sérias! Parece que, numa de suas incontáveis entrevistas, Pelé teria declarado que sonhava em ser ator caso a carreira como jogador de futebol não tivesse dado certo. Então ainda bem que ele fez sucesso nos campos, porque, como ator, Pelé é um ótimo goleiro - pelo menos aqui no filme dos Trapalhões!
Vale lembrar que Pelé já explorava sua persona de Rei do Futebol vários anos antes dessa parceria com Os Trapalhões. Por exemplo: em "Os Trombadinhas" (1979), de Anselmo Duarte, o craque aparece como ele mesmo - Pelé -, deixando de lado os treinos do Santos para resolver com as próprias mãos (e pés) o problema da delinquência juvenil na cidade.
E no divertido de tão ruim "Fuga para a Vitória" (1981), de John Huston, ele aparece como um craque caribenho (!!!) que joga futebol num time de prisioneiros de guerra formado por Michael Caine e Sylvester Stallone, em plena Segunda Guerra Mundial!
Portanto, é realmente muito chato que, num filme com "Rei do Futebol" no título, Pelé não faça nada digno desta alcunha. Também é muito chato que uma comédia sobre futebol praticamente não tenha cenas e nem piadas sobre o esporte.
Na cena inicial, quando o Galinheiro F.C. enfrenta um time de valentões, vemos uma rápida pelada que logo evolui para pancadaria (por sinal, esta é a única exibição do Galinheiro F.C., depois sumariamente esquecido na trama). Seguem-se as confusões de praxe, e aí os Trapalhões e seu Independência F.C. só voltam ao campo para jogar futebol nos seis minutos finais. Até então, a ascensão do time no campeonato é mostrada apenas através de narrações em off sobre imagens do time nos vestiários! Logo, de futebol mesmo só temos o começo e o final do filme!
Alguém pode argumentar que havia as já conhecidas dificuldades técnicas do cinema brasileiro da época para se filmar partidas de futebol com a necessária emoção, agilidade e realismo, e as cenas futebolísticas realmente são bem ruinzinhas. Mas isso não justifica a inexistência de mais piadas com o treinamento e a rotina de um time de futebol, ou quem sabe os Trapalhões sacaneando os times adversários durante as partidas. O filme prefere perder tempo enfocando a politicagem nos bastidores, e a culpa pode ser creditada aos roteiristas - os noveleiros Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, sem nenhum timing para comédia ou esporte.
As piadas são fracas e escassas, e o veterano Manga não consegue fazer muita coisa tendo os quatro Trapalhões à sua disposição, logo ele que fez maravilhas com Oscarito e Grande Otelo nas chanchadas da Atlântida! É tão pouca história para contar que este também é um dos filmes mais curtos da carreira do quarteto, com meros 68 minutos! Qualquer pelada de bairro dura mais do que isso, mesmo quando é jogo dos veteranos...
Embora seja uma produção voltada ao público infantil, com as trapalhadas e a comédia-pastelão de costume, às vezes OS TRAPALHÕES E O REI DO FUTEBOL surpreende com algumas tiradas mais adultas, incluindo palavrões BEM adultos. Ao se referir a um dos vilões, por exemplo, Didi diz: "Ele é tão ruim que se pisar na merda, fica difícil separar um do outro". Já ao questionar a masculinidade do goleiro Sansão (Marcelo Ibrahim, que morreu no mesmo ano), Didi sugere a Zacarias: "Dá uma injeção de 'machól' nele".
Também há uma cena muito engraçada durante um show de samba, quando Didi fica completamente fascinado pelas bundas das mulatas rebolando a poucos centímetros do seu nariz! Este é um raro momento em que o diretor Manga parece à vontade, quem sabe rememorando as comédias musicais carnavalescas que dirigiu nos anos 50-60. Nesta cena, o samba cantado por Mussum, com seu refrão "Com você na cabeça tá legal, Cardeal, Cardeal", gruda na cabeça e não solta mais.
E justiça seja feita: a única partida do Independência F.C. mostrada no filme, na cena final, tem algumas piadas até hoje hilárias, incluindo um momento inesquecível em que Didi/Cardeal cobra o escanteio e depois corre para a frente da goleira adversária para fazer um gol de cabeça!
O mesmo Cardeal (talvez seja ele o legítimo "Rei do Futebol" anunciado no título) também faz um golaço do meio-de-campo, quando o jornalista Nascimento, em momento auto-biográfico, declara: "Esse nem o Pelé conseguiu fazer!". Se tivéssemos mais momentos assim e mais piadas "adultas" como as anteriormente citadas durante o resto do filme, OS TRAPALHÕES E O REI DO FUTEBOL poderia ter entrado com louvor na relação das grandes comédias do grupo. Infelizmente, estas partes são exceção, e não regra.
Mas o público não se importou com os muitos problemas do filme. Tanto que OS TRAPALHÕES E O REI DO FUTEBOL foi a 15ª maior bilheteria entre os trabalhos do quarteto, e o 26º filme brasileiro mais visto da história, com mais de 3.600.000 espectadores!
Isso torna até simbólica a cena final desta comédia, quando o personagem de Renato Aragão "dá uma banana" para a câmera (e para o público), num momento congelado antes que o gesto obsceno se complete, talvez para poupar os pais de explicar às crianças menores o que significa aquilo.
No fundo, é como se o próprio Renato Aragão estivesse "dando uma banana" para os críticos que malhavam as produções dos Trapalhões na época, e também para todos nós, espectadores que não gostamos do filme e ficamos achando mil defeitos nele.
Ok, "Banana" aceita, Sr. Didi. Mas isso não torna OS TRAPALHÕES E O REI DO FUTEBOL melhor. Pelo contrário, continuo esperando que um cineasta corajoso e um roteirista inspirado façam o "Shaolin Soccer" brasileiro. Quem sabe agora, que estamos às vésperas da Copa do Mundo de 2014?
PS: Surgiu uma polêmica relacionada ao filme em 2011, quando o presidente do time cearense Maguary Sport Club declarou à imprensa que o uniforme do fictício Independência Futebol Clube seria uma homenagem de Renato Aragão ao Maguary (cujas camisetas são parecidas com as do time do filme). O Trapalhão negou a "homenagem", mas a turma do Maguary não quer nem saber e continua se sentindo representada no cinema brasileiro. Leia reportagem sobre o episódio clicando aqui.
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Os Trapalhões e o Rei do Futebol
(1986, Brasil)
Direção: Carlos Manga
Elenco: Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum,
Zacarias, Pelé, Maurício do Valle, Luiza Brunet,
José Lewgoy e Milton Moraes.
34 comentários:
Depois desse filme, os Trapalhões só fariam mais um filme bom: "Os Trapalhões no Alto da Compadecida". A partir daí vem os filmes que considero menores do grupo.
Paulo Geovani
Nunca curti os Trapalhões. É gosto, mas para mim, o Zacarias era um cara engraçado e o Mussun possuía uma alegria divertida. Mas o Didi, que não é engraçado, sempre centralizou tanto em si as coisas que nunca dava certo. Sempre tendo que aparecer como "rei da cocada". Nunca curti.
Os primeiros filmes que vi na vida foram deles, por causa da época, e isso, para ser sincero, quase me fez desgostar de ver filmes! Minha sorte foi descobrir ali com uns sete anos o Star Trek, a série, e depois ficar louco para ver os filmes, que na verdade nem foram tão legais, mas eu acabei curtindo muito.
Não sabia que este filme existia, mas é realmente bizarro que um "Rei do Futebol" com o Pelé não o tenha como Rei. E pelo que percebi da resenha, mais uma vez, o Didi "da cocada", o cara que salva um time, o cara que cobra para si mesmo e faz gol, o cara que é o herói no comando, que é o melhor técnico, que é o melhor jogador, que é o melhor estrategista, melhor amigo... Mas sempre com seu "olhar de humilde sofredor" .
Depois da "Compadecida", o grupo parece não conseguir levar um filme sozinho nas costas e começa à apelar pro Grupo Dominó, Xuxa, Angélica, Conrado e Supla(!!!!!)para serem os protagonistas dos longas e eles se tornam coadjuvantes dos própios filmes.
Paulo Geovani
"O Trombadinha", protagonizado pelo Pelé, consegue ser involuntariamente mais divertido que esse.
A respeito do Shaolin Soccer, do Stephen Chow, é uma surpresa que mais alguém, além de mim, gosta desse filme. Eu, particularmente, o acho até melhor que o "Kung Fusão".
Podem me trucidar, mas dos Trapalhões eu gosto mesmo é daquele filme que se passa em outro planeta e a Xuxa interpreta (ou pelo menos tenta interpretar) uma princesa guerreira e tal.
Para mim os melhores filmes dos Trapalhões são "Saltimbancos", "Mágico de Oroz" e "Auto da Comapdecida". Depois os caras começaram a encher os filmes com Dominó, Polegar e Xuxa e aí perdeu a graça
"Podem me trucidar, mas dos Trapalhões eu gosto mesmo é daquele filme que se passa em outro planeta e a Xuxa interpreta (ou pelo menos tenta interpretar) uma princesa guerreira e tal."
Apesar dos Trapalhões terem feito um filme claramente inspirado em Star Wars (Os Trapalhões na Guerra dos Planetas), sempre achei que "A princesa Xuxa e os Trapalhões" tb tinham uns elementos de Star Wars: as cenas no deserto logo no começo do filme, as roupas dos guardas estilo "Boba Fett", o vilão se veste meio estilo "Darth Vader" (sem o capacete)dentre outras coisas.
Vale lembrar tb desse filme com a Xuxa: Didi espiando ela tomar banho no rio (infelizmente não dá pra ver muito) e ele rolando com ela na areia em um trecho do filme (nesse filme pelo menos o Didi fica com a mocinha)
1º filme que vi no cinema, e foi em Floripa.
E o sábio Chaves já pregava: teria sido melhor ir ver o filme do Pelé!
O Pelé tambem a aparece fazendo ele mesmo no filme de john huston, O Ultimo por Sinal pois ele morreu em 1986 ou 1987 " a vitoria do mais fraco" - "a minor miracle " Ele Pelé canta ate ingles no final do filme esta perola saiu em vhs pela extinta AMERICA VIDEO nos final dos anos 80,dos Trapalhoes eu gosto mais do filmes antigos a te para mim o ultimo grande filme deles que é " OS TRAPALHOES NO AUTO DA COMPADECIDA" Depois so veio bombas ,uma pena .valeu por mais esta resenha mestre do obscuro cinema underground . abraço Spektro 72
Fumê (Mussum)
Só por esse apelido o filme já valeu.
Eu ouvi uma história do senhor Roberto Bolaños, o próprio Chaves, que Pelé o havia procurado para juntos fazerem um filme. Mas como Bolaños achou que era uma brincadeira com ele, acabou não aceitando.
Imagina que filme iria sair dessa parceria.
Lembrando que Bolaños e a turma do Chaves protagonizaram no cinema "El Chanfle I e II" que trata exatamente sobre futebol.
Paulo Geovani
SSKILLER, acho "Fumê" o melhor nome de personagem do Mussum em toda a filmografia dos Trapalhões. O segundo lugar fica com "Mumu, o Mago", de "Uma Escola Atrapalhada". Mas claro que hoje iam chiar dizendo que é politicamente incorreto e o caralho a quatro...
O politicamente correto acabou com a graça do mundo. Pior que nem com os amigos mais dá pra brincar, sempre tem algum idiota por perto.
O "politicamente correto" bem como a mentalidade atual da moçada tem uma conseqüência grave: desfavorece o amadurecimento das pessoas deixando-as menos capazes em lidar com o mundo à sua volta.
Os jovens estão cada vez mais imaturos, e isso é complicado. Estão mais frágeis emocionalmente, se ofendem o tempo todo e com tudo e vão construindo subterfúgios para se cercarem em uma bolha de vidro fino.
Não se pode falar nada, não se pode gesticular, não se pode expressar uma idéia que há sempre um babaca de plantão para o ofender a si mesmo com o que leu e tentar convergir a culpa da ofensa para outra pessoa. É complicado ter este tipo de censura "velada".
... E falando na enfadonha ditadura do politicamento correto, no filme "A Princesa Xuxa e os Trapalhões" há um piada envolvendo uma bunda, um vaso sanitário e o Zacarias. Se tal piada fosse feita hoje, os arautos do bom gosto, com o perdão do trocadilho, iriam considerar tal cena uma verdadeira "merda".
Thiago
Eu acho que "politicamente correto" já perdeu seu sentido faz tempo.
O que mais tem hoje na tv é putaria, baixaria. Fora a internet que é celeiro de "vazar" fotos e videos de mulheres famosas nuas que se fazem de santas (Carolinas Dieckmann e Danielas Cicarelli da vida.... isso sem contar as gringas). Sem falar dos mensalões da vida.
Além de que hoje em dia ser piriguete (ou seja, PUTONA) tá na moda.
Sei não.... acho que "politicamente correto" é uma palavra que já perdeu seu sentido faz tempo. A gente vive num mundo "politicamente INSANO", isso sim.
Politicamente correto era o tempo dos meus avós e bisavós, quando uma mulher andar de saia até os joelhos era considerado pornografia e prostituta tinha que ter carteira de trabalho assinada PELO GOVERNO (palavras da Dercy Gonçalves, que já declarou num passado pouco distante que já foi prostituta). rsrs
Sobre o filme, esse eu não assisti. Nem sabia que existia... mas curioso que o primeiro filme que vi no cinema também foi um dos trapalhões.... foi um já dá época tosca deles, Os Trapalhões Na Ilha Dos Monstros. rsrs Eu vi num cinema furreca em Madureira (que tinha bons cinemas na época, mas eu vi num que parecia um circo, rsrs).
E o primeiro filme gringo que vi no cinema foi "Os Mestres Do Universo" (kkkkkkkkkkkk, comecei "bem".... tanto nacionalmente como internacionalmente, rsrs).
O único filme brasileiro que vi nos cinemas, além dessa tralha dos trapalhões, foi Lavoura Arcaica (não entendi merda alguma do filme).
Cinema Nacional eu só costumava (e costumo) a ver nos canais abertos (quando passava filmes legais e não essa onda de Favela Movies, comédias idiotas, filmes biográficos, filmes espíritas, etc...), em VHS também, e depois no Canal Brasil (que foi quando descobri os filmes da Atlântida Cinematográfica.... aliás, já que o Felipe citou, foi no Canal Brasil que assisti, em 1999, "O Homem do Sputnik". Achei um dos melhores filmes nacionais que já assisti.)
Abraço a todos.
Night Owl.
Ricardo Lira
Esse filme passava direto na 'sessão da tarde' e o sonho do Pelé pelo que eu me lembre era ser cantor e não ator é só lembrar daquela musiquinha: "A B C, A B C, toda criança tem que ler e aprender..." Fora que ele já gravou um composição dele com o Jair Rodrigues "Abre a porteira que eu quero entrar..."
Pelé cantando é uma desgraça! Graças a Deus resolveu ser o excelente jogador de futebol que foi.
Lembro muito bem da cena que o Thiago descreveu, do Zacarias colocando a cabeça para fora da privada e um gordão prestes a "despejar" em cima dele hahahahha a
HENRIQUE RASAIF.Felipe você falou de poucos filmes brasileiros sobre futebol serem bons,esqueceu de citar BOLEIROS.Tanto o 1 como o 2 são ótimos e retratam bem o ambiente futebolistico.
Ricardo Lira
Pior que o Pelé cantando é ele narrando partidas de futebol, definitivamente ele e o Romário não nasceram para coisa...
Bom eu não me lembro de detalhes deste filme, por que faz muitos anos que não o vejo. Lembro da piada da 'merda' e do pênalti quando o Pelé defende e o Didi abraça ele e mete a mão na bola umas 2 ou 3 vezes... Mas os Trapalhões tem vários, vários filmes piores que este, infelizmente.
Adoro esse blog, já sou leitor há uns 3 anos. Acho interessante quanto você resenha um filme brasileiro. Se nota que algumas pessoas lembram das pérolas do passado, mas a mídia faz questão esconder a memória cinematográfica do país. O que se pode ver em matéria de filmes nacionais, em alguns canais, são basicamente produções associadas às organizações Globo. Pena... Muitas boas obras produzidas no nosso país (fora do grupo das subsidiadas pela poderosa) fica fora do conhecimento do grande público.
Uma coisa que sempre penso enquanto saboreio seus textos: Bem que poderia haver um "Nostalgia Critic"(se não conhecer, jogue no Youtube) brasileiro que podesse fazer, nesse mesmo espírito, resenhas em vídeo sobre obras e pérolas do nosso cinema... Pense comigo, não seria uma boa tirar algumas produções do limbo e lançar uma nova análise sobre outras mais incensadas? Eu sonho com isso!
Você citou o Shaolin Soccer na matéria, lembrei de uma barraca de DVDs e CDs piratas que existia na Uruguaiana, aqui no Rio de Janeiro, onde ficava rolando isso direto numa televisão, toda vez que eu passava por li estava passando esse filme.
Um dia, por curiosidade, perguntei o nome ao vendedor e fiquei assistindo por um tempo, realmente é uma das coisas mais bizarras e engraçadas que já vi. Por que não se fazem filmes assim no Brasil ?
politicamente correto estragou varias coisas como desenhos e programas de humor como o antigo " Cassetta & Planeta Urgente " eles voltaram para TV recentemente e o programa perdeu o ar da graça ( Isso fora a morte de Bussunda) em si perdeu o timing e não entrara na grade da TV GLOBO ano que vem uma pena!,bons tempos aureos do anos 80 e 90 não voltam mais,muitos programas daquele epoca hoje seriam censurado como: TV PIRATA,DORIS PARA MAIORES,O Proprios OS TRAPALHOES ,AGILDO NO PAIS DAS MARAVILHAS,VIVA O GORDO,DOMINGO DE GRAÇA (Com Costinha ) dentre outros que não me lembro agora, o politicamente correto só veio para encher o saco não só aqui com nos E.U.A ,onde acontece a mesma coisa. tá todo mundo engessado,pense mais não fale,Eita,mundo chato que vivemos hoje!
Eu acho que "politicamente correto" é questão cultural. Se a gente parar e observar: A geração dos anos 60 que quebrou alguns tabus do "politicamente correto".
Não existia gore em filmes de terror antes dos anos 60. Talvez o mais perto de gore que tivemos antes dos anos 60 tenha sido o curta "Um Cão Andaluz" do Luís Buñel, na cena em que o olho da mulher é cortado (na verdade, foi um olho de cavalo, rsrs). Talvez as cenas mais chocantes já filmadas antes dos anos 60 tenham sido a cena do massacre na escadaria de Odessa do "Encouraçado Potemkin" de Sergei Eisenstein, ou os próprios corpos pendurados no alto do navio no mesmo filme, ou os vermes na carne (também do Potemkin). Não é a toa que "O Encouraçado Potemkin" foi banido de vários países durante muitos anos (tá vendo, antes mesmo de Cannibal Holocaust ganhar fama de "filme banido". rsrs)
Cenas de nudez então era uma coisa bem rara. A não ser, claro, em filmes pornôs clandestinos.
No final dos anos 50 e início dos 60 começaram a aparecer filmes onde mostrar peitinhos já estava ficando comum. Em meados dos anos 60 as xanas já eram obrigação em vários filmes.
E por falar em pornô... os filmes pornográficos só viraram uma indústria mesmo nessa geração dos anos 60 e início dos 70.
Não era comum nego falar palavrão em programas de TV até o Sex Pistols dar uma entrevista nos anos 70.
Só que tudo isso aconteceu com um propósito, usado na hora certa, na época certa, de forma inteligente (tudo bem, nem tudo eram flores, tinha nego que usava essas coisas só pra ganhar dinheiro mesmo, sem nenhum outro propósito).
Hoje em dia a gente tem esses chiliques sobre piadas de negros, de homossexuais, piadas religiosas, nudez só pode aparecer na TV depois das 22 horas, violência no nível gore idem.
Mas apesar disso tudo, o escândalo que essas coisas proporcionariam antes dos anos 60 talvez fosse pior.
Por isso que eu digo que "Politicamente Correto" perdeu o sentido. As coisas hoje são abafadas pelo "Politicamente Correto".... antes dos anos 60 não eram abafadas, eram quase PROIBIDAS. rsrs
Eu não sei porque, mas desde o 11 de Setembro de 2001 eu tenho a nítida impressão que as pessoas e a mídia estão ficando mais cautelosas com as coisas que dizem e mostram, talvez com medo de represalhas de fundamentalistas religiosos, ou outros grupos radicais. Será?
Night Owl.
É bem por aí, Night Owl.
Não gosto do "politicamente correto", mas também acho que tá cheio de trouxa aí que quer ser cretino usando a desculpa de ser "politicamente incorreto". O cara fala merda e quando alguém reclama apela para a "liberdade de expressão" e para a "ditadura do politicamente correto".
Quem fala o que quer tem que estar preparado para a resposta. Lá nos EUA os caras fazem stand up em lugares hostis, em que nem sempre o público é amistoso. Aqui no Brasil o cara que vai ver o show tem que assinar um "termo" garantindo que não vai processra o humorista e ainda tem que pagar caro pra caramba. Se eu pagasse mais de 100,00 p/ver um show eu ia rir de qualquer jeito, só p/não sai rno prejuízo.
Vê se o Richard Pryor (negro) apelava para "liberdade de imprensa" quando alguém não gostava da piada dele. Ele esculachava o cara lá mesmo, sem fazer mimimi igual humorista brasileiro.
E outra coisa: É hipocrisia proibir nudez e gore na TV e permitir Datena coisas similares. Fim
Ricardo Lira
O engraçado é que se a gente parar para pensar em desenhos como 'Os Simpsons', 'Uma Família da Pesada' e até HQ's como 'Hellblazer', 'Preacher' e outros (que seriam pelo menos na teoria para crianças e adolescentes) tem mais coisas politicamente incorretas do que filmes, seriados e programas de humor que seriam destinados ao um público "adulto".
É um paradoxo que mereceria uma bela e saudável discussão em faculdades ou aqui no nosso FILMES PARA DOIDOS!
Guerra,
Se quer ver uma boa adaptação de ícones cômicos no universo futebolístico, assista a El Chanfle, onde Roberto Gomez Bolaños Interpreta o roupeiro do time do America do México e toda a trupe do Chaves trabalha no filme, que se não me engano é de 1979.
Novas aquisições para a minha coleção dos "Filmes para Doidos": "Johnny Mnemonic" e "Boot Hill".
Paulo Geovani
Adorei o blog! Não sabia que mais alguém se deu ao trabalho de assistir esse filme dos Trapalhões! Hahaha!
Marcou minha infância e é bom de tão ruim que é.
E ninguém comenta do momento "bondage" da deliciosa Luisa Brunet, com as roupas rasgadas, peitinho quase aparecendo... Melhor momento do filme, pra mim. kkkkkk
Hehehehe... Posso até não ter comentado, mas coloquei as fotos pelo menos! Esse filme é todo meio safadinho, a cena do Didi querendo pegar na bunda da mulata também é, digamos, mais adulta do que deveria para uma produção d'Os Trapalhões!
Nessa época, 1.986, a carreira cinematográfica dos Trapalhões já estava em decadência. Vide, aquele pavoroso, no pior sentido, desenho animado estrelado pelo grupo de humoristas, e, produzido pelo Maurício de Sousa, que passou nos cinemas no mesmo período que este.
Realmente foi um erro terem posto o Pelé para ser jornalista e depois goleiro ! Era melhor que o Nascimento fosse um reserva que não tinha chance de entrar em campo (por causa da politicagem dos cartolas ou pelo técnico anterior não ir com a cara dele) e com o talento que mostrou durante os jogos , fosse apelidado de Rei do Futebol , justificando o título do filme !
Não foi só nesse filme que teve palavrão, também nos outros 4 filmes. Os Trapalhões é de classificação verde (livre pra públicos), não pode ter esse baixo calão que é pra classificação vermelha (16-18). Se viu que tinha palavrão no meio, é importante os produtores cortarem algumas cenas ou colocar no mudo.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Trapalh%C3%B5es#Palavr%C3%B5es_em_humor_infantil
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